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domingo, 22 de janeiro de 2012

Marcas clássicas de Frei Luís de Sousa

. A unidade de ação.

. A presença do Destino (ananké) que, produzindo o sofrimento (pathos), logo de início descai sobre as personagens principais, cuja gradação vai aumentando através de um clímax irresistível e fatalista.

. A presença da hybris.

. Os presságios (palavras de Telmo, D. Madalena e Maria).

. A agnarórise no final do segundo ato.

. Como era lei na tragédia clássica, iria despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos) purificantes.

. As personagenssão nobres (aristocráticas) e estão sempre poucas vezes em cena.

. A presença do coro:
     - a recitação litúrgica do ofício dos mortos pelos frades no final do ato III;
     - as palavras de Frei Jorge;
     - as palavras visonárias e os sonhos de Maria;
     - os receios aparentemente infundados de D. Madalena;
     - os lamentos críticos e os presságios de Telmo, figura agoirenta que representa o raciocínio
        frio e a inteligência esclarecida na análise dos acontecimentos. Aliás, Telmo é uma figura
        muito bem estruturada pela sua profundidade e densidade psicológica devida à duplicidade
        de duas afeições irreconciliáveis: uma para com o passado (D. João de Portugal), outra
        para com o presente (Maria) (III, 5).

. A semelhança do assunto com as antigas tragédias gregas:
     - a volta sob disfarce de um mendigo (Ulisses);
     - o sacrifício de uma filha inocente (Antígona e Ifigénia);
     - a situação trágica originada pela ida a Alcácer Quibir, equivalente a situações trágicas
        causadas pela ida a Tróia;
     - a situação de Mérope

Marcas do drama romântico de Frei Luís de Sousa

1.ª) A crítica a uma sociedade governada por preconceitos hirtos que vitimam inocentes (Maria é vítima da sua ilegitimidade).
2.ª) A rutura com a forma clássica:
. a obra está escrita em prosa, que substitui o verso da tragédia antiga, um tipo de discurso considerado por Garrett adequado a “assuntos tão modernos”;
. a peça é constituída por três atos, contrariamente à tragédia grega, composta por cinco;
. a diminuição da importância do coro (ainda que ecoe em Frei Jorge e em Telmo);
. a lei das três unidades não é cumprida cabalmente;
. os agouros e superstições populares substituem as crenças e rituais pagãos e dão expressão à manifestação da cultura portuguesa;
. os valores patrióticos e nacionais são exaltados, sobretudo, através de Manuel de Sousa;
. a religião cristã surge como um consolo, aligeirando a força inexorável e irremediável do Destino que controlava os homens a seu bel-prazer;
. o realismo psicológico sustentado na personagem Telmo, que assiste à transformação dos seus próprios sentimentos, num processo de autoconhecimento dinâmico, no momento em que percebe que, após ter acalentado, durante tanto tempo, a ideia de que D. João estaria vivo, desejava poupar Maria, renegando o primeiro amo;
. a experiência pessoal do autor: Almeida Garrett possuía uma filha ilegítima, filha de Adelaide Pastor Deville, por quem se apaixonara, ainda casado com Luísa Midosi; Adelaide Deville morreu antes que o escritor tivesse podido legitimar a situação da filha que tanto estimava – assim, a acção da peça traduz a sua angústia mais profunda, refletindo a sua própria realidade;
. a morte de Maria em palco é também um episódio caraterístico do drama romântico;
. as personagens são vítimas do Destino, mas, à maneira do drama romântico, são também vítimas das suas decisões e das suas paixões (por exemplo, Maria é condenada não apenas pelo Destino, mas pela sociedade).
3.ª) A linguagem coloquial, próxima das realidade vividas pelas personagens e dos seus estados de espírito;
         4.ª) O assunto da peça é um assunto nacional e histórico.

Catarse em Frei Luís de Sousa

     Tal como era lei na tragédia grega, todos os acontecimentos representados em palco iriam despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos) purificantes – a catarse.
     A catarse (purificação) realiza-se através do castigo: o casal ingressa num convento, renunciando às paixões mundanas, Maria morre de vergonha por causa da sua ilegitimidade e ascende, pela sua inocência, ao espaço celeste.

Catástrofe

. D. Madalena:
     - é causada pelo regresso de D. João:
            . morte psicológica;
            . separação do marido;
            . profissão religiosa;
     - salvação pela purificação: torna-se a irmã Sóror Madalena das Chagas.

. Manuel de Sousa:
     - morte psicológica:
            . separação da esposa;
            . separação do mundo;
            . profissão religiosa;
     - glória futura de escritor ® Frei Luís de Sousa: glória de santo.

. D. João de Portugal - morte psicológica:
     - separação da esposa;
     - a situação irremdiável do anominato.

. Maria de Noronha:
     - morte física.

. Telmo Pais:
     - não poderá resistir a tantos desgostos e, tal como D. João, cairá no rio do
        esquecimento.

Peripécias


  • O incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho;
  • A mudança para o palácio de D. João;
  • A chegada do Romeiro;
  • A tomada de hábito de D. Madalena e Manuel de Sousa;
  • A morte de Maria.

Clímax

     O clímax verifica-se com a chegada do Romeiro e o desvendar da sua verdadeira identidade.

Anagnórise (reconhecimento)

     A anagnórise (cena do reconhecimento - II, 15) efetiva-se com o reconhecimento / a identificação do Romeiro como D. João de Portugal.

Outras marcas trágicas (Frei Luís de Sousa)

  • A existência de poucas personagens em cena, todas de estrato social elevado e de caráter nobre.
  • A ação sintética: a peça possui um número escasso de ações que conduzem à ação trágica.
  • A condensação do tempo em que decorre a ação.
  • A concentração dos espaços (em número reduzido).
  • Cumprimento, incompleto, da lei das três unidades: unidade de ação, de espaço (incompleta, porque na peça existem três espaços distintos) e de tempo.
  • Ambiente trágico de de solenidade clássica.
  • Os momentos de retardamento.
  • A existência, desde o início, de um clima de fatalidade que o ominoso da recorrência de acontecimentos à sexta-feira e do espaço do palácio de D. João adensa e asfixia. Tudo deixa antever a catástrofe; nada há de supérfluo.

sábado, 21 de janeiro de 2012

YouTube Space Lab


Bom dia,
Somos uma equipa de jovens portugueses que foi selecionada para a fase final do YouTube Space Lab, um concurso a nível mundial, apoiado por agências espaciais como a NASA e a ESA, entre outros parceiros. Este concurso tem como objectivo a projecção de um experiência a ser realizada em microgravidade – ou seja, que não pode ser realizada na Terra.
O grupo vencedor terá a sua experiência realizada na Estação Espacial Internacional (ISS), direito a uma viagem a Washington e a treino de cosmonauta na Rússia ou uma oportunidade de assistir ao lançamento do foguetão com a sua experiência no Japão.
Há 10 finalistas de cada região em duas categorias (a nossa: 17-18 anos). Os vencedores de cada região (no nosso caso: da Europa, África e Médio Oriente) receberão a viagem a Washington e ainda um voo a Gravidade Zero.
75% da pontuação de cada finalista advém de uma votação por parte de um júri composto por personalidades de renome em diferentes áreas, entre os quais os Professores Collin Phillinger, Ehud Behar e Stephen Hawking. (lista completa no site oficial do concurso:http://www.youtube.com/user/spacelab/spacelab)
Os restantes 25% da cotação final da equipa resultam do número de votos no vídeo que criámos para a competição e que está publicado no YouTube. Assim sendo, gostaríamos de saber se será possível ter o apoio do [blog] a nível de divulgação, para que possamos realizar uma experiência portuguesa no espaço.
Link direto para o vídeo: http://goo.gl/1Rfr7
Evento no facebook:  http://goo.gl/yIBhq
(por favor partilhem os links para que o público possa votar em nós – até dia 24!)

Desde já o nosso obrigado,
Daniel Carvalho
Guilherme Moreira Aresta
Miguel Ferreira

(Finalistas do YouTube Space Lab e alunos do 1.º ano do Mestrado Integrado em Bioengenharia na FEUP – Universidade do Porto)

Tempos de necessidade (II): Cavaco Silva falido


«Roubado» ao jornal i

Tempos de necessidade


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Quase todos os alunos do 4.º e 6.º fazem erros de concordância

     «Apenas 8% dos alunos do 4.º e 6.º ano consegue escrever frases sem erros de concordância. Em ambos os anos de escolaridade, este foi o item das provas de aferição de Língua Portuguesa, realizadas em Maio por cerca de 216 mil estudantes, que obteve a taxa de sucesso mais baixa, revelam os relatórios com a análise pormenorizada do desempenho dos estudantes divulgados sábado pelo Ministério da Educação.»

Fonte: Público 

sábado, 14 de janeiro de 2012

Tempo da representação

     O tempo da representação está intimamente ligado aos três momentos-chave da intriga:
  • Exposição (ato I): um dia, sexta-feira, 27 de julho de 1599 (I, 2);
  • Anagnórise (reconhecimento) (ato II): um dia, sexta-feira, 4 de agosto de 1599; 
  •  Desenlace (catástrofe) (ato III): uma noite, de sexta para sábado, 5 de agosto de 1599). 

Tempo representado

     O tempo representado corresponde a oito dias:
  • "Há oito dias que aqui estamos nesta casa..." (II, 1);
  • "Mas isto ainda é cedo", "São cinco horas, pelo alvor da manhã..." (III, 1).
      Por estas informações, contidas nas indicações cénicas, podemos concluir que entre o início e o desenlace da peça decorrem oito dias, enquanto apenas algumas horas separam os atos II e III.

Tempo histórico de Frei Luís de Sousa

     A ação da peça Frei Luís de Sousa (quer os acontecimentos representados, quer os seus antecedentes) situa-se no final do século XVI, princípio do século XVII, como é possível verificar pela didascália inicial do ato I: "Câmera antiga, ornada com todo o luxo e elegância portuguesa dos princípios do século dezassete." Ao longo do texto, outras referências temporais situam-na no ano de 1599 (ver demais «posts» relativos à categoria Tempo), havendo alusões a outras datas.
     Em síntese, os dados mais relevantes relacionados com o tempo histórico são os seguintes:
  • a referência à Reforma Protestante, de meados do século XVI: "... o homem é herege, desta seita nova d'Alemanha ou d'Inglaterra" (I, 2);
  • a referência à batalha de Alcácer Quibir (4 de agosto de 1578);
  • a alusão a Filipe II de Espanha, I de Portugal, aclamado rei em 1580: "... os senhores governadores de Portugal por D. Filipe de Castela, que Deus guarde..." (I, 5);
  • as desavenças entre portugueses e castelhanos e o domínio filipino, após a perda da independência nacional, resultado da derrota de Alcácer e da morte de D. Sebastião;
  • o sebastianismo, representado por Telmo Pais e D. Maria;
  • as alusões de Telmo a Camões e de Maria (no início do ato II, cita a frase que abre a novela Menina e Moça) a Bernardim Ribeiro;
  • a existência de peste em Lisboa.

Didascália inicial (ato III)

. Parte baixa do palácio de Manuel de Sousa ® nível inferior => passagem para outro estádio da existência humana.

     » Porta esquerda ® acesso à capela da Senhora da Piedade:
               . abandono do mundo profano;
               . ingresso no mundo religioso;
               . morte de Maria.

     » Casarão vasto, "sem ornato nenhum":
               . ausência de elementos decorativos;
               . corte com o mundo profano.

     » "Arrumadas às paredes":
               . tocheiras
               . cruzes ® sofrimento, morte
               . círios
               . "alfaias e guisamentos de igreja" ® vida religiosa

     » "A um lado":
               . esquife ® morte, martírio, sacrifício

     » "Do outro":
               . cruz negra com o letreiro J.N.R.J. ® morte, martírio, sacrifício
                                                                        ® ressurreição
               . toalha ® limpar os pecados
               . Semana Santa ® morte ® ressurreição, nova vida

     » "A um lado":
               . "tocheira baixa com tocha acesa e já bastante gasta" ® símbolo de final de
                 vida no mundo profano

     » "sobre a mesa":
               . castiçal de chumbo
               . hábito de religioso dominicano
               . túnica
               . escapulário
               . rosário
               . cinto
                         ® tomada de hábito ® morte para o mundo profano e entrada no
                              mundo espiritual
                         ® envergar o hábito = vida iluminada

     » "No fundo, porta..." ® baixos do palácio.



NOTAS:

1.ª) A luminosidade do ambiente é escassa. Mergulhado na penumbra, o cenário, apenas iluminado por «tocheiras», «tocha acesa e já gasta», «vela acesa», propicia uma introspeção profunda onde tudo indicia a “entrada” para a vida religiosa, para a Ordem dos Dominicanos, ideia acentuada pela presença das «alfaias e guisamentos de igreja» e pelo hábito.

2.ª) A cruz negra com o letreiro, aliadas aos restantes elementos ligados à vida religiosa, simboliza que alguém passará por sofrimento, sacrifício, martírio e morte para a vida mundana.

3.ª) O jogo penumbra / luz e o ambiente secreto, intimista, de intenso recolhimento, possibilitam o encontro do «eu» com os mais recônditos lugares do seu espaço interior.

4.ª) A obra não obedece à unidade de espaço, pois decorre em lugares diferentes, embora todos os acontecimentos decorram em Almada.

5.ª) O espaço ganha uma dimensão trágica, pois fecha-se gradualmente, não possibilitando a saída das personagens para a dimensão física da vida.
A progressiva escassez de elementos decorativos e de luminosidade adensam a atmosfera trágica que culminará na catástrofe.

Didascália inicial (ato II)



NOTAS:

1.ª) Salão despido, pouco confortável, sem qualquer marca de humanização.

2.ª) Espaço mais sombrio, frio, austero, escassamente iluminado e fechado, o que está em sintonia com o estado de espírito das personagens, cada vez mais angustiadas e cercadas pelo Destino.

3.ª) Espaço opressivo, de confidências e também de recordação e reencontro com o passado, contribuindo para o avolumar do «pathos».

4.ª) Um trio de retratos ocupa um espaço privilegiado, numa cumplicidade onde se misturam o idealismo, o patriotismo, a desgraça e a fatalidade. Camões, grandioso épico que dedica a D. Sebastião Os Lusíadas, pedindo-lhe que dê matéria a outra epopeia, incentivando o jovem monarca a cometer grandes feitos no Norte de África para concretizar ideais elevados (difusão do Cristianismo e engrandecimento da Pátria); D. Sebastião não concretizará o seu ideal, morrendo na batalha de Alcácer Quibir. D. João de Portugal, um dos nobres que integrou o trágico exército, nobre honrado, patriota, fiel e corajoso, também desapareceu naquele fatídico areal africano.

5.ª) O ambiente fechado parece escassamente iluminado, evidenciando-se os reposteiros pesados de tecidos espessos de amplas dimensões, por um lado, indiciando que ocultam algo, por outro lado, remetendo para a ideia de que, uma vez descerrados, se passará para um outro espaço, que estará ligado a uma qualquer desgraça ou fatalidade.

6.ª) A mudança de lugar, decorrente do ato de Manuel deitar fogo ao seu palácio (traço histórico), é feita para um mundo absolutamente fechado em si próprio (cenários dos 2.º e 3.º actos). O palácio agora ocupado pertence ao marido que regressa, insufla vida ao passado. As recordações transformam-se logo em pressentimentos. O espaço anuncia a desgraça que se aproxima, tem uma ação fatal, opressiva, ominosa.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

J. 2. Pontuação e sinais auxiliares da escrita

1. Sinais de pontuação
          . Ponto final
          . Vírgula
          . Ponto e vírgula
          . Dois pontos
          . Travessão
          . Reticências
          . Ponto de interrogação
          . Ponto de exclamação

2. Sinais auxiliares de escrita
          . Aspas
          . Parênteses curvos
          . Parênteses retos ou colchetes
          . Asterisco
          . Chaveta
          . Barra oblíqua

Orações subordinadas adverbiais finais

  • Estas orações exprimem o propósito, a intenção, a finalidade da realização da situação exposta na oração subordinante.
               - Ele canta duas horas diárias para que possa participar no "Ídolos".
  • Podem ser finitas (exemplo acima) ou não finitas.
  • A oração subordinada adverbial final não finita pode ser apenas infinitiva:
               - Foram ao cinema para ver um filme novo.

Orações subordinadas adverbiais comparativas

  • São introduzidas por uma conjunção ou locução conjuncional comparativa.
  • Contêm o segundo elemento de uma comparação cujo primeiro termo está presente na oração subordinante:
               - A Naomi Watts canta tão bem como representa.
  • São frequentemente construídas com elipses:
               - A Naomi Watts é tão bela como a Kim Basinger [é bela].
               - O Eusébio fala tão bem português como [fala] inglês.
  • Podem ser finitas (os exemplos anteriores) como não finitas.
  • As orações subordinadas comparativas não finitas podem ser:
               . Infinitivas:
                         - Os jovens gostam mais de estar com os amigos do que de estudar.

               . Gerundivas:
                         - O Rui agitava os braços, como pedindo socorro.
  • Apresentam pouca mobilidade na frase:
               - O João é mais alto do que a namorada.
               - * Do que a namorada, o João é mais alto.

  • Estão dependentes, frequentemente, de um elemento quantificador presente na oração subordinante:
               - O João é mais alto do que o Pedro.
               - Uma mulher como nunca vira enlouqueceu o Ernesto.

Orações subordinadas adverbiais condicionais

  • Estas orações exprimem a condição ou hipótese necessárias à realização da situação enunciada na oração subordinante:
               - Se a minha avó tivesse rodas, era um camião.

  • Podem apresentar diversos valores semânticos:
               . Valor factual ou real (o seu conteúdo é passível de ser confirmado como real e verdadeiro):
                         - Se treinaste corretamente, podes estar tranquilo.

               . Valor condicional ou hipotético (refere uma situação que pode, ou não, vir a ocorrer):
                         - Caso haja visita de estudo, faremos uma bela merenda.

               . Valor contrafactual ou irreal (o conteúdo é irreal, não verdadeiro):
                         - Se o árbitro tivesse sido imparcial, o Benfica teria sido campeão.
  • Estas orações podem ser finitas (exemplos anteriores) ou não finitas.
  • As orações subordinadas condicionais não finitas podem ser:
               . Infinitivas:
                         - A ser certo isso, estamos perante uma situação gravíssima.

               . Participiais:
                         - Apresentada dentro do prazo, a tese foi aplaudida por unanimidade.

               . Gerundivas:
                         - Sendo exigente, o professor fomentou os bons resultados no exame nacional.

E. 4. Articulação entre constituintes da frase e entre frases

. Frase

I. Frase simples e frase complexas

II. Frase complexa

     1. Orações coordenadas

          1.1. Orações coordenadas sindéticas e assindéticas

     2. Orações subordinadas

          A. Orações subordinadas substantivas

               1. Orações subordinadas substantivas completivas

               2. Orações subordinadas substantivas relativas (sem antecedente)

          B. Orações subordinadas adjetivas

               1. Orações subordinadas adjetivas relativas

                    1.1. Orações subordinadas adjetivas relativas restritivas

                    1.2. Orações subordinadas adjetivas relativas explicativas

                    1.3. Orações subordinadas adjetivas gerundivas

          C. Orações subordinadas adverbiais

                    1. Oração subordinada adverbial temporal

                    2. Oração subordinada adverbial causal

                               2.1. Distinção entre orações coordenadas explicativas e subordinadas causais
                               2.1.1. Distinção entre orações coordenadas explicativas e subordinadas
                                         causais (atualização).

                    3. Oração subordinada adverbial final

                    4. Oração subordinada adverbial condicional

                    5. Oração subordinada adverbial comparativa

                    6. Oração subordinada adverbial concessiva

                    7. Oração subordinada adverbial consecutiva

Orações subordinadas adverbiais concessivas

  • Exprimem uma ideia / um facto que contrastam com a situação expressa na oração subordinante:
               - Embora tivesse estudado, o Raul reprovou no exame.
  • Exprimem diferentes valores semânticos:
               . Valor factual ou real:
                         - Embora faça sol, está frio.

               . Valor condicional ou hipotético:
                         - Mesmo que não queira, o João realizará o teste.

               . Valor contrafactual ou irreal:
                         - Mesmo que tivesse tempo, o Eusébio não entraria num avião.
  • Podem ser finitas (os exemplos anteriores) ou não finitas.
  • As orações subordinadas concessivas não finitas podem ser:
               . Infinitivas:
                         - Apesar de não gostar da Joana, o Pedro dançou com ela.

               . Participiais:
                         - Embora sedado, o Rui continuava agitado.

               . Gerundiva:
                         - Mesmo não tendo relógio, o Soares chegou a horas à festa.

Orações subordinadas adverbiais consecutivas

  • Estas orações exprimem a consequência ou efeito da situação apresentada na oração subordinante.
  • São antecedidas por vocábulos como "tal", "tanto", "tamanho", "tanto".
               - Ele estava tão cansado que adormeceu.

  • Apresentam pouca mobilidade na frase:
               - * Que adormeceu, ele estava tão cansado.

Distinção entre orações coordenadas explicativas e subordinadas causais

As orações subordinadas adverbiais causais expressam uma causa de re, ou seja, assentam numa relação de causa – consequência que expressa a causalidade tal como a conhecemos no mundo real, independentemente de estarmos a falar de factos ou de possibilidades. Atente-se nos exemplos:
(1) A Miquelina passou no exame porque estudou. (“estudar” é a causa que tem como consequência “passar no exame”)
(2) O Ernesto caiu porque escorregou. (“escorregar” é a causa que tem como consequência “cair”)
(3) O pai deu uma prenda ao Eusébio porque o filho teve 20 a Português. (“ter 20 a Português” é a causa que tem como consequência “dar uma prenda”)
(4) A Joaquina fez-me um carinho porque é simpática. (“ser simpático” é a causa que tem como consequência “fazer um favor”)

No caso da oração coordenada explicativa, estamos na presença de uma causa de dicto, ou seja, um processo linguístico que permite com um enunciado justificar uma afirmação feita anteriormente:
(5) Está alguém em nossa casa, pois eu vejo luz. (o locutor justifica a sua afirmação de que “está alguém em casa” através de outra afirmação: “está a ver luz”)
Quando falamos em orações coordenadas explicativas, temos de ter em conta que não existe uma relação de causa real, ou seja, na frase (5) não é o facto de se ver luz numa casa que faz com que esteja alguém nessa casa (por exemplo, os moradores podem ter saído, esquecendo-se de apagar a luz). No fundo, estas orações são pequenos textos argumentativos organizados da seguinte forma: “Eu defendo X e eu provo X com o argumento Y” ou “Eu digo X porque Y”.
Por estas razões, a oração coordenada explicativa pode ser também utilizada como justificação de um enunciado que apresente uma ordem ou um conselho:
(6) Sai, que eu estou amandar!



* - * - * - *

     Já não sabemos onde, encontrámos esta explicação para o mesmo caso:

     As orações coordenadas explicativas e as subordinadas adverbiais causais possuem valores semânticos próximos, pelo que podem originar confusão e dificuldade na sua distinção / classificação.No entanto, é possível distingui-las com base em dois critérios:
  • As orações subordinadas causais podem ocorrer na posição inicial da frase complexa, o que não sucede com as coordenadas explicativas.
               - O João foi despedido porque era preguiçoso.
                                                                     ¯
                                                    oração subordinada adverbial causal
               -Porque era preguiçoso, o João foi despedido.

               - O João foi despedido, pois era preguiçoso.
                                                                  ¯
                                                     oração coordenada explicativa
               - * Pois era preguiçoso, o João foi despedido.

  • Nas orações subordinadas causais (1), os pronomes átonos ocorrem antes do verbo, enquanto nas coordenadas explicativas (2) surgem após o verbo.
               (1) Surrei o Jeremias porque ele me ofendeu.
               (2) Surrei o Jeremias, pois ele ofendeu-me.

Orações subordinadas adverbiais causais

  • Estas orações exprimem a causa, a razão, o motivo, a justificação da situação apresentada na oração subordinante:
               - Vesti o casaco porque tinha frio.
               - Como tinha frio, vesti o casaco.
               - Dado que tinha frio, vesti o casaco.
  • Pode ser finita (os exemplos acima) ou não finita.
  • A oração subordinada causal não finita pode ser:
               . Infinitiva:
                    - Aderi à fatura eletrónica, visto ter direito a um desconto mensal.

               . Participial:
                    - Estudada a lição, os miúdos foram brincar.

               . Gerundiva:
                    - Tendo chegada atrasada à aula, a Andreia teve falta injustificada.

Orações subordinadas adverbiais temporais

  • A oração subordinada adverbial temporal localiza no tempo a situação apresentada na oração subordinante:
               - Vi o Eusébio quando visitei o Estádio da Luz.
  • Pode ser finita (o exemplo acima) ou não finita.
  • A oração subordinada adverbial temporal não finita pode ser:
               . Infinitiva (a forma verbal encontra-se no infinitivo):
                         - Ao chegar à escola (= Quando cheguei à escola), encontrei a Sofia.

               . Participial (a forma verbal encontra-se no particípio passado):
                         - Chegado à escola, dirigi-me para a sala.

               . Gerundiva (a forma verbal encontra-se no gerúndio):
                         - Chegando da escola, vou acender a lareira.

Orações subordinadas adverbiais

  • As orações subordinadas adverbiais equivalem a um grupo adverbial.
  • Expressam diferentes valores semânticos: causa, tempo, fim, condição, etc.
  • Classificam-se de acordo com o seu valor semântico.
  • São introduzidas por conjunções subordinativas, preposições ou outros conetores.
  • Apresentam grande mobilidade na frase, à exceção das comparativas e das consecutivas:
               - Quando o avião aterrou, eles suspiraram de alívio.
               - Eles suspiraram de alívio quando o avião aterrou.
  • Separam-se por vírgula quando antecedem a oração subordinante:
               - Quando o meu pai faleceu, chorei amargamente.
  • Separam-se por vírgulas quando ocorrem intercaladas na frase:
               - Nesse ano, quando o meu pai faleceu, chorei amargamente.
  • Desempenham a função sintática de
               . modificador da frase:
                         - Mesmo que tu não queiras, cantarei na festa de Natal.

               . modificador do grupo verbal:
                         - Desliguei a televisão assim que trovejou.

Orações subordinadas adjetivas gerundivas

  • São introduzidas por uma forma verbal no gerúndio.
  • Desempenham a função sintática de modificador restritivo do nome:
               - Os computadores contendo defeitos serão substituídos.
                 (= Os computadores que contêm defeitos serão substituídos.
                  = Os computadores defeituosos serão substituídos.)

Orações subordinadas adjetivas relativas explicativas

  • Introduzem uma informação adicional;
  • São isoladas na frase por vírgula;
  • Desempenham a função sintática de modificador apositivo do nome:
               - Os alunos, que estavam distraídos, não perceberam a matéria.
  • É uma oração subordinada porque está dependente do grupo nominal "Os alunos".
  • É adjetiva porque equivale a um adjetivo / grupo adjetival ("Os alunos, distraídos, não perceberam a matéria.").
  •  É relativa explicativa porque não restringe o universo de referência do grupo nominal a que se reporta.
  • Algumas orações relativas explicativas retomam o conteúdo da totalidade da frase subordinante, desempenhando a função sintática de modificador da frase:
               - O Paulo desapareceu de casa, o que afligiu imenso a mãe.

Orações subordinadas adjetivas relativas restritivas

  • Estas orações delimitam ou restringem ___
  • Não são separadas do seu antecedente por vírgula.
  • Se forem omitidas, o sentido da frase é alterado.
  • Desempenham a função sintática de modificador restritivo do nome:
               - Os alunos que estudam obtêm bons resultados.
                         . É uma oração subordinada porque está dependente do antecedente "Os
                           alunos".
                         . É adjetiva porque "que estudam" equivale ao adjetivo "estudiosos".
                         . É relativa restritiva porque restringe "Os alunos" - os que estudam.

               - Os alunos que estavam distraídos não perceberam a matéria. (não são
                  todos os alunos, apenas os que estavam distraídos)

Orações subordinadas adjetivas relativas

  • São introduzidas por um pronome relativo, um determinante relativo ou um advérbio relativo, que retoma(m) um antecedente presente na oração subordinante.
  • Dividem-se em relativas restritivas e explicativas.

Orações subordinadas adjetivas

  • As orações subordinadas adjetivas são orações que equivalem a um adjetivo e desempenham funções sintáticas próprias de um grupo adjetival.
  • Dividem-se em
               a) orações relativas:
                         - Os alunos que estudam obtêm bons resultados. (= Os alunos estudiosos
                            obtêm bons resultados.)

               b) orações gerundivas:
                         - Os finalistas, cantando com alegria, entraram no autocarro.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Orações subordinadas substantivas relativas (sem antecedente)

  • São introduzidas
  • pelos pronomes relativos o que e quem;
  • pelo advérbio relativo onde;
  • pelo quantificador relativo quanto
  • Não têm antecedente.
  • Podem desempenhar diversas funções sintáticas:
               1. Sujeito:
                         - Quem tudo quer tudo perde.
                         - Quem cala consente.

               2. Complemento direto:
                         - Admiro quem estuda afincadamente.
                         - Conheço quem te dê boleia.

               3. Complemento indireto:
                         - O Eusébio deu autógrafos a quem lhos pediu.
                         - O João, na festa, ofereceu flores a quem fazia anos.

               4. Predicativo do sujeito:
                         - Aquele sujeito não é quem parece.

               5. Modificador do grupo verbal:
                         - Deitei-me onde havia cama.
                         - Escondi o ouro onde tu disseste.
  • Podem ser finitas (o verbo ocorre numa forma finita) ou não finitas (o verbo ocorre numa forma não finita):
               - Quem vai ao ar perde o lugar. (finita)
               - Aquele casal precisa de quem o ajude. (finita)
               - Tu sabes como passar de ano. (não finita)
               - Não tenho com que ligar a televisão. (não finita)

Orações subordinadas substantivas completivas

  • São introduzidas por uma conjunção subordinativa completiva: que e se (esta última introduz as interrogativas indiretas).
  • Podem ser introduzidas também por uma preposição (quando não são finitas infinitivas): de, para, por, ...
  • Podem desempenhar diferentes funções sintáticas:
               1. Sujeito:
                         - É preciso que chegues a tempo.
                         - Não é certo que sejamos campeões.

               2. Complemento direto:
                         - O Eusébio perguntou se o Benfica vencera.
                         - O professor pediu aos alunos para fazerem o TPC.
                         - Diz-se que há corrupção no futebol.

               3. Complemento do nome:
                         - O vício de fumares sai-te caro.
                         - A vontade de ganhar era enorme.
                         - Ele morreu com a certeza de que a família ficaria bem.

               4. Complemento de um adjetivo:
                         - Esta derrota é difícil de engolir.

               5. Complemento oblíquo:
                         - O Benfica esforçou-se por vencer o jogo.

  • Teste para identificar a função de sujeito:
  • Substituição da oração subordinada substantiva completiva pelos pronomes demonstrativos invariáveis isto e isso (colocados antes do verbo):
                          - Não é certo que sejamos campeões. ®  Isto (= que sejamos campeões) não é
                             certo.

  • Testes para identificar a função de complemento direto:
  • Substituição da oração completiva pelos pronomes demonstrativos invariáveis isto e isso (colocados depois do verbo):
                         - Eu defendo que tu agiste bem. ® Eu defendo isto / isso.
  •  Substituição pelo pronome «o» e suas variantes:
                         - Eu defendo que o Brasil será nosso novamente. ® Eu defendo-o.

Orações subordinadas

  • A subordinação é o processo de combinação de duas ou mais orações em que uma delas - a subordinada - está sintaticamente dependente dela (ou de um seu constituinte).
  • A oração subordinante é aquela de que depende uma outra oração - a subordinante: O Eusébio disse que estava doente.
  • A oração subordinada é aquela que desempenha uma função sintática na fase complexa em que está inseria e que depende de outra - a subordinante - para ter sentido: O Eusébio disse que estava doente.
  • Na subordinação, pode existir recursividade, isto é, pode encontrar-se uma oração subordinada dentro de outra subordinada: O Antunes disse que o governo garante que haverá novas medidas de austeridade que atingirão os portugueses...
  • Quando as orações subordinadas são introduzidas por uma conjunção ou locução subordinativa, recebem o nome do conetor que faz a articulação-
  • De acordo com o tipo de função sintática que desempenham, as orações subordinadas podem ser classificadas como
                                      . subordinadas substantivas;
                                      . subordinadas adjetivas;
                                      . subordinadas adverbiais.

Orações coordenadas sindéticas e assindéticas

  • As orações coordenadas (ou os elementos de uma frase) ligadas por uma conjunção ou locução coordenativa designam-se sindéticas.
               - Ele "roubou" a bola e afundou.
               - Comprei um casaco e um par de calças.
  • Quando a conjunção não está expressa, as orações chamam-se assindéticas.
               - O Pedro chegou, arrumou o carro, tirou os livros, jantou...

Orações coordenadas

     A frase complexa resulta da junção / articulação de duas ou mais orações, por coordenação ou por subordinação.


Orações coordenadas

  • Estas orações articulam-se / ligam-se através de uma conjunção ou locução coordenativa, ou conetor equivalente.
  • As orações coordenadas recebem o nome do conetor / conjunção que as articula / liga.
  • As orações coordenadas são sintaticamente independentes entre si.
  • Existem cinco tipos de orações coordenadas.


     1.º) Orações coordenadas copulativas:
  • são introduzidas por uma conjunção ou locução coordenativa copulativa (e, nem);
  • exprimem um valor de adição;
                          - A minha mãe ofereceu-me um pijama e a minha tia trouxe-me um casaco.
                                                      ¯                                 ¯                          ¯
                                       oração coordenada              conjunção      oração coordenada copulativa


     2.º) Orações coordenadas adversativas:
  • são introduzidas por uma conjunção (ou locução) coordenativa adversativa;
  • possuem um valor de oposição ou contraste;
                         - Escorreguei, mas não caí.
                                    ¯            ¯          ¯
           oração coordenada   conjunção   oração coordenada adversativa


     3.º) Orações coordenadas disjuntivas:
  • são introduzidas por uma conjunção (ou locução) coordenativa disjuntiva;
  • transmitem um valor de alternativa;
                         - Vamos ao cinema ou ficamos em casa?
                                         ¯               ¯               ¯
                      oração coordenada   conjunção    oração coordenada disjuntiva


     4.º) Orações coordenadas explicativas:
  • são introduzidas por uma conjunção (ou locução) coordenativa explicativa;
  • apresentam a causa, a explicação ou justificação (para o que é dito na primeira oração);
                         - Estou cheio de fomepois comi mal ao almoço.
                                           ¯                   ¯                ¯
                           oração coordenada   conjunção   oração coordenada explicativa


     5.º) Orações coordenadas conclusivas:
  • são introduzidas por uma conjunção (ou locução) coordenativa conclusiva;
  • exprimem um valor de conclusão, de dedução lógica (em relação à ideia expressa ou implícita na oração com que se combina);
                         - O Paulo tem exame, logo não foi ao cinema.
                                           ¯                   ¯                 ¯
                           oração coordenada    conjunção     oração coordenada conclusiva

Frase simples e frase complexa

  • As frases podem ser simples ou complexas.
  • As frases simples têm apenas um verbo principal ou copulativo; por isso, uma só oração.
               . O avião aterrou.
               . A aluna manteve-se calma.
               . O Viriato chegou de Lisboa.
  • As frases complexas têm dois ou mais verbos principais ou copulativos, isto é, são constituídas por duas ou mais orações.
               . A Maria caiu porque escorregou.
               . Encontrei a Irina e ofereci-lhe um jantar.
  • No registo oral, a frase é marcada por diversos tipos de entoação, de acordo com os diferentes conteúdos comunicativos que expressa: perguntar, ordenar, exprimir emoções ou sentimentos, etc.
  • No registo escrito, a frase, em início de período, é iniciada por letra maiúscula e finaliza com um sinal de pontuação "concordante" com o conteúdo comunicativo que expressa: ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, ponto e vírgula e reticências.

Frase

     A frase é uma unidade linguística que contém, pelo menos, um verbo e descreve uma situação:
               . O avião aterrou.
               . O Eusébio adoeceu.

     A frase típica do português é constituída por uma sequência de palavras compostas por um sujeito e um predicado.
               . O avião aterrou.
                     ¯            ¯
                 sujeito    predicado

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vírgula

     A vírgula representa uma pausa breve no discurso e usa-se para:

          . isolar o nome do lugar, nas datas:
               - Lisboa, 11 de janeiro de 2012.

          . isolar elementos, intercalados na frase, de valor explicativo ou caracterizador:
               - Portugal está à beira da bancarrota, isto é, não tem dinheiro para o dia-a-dia.

          . isolar orações subordinadas adverbiais numa frase:
               - O João, quando viu a namorada no chão, ficou furioso.

          . isolar orações intercaladas:
               - Os bons jogadores, dizia Paulo Bento, são os que me obedecem cegamente.

         
. isolar orações subordinadas adverbiais, principalmente quando colocadas antes da subordinante:
               - Assim que tu chegaste, fizemos uma festa.

          . separar os elementos de uma enumeração:
               - Fui à feira e comprei batatas, feijão, cebolas, bacalhau e alfaces

          . separar a frase introduzida pela conjunção «mas»:
               - A Maria caiu, mas não se magoou.

          . isolar o vocativo:
               - Micaela, tu cantas mesmo mal!

          . intercalar um modificador entre um verbo e o seu complemento:
               - O polícia alertou o condutor, com gestos enérgicos, do perigo.

       
  . separar conjunções e locuções conclusivas:
               - O Benfica jogou bem, portanto mereceu vencer.
               - Consideras, portanto, que o árbitro não viu bem o lance.

          . isolar modificadores da frase:
               - Efetivamente, a bola não entrou na baliza.

         
. destacar um advérbio conetivo em início de período:
               - Os alunos estão muito aborrecidos. Porém, não param de falar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

"Ode Triunfal" - Correção do questionário

1. Releia a primeira estrofe.


     1.1. Caraterize o ambiente em que o sujeito poético se situa.

     O sujeito poético encontra-se a escrever no interior de uma fábrica, num estado febril, rodeado de máquinas e sob a luz forte das "grandes lâmpadas elétricas".

     1.2. Explicite a relação que ele mantém com a realidade que o cerca.

     Logo nos primeiros versos do poema, o sujeito poético anuncia o seu estado febril ("Tenho febre" - v. 2) e violento ("Escrevo rangendo os dentes" - v. 3), provocado pela realidade que o cerca e resultante de sensações contraditórias. De facto, se, por um lado, ele se deleita a apreciar a beleza do que o rodeia no interior da fábrica, por outro, essa mesma beleza causa-lhe dor ("À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica" - v. 1).


2. Atente, agora, nas estrofes 2 a 4.


     2.1. Procure, na segunda estrofe, marcas do "estado febril" que o sujeito poético anunciara.

     As marcas do «estado febril» do sujeito poético são visíveis nas seguintes passagens: "Tenho os lábios secos" (v. 10) e "E arde-me a cabeça." (v. 12).

     2.2. Explicite as razões que estão na origem desse delírio.

     O delírio do sujeito poético é originado pelos "excessos" do ambiente em que o sujeito poético se encontra inserido. De facto, os movimentos "em fúria" e os "ruídos" ouvidos "demasiadamente perto" das máquinas da fábrica estão na base do seu estado febril.

     2.3. Prove, com passagens do poema, que todos os sentidos concorrem para esse estado de alucinação.

     Com efeito, no estado de alucinação do sujeito poético intervêm os sentidos, através dos quais ele procura captar as sensações provocadas pelas máquinas ("de todas as minhas sensações" - v. 13): visuais ("e olhando os motores" - v. 15), gustativas ("Tenho os lábios secos" - v. 10), auditivas ("Rugindo, rangendo, ciciando" - v. 24), tácteis ("Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma." - v. 25).

     2.4. No primeiro verso da terceira estrofe, "os motores" são comparados a "uma Natureza tropical".


          2.4.1. Comente a expressividade dos adjetivos que, no verso 32, a caraterizam.

     A "Natureza tropical" é caracterizada como sendo "estupenda, negra, artificial e insaciável". Esta quádrupla adjetivação traduz os traços da civilização moderna mecânica e industrial, que é admirável e insondável, sofisticada e sôfrega.

     2.5. Evidencie o valor expressivo das aliterações presentes nos versos 16 e 24-25.

     Nos referidos versos, existem diversas aliterações. Desde logo, a aliteração em f ("ferro e fogo e força") que sugere o ruído e o caráter agressivo dos motores; depois a aliteração em r ("Rugindo, rangendo") recria o ruído forte e violento das máquinas e dos motores; por último, a aliteração em c ("excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma") sugere a suavidade de uma carícia.

     2.6. Explique, pelas suas próprias palavras, os versos em que o sujeito poético exalta a abolição das fronteiras entre passado, presente e futuro.

     Nos versos 18 a 23, o sujeito poético concentra os tempos num só, único, englobante e dinâmico. E fá-lo transportando para o presente (v. 19) e para o futuro (vv. 21-22) grandes personalidades do passado (Platão, Virgílio, Alexandre Magno, Ésquilo), estabelecendo entre elas relações de interdependência e de causa e efeito. Ou seja, se não tivesse existido, no passado, figuras criadores e impulsionadoras como as referidas, o presente não seria aquilo que é e o futuro seria, certamente, diferentes. O presente engloba, assim, o passado e possibilita o futuro.

     2.7. Interprete os desejos expressos pelo sujeito poético nas exclamações da quarta estrofe.

     Na quarta estrofe, o sujeito poético expressa o desejo de se identificar totalmente com as máquinas (vv. 26 a 28) - símbolo da modernidade -, ou, na impossibilidade de concretizar este desejo, ao menos poder estabelecer com elas uma relação estranha, eufórica que roça um erotismo delirante e doentio e o sadomasoquismo. Note-se o recurso aos advérbios "carnivoramente" e "pervertidamente" e ao gerúndio "enroscando", que apontam para a referida relação. Algo de semelhante é visível entre os versos 42 e 47. No fundo, estamos perante o sensacionismo excessivo do sujeito poético, que procura "sentir tudo de todas as maneiras", visto que "Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.".


3. Na sétima estrofe (vv. 49-57), assistimos a uma pausa no ritmo alucinante do poema.

     3.1. Justifique o recurso ao parênteses.

     O recurso ao parênteses traduz o caráter intimista que o sujeito poético assume nesta estrofe, numa espécie de aparte em que «regressa» ao passado.

     3.2. Indique os temas abordados, neste aparte, pelo sujeito poético.

     Os temas abordados são a certeza da morte e a evocação nostálgica da infância.

     3.3. Adiante hipóteses para esta reflexão no contexto do poema.


4. A partir da oitava e até à penúltima estrofe, retoma-se o ritmo alucinante que tinha sido interrompido.

     4.1. Demonstre que o referido ritmo se desenvolve numa gradação crescente.

     O ritmo alucinante é retomado através das apóstrofes sucessivas (vv. 64-65), das interjeições (vv. 66-69), das repetições anafóricas (vv. 78-80), das interjeições e das enumerações (vv. 82-105), até culminar, no verso 106, com a onomatopeia final.

     4.2. Assinale os versos em que o sujeito poético refere aspetos negativos da civilização moderna.

     O sujeito poético refere os aspetos negativos da civilização moderna em dois momentos do poema: entre os versos 66 e 68 e 70 e 73.

     4.3. Identifique o recurso estilístico presente nos versos 68 e 76.

     O recurso estilístico é é o oximoro (vv. 68 e 76), que traduz os sentimentos contraditórios que caraterizam o sujeito poético.


5. Podemos afirmar que a conclusão do poema - a última estrofe (um monóstico) - é uma confissão de fracasso.

     5.1. Demonstre a veracidade da afirmação.

     A última estrofe pode interpretar-se como a confissão do fracasso, pois nela o sujeito poético manifesta a impossibilidade de realizar o seu desejo de se identificar completamente coma realidade que o rodeia, no fundo, com as máquinas.


6. Comente o título do poema e relacione-o com a cultura do excesso tão cara aos sensacionistas. Deve ter em conta a definição de "ode" (cf. nota 3. do texto "Ricardo Reis - uma arte de viver", na página 69) e o significado do adjetivo "triunfal".

     O título do poema é reiterativo, visto que a «ode» é já, só por si, um canto em tom sublime, escrito num discurso entusiástico, de exaltação de alguém (um herói) ou algo (um feito, por exemplo). Ao ser acrescentado ao nome «ode» o adjetivo «triunfal», Álvaro de Campos remete desde logo para o tom hiperbólico com que vai cantar as máquinas, o triunfo da civilização moderna industrial.


7. Observe atentamente o quadro de Picabia reproduzido na página 89.


     7.1. Comente o quadro, relacionando-o com algumas passagens da "Ode Triunfal" que ele poderia ter inspirado.


Questionário adaptado do manual Entre Margens - 12.º ano (Porto Editora)
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