As orações subordinadas adverbiais causais expressam uma causa de re, ou seja, assentam numa relação de
causa – consequência que expressa a
causalidade tal como a conhecemos no mundo real, independentemente de estarmos
a falar de factos ou de possibilidades. Atente-se nos exemplos:
(1) A Miquelina passou no exame porque estudou.
(“estudar” é a causa que tem como consequência “passar no exame”)
(2) O Ernesto caiu porque escorregou. (“escorregar”
é a causa que tem como consequência “cair”)
(3) O pai deu uma prenda ao Eusébio porque o
filho teve 20 a Português. (“ter 20 a Português” é a causa que tem como
consequência “dar uma prenda”)
(4) A Joaquina fez-me um carinho porque é
simpática. (“ser simpático” é a causa que tem como consequência “fazer um
favor”)
No caso da oração coordenada explicativa, estamos na
presença de uma causa de dicto, ou
seja, um processo linguístico que permite com um enunciado justificar uma
afirmação feita anteriormente:
(5) Está alguém em nossa casa, pois eu vejo luz.
(o locutor justifica a sua afirmação de que “está alguém em casa” através de
outra afirmação: “está a ver luz”)
Quando falamos em orações
coordenadas explicativas, temos de ter em conta que não existe uma relação de causa real, ou seja, na frase (5) não é
o facto de se ver luz numa casa que faz com que esteja alguém nessa casa (por
exemplo, os moradores podem ter saído, esquecendo-se de apagar a luz). No
fundo, estas orações são pequenos textos argumentativos organizados da seguinte
forma: “Eu defendo X e eu provo X com o argumento Y” ou “Eu digo X porque Y”.
Por estas razões, a oração
coordenada explicativa pode ser também utilizada como justificação de um
enunciado que apresente uma ordem ou
um conselho:
(6) Sai, que eu estou amandar!
* - * - * - *
Já não sabemos onde, encontrámos esta explicação para o mesmo caso:
As orações coordenadas explicativas e as subordinadas adverbiais causais possuem valores semânticos próximos, pelo que podem originar confusão e dificuldade na sua distinção / classificação.No entanto, é possível distingui-las com base em dois critérios:
- As orações subordinadas causais podem ocorrer na posição inicial da frase complexa, o que não sucede com as coordenadas explicativas.
- O João foi despedido porque era preguiçoso.
¯
oração subordinada adverbial causal
-Porque era preguiçoso, o João foi despedido.
- O João foi despedido, pois era preguiçoso.
¯
oração coordenada explicativa
- * Pois era preguiçoso, o João foi despedido.
- Nas orações subordinadas causais (1), os pronomes átonos ocorrem antes do verbo, enquanto nas coordenadas explicativas (2) surgem após o verbo.
(1) Surrei o Jeremias porque ele me ofendeu.
(2) Surrei o Jeremias, pois ele ofendeu-me.
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