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segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Aprendizagens essenciais - Ensino secundário
domingo, 2 de setembro de 2018
sábado, 1 de setembro de 2018
sexta-feira, 31 de agosto de 2018
quinta-feira, 30 de agosto de 2018
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
domingo, 26 de agosto de 2018
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Fases da produção literária de José Saramago
De
acordo com os estudiosos de José Saramago, a sua obra compreende três grandes fases: a fase da “portugalidade
intensa”[1],
a fase universal
e a fase dos romances
fábula.
1.ª fase (1977-1991) – “Portugalidade intensa”:
- romances
que, direta ou indiretamente, se relacionam com a cultura e com a História
portuguesas;
- localização
da ação no tempo e no espaço;
- recurso à
nomeação de personagens.
Esta primeira
fase decorre entre a publicação de Manual
de Pintura e Caligrafia, em 1977, e O
Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), abrangendo “um conjunto de romances
que, direta ou indiretamente, se relacionam com a cultura e com a História
portuguesas”[2]. Dela
faz parte o Evangelho, pois, apesar
de Portugal ser um estado laico, reconhece-se a primazia da tradição religiosa
judaico-cristã.
Trinta
anos depois da publicação de Terra do
Pecado, obra de que Saramago sempre procurou distanciar-se, conforme
confessou a Carlos Reis em Diálogos com
José Saramago, Manual de Pintura e
Caligrafia aparenta ser uma “espécie de laboratório em que o autor ensaia
as grandes características da sua prosa.
A saber,
. a emergência de(a) M.(ulher) como mola de conhecimento,
. o ateísmo e as consequentes críticas à religião,
. o empenho ideológico,
. a mistura de subgéneros literários,
. o abandono do registo sintático-discursivo linear,
. o uso peculiar da pontuação, apesar
de, no que toca a este ponto, Saramago considerar que a mudança se verifica com
o romance seguinte, Levantado do Chão:
“Até que, em 79, decidi que tinha de o escrever. E comecei sem nada de especial
do ponto de vista formal. E, se eu tivesse continuado por aí, não teria dado
com certeza nascimento ou origem ao que se pode chamar o meu modo peculiar de
narrar – não quero dizer estilo. Então aconteceu-me um daqueles momentos muito
belos que acontecem, quando acontecem. Aí a páginas vinte e tal, sem ter
pensado nisso, começo a escrever libertando-me de toda essa história da
pontuação, escrevendo como depois o livro saiu. E a tal ponto que, quando o
acabei, tive de voltar às vinte e tal páginas iniciais para pô-las de acordo
com o resto […]. Julgo que foi o estar a contar as histórias que me tinham sido
contadas, como se estivesse a contar a quem me contou, que fez com que a
narração ganhasse aquela espécie de «vou agora contar-vos, pelas minhas
próprias palavras, aquilo que vocês me contaram». Sucedeu porque foi como
se eu tivesse dito àqueles homens e mulheres, que eu conheci no Alentejo:
«Agora sentem-se aí, que eu vou contar-vos a vossa história.”[3].
Atente-se,
relativamente à questão da pontuação, o que Saramago já havia dito em Cadernos de Lanzarote – Diário II: “Todas
as características da minha técnica narrativa atual (eu preferiria dizer:
do meu estilo) provêm de um princípio básico segundo o qual o dito se destina a ser ouvido. Quero com isto significar que é como narrador oral que me
vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem
lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não precisa de pontuação,
fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico:
sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras. Certas
tendências, que reconheço e confirmo (estruturas barrocas, oratória circular,
simetria de elementos), suponho que me vêm de uma certa ideia de um discurso
oral tomado como música.”.
Outra
das razões que justifica a inserção do Evangelho
nesta primeira fase tem a ver com o facto de ser possível a localização exata
da ação no espaço e no tempo, algo que já não sucede com os romances Ensaio sobre a Cegueira (1995) e Ensaio sobre a Lucidez (2004). Por outro
lado, o autor continua a recorrer à nomeação das personagens, um modo de as
individualizar.
2.ª fase (1995-2004) – Ciclo universal:
- ressimplificação formal;
- questionação sobre “o que é
ser-se humano”;
- apelo à imaginação do leitor
através
. do anonimato das personagens;
. da indefinição dos espaços, o que
permite sucessivas relocalizações.
Esta
fase corresponde a uma certa recusa de uma espécie de barroquismo e à
necessidade maior de clareza. Esta inflexão é justificada também pelo desejo de
“saber, no fundo, […] o que é isto de ser-se um ser humano […], é essa coisa
tão simples e que não tem resposta: quem somos?”[4].
Deste modo, as personagens perdem o nome, os enredos são situados em
espaços-tempo indefinidos (não obstantes romances que nos remetem para locais
específicos, como Todos os nomes,
1997), permitindo sucessivas relocalizações, de acordo com a imaginação de cada
leitor.
3.ª fase (2005-2009) – Os romances fábula:
- nova
ressimplificação formal (maior obediência à sintaxe e à pontuação
tradicionais);
- narrativas
mas próximas do conceito de narratividade;
- predomínio
de uma linha cómica, sem condicionar as preocupações ideológicas do autor.
A nova
ressimplificação formal, marcada pelos traços atrás identificados (maior
obediência à sintaxe e à pontuação tradicionais, delinear de uma narrativa mais
próxima do conceito de narratividade), é caracterizada, sobretudo, pela linha
cómica que Saramago introduz nas suas obras, o que não invalida, porém, a
manutenção das suas preocupações ideológicas que perpassam o seu trabalho. Essa
veia crónica não é, todavia, um exclusivo desta 3.ª fase, pois já se encontra
em romances como Memorial do Convento,
Todos os Nomes ou A Jangada de Pedra, seja através da
presença de um tom caricatural e cómico, seja através da introdução de
episódios, comentários ou alusões que tendem a suavizar o tom predominantemente
grave das narrativas. No entanto, parece claro que o tom predominante em José
Saramago é essencialmente sério, recolhido, marcado pelo pessimismo e pelo
desalento, em conexão com as suas preocupações de índole humanista e
humanitária.
Bibliografia:
. O
Ano da Morte de Ricardo Reis, Ana Paula Arnaut;
. Diálogos com José Saramago, Carlos Reis;
.
[1]
Cristopher Rollason (“Saramago and Orwell”, in Adriana Alves de Paula Martins
& Mark Sabine (eds.), In Dialogue
with Saramago: Essays in Comparative Literature). Ver, a propósito, Ana
Paula Arnaut, José Saramago, Lisboa:
Edições 70, pp. 40-43.
[2] Ana
Paula Arnaut, O Ano da Morte de Ricardo
Reis.
[3] Ana
Paula Arnaut, O Ano da Morte de Ricardo
Reis.
[4]
Entrevista a Jefferson del Rios, Beatriz Albuquerque e Michael Laub, “A
terceira palavra”, in Revista Bravo
(São Paulo).
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José Saramago
'O Ano da Morte de Ricardo Reis' - Ficha de leitura (capítulos IV-VII)
VERSÃO 1
As autoras do Novo Plural 12
Elisa Costa Pinto
Paula Fonseca
Vera Saraiva Baptista
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. O ministro da Instrução,
citado nos jornais, afirma que «Salazar é o maior educador do nosso século».
2. O primeiro-ministro do
Estado Novo era também ministro da Agricultura.
3. O segundo encontro de
Reis com Pessoa dá-se no café Martinho, perto do Tejo.
4. Um dia, no hotel, Reis
prende por instantes o braço de Lídia, o que o deixa muito perturbado.
5. No dia em que Ricardo Reis
confessou que a achava muito bonita, começou a relação de amor entre os dois.
6. A rapariga chorou, ao
engomar o fato que Reis iria usar para ir ao teatro.
7. Por coincidência, o
protagonista encontrou Marcenda e o pai no Teatro Nacional.
8. Os operários de uma
fábrica estiveram presentes naquele espetáculo.
9. A visita de Fernando
Pessoa, nessa noite, provoca-lhe alguma contrariedade, pois esperava a
companhia de Lídia.
10. Os dois conversaram sobre
verdade e fingimento.
11. Num jantar, Marcenda
contou a Reis que a mão ficara paralisada quatro anos antes.
12. O médico acaba por lhe
perguntar se ela não pode ou não quer mexer a sua mão.
13. O Dr. Sampaio, convicto
salazarista, recomendou a Reis o livro A Revolução.
14. A sua leitura provoca a
Reis o comentário: «Que estupidez».
15. Os jornais reproduzem um
discurso de Hitler, no qual este assegura o compromisso da Alemanha com a paz.
16. A referência às colónias
portuguesas é pretexto para uma reflexão sobre o Quinto Império.
17. Reis assiste ao cortejo
fúnebre de um homem morto a tiro, onde muita gente se vestia de vermelho.
18. Esse traje provocatório
originou uma rixa a custo dominada pela polícia.
19. A vitória da esquerda nas
eleições espanholas foi assunto da conversa num dos encontros com Pessoa.
20. Na noite de Carnaval,
Reis persegue um vulto, mascarado de morte.
21. O hotel Bragança, entretanto, enche-se de
exilados franceses.
VERSÃO 2
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. O primeiro-ministro do
Estado Novo português era também ministro da Indústria.
2. O seu ministro da Instrução defendia que os primeiros anos de
ensino deviam proporcionar amplos conhecimentos.
3. O segundo encontro com
Pessoa aconteceu numa esquina da cidade.
4. Chovia e ambos passearam,
cada um com o seu chapéu, em direção ao rio.
5. Depois de ter enlaçado a
mão de Lídia, Reis sentiu uma intensa perturbação.
6. No dia seguinte, ele
disse-lhe que a achava muito bonita e a sua relação de amor começou.
7. Por Salvador, Reis sabe
que Marcenda e o pai iriam ao Teatro Nacional.
8. Durante a peça, a atenção
do protagonista dividiu-se entre a observação da jovem e o que se passava no
palco.
9. No final, aceitou a
oferta de regressar ao hotel de táxi com o Dr. Sampaio e a filha.
10. O teatro funcionava como
um dos instrumentos de propaganda do Estado Novo.
11. O terceiro encontro com
Pessoa acontece na mesma noite.
12. Fernando Pessoa reage
ironicamente à confissão de Reis, de que espera companhia.
13. Mais tarde, Marcenda conta a Reis que a sua mão esquerda ficara
paralisada após a morte da sua mãe.
14. Na sequência dessa
conversa, o Dr. Sampaio pergunta a Reis se não poderia tratar a filha.
15. Um livro recomendado a
Reis pelo notário é de teor propagandístico, promovendo o Estado Novo.
16. Os jornais reproduzem a posição inglesa, favorável à entrega de
colónias portuguesas à Alemanha e à Itália.
17. O protagonista assiste ao
funeral do «Mouraria», vítima de um rival, pelos amores de uma fadista.
18. No cortejo fúnebre, desfilaram
prostitutas e criminosos, vigiados por um contingente policial.
19. No quarto encontro,
Pessoa diz a Reis que iria mascarar-se de morte, no Carnaval.
20. A vitória da esquerda,
nas eleições espanholas, enche o hotel de novos hóspedes.
21. O protagonista
inquieta-se com a instabilidade política no país vizinho.
As autoras do Novo Plural 12
Elisa Costa Pinto
Paula Fonseca
Vera Saraiva Baptista
. Correção da ficha [correção].
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12.º Ano
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José Saramago
Tom Sawyer - Episódio 43: "Vi um cavalo branco"
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