1. Cobertores
Mollie
Burkhart costumava usar um cobertor tradicional em volta dos ombros. Embora a
maioria dos membros da tribo dos Osage tenha abraçado os estilos e os valores
norte-americanos que permearam a sua cultura, o facto de a personagem envergar
essa peça de vestuário tradicional da tribo liga-a simbolicamente à herança
cultural. Mollie evita a cultura americana de outras formas, como, por exemplo,
não mudar o seu longo penteado para algo mais moderno e de acordo com o estilo
dos anos 1920. A escola que foi obrigada a frequentar tenta tirar-lhe o
cobertor, o que indicia uma intolerância relativamente à tradição e à
identidade Osage. No início da obra, quando Mollie escolhe um cobertor que
combine com a sua roupa moderna, estamos perante um aspeto que equilibra as
culturas osage e norte-americana.
2. Recursos naturais
Os
recursos naturais proporcionam aos Osage os meios de sobrevivência, tanto antes
da chegada dos colonos europeus, como após o estabelecimento dos Estados Unidos
da América. A obra centra-se em três recursos concretos: o búfalo, o petróleo e
o vento. Além disso, documenta o modo como os colonos, mais tarde
norte-americanos, trabalham para negar aos Osage os legítimos benefícios que a
natureza lhes pode proporcionar. A obra detalha pormenorizadamente como os
habitantes brancos do estado do Oklahoma empregaram a violência física e a adulteração
da Lei para roubar aos nativos norte-americanos os seus direitos naturais, o
acesso ao reservatório mineral sob as suas terras, que os tornaram ricos e
alvos da ambição desmedida. A inclusão de uma batalha legal sobre moinhos de
vento na terceira crónica mostra que, embora os búfalos tenham regressado
parcialmente ao território, a batalha do povo Osage para proteger os seus recursos
e direitos naturais continua.
3. Tóxicos
O
veneno é a arma usada para levar a cabo muitas das mortes misteriosa que
atingem os Osage e por uma série de doenças devastadores sem designação. Tal
como a vasta conspiração que aterroriza a comunidade tribal, o veneno é difícil
de detetar, especialmente quando é administrado gradualmente ao longe de muitas
semanas ou meses. O uso de veneno e o facto de qualquer pessoa poder ser a
próxima vítima criam um clima de terror entre os Osage.
Neste
contexto, a ironia está bem presente. Por exemplo, no caso de Mollie, o veneno
está dissimulado num medicamento – a insulina – que deveria salvar a sua vida.
Pelo contrário, quase a mata. Por outro lado, frequentemente, o álcool é o
veículo que leva o veneno à vítima pretendida, como sucede no caso da morte de
Joe Bates. Esta ligação entre o álcool e o veneno ganha contornos irónicos a
partir da associação histórica do álcool com os esforços europeus para enganar
as populações nativas relativamente às suas terras e direitos.