Português: Paralelismo perfeito

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Paralelismo perfeito

            A cantiga de amigo galego-portuguesa apresenta vestígios de uma poesia tradicional muito antiga. Em muitos poemas, encontramos um esquema estrófico e rimático em que predomina o chamado paralelismo, que revela o seu caráter popular.
 
1. Definição
 
            O paralelismo consiste na repetição da ideia expressa numa estrofe na estrofe seguinte, substituindo-se, nos versos paralelos, apenas as palavras em posição de rima por outras que sejam sinónimas.
 
 
2. Tipos de paralelismo
 
1.º) Literal ou sinonímico: consiste na repetição literal ou com recurso a sinónimos.
 
2.º) Estrutural ou de construção: consiste na repetição de uma determinada construção sintática e rítmica.
 
3.º) Concetual ou de pensamento: consiste na repetição de conceitos.
 
 
3. Refrão
 
            O refrão é um verso ou conjunto de versos que se repete integralmente no fim de cada estrofe.
            A presença do refrão constitui outra caraterística das cantigas paralelísticas.
 
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo! Refrão
 
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo! Refrão
 
 
4. Paralelismo perfeito
 
            As cantigas de amigo são paralelísticas perfeitas / de paralelismo perfeito quando possuem as seguintes características:
 
▪ Cada estrofe é um dístico monórrimo (isto é, constituída por dois versos com uma só rima), seguido de refrão de rima diferente (o refrão pode também surgir intercalado nos dísticos.
 
▪ O número de coblas/estrofes é sempre par: o primeiro dístico do par emparelha com o segundo dístico, isto é, este repete o conteúdo do primeiro, alterando-se apenas as palavras finais, que rimam – geralmente de vogal tónica a num dos dísticos de cada par e i ou e no outro (ou seja, os versos dos dísticos ímpares repetem-se nos pares, variando apenas a palavra da rima.
 
▪ A unidade rítmica não é a estrofe, mas o par de estrofes, ou, mais precisamente, o par de dísticos, dentro do qual ambos os dísticos querem dizer o mesmo, diferindo só, ou quase só, nas palavras da rima, que são de vogal tónica a num dos dísticos de cada par e i ou ê no outro.
 
▪ O último verso de cada estrofe é o primeiro verso da estrofe correspondente no par seguinte.
 
▪ Uso do leixa-pren, isto é, deixa-toma ou larga-pega.
 



 
5. Leixa-pren
 
▪ O leixa-pren aproxima-se das desgarradas populares (ou cantigas ao desafio) e consiste em começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior.
 
▪ O 1.º verso do terceiro dístico retoma o 2.º verso do primeiro dístico = o 2.º verso da 1.ª estrofe é o 1.º verso da 3.ª estrofe.
 
▪ O 2.º verso do quarto dístico retoma o 2.º verso do segundo dístico e repete, com variação, o 2.º verso do terceiro dístico = o 2.º verso da 2.ª estrofe é o 1.º verso da 4.ª; e assim sucessivamente.
 
▪ A progressão do pensamento verifica-se apenas no 2.º verso das estrofes ímpares.
 
            Através do paralelismo perfeito, é possível construir uma composição de 6 estrofes e 18 versos em que apenas há 5 versos semanticamente diferentes, incluindo o refrão.
 
 
 
6. Paralelismo imperfeito
 
            Quando o paralelismo está isolado em cada par de estrofes, não havendo qualquer ligação às outras estrofes, diz-se que o paralelismo é imperfeito.
 

4 comentários :

  1. José da Silva Pereira Martins Alfredo Rosias Alcide das Palmeiras27 outubro, 2020 18:23

    Ajudou-me bastante

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  2. Muito Obrigado, ajudou muito para o teste de português

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