A cantiga de
amigo galego-portuguesa apresenta vestígios de uma poesia tradicional muito
antiga. Em muitos poemas, encontramos um esquema estrófico e rimático em que
predomina o chamado paralelismo, que revela o seu caráter popular.
1. Definição
O
paralelismo consiste na repetição da ideia expressa numa estrofe na estrofe
seguinte, substituindo-se, nos versos paralelos, apenas as palavras em posição
de rima por outras que sejam sinónimas.
2. Tipos de paralelismo
1.º)
Literal ou sinonímico: consiste na repetição literal ou com recurso a sinónimos.
2.º)
Estrutural ou de construção: consiste na repetição de uma determinada construção
sintática e rítmica.
3.º)
Concetual ou de pensamento: consiste na repetição de conceitos.
3. Refrão
O refrão é
um verso ou conjunto de versos que se repete integralmente no fim de cada
estrofe.
A presença
do refrão constitui outra caraterística das cantigas paralelísticas.
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo! → Refrão
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo! → Refrão
4. Paralelismo perfeito
As cantigas
de amigo são paralelísticas perfeitas / de paralelismo perfeito quando possuem
as seguintes características:
▪ Cada estrofe é um
dístico monórrimo (isto é, constituída por dois versos com uma só rima),
seguido de refrão de rima diferente (o refrão pode também surgir intercalado
nos dísticos.
▪ O número de
coblas/estrofes é sempre par: o primeiro dístico do par emparelha com o segundo
dístico, isto é, este repete o conteúdo do primeiro, alterando-se apenas as
palavras finais, que rimam – geralmente de vogal tónica a num dos dísticos de cada par e i ou e no
outro (ou seja, os versos dos dísticos ímpares repetem-se nos pares, variando
apenas a palavra da rima.
▪ A unidade rítmica não é
a estrofe, mas o par de estrofes, ou, mais precisamente, o par de dísticos,
dentro do qual ambos os dísticos querem dizer o mesmo, diferindo só, ou quase
só, nas palavras da rima, que são de vogal tónica a
num dos dísticos de cada par e i ou ê no outro.
▪ O último verso de cada
estrofe é o primeiro verso da estrofe correspondente no par seguinte.
▪ Uso do leixa-pren,
isto é, deixa-toma ou larga-pega.
5. Leixa-pren
▪ O leixa-pren
aproxima-se das desgarradas populares (ou cantigas ao desafio) e consiste em
começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior.
▪ O 1.º verso do terceiro
dístico retoma o 2.º verso do primeiro dístico = o 2.º verso da 1.ª estrofe é o
1.º verso da 3.ª estrofe.
▪ O 2.º verso do quarto
dístico retoma o 2.º verso do segundo dístico e repete, com variação, o 2.º
verso do terceiro dístico = o 2.º verso da 2.ª estrofe é o 1.º verso da 4.ª; e
assim sucessivamente.
▪ A progressão do
pensamento verifica-se apenas no 2.º verso das estrofes ímpares.
Através do
paralelismo perfeito, é possível construir uma composição de 6 estrofes e 18
versos em que apenas há 5 versos semanticamente diferentes, incluindo o refrão.
Muito bom obrigada
ResponderEliminarnao explica bem
ResponderEliminarAjudou-me bastante
ResponderEliminarMuito Obrigado, ajudou muito para o teste de português
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