Português: 07/09/24

sábado, 7 de setembro de 2024

Questionário sobre o conto "A chama obstinada da sorte" - 2.ª parte

 1. O velho e o amigo continuaram a sua viagem e a sua “conversa”.

 
1.1. Assinala como verdadeiras (V) ou falsas (F) as frases seguintes, corrigindo as falsas.

a. O velho encarava Cachupín como o seu confidente.

b. O nome Cachupín VI foi dado ao cão em memória de um velho índio.

c. Na viagem que encetaram, ambos (velho e cão) caminhavam de forma insegura, uma vez que não conheciam bem o terreno.

d. Começaram por dirigir-se à estrada de cascalho, onde esperariam por uma boleia que os levaria a Cholila.

 
1.2. Identifica as modalidades de reprodução do discurso presentes no primeiro parágrafo do excerto. Exemplifica com segmentos textuais.

 
2. A partir de determinado momento, o velho vai assumir o papel de narrador da sua aventura passada, partilhando a função de narrador com o narrador do texto que, muitas vezes, reproduz indiretamente as suas palavras.

 
2.1. Transcreve a frase que marca o início dessa narração.

 
2.2. Refere o efeito que este “jogo narrativo” representa no conto.

 
3. Ordena as sequências seguintes, tendo em conta a evolução cronológica dos acontecimentos da vida do velho.

 
a. Quando procedia a algumas reparações necessárias nas paredes, encontrou uma fenda de rebordos suaves.

b. Pensando inicialmente que se trataria de botões de uniformes militares, quando tirou a primeira peça metálica logo percebeu que tinha encontrado um tesouro, fruto de um assalto realizado em 1905 pela Quadrilha Selvagem.

c. Lembrava-se da longa caminhada com a família de Las Heras a Cholila, em busca de melhores condições de vida.

d. Apanhou a primeira sova da sua vida e passou vários dias pendurado de cabeça para baixo, enquanto os gendarmes vasculhavam a cabana em busca do tesouro que nunca encontraram.

e. Passou pelos tempos duros em que a produção de lã terminou porque os ingleses abandonaram a Patagónia e abriram novas fazendas lanares na Austrália.

f. Ocupou a cabana com a sua família.

g. Não resistiu a correr até à venda de Cholila para vender aquela moeda e passou um mau bocado.

h. Em Cholila tinha ouvido falar de uma cabana vazia, que tinha sido de bandidos estrangeiros, na qual diziam haver fantasmas.

i. O vendeiro viu a moeda em cima do balcão e chamou o chefe da polícia, que o levou até ao quartel.

j. Aproximou-se um dia da cabana, que lhe pareceu ter condições muito boas.

 
4. Explica o sentido da expressão “foi para o galheiro”.

 
5. Atenta na expressão “Aí, ouvira falar da cabana vazia dos bandidos gringos – diziam que havia fantasmas que penavam…”.

 
5.1. Verifica se esta frase clarifica a resposta à questão 5.3. do questionário 1.

 
6. A certa altura, o narrador da aventura do velho abandona a analepse e centra a narração no presente da personagem.

 
6.1. Transcreve uma frase que comprove a afirmação anterior.

 
7. Atenta agora nas últimas palavras do excerto: “… a riqueza é o pior que pode acontecer aos pobres.”

 
7.1. Comenta o seu sentido, atendendo ao contexto que lhes deu origem.

 

Caracterização do fantasma do rei Hamlet

    O Fantasma é uma entidade sobrenatural que aparece no início da obra e afirma ser o espectro do pai de Hamlet. Ele morreu recentemente e diz-se incapaz de aceder ao céu, porque foi assassinado pro Cláudio, pelo que pede ao filho que vingue a sua morte, dando a mesma sorte que teve ao irmão.
    O velho rei Hamlet é caracterizado como um governante justo, corajoso, digno de respeito e nobre, respeitado e amado pelos seus súbditos. A sua comparação a uma figura divina simboliza a sua grandeza e a admiração que desperta. O facto de, nas suas aparições, se apresentar vestindo a armadura que envergava no campo de batalha, reforça a sua imagem de guerreiro.
    Quando faz a sua aparição ao filho, conta que foi envenenado pelo próprio irmão, que usurpou o trono, enquanto dormia no pomar do castelo, descrevendo os horrores da sua morte. Ao incitar o filho a vingá-lo, é curioso que mostre uma preocupação com a ex-esposa, pedindo-lhe que a poupe, deixando que o seu «julgamento» seja feito por Deus.
    Inicialmente, Hamlet hesita em acreditar que o espectro seja quem diz ser e receia que se possa tratar de um demónio que o quer enganar e levar a cometer um assassinato. O príncipe fica impressionado com o relato feito pelo fantasma, que, apesar de uma entidade sobrenatural, mostra uma dor pessoal bem intensa por causa da traição de que foi vítima por parte do irmão. Além disso, ele busca uma justiça de cariz político no sentido de proteger a coroa dinamarquesa, mas também uma justiça pessoal.
    A última aparição do espectro acontece após o assassinato acidental de Polónio e a fúria de Hamlet contra a mãe. Então, o fantasma sente a necessidade de se apresentar para relembrar ao príncipe qual é o seu objetivo: vingá-lo, matando Cláudio. Por outro lado, esta personagem desempenha um papel crucial na peça, sendo uma espécie de catalisador dos acontecimentos que faz ressaltar temas como a justiça, a vingança e a inevitabilidade da morte.
    Em suma, o velho rei Hamlet simboliza o poder político e o passado glorioso da Dinamarca. A sua morte trágica e a subsequente ascensão do irmão, Cláudio, representam a corrupção e o declínio do reino.
    A forma como é morto representa a traição e a corrupção: ele foi assassinado pelo próprio irmão de maneira covarde e traiçoeiro, enquanto dormia no seu jardim, um local que, simbolicamente, representaria a paz e a segurança. O veneno derramado no seu ouvido constitui uma imagem poderosa da traição insidiosa, ou seja, uma imagem que traduz a ideia de que o mal pode entrar silenciosamente na pessoa e destruí-la interiormente. Por outro lado, sugere que o poder político, quando é contaminado pela corrupção, corrompe a nação e gera um período de desordem e decadência, de caos e desarmonia. Assim sendo, é necessário restaurar a justiça.
    Por outro lado, o veneno, porque entrou pelo ouvido do rei enquanto ele está indefeso, simboliza a manipulação, as mentiras e as artimanhas que Cláudio usa para usurpar o poder e o manter. O veneno que mata o rei Hamlet é uma metáfora do veneno que Cláudio espalha pela Dinamarca através da corrupção que caracteriza a sua ação.
    Por último, a sua morte repentina e inesperada enquanto dorme simboliza a fragilidade e a vulnerabilidade da vida humana. De facto, o leitor é confrontado com o facto de mesmo um rei poderoso, aparentemente invencível, ser tão frágil como qualquer outro ser humano, acabando derrubado por um ato traiçoeiro. A morte é inevitável.

Caracterização de Rosencrantz e Guildenstern

    Rosencrantz e Guildenstern são duas personagens secundárias, antigos amigos de Hamlet, convocados, no contexto da peça, por Cláudio a Elsinore para vigiarem o príncipe e descobrirem a causa do seu estranho comportamento e da autoapregoada loucura. Hamlet acusa-os de se deixarem manipular por Cláudio e a antiga amizade esfuma-se.
    Os dois agem em uníssono, como se fossem um só, uma espécie de Dupond e Dupont, o que enfatiza a sua falta de identidade e profundidade psicológica individual. Por outro lado, caracterizam-se por serem servis e leais ao poder e aos poderosos, traços evidenciados quando aceitam a missão de espiar Hamlet, numa obediência cega à autoridade, representada pelo casal real, que deixa transparecer a sua fraqueza moral e a falta de princípios. No entanto, parecem não ter a perceção da situação em que vivem e se deixam envolver, muito menos do perigo que correm ao se deixarem envolver no ambiente de intrigas e traições e se aliarem a Cláudio.
    A ausência de princípios e de espírito crítico torna-os particularmente manipuláveis, daí a facilidade com que são usados pelo casal real para alcançar o seu objetivo. Eles constituem figuras sem vontade própria que obedecem cegamente ao poder, ignorando uma antiga amizade, o que, tudo junto, vai levá-los à perdição. De facto, são enviados à Inglaterra, acompanhando Hamlet a caminho do exílio, transportando uma carta que ordena a execução do príncipe. No entanto, este descobre a marosca e reescreve a missiva de forma a serem os próprios Rosencrantz e Guildenstern a serem executados. Assim sendo, a morte de ambos é o resultado das suas ações ao longo da peça, bem como o reflexo da incapacidade de compreender a gravidade das mesmas e do seu papel em toda a tragédia.

Caracterização de Fortinbras

    Apesar da sua escassa presença em cena, Fortinbras constitui uma figura importante da peça. Ele é o jovem príncipe da Noruega, cujo pai, igualmente de nome Fortinbras, foi morto pelo pai de Hamlet, num combate que resultou na perda de território norueguês para a nação vizinha.
    A figura de Fortinbras contrasta fortemente com a de Hamlet. Por exemplo, é caracterizado como um jovem enérgico e decidido, ao contrário do segundo, introspetivo e hesitante. O seu objetivo passa por recuperar as terras perdidas e restaurar a honra da sua família, o que mostra o seu sentido de honra, de justiça e de família. Para tal, tenciona atacar a Dinamarca para vingar o seu pai.
    Por outro lado, Fortinbras é líder militar competente, à frente de um exército que tenciona recuperar o território perdido. Isto faz dele uma personagem de ação, não de reflexão e introspeção, como Hamlet, e corajosa, que não hesita ou se acobarda perante o perigo. Todavia, não obstante o seu caráter guerreiro, Fortinbras não é um louco sanguinário, antes um homem moderado, responsável e dotado de bom senso. Quando entra no castelo de Elsinor, imediatamente após a morte de Hamlet, age de forma respeitosa, reconhecendo o príncipe como uma figura nobre e tratando-o, mesmo na morte, de acordo com a sua condição social. Assim, sugere que o seu funeral seja realizado como o de um herói, facto que evidencia o seu respeito pelos adversários.
    No final da peça, surge pela primeira e última vez em cena, tomando posse do trono da Dinamarca e restaurar a ordem após o caos, a corrupção e a devastação que a caracterizaram até aí. Por outro lado, dadas as suas características e a subida ao trono, unificando os reinos da Dinamarca e da Noruega, Fortinbras representa a nova liderança e a esperança de um futuro melhor.

Caracterização de Horácio

    Horácio é o amigo leal e confiável de Hamlet, estudante em Wittenberg, na Alemanha, como Hamlet.
    No início da peça, é a ele que as sentinelas relatam o duplo avistamento do fantasma do rei Hamlet. Não exerce qualquer função oficial na corte, porém o facto de ser amigo íntimo de Hamlet granjeia-lhe respeito e consideração por parte de outras personagens. Além disso, ele é um homem educado, um observador externo crítico da corrupção e da decadência que minam a Dinamarca, mantendo-se afastado das tricas e intrigas da corte.
    Psicologicamente, Horácio contrasta com Hamlet, pois é uma pessoa equilibrada, calma, racional, controlada, lógica, enquanto o príncipe é mais impulsivo (vide a forma como assassina Polónio) e emocional. A sua relação com o amigo mostra como é íntegro, leal e confiável, uma espécie de voz da razão e da moderação, agindo pontualmente como um conselheiro para Hamlet. É por isso que o príncipe lhe confia os seus segredos e pensamentos íntimos, como, por exemplo, o avistamento do fantasma do rei. Por sua vez, Hamlet apoia-o incondicionalmente, mostrando-se um amigo sincero e desinteressado, permanecendo até ao fim ao seu lado e querendo o seu bem.
    Assim, mostra-se extremamente preocupado quando observa o comportamento errático e irracional de Hamlet. Ao longo da peça, está disponível para ajudar o amigo e a obter vingança, mas tem sempre em mente o seu bem-estar físico e emocional, daí que lhe implore que não aceite o duelo com Laertes. Quando o príncipe falece, Horácio pensa em tirar a própria vida, sendo detido pelo moribundo, dizendo-lhe que deve viver para contar a sua história ao mundo. A consideração do suicídio simboliza a lealdade absoluta e a amizade profunda que compartilha com o príncipe. Horácio sente que, com Hamlet morto, a sua vida perdeu sentido e propósito. Já o pedido deste último representa a importância de conservar a verdade e a memória, ou seja, a sua sobrevivência é fundamental para que o legado de Hamlet e a verdade dos acontecimentos sejam transmitidos e conhecidos pelas gerações futuras de forma autêntica e não de modo distorcido. Afinal, Horácio vivenciou e participou nesses acontecimentos.
    Em suma, Horácio é o amigo leal, confidente e conselheiro de Hamlet. Por outro lado, é a personagem mais equilibrada e racional da peça, oferecendo uma perspetiva objetiva e imparcial dos acontecimentos. Em terceiro lugar, contrasta com outras personagens mais passionais e corruptas da corte. Por último, ele assume o papel de narrador futuro, depois de instado por Hamlet, no seu leito de morte, a perpetuar a verdade e a história dos eventos que tiveram lugar na época, garantindo que a memória do amigo será preservada.
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