O Fantasma é
uma entidade sobrenatural que aparece no início da obra e afirma ser o espectro
do pai de Hamlet. Ele morreu recentemente e diz-se incapaz de aceder ao céu,
porque foi assassinado pro Cláudio, pelo que pede ao filho que vingue a sua
morte, dando a mesma sorte que teve ao irmão.
O velho rei
Hamlet é caracterizado como um governante justo, corajoso, digno de respeito e
nobre, respeitado e amado pelos seus súbditos. A sua comparação a uma figura
divina simboliza a sua grandeza e a admiração que desperta. O facto de, nas
suas aparições, se apresentar vestindo a armadura que envergava no campo de
batalha, reforça a sua imagem de guerreiro.
Quando faz a
sua aparição ao filho, conta que foi envenenado pelo próprio irmão, que usurpou
o trono, enquanto dormia no pomar do castelo, descrevendo os horrores da sua
morte. Ao incitar o filho a vingá-lo, é curioso que mostre uma preocupação com
a ex-esposa, pedindo-lhe que a poupe, deixando que o seu «julgamento» seja
feito por Deus.
Inicialmente,
Hamlet hesita em acreditar que o espectro seja quem diz ser e receia que se
possa tratar de um demónio que o quer enganar e levar a cometer um assassinato.
O príncipe fica impressionado com o relato feito pelo fantasma, que, apesar de uma
entidade sobrenatural, mostra uma dor pessoal bem intensa por causa da traição
de que foi vítima por parte do irmão. Além disso, ele busca uma justiça de
cariz político no sentido de proteger a coroa dinamarquesa, mas também uma
justiça pessoal.
A última
aparição do espectro acontece após o assassinato acidental de Polónio e a fúria
de Hamlet contra a mãe. Então, o fantasma sente a necessidade de se apresentar
para relembrar ao príncipe qual é o seu objetivo: vingá-lo, matando Cláudio. Por outro
lado, esta personagem desempenha um papel crucial na peça, sendo uma espécie de
catalisador dos acontecimentos que faz ressaltar temas como a justiça, a
vingança e a inevitabilidade da morte.
Em suma, o
velho rei Hamlet simboliza o poder político e o passado glorioso da Dinamarca.
A sua morte trágica e a subsequente ascensão do irmão, Cláudio, representam a
corrupção e o declínio do reino.
A forma como
é morto representa a traição e a corrupção: ele foi assassinado pelo próprio
irmão de maneira covarde e traiçoeiro, enquanto dormia no seu jardim, um local
que, simbolicamente, representaria a paz e a segurança. O veneno derramado no
seu ouvido constitui uma imagem poderosa da traição insidiosa, ou seja, uma
imagem que traduz a ideia de que o mal pode entrar silenciosamente na pessoa e
destruí-la interiormente. Por outro lado, sugere que o poder político, quando é
contaminado pela corrupção, corrompe a nação e gera um período de desordem e
decadência, de caos e desarmonia. Assim sendo, é necessário restaurar a justiça.
Por outro
lado, o veneno, porque entrou pelo ouvido do rei enquanto ele está indefeso,
simboliza a manipulação, as mentiras e as artimanhas que Cláudio usa para
usurpar o poder e o manter. O veneno que mata o rei Hamlet é uma metáfora do
veneno que Cláudio espalha pela Dinamarca através da corrupção que caracteriza
a sua ação.
Por último,
a sua morte repentina e inesperada enquanto dorme simboliza a fragilidade e a
vulnerabilidade da vida humana. De facto, o leitor é confrontado com o facto de
mesmo um rei poderoso, aparentemente invencível, ser tão frágil como qualquer
outro ser humano, acabando derrubado por um ato traiçoeiro. A morte é
inevitável.
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