A ação desta
cena tem lugar na mesma noite da representação da peça. Depois de todos
deixarem o local onde a produção ocorrera, Rosencrantz e Guildenstern falam com
Cláudio, que se encontra muito abalado com o conteúdo da peça e com a aparente loucura
de Hamlet, que considera perigosa, daí que peça à dupla que escolte o jovem
príncipe até Inglaterra, para segurança de todos. Os dois homens, leais ao rei,
acatam e vão-se preparar de imediato para a viagem.
Entretanto,
chega Polónio e informa Cláudio que Hamlet está a caminho dos aposentos de
Gertrudes, lembrando ao rei o seu plano de se esconder no quarto da rainha para
observar o encontro entre mãe e filha e, posteriormente, lhe relatar o que
ficar a saber. De seguida, sai, para dar andamento ao seu plano.
Sozinho,
Cláudio, num solilóquio, reconhece o seu crime hediondo, a sua culpa e a noção
de que cometeu um pecado indesculpável: o fratricídio é uma das piores ofensas
que se pode fazer, é o crime mais antigo, que acarreta a maldição mais antiga.
Assim, implora pelo perdão e pela misericórdia de Deus, porém receia não ser
perdoado, exceto se renunciar ao trono da Dinamarca e à rainha. Porém, em
simultâneo, afirma que não está preparado para desistir daquilo que conquistou
por meio do crime. Tomado pela culpa, ajoelha-se em oração.
Hamlet, a
caminho dos aposentos da mãe, depara-se com Cláudio a rezar e vê a situação
como uma oportunidade para se vingar dele e o matar. No entanto, de repente
ocorre-lhe que, se assassinar Cláudio enquanto esta está a orar, de acordo com
as crenças da época, inadvertidamente enviá-lo-á para o céu, exatamente o
oposto daquilo que Hamlet e o seu pai pretendem, visto que o tio, ao matar o
defunto monarca antes que este tivesse tido oportunidade de fazer a sua última
oração, garantiu que o irmão não iria para o céu.
Deste
modo, Hamlet decide esperar, até que o tio cometa um ato pecaminoso, como, por
exemplo, quando estiver bêbedo, dominado pela ira ou lascivo. O jovem príncipe
sai, a caminho do encontro com a mãe, enquanto Cláudio se ergue, desesperado
com a ineficácia das suas orações, duvidando da sua salvação.