quem amo tem cabelos
castanhos e castanhos
os olhos, o nariz
direito, a boca doce.
em mais ninguém
conheço
tal porte do pescoço
nem tão esguias mãos
com aro de safira,
nem tanta luz tão
húmida
que sai do seu olhar,
nem riso tão contente,
contido e comovente,
nem tão discretos
gestos,
nem corpo tão macio
quem amo tem feições
de uma beleza grave
e música na alma
flutua nas volutas
de um madrigal antigo
em ondas de ternura.
é quando eu sinto a
musa
pousando no meu ombro
sua cabeça, assim
me enredo horas a fio
e fico a magicar.
Vasco Graça Moura, Poesia 2001-2005