● Ação
A ação
do segundo parágrafo gira em torno de dois acontecimentos: a derrota do rei
numa batalha e a notícia da sua morte.
O rei
partiu em busca de conquistar terras e da consequente fama obtida no campo de
batalha, porém a derrota destruiu esses sonhos.
● Personagens
O rei
é apresentado como alguém sonhador e ambicioso, pois partiu para a guerra em
busca de fama e de novas terras e reconhecimento. Os seus sonhos e esperanças,
porém, são estilhaçados pela derrota na guerra, redundam em fracasso trágico. A
sua morte simboliza o fim das ambições de conquista e fama, gerando uma
sensação de perda profunda.
A outra
personagem focada no segundo parágrafo é o cavaleiro que traz a notícia da
derrota na batalha e da morte do rei. A sua única função no texto é a de
mensageiro, a do portador de más notícias, as quais introduzem uma mudança nos
acontecimentos. A sua descrição física dá conta do seu estado deplorável: “com
as armas rotas, negro do sangue seco e do pó dos caminhos”. Ele está exausto,
passou por grandes dificuldades, sobreviveu a uma batalha sangrenta, que lhe
trouxe um grande sofrimento físico e emocional. O seu aspeto físico e as armas
danificadas representam a violência da batalha: o sangue seco, por exemplo,
sugere claramente que o combate foi brutal, causando inúmeras mortes e
destruição. Ele é um sobrevivente, o único do exército do rei, mas traz consigo
a marca da derrota e da tragédia; é um homem vitimado pelos horrores da guerra,
refletindo o fracasso das expectativas de conquista e glória.
● Tempo e espaço
A
esmagadora maioria dos acontecimentos do conto ocorre à noite, como se
pode comprovar neste parágrafo, pois quer a partida do rei quer a sua morte têm
lugar nesse momento do dia.
No caso
do espaço físico, há referência ao “pó dos caminhos” percorridos pelo
cavaleiro desde o campo de batalha até ao palácio e à margem de um grande rio,
o local onde o rei tombou e cuja simbologia é abordada no ponto que reflete
sobre os elementos simbólicos do parágrafo.
● Elementos simbólicos
Quer a
partida do rei para a guerra, quer a sua morte estão intimamente ligadas à Lua.
De facto, quando embarca em busca do “seu sonho de conquista e fama”, a Lua
está na fase cheia, o que simboliza o seu sonho e a ilusão da conquista e da
fama; porém, a sua morte ocorre quando a mesma Lua está a minguar. Ora, a fase
minguante é a que antecede os três dias em que não brilha, em que «morre»,
portanto o minguar da Lua simboliza / reflete exatamente a derrota das tropas
do rei e a sua morte. Ou seja, o ciclo lunar constitui uma metáfora da
trajetória do rei: um período breve de glória e ambição desagua na derrota e na
morte.
Por
outro lado, o monarca pereceu trespassado por sete lanças, sendo que este
número está associado à tragédia, à morte, neste caso, do rei, morte essa que é
indiciada pelas armas rotas do cavaleiro e acentuada pelo sangue e pelo facto
de regressar sozinho ao reino. Além disso, a morte tem lugar “à beira de um
grande rio”, o qual representa o limiar entre a vida e a morte, neste caso
concreto, do rei e da elite da sua nobreza guerreira.
● Linguagem
Neste
parágrafo, a Lua é personificada, como se fosse uma testemunha muda da
partida do rei: “A Lua cheia que o vira marchar…”. Posteriormente, já
minguante, reflete a perda e a derrota. Os nomos «sonho», «conquista» e «glória»
sugerem a ambição e o ideal do rei, o que contrasta com, por exemplo, o
adjetivo «perdida» e o nome «morte», que dão conta da derrota do monarca e da
destruição do seu ideal, sonhos e ambição.
Por
outro lado, as descrições pautam-se por um grande visualismo,
como é o caso da do cavaleiro (“Com as armas rotas, negro do sangue seco e do
pó dos caminhos.”), que enfatiza a violência da batalha e o desgaste físico e o
cansaço da personagem, motivados pela longa jornada que teve de fazer e que é
refletida pela longa jornada que teve de fazer e que é refletida pelos nomes
presentes na expressão «pó dos caminhos».
Na
expressão «trespassado por sete lanças», podemos eventualmente vislumbrar uma hipérbole,
que enfatiza a violência que rodeou a morte do rei. Por seu turno, a metáfora
“a flor da sua nobreza” sugere que os que pereceram na batalha eram a elite da
nobreza, os melhores e mais nobres cavaleiros dentre os melhores, reforçando a magnitude
da derrota e da perda.