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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Para sempre, Mãe!

19.03.1930 - 21.10.2024

Análise do capítulo VII de O Cortiço

     Continua o domingo, dia especial, em que os sentidos e o prazer se juntam. É também o dia em que todos se juntam e fazem reuniões bastante festivas. Isto remete para uma característica do romance, que é a junção de vários sentidos. Os convivas distribuem-se pelas várias casas, mas juntam-se todos na altura do canto e da dança.
    Mas, no capítulo, há outros aspetos importantes:
        = Contraste do cortiço com a casa de Miranda, que reage ao barulho. As reações às observações de Miranda são violentas e ainda fazem mais barulho.

        = Retrato de Firmo, através de uma descrição miudinha e nervosa, que vai ser importante, quando se põem em contraste Firmo e Jerónimo. Era delgado, capadócio, pernóstico, bigodinho crespo, petulante. Era oficial de torneio, oficial perito e vadio. Era o companheiro de Rita.

        = Caracterização de Libório: velho semítico e desgraçado. Dele fica a imagem de repugnância e nojo.

        = Referência a Albino, por contraste com Libório: é muito suscetível quando é alvo de brincadeira.

    Temos, assim, neste capítulo, o acumular de vários retratos individuais, que permitem construir uma imagem do grupo, caracterizado sobretudo por uma certa degradação. Tanto a imagem de Firmo, como de Libório e Albino deixam passar uma ideia negativa.
    Com o cair da noite, vem a festa: festa em casa de Miranda e festa no cortiço. Esta começa a ter uma influência marcante em Jerónimo, antes mais fiel ao fado. Começa a estabelecer-se um contraste entre o som brasileiro e o fado, que acaba por ser colocado de parte. É uma influência que, apesar de subtil, é profunda e opera-se através dos sentidos, responsáveis pelas modificações, mesmo em termos de atitudes. Rita vai ser o agente da modificação que Jerónimo começa a sentir. É como se ficasse preso num encanto, sem hipóteses de dele fugir. Isto mostra a influência da raça, do meio e do momento sobre a personalidade. Mais do que um romance de intriga, estamos na presença de um romance de mudança de caráter. A esta modificação de caráter associa-se a paixão.

Análise do capítulo VI de O Cortiço

     O início deste capítulo marca um flagrante contraste com o fim do capítulo anterior. É um domingo, dia de calma, em que as pessoas descansam e se dedicam aos seus afazeres pessoais. De tudo isto, resulta uma harmonia que não se verifica nos dias de trabalho.
    Mas a intriga tem que avançar e nestes capítulos temos dois acontecimentos muito importantes: chegada de Jerónimo e, agora, a chegada de Rita Baiana.
    Rita é recebidas e querida por todo o cortiço. Temos ainda a sua caracterização física: sensual, irrequieta, independente, daí ser contra o casamento, visto como cativeiro. Da mistura do facto de ser baiana e mulata, resulta a sua sensualidade. Ela representa o Brasil, os elementos tipicamente brasileiros. É muito popular, jovial e respeitada. A todos tem uma palavra a dizer, o que mostra que os conhece bem. É atrevida, mas boa; sempre que uma personagem é expulsa do cortiço ou tem problemas, é ela que se mexe para os tentar resolver.
    Rita procura informar-se de tudo o que se passa na sua ausência e daí perguntar a Leocádia quem eram os "jururus do 35", apresentando esta Jerónimo e Piedade como "boa gente" e "coitados".
    Temos já os elementos importantes para o avançar da intriga:
            - chegada de Jerónimo
            - chegada de Rita Baiana
            - referência a Pombinha
    Antes tivemos a descrição das origens do cortiço, graças à ação de João Romão. Agora o cortiço começa a ganhar vida própria através dos elementos humanos que nele habitam. Criam-se as condições para que a alegria sentida nestes capítulos se altere.
    Se o elemento humano em Aluísio Azevedo é positivo, como é que o meio o vai alterar? Esta é a tese que se pretende provar.

Análise da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo

 I. Biografia de Aluísio de Azevedo


II. Obras de Aluísio de Azevedo


III. Período literário


IV. Ação

        . Resumo

        . Capítulos

            . Capítulo I

            . Capítulo II

            . Capítulo III

            . Capítulo IV

            . Capítulo V

            . Capítulo VI

            . Capítulo VII

Análise do capítulo V de O Cortiço

    Caracterização de Jerónimo e sua mulher, Piedade de Jesus.
    Piedade tinha uma figura simpática, era dedicada, simples, natural e honesta. Pela sua entrada no cortiço e conversa das lavadeiras, podemos tirar algumas conclusões: tinham uma vida arranjada, viviam bem um com o outro e tinham uma personalidade própria e vincada. Tinham uma filha a estudar num colégio, o que mostra que tinham algumas posses económicas.
    A analepse serve para mostrar a vida passada de Jerónimo e Piedade, agora marcada pela saudade e melancolia portuguesas. A assimilação dos hábitos brasileiros (ex.: sensualidade) é mais tardia.
    O capítulo termina com uma imagem que fornece certos indícios de desgraça, que se irá verificar mais tarde.

Análise do capítulo IV de O Cortiço

     O capítulo anterior anunciou a chegada de uma personagem, que agora nos é apresentada: Jerónimo, que vem em busca de emprego na pedreira.
    Enquanto a descrição do cortiço se ligava à descrição das personagens que o habitam, a descrição física da pedreira é diferente. É um elemento árido e agressivo, onde se sobrepõe o calor e a dureza do trabalho. A agressividade mostra-se na interligação com as pessoas que aí trabalham. Mistura-se a aridez da pedreira com o fogo da bigorna e o resultado é um ambiente infernal.
    É neste âmbito que se introduz Jerónimo. Na conversa deste com João Romão, vai acusando os trabalhos mal feitos da pedreira, o que mostra a sua competência e honestidade (características implícitas que derivam do diálogo).

Análise do capítulo III de O Cortiço

     Neste capítulo, encontramos a caracterização do cortiço e de seus habitantes. Estes são caracterizados pelas suas atividades diárias: as mulheres dedicam-se, sobretudo, à lavagem. Resulta um retrato alegre e vivo, o que deriva da abundância dos sentidos que ficam no ar.
    As personagens são muitas e variadas: Leandra, a "Machona", que tinha três filhos: Ana das Dores, Nenen e Agostinho; Augusta, mulher de Alexandre; Leocádia, mulher de Bruno; Paula, chamada "bruxa"; Marciana e sua filha Florinda; D. Isabel e sua filha Pombinha; Albino, sujeito efeminado. Temos ainda a referência a uma personagem que está ausente, mas que vai ser muito importante: Rita Baiana, que vive com Firmo.
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