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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Informação-prova do exame de Português - 12.º ano - 2020
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Informação-prova do exame de Português - 9.º ano - 2020
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"Sedia-m'eu na ermida de San Simion"
· Assunto: uma donzela formosa espera,
na ermida de San Simion, o regresso do seu amigo embarcado. Obcecada pela ideia
desse regresso, aliena-se da realidade circundante e só se apercebe de que nem
o amigo virá nem poderá fugir dali quando se vê cercada pelas águas do mar
(após a maré encher). Só lhe resta então esperar pela morte, crescendo a sua
angústia ao pensar que vai morrer sem reencontrar o amigo.
· Tema: a saudade e o desespero, em virtude da demora do amigo.
· Estrutura interna
O
tema desenvolve-se através de um monólogo da donzela, que constitui uma
micro-narrativa dos vários acontecimentos que a donzela vive na ermida.
OUTRA DIVISÃO
u
1.ª parte (estr. 1 a 4) - A donzela descreve, num monólogo, a sua situação: obcecada
pelo regresso do amigo, a jovem, desesperada, apercebe-se tardiamente da subida
da maré, sem ter barca nem marinheiro para fugir às águas do mar.
u
2.ª parte (estr. 5 e 6) - A donzela toma consciência da certeza da chegada da
morte.
u
Refrão: A angústia e a saudade obsessiva na espera do amigo, pois conclui que
vai morrer sem o voltar a ver.
· Esquema-síntese
. ausência do amigo ü ì. exclamações
(refrão) ï ï. relação morte/juventude
+ ý desespero da donzela í. jogo dos tempos verbais
. hostilidade do ambiente ï ï. referência ao impasse
(caract. do mar) þ î
· Elementos narrativos do poema
n
Acção: a amiga espera o amigo que não chega.
n
Espaço: ermida de San Simion, em Val de Prados.
n
Tempo: tempo da espera do amigo, coincidente com a subida da maré.
Personagens: - donzela;
- amigo
(ausente, mas sempre presente).
· Relação Natureza / Donzela (estado psíquico)
. ondas que crescem
. maré que sobe
. mar alteroso
. possível afogamento
=
sentimento amoroso
|
. emoção crescente
. "a maré alta da paixão"
. obsessão amorosa
. angústia de que o amigo
não venha / de que não consiga fugir ao arrebatamento amoroso quando ele
chegar
|
· Caracterização da donzela:
- bela
- jovem
NOTAS
|
1. Os dois sentimentos que dominam o
espírito da amiga são:
à o receio de que o amigo não regresse;
à o receio de perecer afogada.
2. Todavia, verdadeiramente o grande
desespero da jovem reside na ausência do amigo; ou seja, a possível perda do
seu amor é que é realmente a sua perdição, o seu naufrágio na vida. A donzela,
nesta cantiga, afinal pressente o seu naufrágio, a saber: o fim da sua relação
amorosa. O segundo receio é, pois, metáfora do primeiro.
3. Os sentimentos da amiga assentam num
crescendo de intensidade dramática. De facto, nas duas primeiras coplas, a
donzela exprime apenas um receio longínquo, como se tivesse já passado (notar o
emprego do passado: sedia-me e cercaron-mi). Na terceira e na quarta
copla, a jovem constata que "Non hei
barqueiro, nem ar son remador" (notar o uso do presente verbal e do
ponto de exclamação, quando, nos versos equivalentes das duas estrofes
iniciais, não tinha sido usado, o que revela já a emoção dela perante o
perigo), isto é, que o perigo é iminente. Este avolumar da emoção da donzela
culmina nas duas últimas coplas, com o uso do futuro a traduzir a certeza da
morte: "E morrerei, fremosa, no alto
mar".
· Papel da Natureza
. cenário: enquadraria um hipotético
encontro amoroso;
¯
. oponente ®
realmente: separa a donzela do seu amor e impede o relacionamento amoroso,
sendo, portanto, culpada da "morte" da amiga;
® metaforicamente: ameaça engolir a jovem.
· Recursos poético-estilísticos
1.
Nível fónico
A
composição é constituída por 6 coplas
heterométricas formadas por dois versos (dístico monórrimo) hendecassílabos agudos e dois versos octossílabos
graves, obedecendo a rima ao esquema AABB / CCBB / AABB /
CCBB / AABB / CCBB, isto é, a rima é toda emparelhada. Temos também rima
consoante ("Simion" / "son") e toante ("son" /
"remador"), aguda e grave (no refrão), rica ("Simion" /
"son") e pobre ("altar" / "mar"). O ritmo é acentuadamente binário,
contribuindo para exprimir a cadência das ondas, até porque há uma natural
entoação ascendente até ao meio do verso e descendente na segunda metade. Este
ritmo, enriquecido pelo paralelismo
e que pode traduzir também toda a rápida escalada emocional vivida pela
donzela, contrasta com o ritmo do refrão, lento (uso do gerúndio), sugerindo a espera, numa atitude continuada, obsessiva,
absorta; por outro lado, pode ainda significar a inutilidade da sua espera
ansiosa. Além disso, o refrão repete-se, é iterativo, ao longo do poema e em si
mesmo, em cada estrofe, repetição que acentua a ideia de que a grande causa da
angústia da donzela é a ausência do amigo. Na última estrofe, o refrão, após o
verso "e morrerei, fremosa, no alto
mar", sugere que a donzela morria à espera do seu amigo e sem
esperanças de o recuperar. A composição é uma cantiga paralelística perfeita, com leixa-prem.
De notar que a presença do refrão e
do paralelismo aponta claramente
para a origem popular das cantigas de amigo, feitas para serem cantadas, algumas
delas por dois cantores (repetições paralelísticas, como nas cantigas à
desgarrada) e por um coro (refrão). Existem também aliterações, por exemplo em s
("Sedia-m' eu na ermida de San Simion")
e de sons fechados e nasais,
sugerindo tristeza, e também assonâncias
em ô / á.
2.
Nível morfossintáctico
O
uso do ponto de exclamação (frases exclamativas/função expressiva)
aponta para a emoção que se começa a apoderar da donzela perante o perigo.
Há
um predomínio de substantivos e verbos que traduzem objectividade e acção.
A nível dos tempos verbais, devemos
destacar os seguintes:
. o pretérito imperfeito remete para a atitude estática da rapariga na
sua longa espera;
. o gerúndio do refrão reforça a ideia traduzida pelo imperfeito e
também a obsessão, a ânsia e a angústia da jovem;
. o pretérito perfeito apresenta o facto consumado: "cercaron-mi as ondas";
. o presente revela-nos a constatação, por parte da donzela, da trágica
situação em que se encontra e da impossibilidade de salvação no momento presente:
"non ei i barqueiro, nem
remador!";
. o futuro
exprime a antevisão da morte sem encontrar o amigo: morrerei...".
Ou seja, a donzela posiciona-se
no presente, refere, através do passado e do gerúndio, a longa espera do amigo
e a angústia a ela associada, e prevê o desenlace da situação em que se
encontra.
A
nível da adjectivação, é de destacar
a expressividade do adjectivo "fremosa",
pois permite-nos concluir que o que afinal a donzela receava não eram
propriamente as ondas do mar, mas o não regresso do amigo. E ela ali
permanecia, frente ao mar por onde ele tinha partido, mas ainda "fremosa", como quando o
seduzira. Ou seja, a sua formosura era, afinal, a causa do grande amor e,
agora, do grande desespero. O comparativo
da penúltima estrofe informa-nos da subida das águas com uma imagem de sentido
hiperbólico.
Além
do paralelismo perfeito, encontramos
outras formas de paralelismo:
- semântico: "grandes son" / "ondas
grandes", ... ;
- anafórico;
- estrutural.
A
função da linguagem predominante é a expressiva:
- os pontos
de exclamação / frases exclamativas;
- a
adjectivação;
- o refrão;
- a
reiteração.
A
ausência de conjunções a estabelecer a relação das orações confere às frases um
carácter emocional, adquirido já no facto de serem do tipo exclamativo. As
próprias orações subordinadas relativas explicativas, em "que grandes son", pela sua função aproximada de aposto,
prolongam o sentido emotivo daquele momento.
A
anáfora, o hipérbato e a reiteração
(por exemplo, no refrão) são outros recursos presentes.
3.
Nível semântico
A
gradação é o recurso estilístico
mais importante do poema (vide nota 3).
As
ondas do mar funcionam como metáfora. De facto, elas são a causa do
seu pânico crescente; mas também significam a paixão amorosa que a levou à ilha
e cujas consequências podem ser a morte, mesmo estando "ant' o
altar", sob a protecção do santo e do santuário. O medo que as ondas
suscitam na donzela é complexo:
®
medo de morrer afogada nas ondas ou na própria emoção (ondas da emoção);
®
medo de não conseguir escapar ao ímpeto amoroso do amigo se ele chegar, de não
resistir à força do amor;
®
medo da "maré alta" da paixão que essa chegada representará;
®
medo da espera indefinida do amigo, de não chegar e ela morrer sem o ver.
Por
último, destaquemos a hipérbole,
quer no que diz respeito à grandeza das ondas, quer á subida da maré e ao
perigo iminente que rodeia a amiga.
O
poema pertence, logicamente, ao género lírico, mas está contaminado pelo género
dramático (além do narrativo, como já vimos); as acções avançam cronológica e
progressivamente, intensificando o dramatismo que envolve a situação da
donzela: "sedia-m' eu na ermida"
®
"cercaron-mi as ondas" ® "non ei barqueiro, nem sei remar"
®
"morrerei fremosa".
· Classificação
1. Cantiga de amigo.
1.1. Temática:
. barcarola / marinha: cantiga que
contém referências ao mar (1);
. de romaria.
(1) Os temas das barcarolas são
geralmente de grande singeleza. Afora um certo número em que a donzela vai
apenas banhar-se ao rio, ou da margem vê o barco deslizar pelas águas, nas
barcarolas ela geralmente lamenta-se do amigo, ou, durante a sua ausência, pede
às ondas notícias dele, ou ainda, ansiosa, vai esperar os navios que chegam,
para voltar a vê-lo.
1.2. Formal:
. paralelística perfeita;
. de refrão.
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Análise da cantiga "Ai flores, ai flores do verde pino"
Análise da cantiga: Ai flores, ai flores do verde pino.
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sábado, 26 de outubro de 2019
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Faltam professores
A constante desvalorização (e nalguns casos perseguição) dos professores portugueses por obra e graça de sucessivos governos desde os tempos de Sócrates, as precárias condições de trabalho, a falta de apoio por parte de tudo e todos (incluindo o de proximidade), a estagnação forçada numa carreira que, na prática, quase não existe, o aumento da indisciplina e da violência em contexto escolar, a sensação galopante de inimputabilidade... são apenas alguns dos fatores que têm vindo a afastar do ensino candidatos a exercerem, futuramente, a profissão.
Os reflexos estão aí e serão cada vez em maior número, mesmo que se continue a assobiar para o lado e a aguentar a situação, empurrando para o futuro um problema que se vai acentuando.
"Drive", The Cars
1984
Em memória de Ric Ocasek (23/03/1944-15/09/2019)
"Impressa" ou "imprimida"?
Qual é a frase correta?
a) A folha foi impressa?
b) A folha foi imprimida?
O verbo «imprimir» é um dos que possui duas formas de particípio passado: uma fraca ou regular (imprimido) e outra forte ou irregular (impresso).
O particípio regular é usado nos tempos compostos com os auxiliares ter e haver:
. A Miquelina tinha imprimido a folha.
O particípio irregular é usado com os auxiliares ser e estar:
. A folha foi impressa pela Miquelina.
Resposta à pergunta inicial: a frase correta é a b) A folha foi imprimida.
. A Miquelina tinha imprimido a folha.
O particípio irregular é usado com os auxiliares ser e estar:
. A folha foi impressa pela Miquelina.
Resposta à pergunta inicial: a frase correta é a b) A folha foi imprimida.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
Os chamados especialistas em Educação
Aquí la secuencia:— Javier (@PsicEduM) October 13, 2019
Quería contagiar su entusiasmo a sus alumnos.
No lo consigue
Abandona la docencia para recorrer el mundo
Escribe un libro para decirnos cómo debemos hacerlo los que luchamos diariamente en la escuela sin resignarnos
El Periódico lo llama experto
*Todo en orden pic.twitter.com/giEHx5xWVP
Os 10 mandamentos de Salman Khan
Una supuesta ONG (sin ánimo de lucro) de videotutoriales que en 2017 obtuvo un superávit de 15 millones de $, y por la q las escuelas pagan 10$ por alumno a pesar de que:— Javier (@PsicEduM) October 19, 2019
No existe investigación rigurosa y fiable que confirme q su uso mejora el rendimiento académico del alumnado pic.twitter.com/Jv5OalBljm
Pedais nas mesas para os alunos pedalarem
Un nuevo capítulo de innovación ed. superflua:— Javier (@PsicEduM) October 20, 2019
Colocan pedales en las mesas para q alumnos pedaleen en clase
Entretiene a alumnos disruptivos
No hay mejora académica significativa
El trabajo intelectual pasa a un segundo plano
*Todavía no hemos entendido qué significa innovar. pic.twitter.com/tThMSUOTJS
Se alguém quiser aprofundar o assunto, é seguir a ligação da tuitada.
domingo, 20 de outubro de 2019
Análise do capítulo V de Sermão de Santo António aos Peixes
Se, no capítulo anterior, o padre
António Vieira criticou a generalidade dos peixes, neste, apresentará os
defeitos e vícios de alguns destes animais em particular (“Descendo ao
particular…”). Note-se, antes de mais, que a estrutura do capítulo no que diz
respeito aos quatro peixes focados é similar. Assim, o orador começa por identificar
o animal, depois caracteriza o seu comportamento, que confronta seguidamente
com figuras e exemplos bíblicos, cuja função é sustentar a sua tese e mostrar o
caminho a seguir para corrigir o(s) vício(s) denunciado(s).
Os primeiros peixes a serem visados
são os roncadores,
que simbolizam a arrogância e a soberba. Trata-se de peixes pequenos (“peixinhos
tão pequenos” – diminutivo e advérbio) e muito vulneráveis (“com uma linha de coser
e um alfinete torcido, vos pode pescar um aleijado”) que emitem um som grave
que se assemelha ao grunhido de um porco e que os faz ser “as roncas do mar”.
Este contraste entre o seu tamanho e o barulho que fazem, porque roncam muito
(isto é, ostentam, gabam-se, pavoneiam-se, são arrogantes, daí simbolizarem
precisamente a arrogância), causa, simultaneamente, o desagrado e a ira do
pregador (emoções expressas através da interrogação retórica): “… e vendo o seu
tamanho, tanto me moveram a riso como a ira”; “É possível que sendo vós uns
peixinhos tão pequenos, haveis de ser as roncas do mar”. De facto, como
compreender que ronquem tanto quando um simples aleijado, com uma linha de coser
e um alfinete torcido, são pescados com toda a facilidade? Neste contexto, repita-se,
assume grande expressividade o recurso ao verbo «roncar», através do qual o
orador critica todo aquele que “faz grande alarde das suas ações, que age com
espalhafato, ostentação e aparato e que, como se não bastasse, também se gaba,
pavoneia-se e é arrogante.” (Andreia Sousa e Regina Carvalho, in Arrumar
ideias, 11.º ano). Por outro lado, a antítese/o contraste entre o tamanho
dos peixes e o som forte que produzem traduz o ridículo em que caem com a sua
forma de ser e, por extensão, o ridículo que cobre os homens arrogantes e
soberbos, isto é, aqueles que possuem poucas qualidades, mas se comportam como
se as possuíssem.
Já outros peixes, de maior dimensão,
como o espadarte, não roncam e permanecem em silêncio, o que, de certa forma, é
um contrassenso, pois, se haveria alguém que pudesse «roncar», seria o «peixe
maior». Qual a razão disto? O orador responde: “Porque, ordinariamente,
quem tem muita espada, tem pouca língua.” (a espada constitui uma metáfora de
força, enquanto a língua simboliza o alarde por meio das palavras). Deste modo,
infere-se que os roncadores simbolizam aqueles que se autopromovem, exibindo a
sua vaidade e o seu poder, sendo, por isso, soberbos e arrogantes.
Este modo de ser desagrada a Deus e
acarreta o seu castigo: “… mas é regra geral que Deus não quer roncadores e que
tem particular cuidado de abater e humilhar aos que muito roncam.”.
O padre Vieira exemplifica,
seguidamente, os seus argumentos, o caso dos roncadores, com o caso de São
Pedro, o discípulo de Cristo: “… tinha tão boa espada, que ele só avançou
contra um exército de Soldados Romanos; e, se Cristo lha não mandara meter na bainham,
eu vos prometo que havia de cortar mais orelhas que a de Malco.” (este era um
servo de Caifás, um sacerdote a quem o santo cortou a orelha direita como ato
de resistência à prisão de Cristo). Assim, Pedro tinha-se gabado
antecipadamente da sua bravura, isto é, de que se todos fraquejassem, “só ele”
defenderia Cristo até à morte, se fosse necessário, porém (“foi tanto pelo
contrário”) bastou a simples voz de uma «mulherzinha», no pretório de Pilatos, após
a Sua prisão, para tremer e negar que O conhecia por três vezes: “… só ele
fraqueou mais que todos, e bastou a voz de uma mulherzinha para o fazer tremer
e negar.” (esta é uma referência ao episódio bíblico segundo o qual uma criada
do sumo sacerdote perguntou a Pedro se conhecia Jesus, o que ele negou, com
medo de ser preso, como tinha acontecido a Jesus). O santo tinha já fracassado
também no Horto das Oliveiras, onde se deixou adormecer depois de Cristo lhe
ter pedido que vigiasse (“Vós, Pedro, sois o valente que havíeis de morrer por
mim, e não pudestes uma hora vigiar comigo?”). Daí que o orador conclua: “O
muito roncar antes da ocasião é sinal de dormir nela.”, ou seja, todos aqueles
que se gabam muito de algo acabam por não cumprir o que deles se espera no
momento oportuno. Além disso, se isto aconteceu ao santo (“Se isto sucedeu ao
maior pescador…”), bem menos razões terão os homens para serem arrogantes (“…
que pode acontecer ao menor peixe?”). Daí o conselho final do padre Vieira,
para que se meçam e vejam como são ridículos e não têm fundamento para a sua
arrogância: “Medi-vos e logo vereis quão pouco fundamento tendes de blasonar,
nem roncar.”.
Os próprios peixes maiores, como a
baleia, não têm desculpa para a sua arrogância, não obstante a sua «grandeza».
Esta referência às baleias é o ponto de partida para a introdução de novo
exemplo: o de Golias e David. Golias era um gigante e a “ronca dos Filisteus” e
esteve durante quarenta dias no campo, armado, sem ser derrotado. No entanto, foi
vencido por um pequeno pastor, David (“Bastou um pastorzinho com um cajado e uma
funda para dar com ele em terra.” – atente-se na expressividade do diminutivo,
contrastando com o nome «gigante». O padre António Vieira recorre, assim, a
novo exemplo bíblico para reafirmar que os arrogantes e soberbos que se julgam
(«tomam-se») Deus acabam sempre por ficar «debaixo», isto é, castigados, porque
“quem se toma com Deus sempre fica debaixo”.
Assim sendo, que conselho se
pode dar aos “amigos roncadores” (ou seja, aos homens arrogantes e soberbos)?
De acordo com o orador, o que há a fazer é “calar e imitar” Santo António.
Por outro lado, quais são as causas
da arrogância? Segundo o orador, são duas: o saber e o poder. E ambas “incham”
e produzem efeitos diferentes. Os exemplos humanos apresentados são os de
Caifás (“roncava de saber”), o sumo sacerdote dos judeus no processo que
conduziu Jesus à morte, e Pilatos (“roncava de poder”), o procurador romano da
Judeia que exerceu o papel de juiz, roncando “ambos contra Cristo”. Em
contraste temos o exemplo de Santo António, que constitui o modelo oposto desta
forma de ser. Possuidor de tanto saber e tanto poder, o santo nunca se
vangloriou das suas capacidades (“ninguém houve jamais que o ouvisse falar em
saber ou poder, quanto mais blasonar disso.”), mantendo o silêncio e confinando-se
à sua condição de servo de Deus: “E, porque tanto calou, por isso deu tamanho
brado.”. Desta forma, Santo António tornou-se um modelo de simplificada e um
guia espiritual.
sábado, 19 de outubro de 2019
Donald Trump: os Estados e Itália partilham uma herança desde a Antiga Roma
Trump says the US and Italy are bound together by a shared heritage dating back thousands of years to Ancient Rome??? pic.twitter.com/VKpPTEmBDP— Amee Vanderpool (@girlsreallyrule) October 16, 2019
domingo, 13 de outubro de 2019
Pássaros dormindo no ninho
07 de agosto de 2019
(Casa do Tomás)
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