O mito do Quinto Império tem origens na Bíblia e foi submetido a diversas interpretações ao longo dos tempos.
De acordo com os textos bíblicos, nomeadamente o Livro de Daniel, Nabucodonosor, rei da Babilónia (604 - 562 a.C.), teve um sonho estranho e quis que os sábios o interpretassem. Esse sonho dizia respeito a uma enorme estátua com cabeça de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e as ancas de bronze, as pernas de ferro e os pés de ferro e barro, destruída por uma pedra que se desprendeu da montanha, transformando-se novamente numa alta montanha enchendo toda a Terra.
Acabou por ser o profeta Daniel quem lho revelou e decifrou do seguinte modo: "Tu é que és a cabeça de ouro. Depois de ti surgirá um outro reino menor do que o teu; e depois um terceiro reino, o de bronze, que dominará toda a terra. Um quarto reino será forte como o ferro, vindo a esmagar todos os outros, mas sendo de ferro e de argila não se aguentará para sempre. A pedra que destrói os quatro metais ou quatro reinos simboliza o reino que o Deus do Céu fará aparecer, um reino que jamais será destruído e cuja soberania nunca passará a outro povo." (Daniel, 2, 24-45)
De acordo com esta interpretação, estaríamos na presença de quatro impérios: 1.º) o da Babilónia; 2.º) o Medo-Persa; 3.º) o da Grécia; 4.º) o de Roma. O quinto império, segundo ainda o profeta Daniel, seria o de Israel. Noutras versões, seria o de Inglaterra.
Em Portugal, o Bandarra (1500 - 1556), o Padre António Vieira (1608 - 1697) e Fernando Pessoa (1888 - 1935) reformularam este mito.
Para Pessoa, o «esquema» dos impérios é outro: o primeiro foi o da Grécia; o segundo, o de Roma; o terceiro, o da Cristandade; o quarto, o da Europa e o quinto será o de Portugal. E que império será esse? Será, antes de mais, não um império material como os anteriores, nomeadamente o dos Descobrimentos, mas um império universal (desde logo, porque o Poeta sonha o «homem lusitano à medida do mundo»); será um império civilizacional e espiritual, baseado numa identidade cultural e na paz universal. Este império, por outro lado, pressupõe o regresso de um Messias redentor, concretamente D. Sebastião tornado símbolo, que, com o seu regresso, será o mensageiro da paz universal, o portador da «Eucaristia Nova», que há-de, qual Galaaz (lendas do rei Artur), "ao mundo dividido revelar o Santo Graal", isto é, o sentido perdido da verdade de ser português.
Em suma, o Quinto Império será um império de fraternidade universal a ser vivido na Terra. Enraizado no mito do Paraíso Perdido, o espaço edénico onde reinava a perfeição, o mito do Quinto Império preconiza o renascimento humano numa era futura, ligada à simbologia solar - a estrutura da Mensagem divide-se em três partes, que correspondem a três fases da existência: o nascimento ("Brasão", símbolo da formação do reino), o percurso, que corresponde à duração, à vida ("Mar Português", manifestação da acção humana) e a morte ("O Encoberto"), após a qual terá lugar o renascimento, numa espécie de regresso ao Paraíso Perdido.
Sintetizando:
1.º) Designou-se Quinto Império o sonho mítico do Padre António Vieira, segundo o qual Portugal consumaria a realização do reino universal de Cristo através da acção do rei D. João IV.
2.º) O Quinto Império seguir-se-ia aos quatro impérios antigos: Grécia, Roma, Cristandade e Europa.
3.º) O Quinto Império será um império espiritual, um "imperialismo andrógino" segundo Fernando Pessoa. Ora, o andrógino representava, na filosofia grega, um ser circular, que era, simultaneamente, masculino e feminino, por isso simbolizava a unidade e a perfeição. Assim, o Quinto Império constituirá uma hipótese de transformação e de purificação da Humanidade, que conduzirá a uma relação harmoniosa entre o Homem e as coisas, entre o Homem e Deus.
4.º) O Quinto Império permitirá ao Homem alcançar um grau de perfeição máxima e entrará em comunhão com o divino, tendo acesso ao conhecimento e implantando a paz e a fraternidade no mundo, criando uma imagem especular do éden primordial.
De acordo com os textos bíblicos, nomeadamente o Livro de Daniel, Nabucodonosor, rei da Babilónia (604 - 562 a.C.), teve um sonho estranho e quis que os sábios o interpretassem. Esse sonho dizia respeito a uma enorme estátua com cabeça de ouro fino, o peito e os braços de prata, o ventre e as ancas de bronze, as pernas de ferro e os pés de ferro e barro, destruída por uma pedra que se desprendeu da montanha, transformando-se novamente numa alta montanha enchendo toda a Terra.
Acabou por ser o profeta Daniel quem lho revelou e decifrou do seguinte modo: "Tu é que és a cabeça de ouro. Depois de ti surgirá um outro reino menor do que o teu; e depois um terceiro reino, o de bronze, que dominará toda a terra. Um quarto reino será forte como o ferro, vindo a esmagar todos os outros, mas sendo de ferro e de argila não se aguentará para sempre. A pedra que destrói os quatro metais ou quatro reinos simboliza o reino que o Deus do Céu fará aparecer, um reino que jamais será destruído e cuja soberania nunca passará a outro povo." (Daniel, 2, 24-45)
De acordo com esta interpretação, estaríamos na presença de quatro impérios: 1.º) o da Babilónia; 2.º) o Medo-Persa; 3.º) o da Grécia; 4.º) o de Roma. O quinto império, segundo ainda o profeta Daniel, seria o de Israel. Noutras versões, seria o de Inglaterra.
Em Portugal, o Bandarra (1500 - 1556), o Padre António Vieira (1608 - 1697) e Fernando Pessoa (1888 - 1935) reformularam este mito.
Para Pessoa, o «esquema» dos impérios é outro: o primeiro foi o da Grécia; o segundo, o de Roma; o terceiro, o da Cristandade; o quarto, o da Europa e o quinto será o de Portugal. E que império será esse? Será, antes de mais, não um império material como os anteriores, nomeadamente o dos Descobrimentos, mas um império universal (desde logo, porque o Poeta sonha o «homem lusitano à medida do mundo»); será um império civilizacional e espiritual, baseado numa identidade cultural e na paz universal. Este império, por outro lado, pressupõe o regresso de um Messias redentor, concretamente D. Sebastião tornado símbolo, que, com o seu regresso, será o mensageiro da paz universal, o portador da «Eucaristia Nova», que há-de, qual Galaaz (lendas do rei Artur), "ao mundo dividido revelar o Santo Graal", isto é, o sentido perdido da verdade de ser português.
Em suma, o Quinto Império será um império de fraternidade universal a ser vivido na Terra. Enraizado no mito do Paraíso Perdido, o espaço edénico onde reinava a perfeição, o mito do Quinto Império preconiza o renascimento humano numa era futura, ligada à simbologia solar - a estrutura da Mensagem divide-se em três partes, que correspondem a três fases da existência: o nascimento ("Brasão", símbolo da formação do reino), o percurso, que corresponde à duração, à vida ("Mar Português", manifestação da acção humana) e a morte ("O Encoberto"), após a qual terá lugar o renascimento, numa espécie de regresso ao Paraíso Perdido.
Sintetizando:
1.º) Designou-se Quinto Império o sonho mítico do Padre António Vieira, segundo o qual Portugal consumaria a realização do reino universal de Cristo através da acção do rei D. João IV.
2.º) O Quinto Império seguir-se-ia aos quatro impérios antigos: Grécia, Roma, Cristandade e Europa.
3.º) O Quinto Império será um império espiritual, um "imperialismo andrógino" segundo Fernando Pessoa. Ora, o andrógino representava, na filosofia grega, um ser circular, que era, simultaneamente, masculino e feminino, por isso simbolizava a unidade e a perfeição. Assim, o Quinto Império constituirá uma hipótese de transformação e de purificação da Humanidade, que conduzirá a uma relação harmoniosa entre o Homem e as coisas, entre o Homem e Deus.
4.º) O Quinto Império permitirá ao Homem alcançar um grau de perfeição máxima e entrará em comunhão com o divino, tendo acesso ao conhecimento e implantando a paz e a fraternidade no mundo, criando uma imagem especular do éden primordial.