A primeira personagem a ocupar a cena é Manuel, apresentado na didascália que «informa» sobre as personagens da peça como «o mais consciente dos populares». De facto a personagem está plenamente consciente da situação que a rodeia, marcada pela miséria, pelo medo, pela ignorância, pela repressão, pelo autoritarismo.
As suas vestes denunciam, desde logo, a miséria em que vive e que é extensível ao resto da classe a que pertence. Por outro lado, as atitudes revelam a impotência para alterar a situação vivida, bem como um certo conformismo e resignação, não obstante a esperança inicial depositada no general Gomes Freire de Andrade. Exemplo desse estado de espírito é o início paralelo dos dois actos da peça, em que no surge um Manuel interrogando-se: «Que posso eu fazer? Sim, que posso eu fazer?».
Logo de seguida, ainda no seu monólogo inicial, Manuel denuncia o sacrifício do orgulho nacional, vítima das invasões francesas, da opressão dos militares ingleses e da ausência do rei no Brasil, fugido precisamente em resultado daquelas.
(em actualização...)