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domingo, 26 de agosto de 2018
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Fases da produção literária de José Saramago
De
acordo com os estudiosos de José Saramago, a sua obra compreende três grandes fases: a fase da “portugalidade
intensa”[1],
a fase universal
e a fase dos romances
fábula.
1.ª fase (1977-1991) – “Portugalidade intensa”:
- romances
que, direta ou indiretamente, se relacionam com a cultura e com a História
portuguesas;
- localização
da ação no tempo e no espaço;
- recurso à
nomeação de personagens.
Esta primeira
fase decorre entre a publicação de Manual
de Pintura e Caligrafia, em 1977, e O
Evangelho segundo Jesus Cristo (1991), abrangendo “um conjunto de romances
que, direta ou indiretamente, se relacionam com a cultura e com a História
portuguesas”[2]. Dela
faz parte o Evangelho, pois, apesar
de Portugal ser um estado laico, reconhece-se a primazia da tradição religiosa
judaico-cristã.
Trinta
anos depois da publicação de Terra do
Pecado, obra de que Saramago sempre procurou distanciar-se, conforme
confessou a Carlos Reis em Diálogos com
José Saramago, Manual de Pintura e
Caligrafia aparenta ser uma “espécie de laboratório em que o autor ensaia
as grandes características da sua prosa.
A saber,
. a emergência de(a) M.(ulher) como mola de conhecimento,
. o ateísmo e as consequentes críticas à religião,
. o empenho ideológico,
. a mistura de subgéneros literários,
. o abandono do registo sintático-discursivo linear,
. o uso peculiar da pontuação, apesar
de, no que toca a este ponto, Saramago considerar que a mudança se verifica com
o romance seguinte, Levantado do Chão:
“Até que, em 79, decidi que tinha de o escrever. E comecei sem nada de especial
do ponto de vista formal. E, se eu tivesse continuado por aí, não teria dado
com certeza nascimento ou origem ao que se pode chamar o meu modo peculiar de
narrar – não quero dizer estilo. Então aconteceu-me um daqueles momentos muito
belos que acontecem, quando acontecem. Aí a páginas vinte e tal, sem ter
pensado nisso, começo a escrever libertando-me de toda essa história da
pontuação, escrevendo como depois o livro saiu. E a tal ponto que, quando o
acabei, tive de voltar às vinte e tal páginas iniciais para pô-las de acordo
com o resto […]. Julgo que foi o estar a contar as histórias que me tinham sido
contadas, como se estivesse a contar a quem me contou, que fez com que a
narração ganhasse aquela espécie de «vou agora contar-vos, pelas minhas
próprias palavras, aquilo que vocês me contaram». Sucedeu porque foi como
se eu tivesse dito àqueles homens e mulheres, que eu conheci no Alentejo:
«Agora sentem-se aí, que eu vou contar-vos a vossa história.”[3].
Atente-se,
relativamente à questão da pontuação, o que Saramago já havia dito em Cadernos de Lanzarote – Diário II: “Todas
as características da minha técnica narrativa atual (eu preferiria dizer:
do meu estilo) provêm de um princípio básico segundo o qual o dito se destina a ser ouvido. Quero com isto significar que é como narrador oral que me
vejo quando escrevo e que as palavras são por mim escritas tanto para serem
lidas como para serem ouvidas. Ora, o narrador oral não precisa de pontuação,
fala como se estivesse a compor música e usa os mesmos elementos que o músico:
sons e pausas, altos e baixos, uns, breves ou longas, outras. Certas
tendências, que reconheço e confirmo (estruturas barrocas, oratória circular,
simetria de elementos), suponho que me vêm de uma certa ideia de um discurso
oral tomado como música.”.
Outra
das razões que justifica a inserção do Evangelho
nesta primeira fase tem a ver com o facto de ser possível a localização exata
da ação no espaço e no tempo, algo que já não sucede com os romances Ensaio sobre a Cegueira (1995) e Ensaio sobre a Lucidez (2004). Por outro
lado, o autor continua a recorrer à nomeação das personagens, um modo de as
individualizar.
2.ª fase (1995-2004) – Ciclo universal:
- ressimplificação formal;
- questionação sobre “o que é
ser-se humano”;
- apelo à imaginação do leitor
através
. do anonimato das personagens;
. da indefinição dos espaços, o que
permite sucessivas relocalizações.
Esta
fase corresponde a uma certa recusa de uma espécie de barroquismo e à
necessidade maior de clareza. Esta inflexão é justificada também pelo desejo de
“saber, no fundo, […] o que é isto de ser-se um ser humano […], é essa coisa
tão simples e que não tem resposta: quem somos?”[4].
Deste modo, as personagens perdem o nome, os enredos são situados em
espaços-tempo indefinidos (não obstantes romances que nos remetem para locais
específicos, como Todos os nomes,
1997), permitindo sucessivas relocalizações, de acordo com a imaginação de cada
leitor.
3.ª fase (2005-2009) – Os romances fábula:
- nova
ressimplificação formal (maior obediência à sintaxe e à pontuação
tradicionais);
- narrativas
mas próximas do conceito de narratividade;
- predomínio
de uma linha cómica, sem condicionar as preocupações ideológicas do autor.
A nova
ressimplificação formal, marcada pelos traços atrás identificados (maior
obediência à sintaxe e à pontuação tradicionais, delinear de uma narrativa mais
próxima do conceito de narratividade), é caracterizada, sobretudo, pela linha
cómica que Saramago introduz nas suas obras, o que não invalida, porém, a
manutenção das suas preocupações ideológicas que perpassam o seu trabalho. Essa
veia crónica não é, todavia, um exclusivo desta 3.ª fase, pois já se encontra
em romances como Memorial do Convento,
Todos os Nomes ou A Jangada de Pedra, seja através da
presença de um tom caricatural e cómico, seja através da introdução de
episódios, comentários ou alusões que tendem a suavizar o tom predominantemente
grave das narrativas. No entanto, parece claro que o tom predominante em José
Saramago é essencialmente sério, recolhido, marcado pelo pessimismo e pelo
desalento, em conexão com as suas preocupações de índole humanista e
humanitária.
Bibliografia:
. O
Ano da Morte de Ricardo Reis, Ana Paula Arnaut;
. Diálogos com José Saramago, Carlos Reis;
.
[1]
Cristopher Rollason (“Saramago and Orwell”, in Adriana Alves de Paula Martins
& Mark Sabine (eds.), In Dialogue
with Saramago: Essays in Comparative Literature). Ver, a propósito, Ana
Paula Arnaut, José Saramago, Lisboa:
Edições 70, pp. 40-43.
[2] Ana
Paula Arnaut, O Ano da Morte de Ricardo
Reis.
[3] Ana
Paula Arnaut, O Ano da Morte de Ricardo
Reis.
[4]
Entrevista a Jefferson del Rios, Beatriz Albuquerque e Michael Laub, “A
terceira palavra”, in Revista Bravo
(São Paulo).
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12.º Ano
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José Saramago
'O Ano da Morte de Ricardo Reis' - Ficha de leitura (capítulos IV-VII)
VERSÃO 1
As autoras do Novo Plural 12
Elisa Costa Pinto
Paula Fonseca
Vera Saraiva Baptista
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. O ministro da Instrução,
citado nos jornais, afirma que «Salazar é o maior educador do nosso século».
2. O primeiro-ministro do
Estado Novo era também ministro da Agricultura.
3. O segundo encontro de
Reis com Pessoa dá-se no café Martinho, perto do Tejo.
4. Um dia, no hotel, Reis
prende por instantes o braço de Lídia, o que o deixa muito perturbado.
5. No dia em que Ricardo Reis
confessou que a achava muito bonita, começou a relação de amor entre os dois.
6. A rapariga chorou, ao
engomar o fato que Reis iria usar para ir ao teatro.
7. Por coincidência, o
protagonista encontrou Marcenda e o pai no Teatro Nacional.
8. Os operários de uma
fábrica estiveram presentes naquele espetáculo.
9. A visita de Fernando
Pessoa, nessa noite, provoca-lhe alguma contrariedade, pois esperava a
companhia de Lídia.
10. Os dois conversaram sobre
verdade e fingimento.
11. Num jantar, Marcenda
contou a Reis que a mão ficara paralisada quatro anos antes.
12. O médico acaba por lhe
perguntar se ela não pode ou não quer mexer a sua mão.
13. O Dr. Sampaio, convicto
salazarista, recomendou a Reis o livro A Revolução.
14. A sua leitura provoca a
Reis o comentário: «Que estupidez».
15. Os jornais reproduzem um
discurso de Hitler, no qual este assegura o compromisso da Alemanha com a paz.
16. A referência às colónias
portuguesas é pretexto para uma reflexão sobre o Quinto Império.
17. Reis assiste ao cortejo
fúnebre de um homem morto a tiro, onde muita gente se vestia de vermelho.
18. Esse traje provocatório
originou uma rixa a custo dominada pela polícia.
19. A vitória da esquerda nas
eleições espanholas foi assunto da conversa num dos encontros com Pessoa.
20. Na noite de Carnaval,
Reis persegue um vulto, mascarado de morte.
21. O hotel Bragança, entretanto, enche-se de
exilados franceses.
VERSÃO 2
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. O primeiro-ministro do
Estado Novo português era também ministro da Indústria.
2. O seu ministro da Instrução defendia que os primeiros anos de
ensino deviam proporcionar amplos conhecimentos.
3. O segundo encontro com
Pessoa aconteceu numa esquina da cidade.
4. Chovia e ambos passearam,
cada um com o seu chapéu, em direção ao rio.
5. Depois de ter enlaçado a
mão de Lídia, Reis sentiu uma intensa perturbação.
6. No dia seguinte, ele
disse-lhe que a achava muito bonita e a sua relação de amor começou.
7. Por Salvador, Reis sabe
que Marcenda e o pai iriam ao Teatro Nacional.
8. Durante a peça, a atenção
do protagonista dividiu-se entre a observação da jovem e o que se passava no
palco.
9. No final, aceitou a
oferta de regressar ao hotel de táxi com o Dr. Sampaio e a filha.
10. O teatro funcionava como
um dos instrumentos de propaganda do Estado Novo.
11. O terceiro encontro com
Pessoa acontece na mesma noite.
12. Fernando Pessoa reage
ironicamente à confissão de Reis, de que espera companhia.
13. Mais tarde, Marcenda conta a Reis que a sua mão esquerda ficara
paralisada após a morte da sua mãe.
14. Na sequência dessa
conversa, o Dr. Sampaio pergunta a Reis se não poderia tratar a filha.
15. Um livro recomendado a
Reis pelo notário é de teor propagandístico, promovendo o Estado Novo.
16. Os jornais reproduzem a posição inglesa, favorável à entrega de
colónias portuguesas à Alemanha e à Itália.
17. O protagonista assiste ao
funeral do «Mouraria», vítima de um rival, pelos amores de uma fadista.
18. No cortejo fúnebre, desfilaram
prostitutas e criminosos, vigiados por um contingente policial.
19. No quarto encontro,
Pessoa diz a Reis que iria mascarar-se de morte, no Carnaval.
20. A vitória da esquerda,
nas eleições espanholas, enche o hotel de novos hóspedes.
21. O protagonista
inquieta-se com a instabilidade política no país vizinho.
As autoras do Novo Plural 12
Elisa Costa Pinto
Paula Fonseca
Vera Saraiva Baptista
. Correção da ficha [correção].
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José Saramago
Tom Sawyer - Episódio 43: "Vi um cavalo branco"
'O Ano da Morte de Ricardo Reis' - Ficha de leitura (cap. I-III)
VERSÃO 1
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. A primeira epígrafe do
romance é da autoria de Ricardo Reis e diz «Sábio é o que se contenta com o
espetáculo do mundo».
2. O protagonista desembarca
em Lisboa numa manhã de outono.
3. O nome do protagonista é
revelado quando este sai da alfândega.
4. No Tejo, avistam-se
navios de guerra portugueses.
5. O taxista sugere ao
viajante o hotel Central, por ficar perto do rio.
6. O ano da morte de Ricardo
Reis é o ano de 1935.
7. No dia a seguir ao da sua
chegada, Reis vai ao cemitério dos Prazeres, onde Pessoa fora sepultado.
8. Ele conhece Lídia quando
a rapariga lhe leva o pequeno-almoço.
9. Saber o nome dela provoca
em Reis um sorriso irónico e o desejo de escrever uma nova ode.
10. É no segundo jantar no
hotel que o protagonista vê a rapariga magra.
11. Pelo gerente, ele sabe
que ela e o pai viviam em Coimbra.
12. Num passeio por Lisboa,
Reis detém-se junto à estátua de Eça de Queirós.
13. A estátua mais vezes
referida, porém, será a de Luís de Camões.
14. Na Rua do Diário de
Notícias, o protagonista é surpreendido por uma multidão de miseráveis.
15. Juntavam-se mais de mil
pobres, à espera do bodo.
16. Na noite da passagem do ano, os lisboetas enchiam as ruas de
coisas velhas, que deitavam pelas janelas.
17. Como estava combinado,
Fernando Pessoa visita Ricardo Reis, no início do novo ano.
18. Reis fora informado da
morte de Pessoa por um telefonema de Álvaro de Campos.
19. Fernando Pessoa informa
Reis de que só ele o pode ver.
20. Informa-o, também, de que
poderão continuar a encontrar-se durante nove meses.
21. Ao despedir-se,
deseja-lhe «Feliz ano novo» e Reis retribui.
VERSÃO 2
Assinala como verdadeira
(V) ou falsa (F) cada uma das afirmações.
1. A
primeira epígrafe do romance é da autoria de Ricardo Reis e diz «Sábio é o que
se interroga perante o espetáculo do mundo».
2. O
protagonista desembarca em Lisboa numa tarde de inverno.
3. No
desembarque, o viajante encontra uma cidade sombria e silenciosa.
4. No
Tejo, avistam-se couraçados ingleses.
5. O
viajante pede ao taxista que o leve ao hotel Bragança.
6. Um
cavaleiro medieval decorava o corrimão, na entrada do hotel.
7. É
no primeiro jantar no hotel que Ricardo Reis avista Marcenda.
8. Pelo
gerente, ele sabe que Marcenda e o pai viviam no Porto.
9. O
ano da morte de Ricardo Reis é o ano de 1936.
10. A
visita ao cemitério onde Pessoa fora sepultado provoca lágrimas saudosas em
Ricardo Reis.
11. A voltar para o hotel, Reis percorre
locais de Lisboa, entre os quais a Rua dos Douradores, onde Bernardo Soares
vivia.
12. A
referida passagem dá lugar a uma relação intertextual com a «Ode marítima».
13. Reis
chama uma criada, para limpar o chão do seu quarto, e é então que conhece
Lídia.
14. Noutro
passeio por Lisboa, Reis lembra versos antigos, alheando-se da realidade que o
rodeia.
15. Lê,
também, os versos inscritos no pedestal da estátua de Luís de Camões.
16. Na
Rua do Século, depara-se com uma multidão de miseráveis, mais de mil, que iam
receber esmola.
17. Na
noite da passagem do ano, Ricardo Reis volta a ver Marcenda.
18. Ainda
na mesma noite, mas já no novo ano, recebe a visita de Fernando Pessoa.
19. Reis
fora informado da morte de Pessoa por um telegrama de Álvaro de Campos.
20. Fernando
Pessoa informa que irão poder encontrar-se durante meio ano.
21. Diz-lhe,
também, que teve o cuidado de que ninguém o visse entrar.
Elisa Costa Pinto
Paula Fonseca
Vera Saraiva Baptista
. Correção da ficha [correção].
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'O Ano da Morte de Ricardo Reis'
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12.º Ano
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terça-feira, 21 de agosto de 2018
quarta-feira, 8 de agosto de 2018
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