Português

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A concordância do sujeito com o verbo


     Já sabemos que a gramática da língua portuguesa não é coisa para amadores, porém há erros que são incompreensíveis, independentemente da pessoa que os cometa. Quando estamos a falar da imprensa, a coisa atinge foros de escândalo.

     Se o sujeito da frase é "A equipa de cheerleaders da Coreia do Norte", por que carga de água o verbo está conjugado no plural?

     Por outro lado, o escrivão da notícia ignora também o facto de cheerleaders ser um empréstimo, pelo que necessita de ser destacado na frase - a itálico ou através de aspas.

     Como diria Maria Flor Pedroso, assim se escreve mau português.

O seu carro pode ser "hackeado"


     A notícia pode ser encontrada aqui [Observador].

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Na aula (XXXIII): humor de um bolinha

     Sabes qual é o super-herói preferido dos gordos?

     É o supermercado.

João C.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Descobertos os primeiros fósseis de placodontes em Portugal


     Foram descobertos em Loulé por paleontólogos da Universidade Nova de Lisboa os primeiros fósseis, em território português, de placodontes.
     Estes animais eram répteis aquáticos que viveram durante o período triásico, aproximadamente entre 250 e 200 milhões de anos, altura em que se extinguiram, em águas pouco profundas. O triásico foi o primeiro período da era mesozóica, época em que os continentes estiveram juntos num supercontinente (Pangeia) e em que os dinossauros surgiram e se espalharam pelo planeta, diversificando-se.
     Os placodontes tinham uma alimentação à base de moluscos. Fisicamente, eram constituídos por placas ósseas - "osteodermes" - que lhes davam uma aparência semelhante à das tartarugas e possuíam uma forma hexagonal, plana, alongada e sem ornamentação da carapaça, não possuindo dentes.
     A descoberta ocorreu em 2016 e 2017, nos concelhos de Loulé e Silves, mas só agora foi divulgada junto do grande público. O estudo que dá conta dela pode ser encontrado aqui [estudo].

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A próclise

     Cada vez se escreve pior em todo o lado, incluindo os meios de comunicação social. Este facto talvez se fique a dever a uma apreciável falta de cuidado, um "tanto faz", mas é possível que também possa ter a ver com a falta de preparação dos atuais jornalistas da nossa praça.
     Qualquer que seja a razão, os erros medram, nomeadamente nas plataformas digitais dos nossos jornais e revistas.

     Neste caso, o que está a questão é a colocação do pronome «se» e logo nesse baluarte que é o Expresso:


     Pois bem, o novo contrato de Messi tem para lá, como diria Luís Filipe Vieira, umas cláusulas, incluindo esta: "... se a Catalunha se tornar independente..." e não como aparece escrito.

     A explicação para a anteposição do pronome à forma verbal pode ser encontrada aqui.

'Ter de' ou 'ter que'?


     "Toda a saúde, pública, privada ou social TEM QUE ser repensada." OU "Toda a saúde, pública, privada ou social TEM DE ser repensada."? Qual é a construção correta?

     O uso da construção 'ter que' em vez de 'ter de' é frequentíssimo, mas, como é habitual noutro casos e noutras circunstâncias, a generalização não invalida que se trata de um 'erro'.

     Repare-se como, neste edição do programa «Bom Português» [aqui], da RTP, se sustenta, precisamente, a utilização errada da primeira construção.

     Sem mais delongas, citamos a explicação da professora Regina Rocha [aqui], com a qual concordamos em absoluto, considerando, no entanto, outras possibilidades [aqui e aqui, por exemplo]:

1. Ter de
Ter de é uma expressão utilizada quando se pretende dizer que se tem o desejo, a necessidade, a obrigação ou o dever em relação a uma qualquer acção: «tenho de me ir embora» (= sou obrigado a ir-me embora, devo ir-me embora, tenho necessidade de me ir embora), «ele tem de arrumar o quarto» (= ele deve arrumar, tem o dever de arrumar o quarto), «temos de nos ouvir uns aos outros» (= temos o dever ou a obrigação de nos ouvir).
Nesta situação, o verbo «ter» é um verbo auxiliar da conjugação perifrástica: auxiliar ter + preposição de + verbo no infinitivo. Assim, «ter de», por si só, significa «ter necessidade de», «precisar de», «ser obrigado a», «dever», designando, pois, a necessidade de praticar a acção expressa pelo verbo que se segue, que é o verbo principal.

2. Ter que
Nesta situação, o verbo «ter» não é um auxiliar; é um verbo com a plena significação de «possuir», «ser detentor de», «estar na posse de», «desfrutar», «usufruir», «poder dispor de».
Por exemplo, se alguém quiser dizer que «tem muito trabalho», poderá utilizar a expressão «que fazer» para substituir a palavra «trabalho»: «Tenho muito que fazer.» Do mesmo modo, se quiser dizer que tem uma série de histórias ou aventuras para nos contar, pode utilizar a expressão «que contar» para referir esse conjunto de relatos: «Ele viveu muito, tem muito que contar.» Se quiser, ainda, dizer que tem em casa muita matéria para estudar, assuntos sobre os quais se debruçar, poderá utilizar a expressão «que estudar»: «Tenho tanto que estudar!» E também podem surgir frases sem esse antecedente, subentendendo-se «coisas», «alguma coisa», «algo» (na negativa, «nada») a que o relativo se refira: «ele não tem que fazer» (= não tem coisas que fazer, não tem nada que fazer), «ele não tem que comer» (= não tem nada que comer), «ele não vai ter que dizer» (= não vai ter nada que dizer).
Por outro lado, esses sintagmas «que fazer», «que contar», «que estudar», «que comer», «que dizer» assumem, pois, força substantiva, como se pudessem ser substituídos por «trabalho» ou «afazeres», «relatos», «estudo», «comida», «palavras», etc.: «ele tem que fazer» = ele tem trabalho, tem afazeres; «ele tem que comer» = ele tem comida; «ele não tem que dizer» = ele não tem palavras. E entre o verbo «ter» e o pronome relativo «que» poderá ser colocado um indefinido (tanto, muito, pouco).

3. Ter de distingue-se, pois, de ter que, porque no primeiro caso está presente a ideia da obrigação, da necessidade, do dever, enquanto no segundo está presente a de dar uma informação sobre o que o emissor possui ou tem em mãos.
Vou construir duas frases semelhantes, em que apenas substituo a preposição «de» pelo pronome relativo «que», de modo a mostrar como o sentido é diferente.
a) «Ele não vai sair, porque tem de estudar.» – Com esta construção pretende dizer-se que ele precisa de estudar, deve estudar, tem a obrigação ou a necessidade de estudar, está obrigado a estudar; e a necessidade de estudar impede-o de sair.
b) «Ele não vai sair, porque tem que estudar.» – Com esta construção pretende dizer-se que ele tem matéria para estudar. Não é do dever de estudar que se pretende falar, mas da quantidade de estudo que há para fazer. Não é o dever de estudar que o impede de sair, mas a quantidade desse estudo: não é o que «deve», aquilo de que «precisa», mas o que «tem», o que «possui».


Em síntese:

Ter de: obrigatoriedade

  • Tenho de estudar.
Ter que: estar relacionado com
  • Este assunto tem que ver com o tema da conversa de ontem.
Ter que: ter algo para (com verbos transitivos cujo c. direto não está explícito)
  • Tenho (algo/coisas) que fazer.
  • Tenho o que fazer.
  • Tenho mais que fazer.

Reforma educativa em Espanha


     Pensavam que era só por cá?

     Não! É um movimento global. Então em países onde a OCDE mete a sua pata... ui!

PAFC (Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular)

     As coisas em Espanha, no campo da Educação, andam também num virote.

     Por cá, é apresentado como modernaço algo que tem décadas, para não dizer séculos. Observe-se o que postou um professor espanhol no seu Twitter:


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