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domingo, 29 de maio de 2011

VIII, 96-99 - Correcção

1. Indique a razão por que o capitão das naus (Vasco da Gama) nelas permaneceu tranquilamente.

          O capitão permaneceu nas naus porque já não confiava no Regedor, visto que este já o traíra, era muito ambicioso ("cobiçoso"), corrupto ("corrompido") e "pouco nobre".


2. Nos quatro versos finais da estância 96, o Poeta faz uma advertência / constatação. Especifique-a.

          O Poeta adverte para o efeito corruptor do dinheiro que tanto sujeita os ricos como os pobres.

3. Entre o quinto verso da estância 96 e a estância 99, o Poeta enumera os efeitos negativos do dinheiro. Indique-os pormenorizadamente.

          Os efeitos negativos do dinheiro são os seguintes:
  • corrompe o pobre e o rico;
  • leva ao assassínio;
  • conduz à traição e à falsidade entre os amigos;
  • transforma o mais nobre em vilão;
  • corrompe os puros;
  • corrompe as ciências, os juízes e as consciências;
  • distorce a realidade;
  • manipula as leis e a justiça;
  • fomenta o perjúrio;
  • fomenta a tirania nos reis;
  • corrompe os sacerdotes.

     3.1. Sintetize os vícios provocados pela ambição do ouro em cinco traços.

          Em síntese, os vícios são os seguintes: a traição ("Faz tredores e falsos os amigos"); a corrupção ("Este corrompe virginais purezas"), a censura ("Este interpreta mais que sutilmente / Os textos..."), a mentira / perjúrio ("Este causa os perjúrios entre a gente") e a tirania ("E mil vezes tiranos torna os Reis".


4. Na estância 97, o Poeta apresenta três casos que exemplificam o poder negativo do dinheiro e do ouro. Comente-os.

          O primeiro exemplo refere-se ao rei da Trácia, que assassinou Polidoro, filho de Príamo, com o único fito de lhe roubar o ouro.
          O segundo caso remete para Dánae, filha de Acriso, que foi encerrada numa torre para que não concebesse. Porém, Júpiter metamorfoseou-se em chave de ouro, entrou na torre e engravidou-a.
          O último exemplo alude à cidade de Tarpeia, que se entregou aos Sabinos, tendo ficado soterrada debaixo do ouro que exigia para se render.

IX, 92-95 - Correcção

1. Preencha o quadro proposto:


2. Explique o conteúdo dos versos 7 e 8 da estância 93.

          Os versos significam que é preferível não possuir as honras que os seus actos lhe faziam merecer do que tê-las sem as merecer.


3. Qual é o prémio reservado a quem trilhar o caminho apontado?

          Todos aqueles que actuarem da forma descrita terão direito a ser recebidos na "Ilha de Vénus" e tornados divinos pelas relações com as ninfas, alcançando o estatuto de Heróis: "(...) e numerados / Sereis entre os Heróis esclarecidos, / E nesta Ilha de Vénus recebidos." (est. 95, vv. 6 a 8).

IX, 92-95

          Nestas estâncias, o Poeta reflecte sobre o verdadeiro caminho para atingir a fama. Esse caminho passa por um conjunto de actos (a evitar e a praticar).

1. Preencha o quadro proposto:
2. Explique o conteúdo dos versos 7 e 8 da estância 93.

3. Qual é o prémio reservado a quem trilhar o caminho apontado?

Princesa Maria Bárbara

          A princesa, com "dezassete anos feitos", prepara-se para se casar com Fernando de Castela.
          Tem "cara de lua cheia" e a pele "bexigosa", mas é "boa rapariga" e "... musical a quanto pode chegar uma princesa..." (p. 297).
          Nascida a 4 de Dezembro de 1711 em Lisboa, D. Maria Teresa Bárbara de Bragança era filha de D. Maria Ana de Áustria e de D. João V. Tornou-se rainha de Espanha após o seu casamento, em Lisboa, por procuração, em 1729, com o futuro Fernando VI, na altura príncipe das Astúrias.
          D. Maria Bárbara desempenhou um papel fundamental nas boas relações que o seu marido manteve com Portugal. Um exemplo da influência exercida por ela foi o Tratado de Madrid de 1750, que terminou com a discórdia sobre a pertença dos territórios da América do Sul a Portugal ou a Espanha.
          Muito querida no seu país de adopção, era, segundo os cronistas, não muito bela, mas possuía um carácter encantador. O dispendioso palácio de Vendas Novas foi construído por D. João V de propósito para o séquito de D. Maria Bárbara aquando do seu casamento, tão sumptuoso era o seu enxoval. Dona de grande cultura e inteligência e promotora de caridade, foi compositora, aluna de cravo de Domenico Scarlatti, protectora e incentivadora de cantores e da música, favorecedora dos jesuítas. Em 1750, criou o convento das Salésias Reais.
          Toda a vida teve uma saúde frágil, acabando por falecer em Madrid a 27 de Agosto de 1758, o que desesperou o marido e o levou à reclusão e demência evolutiva.

Povo

          A personagem colectiva povo é uma personagem anónima constituída pela gente que construiu o convento de Mafra, isto é, que trabalhou e sofreu às mãos do rei e dos seus desejos megalómanos, de cumprir uma promessa, em suma, da sua vaidade.
          O povo, humilde e trabalhador, vive na mais completa miséria, física e moral, daí que não se estranhe o facto de o narrador o elogiar e enaltecer constantemente, procurando, desse modo, tirá-lo do anonimato e individualizá-lo em várias personagens (por exemplo, atribui-lhe um nome para cada letra do alfabeto - pág. 242). E episódio da Epopeia da Pedra simboliza, precisamente, os trabalhos e as dificuldades que teve de enfrentar na construção do convento.
          Assim, o povo constitui o verdadeiro herói da obra, ainda que um herói diferente do habitual, porque deficiente, feio, rude e às vezes violento: "(...) não tardaria que se começasse a dizer que isto é uma terra de defeituosos, um marreco, um maneta, um zarolho, e que estamos a exagerar a cor da tinta, que para heróis se deverão escolher os belos e formosos, os esbeltos e escorreitos, os inteiros e completos, assim o tínhamos querido, porém, verdades são verdades..." (pág. 242).
          No fundo, o que o narrador pretende ao inaugurar esta nova visão do povo é apresentar uma interpretação diversa da que a História registou, ou seja, destacar os operários (cerca de 40 000) que, humildemente, sofreram e procuraram sobreviver à construção do convento: "Deve-se a construção do convento de Mafra ao rei D. João V, por um voto que fez se lhe nascesse um filho, vão aqui seiscentos homens que não fizeram filho nenhum à rainha e eles é que pagam o voto, que se lixem, com perdão da anacrónica voz..." (pág. 257). Dito de outra forma, o narrador pretende que os verdadeiros heróis que estiveram na génese dos grandes feitos e das grandes obras não sejam, ao contrário do que registam os livros de História, os reis e os líderes, mas aqueles que, com o seu esforço, a sua dedicação e a sua coragem, foram o braço indispensável à realização desses feitos e dessas obras.
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