Tenho consciência de que alguns de
vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui,
porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da
vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre
educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos
vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender.
Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se
assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente
da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso
governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os
diretores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os
alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os
professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são
capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas
responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses
professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente,
como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
E hoje é nesse assunto que quero
concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria
educação.
Todos vocês são bons em alguma
coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe
descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser
bons escritores – suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para
jornais ‑, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo.
Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores – quem sabe, capazes de criar o
próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina ‑, mas se não fizerem o
projeto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser presidentes
da câmara ou deputados, ou juízes do Supremo Tribunal, mas, se não participarem
nos debates dos clubes da vossa escola, podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que
escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível se não
estudarem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros,
arquitetos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras, é preciso
ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm
de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e
para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos
estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que
aprenderem na escola, agora, vai decidir se seremos um país à altura dos desafios
do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das
competências que se aprendem e desenvolvem nas Ciências e na Matemática para
curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias
energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido
crítico que se desenvolvem na História e nas Ciências Sociais para que deixe de
haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para
tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do
engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas
que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês
desenvolvam os vossos talentos, competências e capacidades para ajudarem a
resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem, se abandonarem a
escola, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons
resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa
vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e
sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois
anos e fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldades em
pagar as contas e nem sempre conseguia dar-nos as coisas que os outros miúdos
tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me
sozinho e tive a impressão de que não me adaptava e, por isso, nem sempre
conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem
ter dado para o torto. Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e
consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A
minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida
com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto,
trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as
melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido
estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos
dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o
dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos
amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as
circunstâncias da vossa vida – o vosso aspeto, o sítio onde nasceram, o
dinheiro que têm, os problemas da vossa família – não são desculpa para não
fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para
responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para
desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida atual não vai
determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso
destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso
destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro. […]
É por isso que hoje me dirijo a cada
um de vós, para que estabeleça os seus próprios objetivos para os seus estudos
e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objetivo pode
ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os
dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa
atividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade.
Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação por serem quem
são ou pelo seu aspeto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as
crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. […] Mas decidam o
que decidirem, gostava que se empenhassem. Que trabalhassem arduamente.
Eu sei que muitas vezes a televisão
dá a impressão de que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar
– que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou
por serem estrelas de reality shows ‑, mas a verdade é que isso é muito
pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de
todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão
ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os
vossos objetivos à primeira.
No entanto, isso pouco importa.
Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais
fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado
doze vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de
basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos
ao longo da sua carreira. No entanto, uma ocasião disse: “Falhei muitas e muitas
vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido.”
Estas pessoas alcançaram os seus
objetivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos
definam – temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar
que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a
tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer
dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por
termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de
estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada.
Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa
da Universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas
as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo
acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema
de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o
perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas.
Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos
coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um
adulto em quem confiem – um pai, um avô, um professor ou um treinador – e
peçam-lhe que vos ajude.
E mesmo quando estiverem em
dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as
outras pessoas vos abandonaram, nunca desistam de vocês mesmos. Se o fizerem, é
do vosso país que estão a desistir. […]
Por isso, hoje quero perguntar-vos qual
é o contributo que pretendem dar. Quais são os problemas que tencionam
resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou 50 ou a 100
anos um presidente vier aqui falar, o que vai dizer que vocês fizeram pelo
vosso país?
As vossas famílias, os vossos
professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês
tenham a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a
trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros,
o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por
isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em
tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem.
Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em
vocês. Tenho a certeza de que são capazes.
12 de setembro de 2009