Português

sábado, 29 de outubro de 2011

A ignorância em estado puro


          Quem é que disse que o grau da ignorância e da estupidez tinha sido revelado pelos concorrentes de Secret Story?
          De facto, quando pensávamos, após tomarmos conhecimento de que a África se situa a norte de Portugal, que nenhuma outra afirmação de ignorância nos poderia surpreender, eis que o ministro Miguel Relvas vem afirmar que a Noruega pertence à União Europeia. Ninguém deu pela sua adesão, nem os próprios noruegueses, mas, se o senhor ministro o afirma, é porque deve ser mesmo assim.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Modalidade (G 2011 - 2)


1. Atente nas frases seguintes.
a) O Benfica, felizmente, conseguiu derrotar o Beira-Mar.
b) Credo! Que desenlace dramático teve a peça de teatro!
c) O Rafael fala, seguramente, demais durante as aulas.
d) Talvez o Glorioso volte a ser campeão europeu.
e) É lamentável que a Sónia use o telemóvel nas aulas de culinária!
f) Seria fantástico se o Valente soubesse tirar fotografias decentes à namorada.
g) O António pode praticar hipismo aos fins de semana.
h) A Sofia já deve ter lido alguns capítulos de Os Maias, visto que se referiu a aspetos da obra numa das últimas aulas.

1.1. Identifique a modalidade existente em cada frase e o respetivo valor.

1.2. Explicite, em cada uma delas, os elementos linguísticos que realizam a modalidade. Observe o exemplo.
a) A modalidade é construída através do recurso ao advérbio de frase «felizmente».

1.3. Reescreva cada uma das frases de 1., orientando-se pelas seguintes instruções:
a) marca de valor modal de possibilidade (negativa);
b) reconstrução da exclamativa com um verbo modal de probabilidade (negativo);
c) construção de valor de possibilidade numa frase de tipo interrogativo;
d) marca de valor de probabilidade, com introdução de um advérbio;
e) introdução de um verbo que marque a modalidade epistémica da dúvida;
f) atribuição de valor modal de certeza;
g) indicação da modalidade apreciativa, recorrendo a adjetivação com valor afetivo;
h) atribuição de valor modal epistémico de certeza.

2. Leia os seguintes excertos (Com textos 11 – Caderno de Atividades):
a) «Antes, porém, que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões.» (Padre António Vieira, in Sermão de Santo António aos Peixes).
b) «São piores os homens que os corvos.» (idem).
c) «Madalena – Que entre. E vós, Miranda, tornai para onde vos mandei; ide já, e fazei como vos disse.
Jorge – (Chegando à porta da direita) – Entrai, irmão, entrai. (O romeiro entra devagar.) Esta é a senhora D. Madalena de Vilhena. É esta a fidalga a quem desejais falar?
Romeiro – A mesma. (A um sinal de Frei Jorge, Miranda retira-se.)» (Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa).
d) «[Basílio] Olhava-a [Luísa] com uma suplicação.
‑ Que é?
‑ É que venhas comigo ao campo. Deve estar lindo no campo.» (Eça de Queirós, in O Primo Basílio).
e) «E a tisica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!» (Cesário Verde, “Contrariedades”).
f) «(…) Traíste um amigo teu… Nada de equívocos! Tu declaraste bem alto a tua amizade pelo Cohen. Traíste-lo, tens de aceitar a lei: se ele te quiser matar, tens de morrer. Se ele não quiser fazer nada, tens de ficar de braços cruzados. (…)» (Eça de Queirós, in Os Maias).
g) «Não se pode exigir que as novas gerações vivam o 25 de abril como aqueles que sofreram a ditadura e a ela se opuseram.» (excerto de um discurso político de Manuel Alegre).
h) «Esta é uma verdadeira tragédia – se as pode haver, e como só imagino que as possa haver, sobre factos e pessoas comparativamente recentes.» (Almeida Garrett, excerto de Memória ao Conservatório Real).

2.1. Preencha o quadro que se segue, transcrevendo segmentos dos enunciados apresentados em 2. que exemplifiquem as formas de modalidade.

Tipos de modalidade e respetivos valores
Exemplos textuais
Apreciativa

Deôntica
Valor de obrigação

Valor de permissão

Epistémica
Valor de certeza

Valor de possibilidade

Valor de probabilidade


3. «Somos nós que fazemos o nosso futuro.» (discurso de Obama)

3.1. Modifique a frase, de modo a construir uma modalização de:
a) constatação;
b) certeza;
c) suposição;
d) apelo;
e) obrigação;
f) possibilidade;
g) dúvida.

. Correção da ficha [aqui].

Discurso de Obama - Correção do questionário


1. Atente no primeiro parágrafo.

1.1. Identifique o auditório do discurso.

            O auditório é constituído pelos alunos de uma escola americana do estado do ___, que se encontram de regresso às aulas após as férias.

2. No segundo parágrafo, o orador apresenta o seu exemplo pessoal.

2.1. Clarifique a forma como esse exemplo capta a adesão do auditório.

            O orador refere-se ao sacrifício que fazia para estudar (levantar-se cedíssimo, adormecer em cima da mesa, a falta de recursos financeiros, os esforços e a dedicação da mãe…) de modo a aproximar-se do auditório, procurando criar cumplicidade com ele.

2.2. Mencione outra estratégia usada para criar cumplicidade com os ouvintes.

            O orador afirma a sua compreensão perante o facto de as férias dos alunos terem terminado e estes se encontrarem de regresso às aulas.

3. Leia o terceiro parágrafo e identifique o tema do discurso.

            O tema do discurso é a educação escolar.

4. Sintetize o conteúdo do parágrafo seguinte.

            O orador refere-se à responsabilidade dos professores, dos pais e do governo na educação dos estudantes.

5. De seguida, é definida a tese do discurso. Identifique-a.

            A tese defendida é a responsabilidade de cada aluno no seu sucesso escolar (o sentido de responsabilidade de cada estudante determina o seu sucesso educativo).

6. A partir da linha 31, o orador introduz o primeiro argumento que sustenta a sua tese.

6.1. Explicite-o.

            De acordo com o primeiro argumento, cada aluno é bom nalguma coisa e é a escola que ajuda a descobrir em quê.

6.2. De seguida, é elencado um conjunto de diversas atividades. Explicite o significado dessa enumeração.

            A enumeração exprime o pensamento do orador, segundo o qual só estudando será possível descobrir e desenvolver o talento que cada um possui.

7. Seguem-se o segundo e o terceiro argumentos.

7.1. Clarifique-o segundo.

            O esforço e o estudo de cada aluno são muito importantes para a sua realização pessoal, para o seu futuro. O esforço individual de cada aluno contribuirá, igualmente, para o desenvolvimento do seu país, graças aos conhecimentos e às competências adquiridas no presente, na escola.

7.2. A que corresponde a ausência de esforço, de trabalho e de estudo por parte dos alunos?

            A ausência de estudo e de esforço corresponde à desistência de si próprio e do seu país.

8. Após a apresentação dos argumentos iniciais, o orador contra-argumenta.

8.1. Explicite o primeiro contra-argumento.

            O orador contra-argumenta com a dificuldade de os alunos obterem bons resultados escolares (“Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola.”), devido a dificuldades e problemas pessoais (falta de oportunidades, de orientação e acompanhamento…).

8.1.1. Comente o exemplo apresentado para sustentar a contra-argumentação.

            O orador apresenta o seu exemplo pessoal, o de alguém que foi criado com dificuldades pela mãe, após ter(em) sido abandonado(s) pelo pai, e que sentiu também dificuldades nos seus estudos.

8.1.2. De que modo é refutado?

            O orador afirma que as circunstâncias da vida pessoal não servem de desculpa para a falta de estudo. E acrescenta que cada um, em razão da sua conduta e do seu esforço, constrói o seu destino.

8.1.2.1. O orador socorre-se de novo exemplo para ilustrar a refutação do contra-argumento. Clarifique-o.

            O orador socorre-se, novamente, de um exemplo biográfico ao aludir às dificuldades experimentadas pela primeira dama, que não a impediram de estudar e de ter sucesso.

9. Posteriormente, é apresentado um outro argumento. Explicite-o.

            O orador defende que é necessário que os alunos tenham objetivos (“É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objetivos para os seus estudos…”) e se esforcem para os alcançar.

9.1. De imediato, contra-argumenta novamente. De que forma?

            A televisão fomenta a crença no sucesso fácil, na obtenção de riqueza e sucesso sem trabalho (“Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar…”).

9.1.1. De que modo é refutado este contra-argumento?

            Obama afirma que o sucesso é difícil de alcançar, pois exige persistência e aprendizagem com os falhanços. Só desta forma é possível superar os insucessos e prosseguir.

9.1.1.1. Aponte os exemplos de que Obama se socorre para fundamentar a refutação.

            Obama refere que os exemplos de J. K. Rowling, que viu a publicação do primeiro livro da série Harry Potter ser rejeitado doze vezes, e do basquetebolista Michael Jordan, que fez das suas falhas e dificuldades um trampolim para o sucesso, persistindo e nunca desistindo (“Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido.”). No fundo, eles aprenderam com os erros, voltando a tentar e agindo de forma diferente, para não incorrerem no mesmo erro.

10. Prestes a concluir o discurso, o orador dirige uma exortação aos ouvintes. Especifique-a.

            O orador exorta os alunos a questionarem, a procurarem ajuda, para crescerem e evoluírem.

11. A conclusão de um discurso deve apresentar, por um lado, uma súmula impressiva dos melhores argumentos e, por outro, apelar à emoção do auditório e deixar neste uma forte impressão, de modo a persuadi-lo e a conquistá-lo em definitivo.

11.1. Analise a conclusão do discurso de Obama em função dos objetivos acima enunciados.

            Na conclusão, de facto, é feito um resumo dos argumentos desfilados ao longo do discurso, em forma de apelo, destacando o esforço do governo para melhorar as condições de aprendizagem e a necessidade de os alunos se empenharem. Por outro lado, o orador apela aos estudantes que se esforcem e empenhem, para que as suas famílias e o país possam orgulhar-se deles.

12. Lido o discurso, indique o objetivo que está na sua base.

            O objetivo do discurso é consciencializar os estudantes da sua responsabilidade no sucesso ou insucesso escolar.

13. O discurso é de natureza política. Enumere três aspetos que configuram essa natureza.

            Em primeiro lugar, o orador é um político – é o presidente dos Estados Unidos da América; depois, o tema do discurso é a educação; em terceiro lugar, o lugar (uma escola) e a data (o início do ano letivo) em que é produzido; por último, possui grande destaque mediático, visto que foi transmitido para todas as escolas dos EUA.

14. Delimite uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão.

. Introdução (l. 1 até “… pela sua própria educação.”) – Apresentação do tema do discurso.

. Desenvolvimento (“Todos vocês são bons (…)” até “… é do vosso país que estão a desistir.”) ‑ Argumentação e exemplificação.

. Conclusão (“Por isso hoje quero perguntar-vos…” até ao final) – Apelo e síntese final.
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