terça-feira, 30 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
O Sentido dos Heterónimos
"Custa-me imaginar que alguém possa um dia falar melhor de Fernando Pessoa que ele mesmo. Pela simples razão de que foi Pessoa quem descobriu o modo de falar de si tomando-se sempre por um outro. Quando encarnada em figuras que parecem vivas - e ele supunha mais vivas do que ele - essa descoberta de si como outro, convertida em jogo da sua verdade, chamou-se Heteronímia.
O «mito-Pessoa», tanto em si como no seu estatuto poético de amplitude hoje universal, repousa essencialmente na encenação prodigiosa a que Pessoa submeteu o seu radical sentimento de inexistência. O célebre «drama-em-gente», a invenção dos Pessoa-outros destinados a cumprir pelo único que havia os sonhos de felicidade ou grandeza imaginárias que só de os pensar o destruíam, é o último ato do longo processo de dissolução do Eu inaugurado pelo Romantismo.
A poesia de Caeiro, Reis e Campos não precisa de outro «sujeito» que o da voz «anónima», anónima como nenhuma outra da nossa tradição - por isso nos tocou tanto - que nele se fala e nos fala, tornando-nos imaginariamente felizes em Caeiro, indiferentes à felicidade ou infelicidade em Reis e impossivelmente felizes em Campos. A criação dos heterónimos é só ficção de interlúdio, maneira para Fernando Pessoa ter sido, num breve momento, futurista com Álvaro de Campos, romano e invulnerável à angústia com Ricardo Reis e divinamente grego, alegre ou triste como a natureza, com Alberto Caeiro. Tudo isto, para nos dizer, como ninguém o dissera antes, que Deus, o deus da nossa alma e da nossa cultura milenarmente cristãs, estava morto e, com ele, as crenças, os valores, as ilusões, a moral, a política de que era a suprema e materna sigla. Mas o que Pessoa compreendeu, antecipando-se a deduções futuras e óbvias, foi que essa morte de Deus era, ao mesmo tempo, morte do Homem, fim da ilusão humanista que imaginava ainda poder justificar, na perspetiva de uma ausência de Sentido transcendente para o universo e a História, os mesmos valores, as mesmas ilusões consoladoras, a mesma moral tranqulizante.
Caeiro, Campos, Reis, não são mais que sonhos diversos, maneiras diferentes de fingir que é possível descobrir um sentido para a nossa existência, saber quem somos, imaginar que conhecemos o caminho e adivinhamos o destino que vida e História nos fabricam. Ter sonhado esses sonhos não libertou Pessoa da sua solidão e da sua tristeza. Mas ajudou-nos a perceber que somos, como ele, puros mutantes, descolando para formas inéditas de vida, para viagens ainda sem itinerários. Com Caeiro fingimos que somos eternos, com Campos regressamos dos impossíveis sonhos imperiais para a aventura labiríntica do quotidiano moderno, com Reis encolhemos os ombros diante do Destino, compreendemos que o Fado não é uma canção triste mas a Tristeza feita verbo."
A poesia de Caeiro, Reis e Campos não precisa de outro «sujeito» que o da voz «anónima», anónima como nenhuma outra da nossa tradição - por isso nos tocou tanto - que nele se fala e nos fala, tornando-nos imaginariamente felizes em Caeiro, indiferentes à felicidade ou infelicidade em Reis e impossivelmente felizes em Campos. A criação dos heterónimos é só ficção de interlúdio, maneira para Fernando Pessoa ter sido, num breve momento, futurista com Álvaro de Campos, romano e invulnerável à angústia com Ricardo Reis e divinamente grego, alegre ou triste como a natureza, com Alberto Caeiro. Tudo isto, para nos dizer, como ninguém o dissera antes, que Deus, o deus da nossa alma e da nossa cultura milenarmente cristãs, estava morto e, com ele, as crenças, os valores, as ilusões, a moral, a política de que era a suprema e materna sigla. Mas o que Pessoa compreendeu, antecipando-se a deduções futuras e óbvias, foi que essa morte de Deus era, ao mesmo tempo, morte do Homem, fim da ilusão humanista que imaginava ainda poder justificar, na perspetiva de uma ausência de Sentido transcendente para o universo e a História, os mesmos valores, as mesmas ilusões consoladoras, a mesma moral tranqulizante.
Caeiro, Campos, Reis, não são mais que sonhos diversos, maneiras diferentes de fingir que é possível descobrir um sentido para a nossa existência, saber quem somos, imaginar que conhecemos o caminho e adivinhamos o destino que vida e História nos fabricam. Ter sonhado esses sonhos não libertou Pessoa da sua solidão e da sua tristeza. Mas ajudou-nos a perceber que somos, como ele, puros mutantes, descolando para formas inéditas de vida, para viagens ainda sem itinerários. Com Caeiro fingimos que somos eternos, com Campos regressamos dos impossíveis sonhos imperiais para a aventura labiríntica do quotidiano moderno, com Reis encolhemos os ombros diante do Destino, compreendemos que o Fado não é uma canção triste mas a Tristeza feita verbo."
Eduardo Lourenço, Fernando, Rei da nossa Baviera
A heteronímia
"A palavra heterónimo deriva do grego e significa «outro nome». Pessoa usou este neologismo, o qual se distingue da palavra pseudónimo, pois esta é entendida como um nome suposto que substitui o nome próprio do autor, sem que isso altere a sua personalidade literária.
O caso de Pessoa ganha um sentido muito especial, porque a heteronímia afeta o sentido mesmo da sua obra considerada na sua globalidade. Tendo em vista Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis, Pessoa procura ser «esses outros», que se constituem «não eus sintetizados num eu-postiço». Daí o ter considerado essas personagens autorais - para as quais elaborou biografias que, curiosamente, não fez em relação a si próprio - como sendo «minhamente alheias».
O recurso aos heterónimos consiste, pois, numa passagem da expressão pessoal, isto é, de uma personalidade que seria a do autor, para uma personificação estética que é já a do texto ou da escrita. É com este sentido que Pessoa utilizou aquela expressão, de modo que a rotação que se faz da personalidade propriamente dita para a personificação estética implica múltiplas questões que foram abordadas pelo poeta ou estão implícitas em tal noção: o papel desempenhado pelo autor, a sinceridade ou autenticidade, o fingimento (expressão que se torna central na sua poética e que o início de um poema seu consagrou: «o poeta é um fingidor»), o caráter dramático da poesia, a redução da subjetividade, etc.
Pessoa afirma, referindo-se aos heterónimos: «Não há que buscar em quaisquer deles ideias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem ideias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler.». Passa-se, numa afirmação como esta, do plano da escrita poética para o da leitura, havendo nesta uma circularidade que a vai fixar, finalmente, na própria realidade textual; ler os heterónimos «como estão» circunscreve a sua realidade à do texto que, por sua vez, lhes confere a realidade que é a da própria escrita."
Pessoa afirma, referindo-se aos heterónimos: «Não há que buscar em quaisquer deles ideias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem ideias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler.». Passa-se, numa afirmação como esta, do plano da escrita poética para o da leitura, havendo nesta uma circularidade que a vai fixar, finalmente, na própria realidade textual; ler os heterónimos «como estão» circunscreve a sua realidade à do texto que, por sua vez, lhes confere a realidade que é a da própria escrita."
Fernando Guimarães, «Heteronímia - Poética»,
in Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português
"Não sei quantas almas tenho" - Correção do questionário
1.
C
2.
A
3.
C
4.
A
5.
B
6.
A
7.
C
8.
B
9.
A
10.
B
11.
C
12.
A
13.
B
14.
A
15.
A
16.
C
17.
B
18.
C
19.
C
Miguel Relvas teve equivalência a cadeiras que não existiam
Licenciatura na Lusófona
Miguel Relvas completou a licenciatura no espaço de apenas um ano mas arrisca-se a perdê-la (Foto: Nuno Ferreira Santos)
Miguel Relvas, além de ter precisado de fazer apenas quatro das 36 cadeiras da licenciatura da Universidade Lusófona, teve também equivalência a cadeiras que não existiam.
Fonte: Público
Agora, expliquem-me que autoridade tem um qualquer professor para falar de exigência aos seus alunos.
sábado, 27 de outubro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Da ânsia de culpados ou da loucura justiciosa italiana
Povo adora culpar e leva com deuses
SEIS cientistas italianos da Comissão de Grandes Riscos e o respetivo coordenador governamental foram condenados por não terem previsto o terramoto em Áquila, a 6 de abril de 2009 (300 mortos).
Tinha havido uma sucessão de avisos sísmicos desde dezembro de 2008, mas a comissão concluíra não haver perigo maior. Os cientistas eram reputados e um deles, o professor Enzo Boshi, era o presidente do Instituto de Geofísica e Vulcanologia. Todos condenados a seis anos de prisão.
Apaziguado pela sentença, o familiar de uma das vítimas disse: "Esperamos que agora os nossos filhos tenham as vidas mais seguras." Provavelmente ele está convencido de que, daqui para diante, o tribunal emitirá atempadamente um edital sobre o próximo terramoto. Terá de ser tribunal, terá de ser juiz, pois são as únicas entidades humanas imunes ao erro.
Como se sabe, se amanhã houver provas de que aquele sismo de Áquila era absolutamente impossível de prever - e, logo, a sentença ter sido errada -, o juiz que esta semana condenou não responderá pelo erro. Ele está protegido pela lei. Já o sismólogo Boshi, como o médico Fulano que não curou o cancro ou o piloto Sicrano que não aguentou a turbulência na aterragem estão sujeitos ao atira a pedra na Geni, maldita Geni.
A ânsia de encontrar culpado sempre foi própria do povo. Agora arranjou um aliado de peso e, ou muito me engano, vai ser corneado na parceria: o próximo deus vai vestir toga.
Diário de Notícias, 24 de outubro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Morreu o sobrevivente mais velho de Auschwitz
Antoni Dobrowolski |
O campo de concentração nazi era «pior do que o inferno de Dante», disse Antoni Dobrowolski numa entrevista de 2009.
Dobrowolski, que faleceu aos 108 anos - era o mais velho sobrevivente a um campo nazi conhecido - foi enviado para o campo da morte de Auschwitz por ter desafiado as ordens dos alemães, visto que manteve aulas secretas (ele, que era professor) durante a ocupação nazi da Polónia, invadida em 1939, quando os nazis proibiram a população local de frequentar a escola.
Dobrowolski, que faleceu aos 108 anos - era o mais velho sobrevivente a um campo nazi conhecido - foi enviado para o campo da morte de Auschwitz por ter desafiado as ordens dos alemães, visto que manteve aulas secretas (ele, que era professor) durante a ocupação nazi da Polónia, invadida em 1939, quando os nazis proibiram a população local de frequentar a escola.
domingo, 21 de outubro de 2012
A vida humana começou no Alentejo?
Do Planeta Vermelho ao Alentejo Vermelho
QUE VASCO da Gama, aquele que ajudou a pôr o mundo redondo, era alentejano, de Sines, já é dado como certo. Que Cristóvão Colombo, que ajudou a completar o mundo, era também alentejano, de Cuba, é menos certo, embora haja maduros com essa ideia. Mas essas teorias alentejano-cêntricas estão em vias de se tornar modestas comparadas com a atual parada: agora, é a NASA que suspeita que foi em Cabeço de Vide, também vila alentejana, que começou a vida na Terra.
Descobriu-se uma bactéria nas águas termais de Cabeço de Vide que é, por assim dizer, comadre de outra descoberta em Marte. Anda um cientista da NASA pela vila alentejana, tal como andaCuriosity, o robô da NASA, pela cratera Gale, ambos à cata de provas que possam geminar as duas regiões.
O Planeta Vermelho e o Alentejo Vermelho já tinham, aliás, pontos comuns. E tudo ter começado no Alentejo também explica o maravilhoso ritmo com que por lá tudo acontece - ninguém tem pressa quando já cá anda há mais tempo que os outros.
Quem percebeu bem a filosofia da terra foi a reportagem da SIC que garantiu que nas ruas de Castelo de Vide a coisa (o começo da vida da Terra ser uma especialidade local) "não é novidade". Ouviu-se dois velhotes, sentados num banco, e ambos confirmaram. O de boné disse: "Não sou daqui mas o pessoal que é daqui... hmm, foi aqui que começou."
Quer dizer, não só a vida na Terra começou em Cabeço de Vide como, quando chegou, já os alentejanos lá estavam.
Diário de Notícias, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
Fisco retroativo
Fisco notifica morto há 25 anos para pagar imposto
9 0 0
As finanças querem cobrar o Imposto Único de Circulação de 2008 a um contribuinte que faleceu há 25 anos num acidente em que o carro a que corresponde o tributo ficou completamente destruído. A família ficou indignada com a notificação.
No ano de 1987, António Simões Pinto Mirancos, chapeiro, tinha 49 anos quando, a 16 de agosto, ao volante da sua Ford Transit de 1978 foi a Lisboa buscar uma filha.
No regresso, na zona de Leiria, teve um desastre com a viatura, que caiu numa ribanceira, do que veio a resultar a sua morte. A filha ficou gravemente ferida e teve de ser hospitalizada. Felizmente escapou com vida. A viatura ficou sem conserto e foi para a sucata.
Publicado em 2012-10-20
NUNO MIGUEL MAIA
As finanças querem cobrar o Imposto Único de Circulação de 2008 a um contribuinte que faleceu há 25 anos num acidente em que o carro a que corresponde o tributo ficou completamente destruído. A família ficou indignada com a notificação.
No ano de 1987, António Simões Pinto Mirancos, chapeiro, tinha 49 anos quando, a 16 de agosto, ao volante da sua Ford Transit de 1978 foi a Lisboa buscar uma filha.
No regresso, na zona de Leiria, teve um desastre com a viatura, que caiu numa ribanceira, do que veio a resultar a sua morte. A filha ficou gravemente ferida e teve de ser hospitalizada. Felizmente escapou com vida. A viatura ficou sem conserto e foi para a sucata.
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Manuel António Pina - 1943 - 2012
A um Homem do PassadoEstes são os tempos futuros que temia
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?
Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.
Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.
Manuel António Pina, in Nenhum Sítio
o teu coração que mirrou sob pedras,
que podes recear agora tão fundo,
onde não chegam as aflições nem as palavras duras?
Desceste em andamento; afinal era
tudo tão inevitável como o resto.
Viraste-te para o outro lado e sumiram-se
da tua vista os bons e os maus momentos.
Tu ainda tinhas essa porta à mão.
(Aposto que a passaste com uma vénia desdenhosa.)
Agora já não é possível morrer ou,
pelo menos, já não chega fechar os olhos.
Manuel António Pina, in Nenhum Sítio
Funções sintáticas I (G 2012 - 1 - Correção)
1.
a)
Sujeito composto (O Rui e a Joana).
b)
Sujeito simples (A Tatiana).
c)
Sujeito nulo indeterminado.
d)
Sujeito simples (O Marco).
e)
Sujeito nulo expletivo.
f)
Sujeito simples (A Matilde).
g)
Sujeito nulo subentendido.
h)
Sujeito composto (O Rafael e o microfone).
i)
Sujeito nulo indeterminado.
j)
Sujeito nulo indeterminado.
2.
a)
«teve um lindo bebé»
b)
«discutiram acerca do TPC»
c)
«prefere com açorda»
d)
«chegue aqui rapidamente»
3.
a)
Complemento direto.
b)
Complemento indireto.
c)
Modificador frásico.
d)
Complemento oblíquo.
e)
Complemento oblíquo.
f)
Complemento direto.
g)
Modificador.
h)
Complemento direto; complemento indireto.
4.
a)
«Antunes»: vocativo.
b)
«Mãe»: vocativo; «a avó»: sujeito.
c)
«O Herman José»: sujeito.
d)
«A televisão»: sujeito; «Roberto»: vocativo.
e)
«Cristiano» e «meu filho»: vocativos; «A Irina»: sujeito.
5.
a)
«Infelizmente, o Apolinário
faleceu:»
b)
«Felizmente, a febre já desceu.»
c)
«Excecionalmente, ninguém adoeceu.»
6.
A B
1
‑ D
2
‑ A
3
‑ C
4
‑ E
5
‑ B
6
‑ D
terça-feira, 16 de outubro de 2012
"Ó sino da minha aldeia" - Correção do questionário
1.
B
2.
B
3.
C
4.
B
5.
D
6.
A
7.
C
8.
A
9.
D
9.1.
A
10.
D
11.
C
12.
C
13.
C
13.1.
«És para mim como um sonho / Soas-me na alma distante…»
14.
D
15.
A
16.
B
17.
D
"Não sei quantas almas tenho" - Questionário
& “Não sei quantas almas tenho”
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
|
Selecione
a opção que completa de modo correta cada afirmação / pergunta.
1.
O verso 1 traduz
a)
a dúvida do sujeito lírico acerca da sua alma.
b)
a estranheza do sujeito poético relativamente ao seu número de almas.
c)
a dúvida e a indefinição do sujeito lírico relativamente à sua identidade.
2.
O verso 2 remete para
a)
a constante fragmentação e a divisão do sujeito poético.
b)
a mudança que se opera momentaneamente no sujeito poético.
c) a criação dos heterónimos, em consequência da
tendência do sujeito poético para a despersonalização.
3. O verso 3 é uma “consequência” dos dois
anteriores. A alternância presente / passado e o uso do advérbio
“continuamente”
a) expressam a oposição entre a vida passada e
presente do sujeito poético.
b) exprimem a continuação do estado de espírito do
passado no presente, com projeção para o futuro.
c) estão ao serviço da expressão da sensação de
estranheza do sujeito poético relativamente a si mesmo, consequência da
constante mudança.
4.
O verso 4 remete para
a) a tendência para a autoanálise, para a reflexão
por parte do sujeito poético e para a incapacidade de se encontrar.
b) a incapacidade de o sujeito poético definir um
rumo para a sua vida.
c) as consequências do facto de se considerar um
estranho no próprio corpo.
5.
O recurso ao vocábulo «Nunca» (v. 4)
significa que
a) , apesar da autoanálise, o sujeito poético não
é capaz de se encontrar e pacificar.
b) , apesar da autoanálise, o sujeito poético não
consegue atingir um momento que seja de conhecimento integral.
c) é um estratagema para despistar a angústia que
o sujeito poético sente pela tendência para a despersonalização.
6.
O verso 5 significa que
a) o sujeito poético sente não ter vida, mas só
alma, dado que a sua vida é (foi) toda racionalizada («sente na alma, mas não no
corpo»).
b) a multiplicidade de «eus» conduz o sujeito
poético à ausência de ser, limitando a sua existência.
c) o sujeito poético deseja a morte,
transformar-se em alma / espírito, pois só assim pode alcançar a calma que a
instabilidade da vida lhe nega.
7.
«Quem tem alma não tem calma» (v. 6) quer dizer que
a) quem apenas é capaz de sentir e não racionaliza
antes de agir vive em permanente instabilidade.
b) o espírito do sujeito poético é incapaz de
encontrar a paz e o sossego em qualquer circunstância.
c) a instabilidade domina a vida do sujeito
poético, dado que, porque é constituído apenas por alma, vive na ânsia de se
encontrar, daí não ter calma, sossego.
8.
Os dois versos que encerram a primeira estrofe assentam
a) no pressuposto de que os sentido enganam e
limitam a perceção do ser humano acerca do significado da vida.
b) na antítese viver / pensar, isto é, entre os
que vivem a vida sem a pensar e os que a pensam.
c) na ideia de que a vida deve ser pensada e só
posteriormente vivida de acordo com os ditames da razão.
9.
Os versos 9 e 10 confirmam
a) a despersonalização do sujeito poético, que se
transforma noutras figuras.
b) a divisão do sujeito poético entre ver e ser,
isto é, sentir e pensar.
c) que Pessoa era, de facto, um lunático.
10.
Os versos 11 e 12 acentuam o traço do sujeito poético identificado na pergunta
anterior, pois
a) “eles” constituem um sinal das suas “visões” e
loucura.
b) “eles” sonham e desejam independentemente de si
mesmo.
c) “eles” constituem o sinal da sua divisão entre
o sentir e o pensar.
11.
As metáforas dos versos 13 e 14 sugerem o papel do sujeito poético:
a) observador de paisagens.
b) observador da realidade circundante, ao jeito
de Cesário Verde.
c) espetador de si mesmo.
12.
A tripla adjetivação do verso 15 sintetiza os traços da personalidade do
sujeito poético:
a) múltiplo e fragmentado (“_____”), volúvel e
inconstante, causa e agente de outras personalidades (“_____”), e, por isso ou
apesar disso, solitário (“_____”).
b) múltiplo e fragmentado (“_____”), causador da
sua própria instabilidade (“_____”) e agente da solidão das diferentes
personalidades (“_____”).
c) com diversas atitudes face à vida (“_____”), em
permanente mobilidade e errância (“_____”) e, por isso, solitário (“_____”).
13.
O verso 16 traduz
a) a incapacidade de o sujeito poético sentir.
b) a constante inadaptação do sujeito poético.
c) nenhuma das hipóteses anteriores-
14.
O adjetivo «alheio» (v. 17) exprime
a) o sentimento de estranheza e de
autodesconhecimento face a si próprio.
b) o modo distraído como o sujeito poético lê.
c) a atitude intelectual do sujeito poético.
15.
A metáfora da vida como um livro (vv. 17-18) sugere
a) a despersonalização do sujeito poético, que se
distancia para se ver.
b) a cultura livresca do sujeito poético, que se
apresenta como um escritor da própria vida.
c) o ensimesmamento do sujeito poético, perdido na
leitura metafórica do seu percurso de vida.
16.
Na última estrofe, o sujeito poético apresenta-se como
a) um ser material e corpóreo em permanente mutação.
b) um ser semelhante aos demais que procura a
unidade na diversidade.
c) um livro com várias páginas escritas pelos
diversos «eus» do «eu».
17.
Dada a sua despersonalização e tendência para a mudança contínua, o eu lírico
a) é incapaz de prever o futuro e o passado.
b) esquece o passado e é incapaz de prever o
futuro.
c) sente a angústia do presente pelas diversas
páginas do livro que é a sua vida.
18.
O sujeito poético não sabe verdadeiramente quem é ou quem foi que
a) causou a permanente volubilidade que
caracteriza a sua existência.
b) o conduziu àquele estado de confusão e à
sensação de estranheza face a si mesmo.
c) sentiu o que supõe que sente, pois vê-se como
um palco no qual atuam diferentes atores, os seus outros «eus».
19.
O verbo final traduz a ideia de que
a) o Deus do catolicismo é, afinal, o responsável
pelo drama vivido pelo sujeito poético, ideia que contraria a noção de que é
incapaz de sentir.
b) a harmonia que o sujeito poético tanto procura,
em razão da sua fragmentação, reside numa figura transcendente, omnisciente e
omnipresente.
c) o eu lírico se sente impotente para encontrar
uma resposta satisfatória para os seu drama através da inteligência racional.
20.
Transcreva os versos que «justificam» as ideias seguintes:
a) Fragmentação do eu:
«_____________________________________________________
___________________________________________________________________________
b) A estranheza e o desconhecimento face a si
próprio: ____________________________
___________________________________________________________________________
c) Despersonalização:
_________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
d) Inadaptação constante:
_____________________________________________________
___________________________________________________________________________
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