O
Meu Pé de Laranja Lima está dividido em duas secções relativamente
proporcionais, dois momentos que caracterizam distintamente o crescimento de
Zezé.
A
primeira parte da obra tem o subtítulo “No Natal, às vezes nasce o Menino
Diabo”, é constituída por cinco capítulos (“O descobridor das coisas”, “Um
certo pé de laranja lima”, “Os dedos magros da pobreza”, “O passarinho, a
escola e a flor” e “Numa cadeia eu hei de ver-te morrer”) e apresenta as
personagens que darão corpo ao enredo principal, permitindo, dessa forma,
começar a desenhar o perfil do protagonista, o “descobridor das coisas”,
conjugando a vulnerabilidade natural de uma criança de cinco anos com a determinação
e a força de uma criança que crê que o mundo existe para ser entendido e
explorado.
Miguel
Neves Santos (op. cit., pp. 7-11), subdivide esta primeira parte nas seguintes
sequências: “A família e o «Descobridor de Coisas»”, “A Ilusão e a Desilusão:
Sonho e Miséria”, “Imaginação e Crescimento”, “Memória e Esperança”, “A
Sensibilidade e o Bom Coração do «Menino Diabo»”.
A
segunda parte, composta por nove capítulos (“O morcego”, “A conquista”, “Conversa
para cá e para lá”, “Duas surras memoráveis”, “Suave e estranho pedido”, “De
pedaço em pedaço é que se faz ternura”, “O Mangaratiba”, “Tantas são as velhas árvores”,
“A confissão final”), tem como subtítulo “Foi quando apareceu o Menino Deus em toda
a sua tristeza” e é nela que se desenvolvem os aspetos mais marcantes da
narrativa. Deste modo, o leitor assiste ao crescimento de Zezé, cuja existência
oscila entre a felicidade e a tristeza, a esperança e o infortúnio.
O
subtítulo remete para momentos de revelação e de transformação, que se revelam
também dolorosos e que guiam o percurso de aprendizagem de Zezé, uma criança
que, graças à experiência que vai adquirindo, deixa progressivamente de o ser, “principalmente
aos olhos de um narrador adulto que parece também notar tal facto, à medida que
compõe a história que quer contar.” A testemunha de tudo isso é o pé de laranja
lima, o «amigo de todas as ocasiões” que se constitui como uma das mais
importantes para a compreensão da obra.
Miguel
Neves (op. cit., pp. 13-19) subdivide esta segunda parte nas seguintes sequências:
“Amigos Inesperados: a Importância das personagens secundárias”, “Pequenas e
Grandes Conquistas: a Vida é feita de Mudanças”, “Entre o Céu e o Inferno: o
Afeto dá Lugar à Violência”, “Sarar as Feridas e Reparar os Sonhos”, “A Dor e o
Vazio Impostos pela Perda Irreparável”.