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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Análise da obra O Cortiço, de Aluísio de Azevedo

 I. Biografia de Aluísio de Azevedo


II. Obras de Aluísio de Azevedo


III. Período literário


IV. Ação

        . Resumo

        . Capítulos

            . Capítulo I

            . Capítulo II

            . Capítulo III

            . Capítulo IV

            . Capítulo V

            . Capítulo VI

            . Capítulo VII

            . Capítulo VIII

            . Capítulo IX

            . Capítulo X

            . Capítulo XI

            . Capítulo XII

            . Capítulo XIII

            . Capítulo XIV

            . Capítulo XV

            . Capítulo XVI

            . Capítulo XVII

            . Capítulo XVIII

            . Capítulo XIX

            . Capítulo XX

            . Capítulo XXI

            . Capítulo XXII

            . Capítulo XXIII


V. Personagens

        1. João Romão

        2. Bertoleza

        3. Miranda

        4. Rita Baiana


VI. Conclusões

        a) Forma

        b) Conteúdo


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Conclusões sobre O Cortiço: Conteúdo

    1. Reação dos habitantes do cortiço para com Leonie e depois para com Pombinha mostra a ingenuidade estúpida e cínica de quem adora algo nefasto.

    2. É um romance de tese: como influem as circunstâncias, o ambiente e os acontecimentos na modificação do caráter. Existe entre estes aspetos e as personagens uma relação de causa-efeito. Tanto o comportamento humano como as relações sociais se sujeitam à mesma inevitabilidade científica de causa-efeito.

    3. Evolução cíclica, ideia que fica não só em relação ao espaço (cortiço), mas também em relação às personagens.

    4. O romance visa a análise do elemento negro na sociedade do Brasil. O olhar romântico do negro ficara para trás; agora há um novo olhar: o negro já não se revolta; aceita e submete-se (ex.: Rita, Bertoleza). Esta submissão do negro advém do facto de o branco ser considerado uma raça superior, da qual há de resultar o melhoramento da raça negra.

    5. Bertoleza mantém-se sempre fiel, até a essência dessa fidelidade ser destruída (com a traição). Há uma certa mitificação do elemento negro, porque ele submete-se, mas também é capaz da coragem no mais alto grau.
    Mas em relação ao negro, há ainda um duplo preconceito:
        . Rita e Bertoleza aproximam-se do branco como forma de ascensão social: preconceito da parte do negro;
        . O branco vê o elemento negro como fonte de prazer e sensualidade ou como fonte de outras potencialidades em relação ao trabalho: preconceito da parte do branco.

    6. A mulher: podemos estabelecer alguns grupos:
            = Leonie e Pombinha (e Senhorinha)
            = D. Isabel e Piedade
            = Rita e Bertoleza
    Estes são grupos diferentes, com motivações e destinos diferentes, mas nenhum deles consegue resistir à influência do ambiente. O elemento mais íntegro acaba por ser Bertoleza. Também Rita acaba por perder a sua força inicial quando se adapta a um novo tipo de vida.

    7. Ironia: evidencia-se no final, mas existe ao longo de todo o romance de modo refinado e subtil e, por isso, é mais significativa.
    A visão fatalista do amor que víramos em Machado de Assis mantém-se em A. de Azevedo: a sociedade está destinada a uma constante degradação, a uma degradação inevitável, em que os principais meios de influência são o meio e a raça.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Conclusões sobre O Cortiço: Forma

    1. Descrição dos elementos imprescindíveis de todo o romance. Através da descrição, as personagens surgem inseridas na vida do dia a dia. A descrição é feita, por vezes, através de metáforas, sobretudo do âmbito da zoologia.

    2. Apresentação de determinado tipo de episódios, quase sempre sórdidos e de temática sexual. A principal característica destes episódios é a total ausência de valores, a animalidade e a violência.

    3. Construção e estruturação de modo mais denso e rico. A preocupação pela forma é muito intensa em A. de Azevedo, pois há sempre indícios que se realizam. Esta preocupação orienta a narrativa para um determinado sentido, o que implica uma maior organização dos elementos.

    4. Uso de analepses: são várias e a sua função é a explicação de factos e a caracterização de personagens.

    5. As personagens raramente existem como elementos individuais: elas inserem-se num coletivo. Há algumas vivências de individualidade, mas apenas com as personagens principais.

    6. Em termos de intriga, há três elementos que despoletam a ação:
            - chegada dos portugueses: Jerónimo e Piedade
            - chegada de Rita
            - ascensão de Miranda ao baronato
    Estes factos são também importantes, porque vão influenciar a mudança das personagens. Por exemplo, é a chegada de Rita que vai conduzir à degradação de Piedade e é a ascensão de Miranda que provoca a ascensão de João Romão.

Análise do capítulo XXIII de O Cortiço

    O início deste capítulo contrasta com o fim do capítulo anterior: ambiente de riqueza e novos costumes de João Romão, que age como um novo rico, exagerando em tudo. É um capítulo mais alegre, mais urbano, onde João Romão tem a oportunidade de ostentar a sua riqueza e novos hábitos.
    Surge, então, Botelho, que anuncia a ida do dono de Bertoleza a casa de J. Romão para a buscar. Seguem depois para casa do último e, entretanto, há duas referências importantes:
        . Passagem de Pombinha, agora prostituta, com Henrique. Esta referência não é inocente.
        . Referência a um cúmplice, palavra do campo semântico do crime. O emprego desta palavra é intencional e não inocente. Há uma relação de cumplicidade entre Botelho e J. Romão, como se de um crime se tratasse.
    O final do romance, tal como o seu início, é sórdido. João Romão, apesar de ter mudado exteriormente, revela que íntima e moralmente é o mesmo.
    Bertoleza, pelo contrário, logo que vê o filho do seu antigo dono, apercebe-se de tudo e ganha plena consciência da sua situação. Podemos estabelecer um paralelo entre a situação de Bertoleza e a de Pombinha, depois do que aconteceu com Léonie: ambas ficam lúcidas e conscientes da sua verdadeira realidade. E a única solução para Bertoleza é a morte e as condições desta morte contrapõem-se ao seu caráter corajoso. De facto, morre num ambiente extremamente sórdido.
    Podemos estabelecer um confronto entre o caráter firme de Bertoleza e sordidez de João Romão:
           
            Bertoleza                            João Romão

            interior   +                            interior   -

            exterior   -                             exterior   +

    João Romão apenas evolui exteriormente, pois mantém o seu caráter de sempre, ao contrário de Bertoleza, que se mantém fisicamente degradada, mas com um caráter positivo. Com a sua morte, afasta-se o último elemento do cortiço que não se modificara. De facto, se o cortiço degradado desaparecera, a única solução para ela era a morte.
    Bertoleza e Rita Baiana eram as únicas personagens femininas dotadas de um forte caráter positivo; no final, o de Bertoleza ainda mais se eleva, enquanto o de Rita decai.
    Uma última chamada de atenção para a ironia com que o romance termina: uma comissão de abolicionistas vem trazer o título de sócio a J. Romão, o qual acabara de entregar uma antiga escrava (Bertoleza).

Análise do capítulo XXII de O Cortiço

    Referência ainda a Bertoleza e ao medo que começa a sentir, pois sabe que não é desejada.
    Romão, entretanto, consegue tudo o que quer e torna-se um grande capitalista; a sua venda transforma-se num grande armazém, com um grande movimento de empregados e clientes.
    Refere-se também o novo cortiço, agora Avenida, habitado por um estrato social diferente do cortiço anterior, pautado por um espírito coletivo, que se concretizava na festa de domingo. Agora não há esta cumplicidade entre as personagens, que passa para o "Cabeça-de-Gato", para onde vão os resíduos do cortiço de João Romão.
    Há ainda uma referência a Pombinha: o seu casamento não resultou e tornou-se prostituta. Não era mulher para cumprir todas as convenções inerentes ao casamento. D. Isabel continua na sua apatia estúpida. Esta é a mesma atitude do cortiço e Pombinha tona Senhorinha como protegida. É um ciclo que se repete. Apesar da mudança exterior, o cortiço continua a aceitar as coisas sem reconhecer o que é bom ou mau.
    Termina com a referência a Piedade e à extrema degradação do cortiço "Cabeça-de-Gato". Ela já nem chora, nem se lamenta, o que significa que atingiu o "fundo do poço". Esta descrição corresponde à descrição do inicial cortiço de João Romão.

Análise do capítulo XXI de O Cortiço

     Referência às aspirações de J. Romão, particularmente em relação à mulher, que agora é um obstáculo à sua ascensão social, ou seja, ao seu casamento com Zulmirinha. Bertoleza era um "ponto negro" às suas ambições. Começa a haver a urgência de se desfazer dela:
        = "E se ela morresse?"
        = "E se eu a matasse?"
        = "E se eu a esmagasse aqui mesmo?"
    Esta gradação mostra essa urgência e a intensidade da ambição de J. Romão.
    Temos depois o episódio da morte do filho da Machona: Agostinho. Mas o mais importante é a reação de Romão, que nunca fora humanitário e agora vê despertar-se-lhe uma certa sensibilidade. Mas este sentimento é hipócrita, porque não é verdadeiro.
    Surge Botelho, que vai ajudar Romão a realizar as suas ambições. Este recurso a Botelho para que fizesse o trabalho sujo, mostra uma certa falta de vigor em Romão, que sempre fizera tudo, legal ou ilegalmente. É este trabalho sujo que vai resolver o problema de Romão: entrega de Bertoleza ao seu dono, pois, ao contrário do que ela pensava, nunca deixou de ser escrava. Bertoleza apercebe-se de tudo e sente que merece ser tratada com mais respeito: é um grito de justiça perante a ambição de João Romão.

Análise do capítulo XX de O Cortiço

    Modificação do espaço e também dos seus habitantes.
    Piedade acaba por ser o último indício do que era antes o cortiço ao atingir os últimos graus de degradação. O que antes caracterizava o cortiço de J. Romão passa agora a caracterizar o outro cortiço, o "Cabeça-de-Gato": um organismo vivo com uma enorme sensibilidade.
    O novo cortiço de Romão é agora uma espécie de pensão, onde habitam já pessoas de uma claase social mais alta e não apenas lavadeiras e trabalhadores. As pessoas passam a ser vistas individualmente e já não se verifica o espírito de grupo.
    O capítulo termina com a degradação que atingiu Piedade e estabelece o contraste com a outra Piedade, que fora casada com Jerónimo. Mostra-se a influência do meio e da raça. Obviamente, isto vai refletir-se também no comportamento de Senhorinha. É todo um ciclo que se repete.

Análise do capítulo XIX de O Cortiço

     A vida no cortiço prossegue: as obras começaram e os moradores adaptar-se da melhor forma possível. Bertoleza sente-se presa na rotina e na monotonia e sente-se triste por sentir que João Romão a trata de modo diferente. Agora, não passa de um estorvo no caminho do homem, que pretende pedir a mão de Zulmira.
    Enquanto isso, Jerónimo e Rita procuram aproveitar a nova vida: ele tinha posto de lado os seus sonhos portugueses (de onde vinha) e tornara-se quase um legítimo brasileiro, com os mesmos hábitos e vícios. Piedade, por seu turno, recuperada da luta com Rita, começa a beber. A sua filha com Jerónimo, que passava a semana no colégio, no centro da cidade, consola a mãe aos fins de semana. Durante algum tempo, o pai deixa de pagar o colégio, pois até o pão ao padeiro deve. Num contacto posterior com Piedade, durante o qual ele se encontra bêbedo, ambos brigam e o homem confessa que deixaria de pagar a escola da filha.

Análise do capítulo XVIII de O Cortiço

     Volta-se ao incêndio, a Libório e à sua relação com João Romão. Este episódio serve para caracterizar moralmente o taberneiro, que se aproveita da situação e rouba o dinheiro ao velho, deixando-o morrer.
    Temos depois a referência ao cortiço depois do incêndio: ficam os destroços do espaço e das pessoas. A destruição deste cortiço e a ambição de J. Romão levam-no a construir outro cortiço. Aproxima-se mais de Miranda.
    Romão conta o tesouro de Libório, mas desanima quando vê que grande parte do dinheiro já não tem validade. Porém, ele é muito prático em relação ao dinheiro: a culpa não é da sua ambição, mas de Libório, que o guardou, e do governo, que limita os prazos de validade.
    As mudanças do cortiço não se verificam apenas ao nível do espaço, mas também das personagens. J. Romão continua a ver Bertoleza como obstáculo às suas ambições. Ela, apesar de o seu futuro ser estreito e sombrio, continua a adorar o amigo.
    Temos ainda a referência a Rita e Jerónimo, que já não apresenta nenhuma das características que faziam dele português, nem os seus hábitos de trabalho. Jerónimo abrasileirou-se de todo: preguiçoso, extravagante, luxurioso, ciumento; sem fazer economia, entregue apenas aos prazeres com a mulata.
    Pelo contrário, Piedade vivia num progressivo decadentismo, afundado na bebida e para quem o único prazer era a visita da filha, que vem desempenhar no cortiço o papel que antes era da responsabilidade de Pombinha. São duas personagens a quem foi dado um estatuto superior: Pombinha e Senhorinha, que também vão ter uma relação como a de Pombinha e Léonie.
    O capítulo termina com a visita de Piedade a Jerónimo e num ambiente de degradação.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Análise do capítulo XVII de O Cortiço

     Os partidos unem-se, agora, contra um inimigo comum, os membros do outro cortiço. Entretanto, dá-se um novo incêndio e surge também a polícia. Apesar de inimigos, os membros do "Cabeça-de-Gato" afastam-se e deixam que os outros resolvam o seu problema e apaguem o fogo, que devasta quase todo o cortiço. Agora é a luta dos bombeiros contra o fogo, que é aplaudida pelos habitantes do cortiço. Passa-se rapidamente da aflição para a ovação. Isto mostra o cortiço como um organismo vivo, com uma enorme sensibilidade, respondendo a todos os apelos dos sentidos: luta de duas mulheres  luta de dois partidos  luta dos dois cortiços  incêndio  aflição  ovação. Isto mostra como, em pouco espaço de tempo, o cortiço experimenta sensações diferentes.
    O capítulo mostra ainda a capacidade de união, apesar das divergências, quando a situação o exige. A rivalidade que se pode estabelecer entre os grupos marca a união entre cada um. Este é o último grito da união que existia neste cortiço. Sucedem-se as obras e o ambiente modifica-se.

Análise do capítulo XVI de O Cortiço

     O capítulo volta a Piedade, aos seus lamentos e aflições pela ausência do marido, que a levam a partir em sua busca. Mas encontra Rita e o contraste entre ambas é evidente e acabam por lutar. Esta luta de mulheres acaba por se transformar numa luta de facções: os portugueses, que apoiam Piedade, e os brasileiros, que estão do lado de Rita Baiana. Mas a luta é interrompida por um novo acontecimento: a chegada dos habitantes do "Cabeça-de-Gato" para vingarem a morte de Firmo.

Análise do capítulo XV de O Cortiço

     Referência a Florinda, que apenas procura um homem que trate bem dela, que lhe dê comida e vestuário. Quando tal não acontece, muda de homem. Temos a enumeração de factos com um certo grau de sordidez e repugnância.
    Mas o fundamental do capítulo é a vingança encetada por Jerónimo. Firmo é morto e, então, nada já impede a relação de Jerónimo e Rita, que reconhecem o amor e a paixão que os juntava.
    A indicação do caráter da personagem era mais subtil no Realismo, ao contrário do que aqui acontece, onde temos a explicação e apresentação do que provocou a mudança do caráter de ambos. Morto Firmo, unem-se como se estivessem cumprindo um destino; a união é um condicionamento da raça e o clima. O sujeito da mudança é Rita, símbolo dessa raça e desse clima. A relação que se vem a verificar entre ambos ainda é aquela que menos foge à normalidade, ao contrário, por exemplo, da de Pombinha e Léonie.
    O que leva também Rita a aproximar-se de Jerónimo é a procura de uma raça superior: "... e Rita preferiu no europeu o macho da raça superior."

Análise do capítulo XIV de O Cortiço

     A relação de Rita e Firmo começa a desmoronar-se e ele apercebe-se disso. O fim tem o auge quando Rita não comparece a um encontro marcado por ambos. Isto acontece precisamente no dia em que Jerónimo deixa o hospital e a sua principal ambição é vingar-se de Firmo, conseguindo ao mesmo tempo afastá-lo de Rita, o que favorece a sua aproximação.

Análise do capítulo XIII de O Cortiço

     Temos a descrição da evolução do cortiço e o aparecimento de um outro, o "Cabeça-de-Gato", estabelecendo-se entre ambos uma grande rivalidade.
    O afastamento de Rita e Firmo acentua-se, pois, enquanto ela mora no cortiço de J. Romão, ele mudara-se para o cortiço inimigo.
    Porém, o capítulo centra-se nas transformações operadas em João Romão, ao nível do vestuário, dos hábitos e costumes. Mas a modificação é apenas física e exterior; interiormente continua na mesma. Miranda começa a aceitar Romão e o fosse entre este e Bertoleza acentua-se cada vez mais.
    Começa a ganhar relevo a figura de Botelho, personagem muito prática, que vai incrementar o casamento de J. Romão com a filha de Miranda, que não é mais que um negócio.
    Romão é convidado para a casa de Miranda. Fica a ideia de que a sociedade é apenas exterior. A família de Miranda e Romão apenas são diferentes em termos exteriores.
    Bertoleza começa a ser sentida como um obstáculo para os objetivos ambiciosos de J. Romão.

Análise do capítulo XII de O Cortiço

     Também em relação a Pombinha se confirma a hipótese da influência do meio sobre as personagens, tal como já acontecera em relação a Jerónimo e a João Romão.
    Algo vai distinguir Pombinha das outras personagens do cortiço: alcança um grande grau de consciência do que a rodeia e dos seus sentimentos. A mudança é visível a nível físico, mas subtil a nível psicológico e tem como causas a relação com Léonie e o ciclo menstrual, que lhe dá uma nova visão das coisas, e ainda a carta de Bruno para a mulher Leocádia. Apercebe-se da relação entre homem e mulher e tem uma visão irónica e cínica. Isto revela uma certa superioridade e acaba por ser vítima da sua própria inteligência. Prova-se a tese proposta: influência da raça, meio e momento na personalidade. O homem não tem capacidade de resistir ao condicionamento causado pelos três fatores apontados.

Análise do capítulo XI de O Cortiço

     Denuncia-se o autor do incêndio: a bruxa. É importante referir o processo de construção da forma e estrutura do romance: por exemplo, acerca do fogo já nos tinham sido dados indícios nos capítulos interiores (cap. X, por exemplo, na conversa entre a bruxa e Marciana). Criam-se expectativas que depois se realizam. Isto dá orientação e organicidade à narrativa.
    Este processo marca uma diferença em relação à literatura anterior: há uma maior preocupação pela forma e pela estrutura: os indícios obrigam a que a narrativa se oriente num certo sentido.
    Na romagem que fazem à polícia, mais uma vez se evidencia o comportamento de grupo, o espírito coletivo, que se levanta em coro para dar uma resposta na delegacia.
    Mas, neste capítulo, há outros aspetos importantes: Rita rendera-se à atitude atenciosa de Jerónimo, o que provoca cada vez mais a aproximação entre ambos.
    Referência ainda à contínua evolução de João Romão e seu progressivo afastamento de Bertoleza.
    Mas por um maior processo de evolução passa Pombinha. Temos o recurso à analepse para explicar o porquê dessa evolução. Mais uma vez, temos o anúncio de expectativas que se vão concretizar.
    Durante o jantar oferecido por Léonie a D. Isabel e Pombinha, verifica-se que D. Isabel aceita tudo o que vem da prostituta, o que a aproxima do resto do cortiço. Pombinha vai passar uma experiência que vai ter nela importantes repercussões: a homossexualidade, que é uma prática pouco aceite na época.
    A descrição de A. A. é nua e crua: dá conta de todas as reações do corpo aos sentidos e fica uma ideia de animalidade e bestialidade. Pombinha aceita, mas fica cheia de pudor e vergonha. Daí a sua necessidade de ficar só.
    O final do capítulo pauta-se por uma certa individualidade em relação a Pombinha, o que só acontece com as personagens principais e contrasta com a ideia de grupo que fica do resto da obra. O que ela sente é ambíguo: sente arrependimento, mas também surpresa face ao prazer que é possível sentir. O sonho aparece mais como uma alegoria do prazer de ser possuída. Há uma sobreposição do plano onírico e do plano físico. Isto vai provocar grandes transformações em Pombinha, que vão continuar no capítulo seguinte.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Críticas à obra de Verney

Crítica à obra de Verney:
        . algumas ideias são desastrosas e exageradas (ex.: a literatura não se pode ver como
           passível de crítica científica);
        . em rigor, nem sempre terá havido da sua parte uma atenta reflexão pedagógica, mas
           sim uma preocupação de divulgar as ideias vigentes;
        . as suas ideias não são sempre originais, limitavam-se a transmitir as ideias que vigo-
           ravam na Europa e/ou em outros casos adapta essas ideias ao ensino em Portugal.
    Não se pode falar em orifinalidade total. É uma síntese de ideias que permitiu a chegada do Iluminismo até nós. Ele entendia que a cultura em Portugal estava voltada de costas para a evolução científica da Europa e, por isso, havia falta de progresso e a sociedade e mentalidade portuguesas eram atrasadas.
    Ele propunha o que de mais avançado se produzia na Europa, sobretudo no campo dos métodos de investigação. Era uma autêntica reforma no campo do ensino. Por exemplo, nos estudos linguísticos, propunha que o Português devia ser o centro dos estudos linguísticos e não o Latim.
    Em vez da retórica, do ornato, sem finalidade persuasiva, entendia que se devia optar pela apresentação de um discurso elaborado segundo a perspetiva da razão. Muitas destas ideias chegaram a Portugal por via dos estrangeirados, entre os quais se destaca a figura de Luís António Verney. As suas ideias foram bem aceites, quer no reinado de D. João V, quer no reinado de D. José. É nesta altura que D. João dá grande importância à cultura, nomeadamente aos livros publicados nos outros países e foi ainda criada a Real Academia Portuguesa da História, que contribuiu para a renovação dos métodos de investigação histórica. Por isto se vê a importância que este rei dedicou à cultura. Segue-se D. José, que escolheu novo governo e teve como seu colaborador direto o Marquês de Pombal, que não foi muito bem aceite pela nobreza tradicional. Em 1759, é promovido a Conde Oeiras e, em 1770, a Marquês de Pombal.
    A grande renovação cultural dá-se neste reinado por ação do Marquês de Pombal,que vai assumir o papel do déspota iluminado. As transformações introduzidas assemelham-se aos efeitos que o terramoto produziu em 1755.
    Foi de tal maneira significativa a ação do Marquês de Pombal que é difícil não haver controvérsias em relação às suas decisões. D. José socorreuse deste homem para modificar o clima cultural do país, nomeadamente a reforma do ensino. Devido ainda à ação do Marquês, terminaram os autos de fé e acabou a perseguição aos cristãos-novos. Mas a sua principal ação foi a expulsão dos jesuítas. Isto é importante sobretudo porque o ensino lhes estava entregue.Confisca os bens da Companhia e tenta influenciar o papa Clemente XIV para que extinga a Companhia. Para isso contribui a sua acusação anti-jesuíta, chamada Dedução Cronológica, na qual pretende justificar que todo o mal que aconteceu ao país foi culpa dos jesuítas e que a única forma de trazer a felicidade ao povo era a sua expuslão. A Companhia foi extinta em 1773 e só foi restaurada em 1814. O Marquês teve assim tempo para fazer as reformas.
    O final do século XVIII foi um período de estabilidade política; até a Igreja começou a ser obediente, temendo represálias. O Marquês chegou  pensar numa remodelação danobreza tradicional

O século XVII em Portugal

Em Portugal:
                    Enquanto estas teorias faziam furor na Europa culta, que vivia uma época áurea no campo das artes, em Portugal, no século XVII, fazia-se uma travessia no deserto no campo das artes por razões políticas.
    Vivia-se uma decadência com duas grandes causas:
        a) por um lado, a repressão da Inquisição,que causa uma estagnação cultural;
        b) por outro lado, vivíamos numa crise política e económica, que veio a culminar com a
            perda da independência.

    Isto explica o desinteresse pelas letras nacionais.
    À estagnação aliava-se a Inquisição e a censura política do governo espanhol, que procurava eliminar tudo o que exaltasse o caráter patriótico. O passado era uma compensação para o presente.
    Os que tinham mais imaginação refugiavam-se no passado, porque não ia tanto contra o domínio espanhol. Procuravam na história temas para a sua escrita. Temos, por exemplo,uma obra de Frei António de Brito e Frei António Brandão, que é uma verdadeira história de Portugal. Este patriotismo é exaltado pelo domínio espanhol como forma de não recusar os valores tradicionais. No domínio filipino, a língua mais falada era o espanhol, se bem que era aceite o bilinguismo. O Português passou a ser visto como uma espécie de tesouro a preservar. Os estudos linguísticos entravam na moda.
    É desta época a famosa Corte na Aldeia (Rodrigues Lobo), datada de 1611. É constituída por dezasseis diálogos em prosa, em que se realça o cultivo do saudosismo da época em que Portugal era independente e assim se procurava escrever o Português com esmero. O autor pretende dar como exemplo uma linguagem castiça, autêntica e atual.
    Os autores estavam sarciados em fronteiras por motivos políticos. Isto ainda com a independência em 1680.
    Nos reinados seguintes, a cultura começa a assumir uma importância crescente, nomeadamente no reinado de D. José com o Marquês de Pombal,que renovou inclusive as universidades.
    Estes factos têm importância, enquanto Portugal começaa fugir à estagnaçãoi em que viveu no passado século XVII,que foi um século de atraso cultural para Portugal. No reinadode D. José, em parte devido às transações comerciais, desenvolveu-se o aspeto cultural.

Estrangeirados:
                        Na Europa, vamos encontrar emigrados portugueses não só exilados,mas também intelectuais que aí procuram um novo processo de aculturação.
    Tempos, pois, portugueses que se fixam em certos países europeus devido a missões diplomáticas ou fugidos à censura inquisitorial.
    São os estrangeirados. No primeiro grupo, temos Francisco Oliveira, Marquês de Pombal, D. Luís da Cunha, etc. No segundo grupo, temos Ribeiro Sancho e Luís António Verney.
    O pensamento dos esrangeirados, iluminados por princípios iluministas aliados ao empirismo ou utilitarismo, veio provocar alterações em Portugal.
    A crise mental portuguesa do século XVII mais não era do que a consequência da falta de cultura e esta era devida ao tipo de ensino feito em Portugal, entregue nas mãos dos jesuítas.

A importância de Luís António Verney:
                                                                O pensamento dos estrangeirados vem na linha do Iluminismo / Utilitarismo.
    Nesta crise cultural de Portugal, temos que ter em conta o tipo de ensino entregue aos jesuítas com uma orientação tradicional de verdades reveladas. Era um ensino especulativo, dognático e teológico.
    Para os estrangeirados, era necessário substituir os mestres, pois os princípios científicos não se adaptavam aos dogmas antigos. Era necessário dar lugar àobservação dos factos e à sua comprovação pela experiência. Estamos perante os ventos vindos da Europa, com Newton, Rousseau, Voltaire, etc.
    Os estrangeirados eram portugueses que viviam no estrangeiro e que modificara, a estrutura mental do país, uma vez que iam recolhendo as novas correntes do pensamento europeu da altura.
    Estrangeirados é uma designação dada pelos que cá viviam e que se chocavam com as ideias que eles traziam. Os estrangeirados intervinham efetivamente na vida cultural portuguesa, escrevendo textos que causaram polémica.
    Um dos estrangeirados mais importantes foi Luís António Verney (1713-1792). Teve uma educação primorosa, entregue aos jesuítas e vai voltar-se contra o ensino que praticavam, precisamente porque o conhecia por dentro. Elenão condena apenas os jesuítas, mas todo o ensino que tinha como base dogmas.
    A sua obra O Verdadeiro Método de Estudar foi publicada em 1746 e é a compilação de dezasseis cartas que ele envia de Roma para Portugal. Na segunda publicação da obra, ele escreveu sob o pseudónimo de Barbadinho. Esta obra é um marco histórico no Portugal de então. Deu lugar a uma grande polémica e, segundo uns, marca o reinado da escolástica em Portugal. Continha as bases de uma reforma profunda em todos os campos do saber,abandonan-se à autoridade dos filósofos antigos.
    A crítica e estudo de Verney estenderam-se a vários domínios:
i) ensino universitário;
ii) ensino da teologia (critica as subtilezas inúteis com que se entretinha a teologia, devendo preocupar-se mais com os textos bíblicos);
iii) ensino do Direito, que se limitava a especulações metafísicas;
iv) ensino da Medicina, que se convertera em erudição e comentários de autores antigos;
v) ausência do ensino da língua materna, porque só se estudava a gramática latina;
vi) outros domínios.
    Por detrás desta obra está subjacente a teoria dos mestres do Iluminismo.
    Para Verney, "filosofar é igual a raciocinar cientificamente". Ele diz que o exemplo dos juízos sobre princípios evidentes é a Matemática. É um projeto de reforma do ensino em Portugal, por detrás da qual está o princípio do materialismo mecanicista.
    Até na literatura Verney pretende defender os princípios científicos. A condição fundamental da poesia é a verdade, pois o que se sabe ser falso não interessa ao leitor. Chega mesmo a afirmar que alguns passos da lírica camoniana carecem de sentido lógico, porque o poeta usa a mitologia, logo não se fundamenta na verdade e não tem sentido lógico.
    A obra de Verney traduz princípios racionalistas que vão talvez longe demais, porque tudo o que se escrevesse deveria estar de acordo com a experiência e contemplar apenas os fenómenos da natureza; devia ter um fim pragmático e para ele ela é apenas um ornamento.
    Esta obra é constituída por 16 cartas dirigidas a um professor de Coimbra e cada uma ocupando-se de uma disciplina do plano de estudos vigente. Critica, fundamentalmente, o estudo que se fazia e propunha reformas. A maior reforma traduzia um novo espírito de orientação global mais do que propriamente uma planificação.
    O conteúdo das suas cartas era o seguinte:
        => carta I: língua portuguesa;
        => cartas II-IV: gramática latina e latinidade: Grego, Hebraico, línguas modernas;
        => cartas V-VII: retórica e poesia;
        => cartas VIII-XV: lógica, metafísica, medicina, direito civil, direito canónico, teologia,
              física e ética;
        => carta XVI: regulamentação geral dos estudos.
    No sentido genuíno da palavra, esta obra não pode ser considerada literária, mas incluir-se dentro da bibliografia pedagógica de cariz didático. Em cada carta há uma crítica aos estudos vigentes e depois apresenta propostas de reformas.

sábado, 30 de novembro de 2024

Breve bosquejo das ideias que moldaram o século XVII

Docente: Dr. Henrique Almeida
Ano: 1989/1990

     A obra literária é o retrato do mundo circundante e, por isso, temos que nos debruçar sobre os condicionalismos económicos e sociais em que uma obra surge. O texto não surge afastado da época emque é produzido. Terá que se fazer uma inserção do texto na sua época. Os nossos pontos de referência cultural provêm da Europa, nomeadamente de França, Inglaterra e Alemanha. Daí procurarmos efetuar um levantamento cultural e social dos aspetos provenientes da Europa.
    O texto permite uma apreciação em dois pólos de estudo: reete para conceções da vida e sociedade de uma época; mas é passível de uma análise do texto inserido no policódigo literário.

    O século XVII aparentemente tinha sido um século inculto, porque não houve grades manifestações com caráter perdurável. Mas em vez de inculto, é mais correto o termo estéril, na medida em que a sua cultura surgiu desgarrada dos problemas reais da vida. Não é um século de grandes inovações.
    Não obstante, escreveu-se, pensou-se e construiu-se muito. No entanto, devido ao afastamento da vida real,  cultura desta época parece ter-se encaminhado para subterfúgios de estilo e racionalismo da história e da arte e de uma ligação marcada à época medieval, uma época de verdades feitas e aceites sem comprovções.Não havia a preocupação de inovação e enraizamento dos valores culturais.
    Mas o século XVII constitui um pólo importante. Para provar que não foi um século inculto, podemos falar em correntes ou combinações de ideias de Galileu, Spinoza, etc. Podemos, assim, falar no espírito racionalista de Descartes, no geometrismo indutivo de Spinoza, no empirismo dos filósofos ingleses como Lockee no experimentalismo de Bacon e no fisicismo de Newton. São correntes que marcam este século.
    O denominador comum a estas correntes é uma confiança total, sem restrições, na razão e no espírito crítico, de modo a combater as verdades tradicionais estabelecidas, as quais surgem aos olhos dos novos pensadores como fruto de superstições e crendices, como não tendo comprovação possível. Essas «verdades» eram recebidas como divinas. Nesta época, inicia-se um período de campanha crítica contra os valores do passado. Pope afirmou: "A natureza e suas leis estavam escondidas nas treveas: «faça-se Newton, disse Deus, e tudo brilhou»."
    Nesta altura, a Europa medieval tinha sofrido um abalo não só com o Renascimento, mas também com toda a sua renovação de ideias.
    Aos poucos criavam-se as bases para se alicerçarem as invações que estavam para chegar com o século XVIII. A linha do empirismo e do heliocentrismo do século XVIII foi sendo criada com os contributos do século XVII, apesar deneste não terem acontecido grandes inovações.
    É, em 1715, que surge o Iluminismo,ainda no tempo de Luís XIV, altura em que era evidente a transformação europeia, que foi designada por Paul Hazard como "a crise da consciência europeia", porque se dá uma rutura de mentalidades.
    A segunda vaga do Iluminismo corresponde ao movimento do Enciclopedismo. Já no século XVII tinha surgido uma obra de antecipação à obra Encyclopédie, escritaentre 1751 e 1755 por Diderot e d'Alembert e composta por 35 volumes. Esta enciclopédia foi vista como referente a um abalo sísmico em grau elevado em relação às verdades tradicionalmente aceites. Agora é verdadeiro aquilo que é verificável, raciona, captado pelos entisos e experimentável. Daqui se depreende que novas apetências começam a surgir no público, atinentes às ciências exatas e naturais. É uma época que traz consigo uma forte movimentação de apologia da razão e do progresso. Segundo este novo critério da razão, as pessoas acreditam no que é comprovável.
    Entramos nos alvores do Século das Luzes, que traz consigo um esforço de renovação cultural, que passa por uma corrente política: o despotismo iluminado,que tem em vista uma eficiência total e se vai subordinar à conceção do progresso humano. Usa-se a noção do Iluminismo que advém da luz, esclarecimento.
    O homem é visto não como uma criatura degradada pelo pecado original, submetido a leis divinas; ele domina a natureza pelas suas leis e conhecimentos exatos. Daí a importância do papel  da máquina,que seconexa a progresso técnico e científico com poderes ilimitados. Só o homem pode dominar o mundo, porque domina a razão. Devem ser abolidos os hábitros tradicionais e das desigualdades humanas. A razão passa a ser detentora do fiel da ciência. A ciência passa a ser divulgada segundo critérios tradicionais. Daí a designação de Século das Luzes. Entende-se que as superstições conduziam a injustiças humanas e estariam na base do sofrimento humano. Agora dominam os princípios da razão.
    Foi a confiança no poder da ciência que se chamou Iluminismo.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Análise do capítulo X de O Cortiço

     Ao longo da obra, já assistimos a modificações operadas em várias personagens:
        - Jerónimo e Rita;
        - Pombinha.
    Agora vai-nos ser apresentada a causa da mudança de João Romão.
    Enquanto Miranda invejava João Romão pela sua capacidade de enriquecer pelo seu próprio trabalho; João Romão invejava Miranda por este ter sido nomeado barão. É a subida de Miranda que provoca em J. Romão a consciência da sua miséria e do desperdício do que ganhara. Toda a riqueza que tem de nada lhe serve, pois nunca fez nada educativamente e em termos sociais para subir de classe.
    Começa agora a manifestar-se a diferença entre J. Romão, que sente a necessidade da mudança, e Bertoleza, que mantém a mesma atitude para com a vida. Esta diferença vai acentuar-se ao longo do romance. Aponta-se a ideia da civilização, tópico típico do Realismo.
    O capítulo termina com uma noite de domingo e com festa no cortiço e em casa de Miranda.
    No cortiço, Firmo apercebe-se do que se passa entre Rita e Jerónimo e a discussão termina em luta, em que Jerónimo é ferido. Chega a polícia, mas é impedida de entrar, funcionando sempre a imagem do grupo, apesar de algumas referências individuais.
    Há toda uma variedade de acontecimentos descritos: o romance assume uma grande variedade de níveis temáticos. Os acontecimentos são sempre marcados pela intensidade, veemência e sentimento; são episódios que mostram vivências individuais, mas sobretudo vivências em grupo. Todos os elementos descritos com intensidade têm uma função e consequências.
    O capítulo termina com a referência a um fogo que começa a alastrar no cortiço.
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