O
capítulo abre com Zezé a explicar que, na sua família, os mais velhos tomavam
conta dos mais novos e relembra com carinho a relação com os irmãos,
especialmente com Lalá, que já não lhe dá tanta atenção desde que começou a
namorar. Deste modo, a relação mais próxima atualmente é a que mantém com o
mais novo, Luís, por quem Zezé demonstra grande carinho e responsabilidade.
Os dois
irmãos vão brincar para o quintal e Zezé, com a sua fértil imaginação,
transforma o espaço num zoológico (que, na verdade, não passa de um
galinheiro), na Europa e até num campo de aviação, imaginando que o morcego
Luciano era um avião. A criança inventa histórias, dá nome a lugares e cria
brinquedos com objetos simples, tudo para entreter o irmão, bem como para se
proteger do mundo que o rodeia, já que é frequentemente punido pelas suas
travessuras.
Enquanto
brincam, Zezé escuta a conversa entre Glória e Lalá sobre si e apercebe-se de
que elas já têm conhecimento de uma das suas últimas travessuras – cortar uma
corda de roupa com um pedaço de vidro. Ele sente-se culpado e, resignadamente,
aceita a punição que certamente se seguirá.
A mãe
decide que todos devem ir visitar a casa nova, para onde se mudarão dois dias
após o Natal, facto que desperta em Zezé a recordação da dura infância da progenitora,
impedida de frequentar a escola e forçada a trabalhar desde os seis anos. Este
passo suscita o tema do Natal, abordado num tom triste e melancólico, em
virtude da pobreza da família. Zezé, não obstante, tem alguma esperança no
nascimento do Menino Deus.
Ao visitarem
a casa pela primeira vez, cada irmão escolhe uma árvore do quintal. Zezé fica
para trás e entristece, porque as melhores já foram escolhidas. Glória tenta
animá-lo e indica-lhe um pé de laranja lima. Inicialmente, o menino rejeita-o,
mas Glória destaca o facto de serem ambos muito jovens e de poderem crescer
juntos, como irmãos. Depois de escolher a sua árvore, Zezé sente-se
insatisfeito e frustrado, desejando ser muito rico no futuro para poder comprar
uma selva inteira. Nesse momento, enquanto está sentado no chão, só e a choramingar,
a árvore fala pela primeira vez com a criança, dizendo-lhe que concorda com
Glória e que ela iria perceber que tinha feito uma boa escolha. Zezé reage com
admiração, mas rapidamente se deixa encantar pela forma como a árvore lhe
explica que a ligação entre os dois é única e especial. A partir desse momento
e até a mudança de casa se concretizar, o menino visita o pé de laranja lima – que
passa a chamar Minguinho – com regularidade. Rapidamente, cria um vínculo
mágico com a árvore, imaginando que falam um com o outro. O pé passa então a representar
um refúgio emocional para Zezé, um amigo secreto que o compreende e escuta. O
capítulo termina com o menino a declarar que, mesmo se pudesse trocá-lo por
outras árvores, não o faria.