segunda-feira, 30 de junho de 2025
domingo, 29 de junho de 2025
Resumo do capítulo I - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima
As primeiras sequências narrativas desta parte centram-se na vivência quotidiana de Zezé, fazendo sobressair em definitivo o seu caráter e a sua tendência para ser reconhecido por todos como o “danado do menino de seu Paulo”, o principal agitador da rua.
A criança toma o pequeno-almoço, enquanto Glória o apressa para não chegar atrasado à escola. Zezé e Totoca saem com as suas sacolas, cheias apenas de livros, cadernos e lápis, sem lanche. Aquele leva também as suas bolas de gude e os ténis nas mãos, que calçará apenas quando chegar à escola. Zezé, depois de o irmão o ter deixado para trás, pensa em «morcegar» o carro de Manuel Valadares, o único que lhe faltava apanhar e o mais bonito, embora constasse que o seu dono aplicava castigos severos a quem se aventurasse a apanhar aquele tipo de boleia clandestina. Na verdade, o menino sente-se fascinado pela estrada Rio – São Paulo e pelo «morcegar», uma atividade perigosa. Até então, já tinha conseguido fazê-lo até com o carro de um sujeito conhecido pela sua severidade, o sr. Ladislau, por isso agora está fixado no seu novo desafio, o automóvel do português, um homem temido, de aspeto carrancudo e com fama de agredir quem ousasse aproximar-se do seu veículo. O menino partilha esta informação com Minguinho e revela-lhe o seu plano de se agarrar ao carro de Valadares quando este parar no bar “Miséria e Fome” para comprar cigarros. Apesar do medo que sente, Zezé quer provar que é corajoso.
No dia em que decide concretizar o seu plano, esconde-se, espera o momento adequado e agarra-se ao carro, todavia fá-lo cedo de mais, antes de o português ligar o motor e é apanhado por Valadares, que o puxa pela orelha, o repreende e lhe dá uma fortíssima palmada, à frente de toda a gente. O menino, apanhado de surpresa, nem consegue reagir, permanecendo calado, tal a humilhação e a raiva que sente naquele momento. Mais do que a dor física, ele sente vergonha por ser castigado diante das pessoas e pela zombaria destas. Nas poucas palavras que dirige a Manuel Valadares, Zezé explica que vai esperar até ficar crescido e, nessa altura, vingar-se-á, matando-o. Quando se afasta, chora e tenta aliviar a dor. O seu maior receio é que os colegas da escola descubram o que aconteceu e façam troça de si.
Nesse mesmo dia, Totoca pede a Zezé que enfrente um outro rapaz, Bié, mais velho, muito maior e mais forte, que queria apanhá-lo no final das aulas para lhe bater. Apesar de Zezé explicar ao irmão que não terá qualquer hipótese de vencer aquela luta, Totoca convence-o e elogia-o. O menino atende o pedido, transferindo a raiva acumulada que sente pelo português para essa luta. Todavia, durante o confronto, apanha bastante pancada, enquanto Totoca e outros colegas incentivam à distância, e fica bastante magoado. Só não apanha ainda mais, porque o dono da confeitaria e admirador da sua irmã, seu Rozemberg, intervém e os separa. Apesar da sova que apanhou, Zezé sente-se aliviado por ter descarregado parte da sua raiva e frustração.
Na sequência deste episódio, a criança desabafa com Minguinho e relativiza aquela luta, que resultou num olho roxo. Sente-se envergonhado e é repreendido pelo pai, que bate a Totoca, o que deixa Zezé magoado, pois apercebe-se de que é sempre considerado o culpado de tudo. A árvore ouve tudo atentamente e sente-se revoltado, apelidando seu Paulo de agressor e cobarde. O menino, por sua vez, sonha com a vingança, idealizando um plano que envolve armas e armadilhas, inspirado em filmes do faroeste. No entanto, a raiva acaba por passar e os dois mudam o assunto da conversa.
De facto, a criança diz-lhe que ganhou um livro como prémio de ser bom aluno (A Rosa Mágica), o qual narra a história de um príncipe e da sua rosa encantada, e expõe ao amigo as suas dúvidas relativamente aos pressupostos muito irrealistas da ação, manifestando algumas reservas acerca da forma como se tentava por vezes impingir às crianças contos de fada que não se coadunavam com a realidade. De facto, ele considera a história infantil e sem graça, visto que prefere aventuras reais e perigosas, como as dos heróis do faroeste (Tom Mix, Buck Jones, Fred Thompson, etc.), e reflete sobre o pormenor de os adultos subestimarem a inteligência das crianças. Esta conversa, todavia, termina após a chegada de Luís para não destruir as fantasias do irmãozinho. Zezé mostra-se protetor e carinhoso para com Luís, afirmando que os sonhos das crianças devem ser preservados.
Subitamente, com a chegada do vento – elemento que simboliza a fantasia e a liberdade –, o menino mergulha numa brincadeira de faz-de-conta: transforma o ambiente e Minguinho num cavalo de ouro, imaginando-se vestido como um xerife, numa planície cheia de índios apaches, bisões, tiros e galopadas a cavalo. Este faz-de-conta configura um momento de imaginação e fuga à dura realidade que vive. No entanto, Zezé é interrompido por Luís, que, com medo dos índios, lhe pede que mude de brincadeira. O irmão tenta acalmá-lo, afirmando que os Apaches são amigos, mas acata o pedido. Este episódio evidencia a sua sensibilidade em lidar com os sentimentos do irmão, bem como a importância que a imaginação e a fantasia assumem enquanto válvula de escape para a dor e os conflitos familiares.
sábado, 28 de junho de 2025
O trio tóxico
O cartune, assinado por Kusto, de seu verdadeiro nome Oleksiy Kustovsky, é uma sátira de cariz geopolítico que expõe as atuais tensões internacionais, envolvendo três nações associadas ao poder repressivo e à ameaça nuclear: Rússia, Irão e Coreia do Norte.
No centro da imagem, deparamos com três figuras humanas que representam três líderes políticos mundiais e que compartilham um míssil transformado em trenó, que desliza sobre um chão gelado. A figura da frente, um homem com um nariz muito comprido, capacete vermelho com listas brancas, um fato cinzento com uma braçadeira vermelha semelhante à suástica nazi (com o centro redondo e branco registando a letra Z, uma clara referência a Vladimir Zelenski, o líder ucraniano que combate o invasor russo há três anos), de olhos arregalados e olhar assustado, é Vladimir Putin, o atual dirigente da Rússia. A do meio é um homem idoso, de barba grisalha e comprida (símbolo do poder teocrático), usando um turbante preto (outro símbolo do poder teocrático) e óculos, olhar penetrante e astuto, olhando na direção do leitor / observador do cartune, e sorriso aberto, sugerindo frieza e maldade, concretamente o aiatola iraniano Ali Khamenei. Por último, a figura de trás é um homem de rosto redondo, sorriso largo e cabelo característico, com uma expressão relaxada e confiante, sugerindo despreocupação e até escárnio. Trata-se de Kim Jong-Un, líder da Coreia do Norte. A união das três personagens, reunidas no mesmo veículo, sugerem a aliança tácita entre os regimes que lideram e representam, norteados por interesses bélicos e postura desafiadora relativamente à ordem mundial.
O veículo em que se deslocam é um trenó em forma de míssil que desliza num solo gelado, relembranco a modalidade olímpica conhecida por Bobsled. Na parte da frente da viatura, encontra-se o tradicional símbolo nuclear, o que significa que o míssil é uma bomba atómica. Na lateral esquerda, estão inscritos os nomes, em inglês, das três capitais dos países que as figuras humanas representam pela ordem que elas ocupam no interrior do trenó / míssil: Moscow, Tehran e Pyongyang. Por baixo destas inscrições, encontram-se as bandeiras das três nações, sendo que de cada uma escorre um pouco de tinta vermelha, representando o sangue derramado pelos três regimes opressivos. Por outro lado, os nomes das capitais estão separados entre si por caveiras, reforçando a colagem aos três homens e respetivos países das ideias de perigo iminente, destruição, toxicidade e morte. Além disso, a escolha do míssil como veículo contrasta ironicamente com o formato de trenó, associado a um desporto (que indicia saúde, vida, entretenimento) ou a uma atividade lúdica. O efeito que se atinge com esta representação é profundamente perturbador e inquietante: os três líderes mundiais, possuidores de ogivas nucleares, são retratados como figuras que «brincam» com armas de destruição massiva, de forma irresponsável e insensível.
Prosseguindo a análise, outro elemento extremamente simbólico é o facto de a base do trenó ser composta por duas foices. Ora, a foice, juntamente com o martelo, é o principal símbolo do comunismo, pelo que a sua presença remete para a ideia de dois dos três países - Rússia e Coreia do Norte - serem os herdeiros do comunismo da antiga União Soviética, enquanto o Irão também se lhe associa, porquanto mantém estreitas relações privilegiadas com a Rússia, como o comprova, por exemplo, o fornecimento de material bélico aos russos durante o conflito com a Ucrânia. Por outro lado, a foice é um instrumento de ceifar e, por extensão, um objeto que pode tirar a vida, reforçando, assim, o tom ameaçador do engenho nuclear: o trenó em forma de míssil não é somente um veículo de destruição, mas uma m´quina de ceifar vidas em massa. Além disso, da parte da frente do trenó sai um fio de fumo negro, que se acumula no ar, formando uma nuvem de tons negros, azuis e amarelo-esverdeados, parecendo possuir ao centro um olho, constituindo, portanto, mais um elemento que representa a ameaça de destruição e morte.
À direita da imagem, é visível uma árvore antropomorfizada, isto é, os ramos maus pequenos e as folhas são o globo terrestre. Abraçada e escondida atrás da árvore, está a Morte, com a sua túnica negra e a sua foice, dois elementos tradicionais da sua representação icónica. Quer a túnica quer a foice apontam para a destruição e a morte e o facto de a figura da Morte estar escondida e agarrada à árvore sugere que constitui uma ameaça para o planeta e que espera pacientemente o desfecho, ou seja, está pronta para atuar assim que o míssil eclodir e ceifar vidas. Como já foi referido, a árvore contém o globo terrestre no seu topo, o que significa que a ameaça representada no cartune possui uma dimensão planetária.
As cores predominantes na imagem têm também uma dimensão significativa. Assim, o verde do trenó / míssil está tradicionalmente associado ao militarismo e ao armamento, representando, neste caso, a base da ameaça. Por sua vez, o vermelho, presente no capacete usado por Putin e nas bandeiras dos três países, é a cor do sangue (que escorre dos três estandartes), da guerra e do comunismo, enquanto o amarelo e o preto presentes no símbolo nuclear, situado na parte da frente do míssil, representam o perigo extremo que ameaça a Terra. Por último, o cinzento, o preo e os tons amarelos e verdes visíveis nas roupas e no fumo contribuem para a construção de um ambiente sombrio e ameaçador. Ou seja, as cores selecionadas contribuem para reforçar a atnosfera de tensão e ameaça que paira em toda a imagem.
Em suma, o cartune configura a crítica à ameaça representada pela colaboração entre regimes autoritários e belicistas, simbolizados pelos seus líderes, tendo como pano de fundo a guerra declarada pela Rússia à Ucrânia, na qual intervêm o Irão através do fornecimento de armas ao regime de Putin e a Coreia do Norte por meio do envio de soldados norte-coreanos para o campo da batalha, para combater a resistência ucraniana, bem como os recentes ataques desferidos por Israel contra o Irão, a pretexto de destruir ou atrasar o programa nuclear iraniano.
Na aula (LIV): Pedro Álvares Cabral é o primeiro rei de Portugal
Contexto: aula de Português, estudo do episódio de Inês de Castro.
Professor: face ao desconhecimento generalizado da História de Portugal por parte dos alunos, pergunta: "Quem foi o primeiro rei de Portugal?"
Alunos: silêncio geral, mas... passados uns segundos...
Â. Patrício: Pedro Álvares Cabral.
sexta-feira, 27 de junho de 2025
A origem da palavra fixe
terça-feira, 24 de junho de 2025
«São» versus «Santo»
domingo, 22 de junho de 2025
Resumo do capítulo V de O Meu Pé de Laranja Lima
Zezé decide faltar às aulas, porque é terça-feira, o dia em que um vendedor ambulante de folhetos que é também músico, chamado Ariovaldo, costuma aparecer no bairro. Para passar o tempo, entra na igreja, onde encontra Zacarias, o sacristão, que troca as velas dos castiçais. A criança finge ter ido à escola e mente sobre a sua idade para conseguir os toquinhos de vela, dizendo que são para encerar a linha do seu papagaio, quando, na verdade, os quer para fazer alguém escorregar. Zacarias concorda e, como recompensa, o menino promete começar o catecismo.
Zezé esfrega a cera no chão da calçada, na esperança de ver alguém escorregar. Após uma longa espera, vê Dona Corinha (amiga da sua mãe) cair e xingar, o que o diverte. No entanto, é descoberto por seu Orlando, que o repreende, mas não denuncia, pedindo-lhe apenas que não volte a repetir a travessura, pois alguém poderá magoar-se a sério.
Zezé encontra finalmente Ariovaldo, que há já algum tempo o vinha encantando com a sua voz poderosa e com as suas versões de canções populares da época, cujas letras vende em folhetos. O pequeno fica especialmente emocionado com a canção “Fanny”, que o toca profundamente, A criança aproxima-se dele e mostra-se interessada em o acompanhar e vender os folhetos, sem qualquer pagamento em troca. Ariovaldo acha graça ao facto de o menino o abordar com tanta convicção e lucidez, por isso aceita que o acompanhe nas suas vendas e atuações, um dia por semana. Ariovaldo percebe que Zezé é esperto, sensível e educado. Leva-o a lanchar num boteco e divide com ele uma sanduíche e limonada.
Zezé consegue convencer a irmã glória a deixá-lo faltar às aulas uma vez por semana, argumentando com o seu bom desempenho escolar e a sua dedicação, mostrando os cadernos impecavelmente mantidos, as boas notas e exaltando o facto de ser o melhor na leitura. Além disso, afirma que as aulas são repetitivas e que aprende muito mais a cantar e a ler os folhetos que Tio Edmundo lhe dá. Assim, todas as terças-feiras a criança encontra-se com Ariovaldo na estação de caminho de ferro. Os dois vendem folhetos de músicas pelas ruas. Zezé entusiasma-se com as canções, especialmente a nova, intitulado “Malandrinha”, que acredita ser um sucesso de vendas. Ao almoço, dividem sanduíches e refrigerantes num boteco. O menino, com os seus trocos, paga a refeição, o que deixa Ariovaldo impressionado com a sua honestidade e solidariedade. O vendedor ambulante decide, então, deixar que Zezé fique com o dinheiro que ganhar, considerando que, a partir daquele momento, passarão a formar uma dupla musical. O menino fica orgulhoso, sente-se valorizado e propõe cantar a parte mais sensível da canção “Fanny”. Esse momento acaba por ser interrompido por D. Maria da Penha, uma beata, que os acusa de indecência por Zezé estar a cantar letras que ela considera imorais e ameaça denunciar ao padre, ao juiz de menores e à polícia. Ariovaldo, indignado, defende-se com firmeza e chega a puxar uma faca para a intimidar, afirmando que odeia pessoas que se metem na vida dos outros. A mulher vai embora enfurecida, mas o episódio revela os preconceitos sociais e morais da época.
De tarde, em conversa com o companheiro, Ariovaldo reconhece a sorte que Zezé lhe trouxe nos negócios. Posteriormente, dialogam sobre Maria da Penha e o homem entrega-lhe um folheto para Glória. A conversa prossegue com humor e cumplicidade, mostrando a amizade sincera e o afeto entre ambos. Quando se despedem, Ariovaldo chama a criança de «anjo», mas este ri, consciente de que não é tão inocente quanto parece.
sexta-feira, 20 de junho de 2025
Resumo do capítulo IV de O Meu Pé de Laranja Lima
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Resumo do capítulo III de O Meu Pé de Laranja Lima
terça-feira, 17 de junho de 2025
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Resumo do capitulo II de O Meu Pé de Laranja Lima
domingo, 15 de junho de 2025
Benfica é tetracampeão de basquetebol masculino!
Regime iraniano sob ataque
O cartune,
da autoria de Christian Adams, aborda o ataque de Israel à República
Islâmica do Irão, representando simbolicamente a destruição dos alicerces
do regime teocrático. Através da imagem de uma estátua sendo atacada por
mísseis, o cartunista critica a rigidez do poder religioso e aponta para a sua
crescente instabilidade, diante de pressões externas e/ou internas. É uma
representação política visual que sugere a fragilidade de um sistema que
aparenta solidez, mas está sob ataque.
Em
primeiro plano, encontramos uma estátua imponente do líder iraniano Ali Khamenei.
A figura está de pé, trajando vestes religiosas tradicionais — túnica longa e
turbante — com expressão severa e uma das mãos levantadas em gesto de
autoridade ou bênção, o que remete para o poder teocrático iraniano. A
escultura é feita em pedra acinzentada, reforçando a ideia de rigidez,
conservadorismo e culto à personalidade. Na base da estátua, lê-se parcialmente
a inscrição "ISLAMIC REPUBLIC" (República Islâmica), que está rachada
e a ser atingida por explosões. Vários mísseis atingem ou dirigem-se para a sua
base, vindos de diferentes direções. As explosões são intensas, com cores
quentes como vermelho, laranja e amarelo, em forte contraste com os tons frios
do restante da imagem. Esses elementos criam uma sensação de tensão, destruição
iminente e conflito direto. O facto de os ataques se concentrarem na base da
estátua é simbólico: indica que os fundamentos do regime estão a ser atingidos
na tentativa de os destruir, mesmo que sua “fachada” ainda permaneça em pé,
embora inclinada.
Num plano mais afastado, deparamos
com a cidade de Teerão, capital do Irão, identificável pela sua paisagem
urbana e pela presença da Milad Tower, um dos marcos mais reconhecíveis
da urbe. Os edifícios são modernos, sugerindo uma sociedade urbana, dinâmica e
conectada ao mundo contemporâneo. As cores utilizadas são predominantemente
frias e claras (tons de azul, cinza e branco), criando um contraste com as
explosões vibrantes do primeiro plano. Esse fundo urbano representa a população
civil, a modernidade e a vida real que existe paralelamente à
estrutura teocrática representada pela estátua. Pode também simbolizar o
contraste entre o desejo de progresso da sociedade iraniana e o conservadorismo
do regime vigente.
Ao fundo, estão representadas as montanhas
nevadas, que representam a cordilheira de Alborz, que cerca Teerão.
Elas estão pintadas em tons de branco e azul claro, transmitindo uma sensação
de solidez, permanência e tranquilidade natural. Esse elemento pode ter um
duplo simbolismo: por um lado, reforça a geografia iraniana, situando o
cenário de forma inequívoca; por outro, pode simbolizar a resistência do
povo iraniano, ou até a ideia de que o país (a terra, o território)
permanece, independentemente das estruturas de poder que nele se ergam ou
desmoronem. A paz das montanhas contrasta diretamente com o caos e destruição
do primeiro plano.
Em
suma, este cartune utiliza metáforas visuais potentes para retratar os ataques
que Israel está a desferir sobre o regime da República Islâmica do Irão, a
pretexto de destruir a ameaça que constitui o seu programa nuclear. A estátua
representa o poder teocrático, rígido e autoritário, enquanto os mísseis e
explosões indicam que esse poder está sendo desafiado e corroído, especialmente
nas suas fundações. A cidade moderna ao fundo aponta para uma sociedade que
deseja avançar, enquanto as montanhas evocam permanência e resiliência. A obra
transmite uma mensagem clara: apesar da aparência imponente do regime, as suas
bases estão sob ataque — e talvez prestes a ruir.