Português: 07/07/25

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Resumo do capítulo VIII - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

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    Zezé recupera e recomeça a sua vida, apesar do vazio enorme que sente. É já quase restabelecido que escuta a novidade do pai: fora nomeado gerente da Fábrica de Santo Aleixo, o que significa que a situação financeira da família irá melhorar. É precisamente isto que o pai promete: pegando nele ao colo e falando-lhe com carinho, garante-lhe uma vida melhor, com presentes no Natal, viagens e uma nova casa com muitas árvores. Além disso, tenta resgatar o vínculo afetivo, relembrando a medalha do índio e prometendo devolvê-la num novo relógio.

    No entanto, Zezé, apesar das palavras otimistas do progenitor e do seu gesto de carinho, de aproximação, afasta-se, confuso e magoado, e reflete que aquele homem não é seu pai – o seu verdadeiro pai, na sua perceção afetiva, tinha partido no dia em que o Portuga morreu, símbolo do afeto e compreensão. Quando seu Paulo tenta consola-lo, dizendo-lhe que, no futuro, poderá escolher novas árvores, acrescentando que não haverá motivo para temer o corte do seu pé de laranja lima, visto que não acontecerá a curto praxo, Zezé desaba. Em lágrimas, assume simbolicamente, sem que o pai compreenda o alcance e o significado das suas palavras, que a sua árvore já fora cortada há mais de uma semana, associando-a, assim, ao desaparecimento do seu amigo Portuga.

Resumo do capítulo VII - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

    É neste capítulo, intitulado “O Mangaratiba”, que tem lugar a última peripécia da obra. Numa aula, já perto do final do ano letivo, enquanto Zezé brilha no quadro e encara, entusiasmado, a proximidade das férias, um colega, Jerónimo, entra atrasado e explica que tal se deveu a um acidente entre o comboio Mangaratiba e o automóvel de Manuel Valadares. O narrador fica perturbadíssimo e sai da sala a correr, guiado pela urgência de confirmar com os próprios olhos o que acontecera ao seu querido Portuga. Ao chegar à confeitaria, procura com o olhar o automóvel, mas não o vê. Volta a correr, até ser intercetado por seu Ladislau, que o impede de prosseguir. Convém recordar que a amizade entre Zezé e Valadares era praticamente um segredo, por isso, com exceção de seu Ladislau da confeitaria, todas as outras pessoas estranham a reação da criança, nomeadamente quando entra de tal forma em choque que adoece gravemente. Entretanto, o homem procura acalmá-lo, afirmando que o português está internado no hospital e que o levará a vê-lo quando for possível. Desorientado e arrasado, o menino recusa voltar para casa ou para a escola e vagueia sozinho pela cidade, chorando, até que chega a um lugar simbólico – a estrada onde o Portuga o deixara chamá-lo assim e o deixara «morcegar». Aí, dirige um lamento profundo ao Menino Jesus, questionando por que razão está a ser castigado. De facto, ele sente-se injustiçado, visto que tem tentado ser um bom menino, mudou o comportamento, estudou, deixou de dizer palavrões e, ainda assim, continua a sofrer. Recorda então outra perda que se avizinha: o corto do pé de laranja lima. Imerso na sua dor, exige ao Menino Jesus que lhe devolva o Portuga. É nesse momento que ouve uma voz doce e suave, talvez saída da própria árvore onde se sentara, que lhe diz que o seu amigo foi para o céu.

    É encontrado por Totoca sentado nos degraus da casa de Dona Helena Villas-Boas, completamente esgotado, febril, sem forças nem para chorar. Totoca tenta confortá-lo e levá-lo para casa, mas Zezé recusa, afirmando que já não tem mais nada em sua casa, pois tudo na sua existência perdeu sentido. O irmão, preocupado, leva-o ao colo até casa e deita-o na cama, percebendo a gravidade do seu estado. Inicialmente, Jandira desvaloriza a situação, pensando que o menino está a fingir, porém, durante três dias e três noites, mergulha num estado de febre alta. Glória, a irmã que mais o acarinha e o protege, muda-se para o seu quarto, mantém a luz acesa e permanece sempre ao seu lado. Toda a família, normalmente ríspida, passa a tratá-lo com doçura. O Dr. Faulhaber é chamado e conclui que Zezé sofre de um choque traumático intenso. A família e os vizinhos associam erradamente o estado de Zezé ao comentário feito por Totoca sobre o eventual abate do pé de laranja lima. A própria vizinhança, antes crítica, mobiliza-se para o apoiar: trazem-lhe doces, ovos, orações e palavras de afeto. A criança sente-se tocada, mas continua entregue à dor, até que recebe a visita de Ariovaldo, o vendedor de folhetos, que lhe implora que não morra. Esta visita comove o menino e marca o início da sua lenta recuperação.

    Zezé começa a conseguir reter alimentos, mas continua a ser assolado por imagens do Mangaratiba esmagando o Portuga, e pede a Deus que ele não tenha sofrido. Glória continua a tratar dele com todo o carinho e chega a oferecer a sua mangueira do quintal, mas o irmão responde que nem a planta dela nem o pé de laranja lima serão mais importantes. Totoca sente-se culpado por ter contado a notícia que, supostamente, desencadeou a crise e chega a emagrecer com o remorso. A vida da família volta, gradualmente, à normalidade, mas Glória não abandona a cabeceira da sua cama, pois o narrador continua a ostentar um estado de debilidade, oscilando entre momentos de melhora e outros de recaída e sempre mergulhado numa sonolência.

    Num dos momentos de febre alta, Zezé tem um sonho que marca o fim da doença. Nesse sonho, o seu pé de laranja lima aparece pela última vez no texto, iluminado: entra no quarto com um presente – Luciano, o pássaro, todo enfeitado com penas prateadas – e leva-o a cavalo pelas ruas, até chegar aos locais que partilhara com o Portuga e, em particular, até encarar o sinistro som do Mangaratiba e enfrentar definitivamente  a morte do seu amigo. De facto, Minguinho transforma-se num cavalo voador e Luciano acompanha-os alegremente ao ombro do narrador. O percurso traz uma breve sensação de alegria e a tristeza afasta-se por instantes. No entanto, um som familiar e assustador irrompe à distância: é o apito de um comboio. Zezé reconhece imediatamente o ruído do Mangaratiba e o pânico apodera-se dele, convencido de que o comboio quer agora matar o seu outro amigo, Minguinho. Grita desesperadamente e tenta impedir que a árvore seja esmagada também. O trem passa com um enorme barulho, fumo e violência e a criança grita várias vezes «Assassino!», revivendo o trauma da morte do Portuga. A certa altura, o próprio Mangaratiba parece falar, repetindo entre risos e gargalhadas o seguinte: “Eu não sou culpado... Eu não fui culpado...”.É neste momento que Zezé acorda, como se despertasse também para a realidade, em sobressalto, gritando, a vomitar. A mãe abraça-o, tentando confortá-lo, dizendo que foi apenas um pesadelo. Glória, em lágrimas e esgotada, relata que acordou com os gritos do irmão a chamar «assassino» a alguém e a falar de morte e destruição.

    Poucos dias depois, a doença chega ao fim. Numa manhã, Glória entra no quarto com uma flor na mão – é a primeira flor de Minguinho, símbolo de que a árvore está a crescer, mas também marca o fim da inocência de Zezé, que compreende que a flor representa uma despedida simbólica – o pé de laranja lima deixa de pertencer ao mundo da imaginação e passa a fazer parte do mundo real e doloroso. Depois, Glória propõe-lhe tomar um pequeno-almoço leve (um mingau) e dar uma volta pela casa, o que simboliza o regresso à normalidade. Luís convida o narrador a brincar: quer visitar o jardim zoológico, a Europa, a selva amazónica, e brincar com Minguinho. Zezé não quer desiludir o irmão e aceita. Glória observa, emocionada, a cena, aliviada por o ver regressar ao mundo da fantasia. Quando Luís pergunta pela pantera negra, símbolo de uma das fantasias partilhadas entre ambos, o narrador hesita, mas acaba por manter viva a ilusão do irmão e responde que o animal foi passar férias na Amazónia. Por dentro, todavia, tem consciência da realidade, isto é, que nunca houve pantera nenhuma, apenas uma galinha velha que acabou num caldo. A selva do Amazonas, por outro lado, não passava de algumas laranjeiras do quintal.

    Por fim, Zezé, cansado, decide terminar a brincadeira, prometendo retomá-la no dia seguinte. Luís, por causa da sua tenra idade, não compreende que aquela flor branca que Glória trouxe representa o adeus definitivo a Minguinho – e, com ele, à infância, à fantasia e à inocência do narrador.

Resumo do capítulo VI - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

    O início deste capítulo é marcado pela continuação do diálogo entre Zezé e o Portuga. Este explica ao menino que, na sua infância, não teve árvores que falassem consigo, e fala-lhe com carinho das vindimas e das tradições rurais de Portugal, evidenciando, assim, toda a ligação afetiva que mantém com o torrão natal, nomeadamente a Trás-os-Montes. A partir deste momento, a narrativa é marcada pela perda e pela tristeza. O primeiro coincide com a confissão do desejo, por parte de Manuel Valadares, de um dia regressar a Portugal (mais concretamente a Folhadela) para viver a sua velhice. Esta revelação entristece profundamente Zezé, que só então percebe que o amigo é mais velho que o próprio pai. Além disso, a criança é invadida por uma sensação de vazio, decorrente da consciência de que o construiu com o amigo poderia desaparecer. Em resposta, o Portuga assegura-lhe, com ternura, que o menino estará sempre nos seus sonhos, porém também o alerta, com tristeza e realismo, que não se deve apegar demasiado às pessoas, porque tudo é passageiro.

    A sequência seguinte é caracterizada por um diálogo entre Zezé e o pé de laranja lima. A criança revela-lhe que o pai, agora, o trata der forma mais carinhosa e próxima e acrescenta que gostaria de ter 24 filhos – os primeiros 12 seriam sempre crianças e nunca seriam castigados, enquanto os restantes cresceriam escolhendo livremente o que queriam fazer. O narrador imagina-se a oferecer-lhes objetos simbólicos das profissões que escolherem: machados, fardas, selas, bonés. Minguinho interrompe-, questionando sobre como seria o Natal. A criança fantasia que será muito rico, ganhará a lotaria e comprará toneladas de castanhas, brinquedos, nozes e doces para os filhos e também para os vizinhos pobres.

    Outro momento representativo da perda e da tristeza é suscitado por Totoca, que pede 400 réis ao irmão. Este, porém, recusa o empréstimo, mesmo tendo o dinheiro e só aquiesce quando Totoca elogia o pé de laranja lima, comparando-o com o seu próprio pé de tamarindo. Em troca, o irmão dá duas notícias: o pai conseguiu trabalho como gerente na fábrica de Santo Aleixo, o que permitirá à família sair da miséria; por outro lado, anuncia a possibilidade de Minguinho ser cortado, visto que a prefeitura projetava obras de alargamento da estrada, o que implicaria destruir alguns quintais. Esta segunda notícia atinge profundamente Zezé, que chora, entrega a Totoca uma moeda de quinhentos réis para que este vá ao cinema ver um filme do Tarzan, usando o troco para comprar rebuçados, e suplica-lhe que o ajude a impedir o abate do pé de laranja lima, chegando até a falar de guerra.

    Zezé regressa para junto de Minguinho, ainda bastante emocionado. Recorda que já viu o filme do Tarzan e decide contar a Manuel Valadares. Este pergunta-lhe se queria ir ao cinema, mas o menino responde que não pode entrar no Cinema Bangu durante um ano como castigo por uma travessura passada e que tal só poderá suceder se for acompanhado por um adulto. Quando chegam à bilheteira, a moça que atende o público diz-lhes que tem ordens para não deixar entrar o narrador. O Portuga assume a responsabilidade pelo menino, argumenta que agora está mais maduro. A jovem, hesitante, acaba por ceder, especialmente pelo gesto de carinho da criança, que lhe sopra um beijo e lhe sorri com ternura, mas adverte-o de que, se ele se comportar mal de novo, ela perderá o emprego.

Resumo do capítulo V - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

    Zezé precisa de cerca de uma semana para começar a recuperar fisicamente. Psicologicamente, fica devastado e interioriza a ideia de que não tem qualquer valor e de que talvez nem devesse ter nascido, pois todos à sua volta o castigam e insultam. Perde a vontade de brincar e sente-se vazio, passando o tempo a observar, em silêncio, Luís a brincar. Decide então mudar os seus interesses: deixa de se interessar por filmes de cowboys e passa a ver apenas películas de amor, os quais lhe mostram pessoas que se amam e são felizes. Trata-se, no fundo, de uma forma de compensar a falta de afeto que sente.

    Mal sente forças para sair de novo, procura o seu amigo português. Encontra-o numa confeitaria. Zezé mostra-se triste e, ao aperceber-se dessa tristeza, Manuel Valadares convida-o para dar uma volta de carro. No trajeto, o narrador desabafa toda a dor acumulada dentro de si, dando nota da violência sofrida em casa, da pobreza da família, e chega a confessar que tinha decidido atirar-se para baixo do Mangaratiba nessa noite, para terminar com todo o seu sofrimento. O Portuga, profundamente comovido com o que acabar de ouvir, consola-o, dizendo-lhe que é uma criança inteligente, sensível e querido. Além disso, promete-lhe um passeio a dois até ao Guandu, no sábado, para pescar. Preocupado com a desculpa que terá de inventar para justificar a sua ausência e com as possíveis consequências se for descoberta a mentira, Valadares questiona-o sobre o assunto, mas Zezé tranquiliza-o, dizendo-lhe que toda a família prometeu a Glória não lhe bater até ao final daquele mês.

    No dia combinado e durante o caminho, a criança reflete sobre o seu próprio comportamento: apesar de se mostrar carinhoso e bem-comportado quando está na companhia do amigo português, por exemplo, reconhece que é travesso e que gosta de pregar partidas e fazer travessuras. Para ilustrar o que acaba de dizer, conta uma das suas traquinices mais ousadas: um dia, ao ver Tio Edmundo a dormir numa rede nova que acabara de comprar, aproveitou um momento de distração do homem e, com fósforos e pedaços de jornal, fez uma pequena fogueira debaixo da rede, causando um enorme susto no indivíduo, que acordou sobressaltado, pensando que o responsável pelas chamas tinha sido ele mesmo e o seu cigarro.

    Chegados ao destino, escolhem um espaço aberto, com uma árvore enorme e imponente, para assentar arraiais. Manuel Valadares diz que a planta se chama Rainha Carlota e que deve ser tratada com respeito e reverência, como se fosse uma majestade, no que parece ser uma alusão à rainha D. Carlota Joaquina. Juntos, deixam os seus objetos à sombra da árvore, preparam os apetrechos de pesca, e o Portuga explica ao narrador onde poderá brincar sem perigo, enquanto ele se dedica à pescaria. A criança delicia-se com o ambiente que o rodeia, mergulha os pés na água, observa os sapos, as folhas e os seixos arrastados pela corrente e, enquanto o faz, recorda os versos ditos por Glória, compreendendo que a poesia se manifesta nas pequenas coisas.

    Quando chega a hora do almoço, Valadares pede-lhe que se lave antes de comer, porém Zezé mostra-se renitente, porque não quer que o novo amigo veja as marcas e cicatrizes deixadas pelas sovas que tem levado. O homem percebe a hesitação da criança, por isso não o força e apenas lhe diz, com a voz embargada, que, se a higiene lhe causa dor, não precisa de entrar na água, porém o menino retorque que as feridas já não lhe doem.

    Terminada a refeição simples (pão, salame, ovos, mariolas e bananas), aproveitam a sombra da grande árvore. Manuel Valadares deita-se para dormir a sesta, com o narrador preso nos seus braços, visto que receia que, endiabrado como é, se envolva nalguma confusão. Nesse momento, Zezé pergunta-lhe se é verdade que gosta muito dele, como afirmara na confeitaria a seu Ladislau. Perante a resposta afirmativa, levanta a possibilidade de ser adotado, ou mesmo comprado, pelo português. Na sua opinião, a família aceitaria bem a ideia, visto que seria uma boca a menos para alimentar, tal como já tinha sucedido com uma irmã, que fora «dada» para viver com uma prima no Norte. Manuel Valadares fica profundamente emocionado, com lágrimas a escorrer dos olhos, e explica-lhe que isso não será possível, que a vida não se resolve dessa forma e que ele não poderá tirá-lo à família, mas, em contrapartida, promete-lhe que, a partir daquele momento, passará a tratá-lo como se fosse, realmente, seu filho. Ao contínuo, Zezé beija-lhe o rosto, selando, desta forma, um vínculo profundo entre ambos.

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