Português: 06/07/25

domingo, 6 de julho de 2025

Análise de O Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos

 I. Vida de José Mauro de Vasconcelos


II. Obras


III. Obra


IV. Época


V. Ação

        1. Resumo

        2. Estrutura

        3. Resumo dos capítulos

                3.1. Primeira parte

                        3.1.1. Primeiro capítulo

                        3.1.2. Segundo capítulo

                        3.1.3. Terceiro capítulo

                        3.1.4. Quarto capítulo

                        3.1.5. Quinto capítulo

                3.2. Segunda parte

                        3.2.1. Primeiro capítulo

                        3.2.2. Segundo capítulo

                        3.2.3. Terceiro capítulo

                        3.2.4. Quarto capítulo


Resumo do capítulo IV - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

    Zezé aprende com Totoca a fazer balões de papel, mas o irmão cobra-lhe a ajuda prestada nas etapas mais difíceis, nomeadamente querendo que o narrador lhe dê bolas de gude ou figurinhas. Determinado a fazer o seu balão sem depender de Totoca, a criança vai pelas ruas tentando vender as suas bolas e figurinhas para angariar dinheiro e comprar papel de seda. Porém, apesar de todo o esforço que emprega, ninguém lhe compra nada. Já desanimado, encontra Biriquinho, que, após uma breve negociação, adquire alguns dos itens à venda. Deste modo, a criança consegue parte do dinheiro (duzentos réis) de que necessitava para concretizar o seu objetivo. De imediato, vai â venda do Miséria e Fome e compra papel de seda cor-de-rosa e cor de abóbora, mesmo não sendo as que queria. Animado, volta para casa e começa a construir o seu balão, na companhia do irmão Luís. No entanto, demora-se a descer para o jantar e a sua irmã Jandira descontrola-se, não só pelo atraso, mas pela reação de Zezé, que a insulta, chamando-lhe puta. Com efeito, a rapariga chamara-o diversas vezes, mas, focado em terminar o balão, ele demorara-se e não atendera ao seu chamado. A irmã perdera a paciência, puxara-o pelas orelhas, arrastara-o e destruíra o balão, rasgando-o em pedaços. Desesperado e dominado pela raiva e pela dor, o narrador insulta-a repetidamente, o que, por sua vez, desencadeia uma reação violenta da parte dela: espanca-o sem piedade com uma correia. Entretanto, chega Totoca e, em vez de defender o irmão mais novo, bate-lhe também no rosto, especialmente na boca, para o tentar calar. A situação só termina com a chegada de Glória, que separa os irmãos e leva o menino para o quarto, onde trata os ferimentos e o tenta acalmar. Ao mesmo tempo, revolta-se contra Totoca, humilhando-o ao revelar que ainda faz xixi na cama. Por seu turno, Zezé, profundamente magoado, lamenta não apenas as dores do corpo, mas sobretudo a perda do seu balão, que queria construir para impressionar os seus dois amigos, o Portuga e Minguinho. Glória tenta consola-lo e promete ajudá-lo no dia seguinte a comprar novo papel de seda para fazer um balão ainda mais bonito, no entanto o irmão acredita que o encanto do que estava a construir e fora destruído nunca mais seria recuperado. A irmã promete-lhe, então, que um dia fugirão para um lugar melhor, onde possam viver felizes, livres e sem violência.

    Novo episódio de violenta agressão sucede dois dias depois, quando o pai, que continuava desempregado e deprimido, não compreende a intenção do filho quando este começa a cantar uma música de Ariovaldo para o animar. De facto, o que sucedeu foi o seguinte: após a violenta sova que levou de Jandira e de Totoca, Zezé passa dois dias sem sair de casa, tendo sido inclusive impedido de ir à escola, para que ninguém visse os seus ferimentos e se apercebesse da brutalidade de que tinha sido vítima. Ocupa esse tempo na companhia de Luís e de Minguinho, encontrando refúgio e proteção na sua imaginação, nas figurinhas que Manuel Valadares lhe dera e nas brincadeiras com o irmão. Não obstante, sente saudades do português, de quem não se conseguiu despedir e que certamente estranhará a sua ausência.

    Certa noite, com a casa quase vazia, o menino apercebe-se de que o pai está pensativo e triste, sentado numa cadeira de baloiço, olhando fixamente para a parede. Ao observar aquele quadro, o menino sente pena de seu Paulo, compreendendo o quão é difícil a sua vida, desempregado, dependendo da esposa, que chega tarde a casa por causa do seu trabalho no Moinho Inglês. Numa tentativa de o animar, começa a entoar um tango que aprendeu com Ariovaldo, porém, a música, de conteúdo impróprio para uma criança, irrita profundamente o pai, que entende que a letra é uma provocação e o obriga a repetir a canção. A cada repetição castiga-o com sucessivas bofetadas e Zezé, dominado pela dor e pela revolta, deixa de cantar e enfrenta o progenitor, chamando-o «assassino». Louco de raiva, o pai tira o cinto e espanca brutalmente o filho e só para após a chegada de Glória, que segura o braço paterno, pedindo-lhe que pare e oferecendo-se para ser sovada no lugar do irmão. Nesse instante, o pai toma consciência da sua atitude, atira o cinto para cima da mesa e, cheio de remorsos, chora.

    Glória levanta a criança do chão , mas esta desmaia devido à dor e ao cansaço. Quando acorda, está a arder de febre, rodeado pela mãe, por Glória e Dindinha. As dores são tão intensas que mal se consegue mexer ou engolir a sopa que a irmã lhe preparou. O ambiente é de grande preocupação, porém a família decide não chamar o médico, para não expor a situação publicamente. A mão vela-o toda a noite, até sair para o trabalho. Antes, o narrador confessa-lhe que não deveria ter nascido, que lhe deveria ter acontecido algo semelhante ao que sucedeu ao seu balão – algo que não chegou a concretizar-se, que não veio ao mundo. A mãe, emocionada, não sabe o que lhe responder, acaricia-lhe a cabeça e apenas murmura que todas as pessoas nascem por algum motivo.

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