Zezé
aprende com Totoca a fazer balões de papel, mas o irmão cobra-lhe a ajuda
prestada nas etapas mais difíceis, nomeadamente querendo que o narrador lhe dê
bolas de gude ou figurinhas. Determinado a fazer o seu balão sem depender de
Totoca, a criança vai pelas ruas tentando vender as suas bolas e figurinhas
para angariar dinheiro e comprar papel de seda. Porém, apesar de todo o esforço
que emprega, ninguém lhe compra nada. Já desanimado, encontra Biriquinho, que,
após uma breve negociação, adquire alguns dos itens à venda. Deste modo, a
criança consegue parte do dinheiro (duzentos réis) de que necessitava para
concretizar o seu objetivo. De imediato, vai â venda do Miséria e Fome e compra
papel de seda cor-de-rosa e cor de abóbora, mesmo não sendo as que queria.
Animado, volta para casa e começa a construir o seu balão, na companhia do
irmão Luís. No entanto, demora-se a descer para o jantar e a sua irmã Jandira
descontrola-se, não só pelo atraso, mas pela reação de Zezé, que a insulta,
chamando-lhe puta. Com efeito, a rapariga chamara-o diversas vezes, mas, focado
em terminar o balão, ele demorara-se e não atendera ao seu chamado. A irmã
perdera a paciência, puxara-o pelas orelhas, arrastara-o e destruíra o balão,
rasgando-o em pedaços. Desesperado e dominado pela raiva e pela dor, o narrador
insulta-a repetidamente, o que, por sua vez, desencadeia uma reação violenta da
parte dela: espanca-o sem piedade com uma correia. Entretanto, chega Totoca e,
em vez de defender o irmão mais novo, bate-lhe também no rosto, especialmente
na boca, para o tentar calar. A situação só termina com a chegada de Glória,
que separa os irmãos e leva o menino para o quarto, onde trata os ferimentos e
o tenta acalmar. Ao mesmo tempo, revolta-se contra Totoca, humilhando-o ao
revelar que ainda faz xixi na cama. Por seu turno, Zezé, profundamente magoado,
lamenta não apenas as dores do corpo, mas sobretudo a perda do seu balão, que
queria construir para impressionar os seus dois amigos, o Portuga e Minguinho.
Glória tenta consola-lo e promete ajudá-lo no dia seguinte a comprar novo papel
de seda para fazer um balão ainda mais bonito, no entanto o irmão acredita que
o encanto do que estava a construir e fora destruído nunca mais seria
recuperado. A irmã promete-lhe, então, que um dia fugirão para um lugar melhor,
onde possam viver felizes, livres e sem violência.
Novo
episódio de violenta agressão sucede dois dias depois, quando o pai, que
continuava desempregado e deprimido, não compreende a intenção do filho quando
este começa a cantar uma música de Ariovaldo para o animar. De facto, o que
sucedeu foi o seguinte: após a violenta sova que levou de Jandira e de Totoca,
Zezé passa dois dias sem sair de casa, tendo sido inclusive impedido de ir à
escola, para que ninguém visse os seus ferimentos e se apercebesse da
brutalidade de que tinha sido vítima. Ocupa esse tempo na companhia de Luís e
de Minguinho, encontrando refúgio e proteção na sua imaginação, nas figurinhas
que Manuel Valadares lhe dera e nas brincadeiras com o irmão. Não obstante,
sente saudades do português, de quem não se conseguiu despedir e que certamente
estranhará a sua ausência.
Certa
noite, com a casa quase vazia, o menino apercebe-se de que o pai está pensativo
e triste, sentado numa cadeira de baloiço, olhando fixamente para a parede. Ao
observar aquele quadro, o menino sente pena de seu Paulo, compreendendo o quão
é difícil a sua vida, desempregado, dependendo da esposa, que chega tarde a
casa por causa do seu trabalho no Moinho Inglês. Numa tentativa de o animar,
começa a entoar um tango que aprendeu com Ariovaldo, porém, a música, de
conteúdo impróprio para uma criança, irrita profundamente o pai, que entende
que a letra é uma provocação e o obriga a repetir a canção. A cada repetição
castiga-o com sucessivas bofetadas e Zezé, dominado pela dor e pela revolta,
deixa de cantar e enfrenta o progenitor, chamando-o «assassino». Louco de
raiva, o pai tira o cinto e espanca brutalmente o filho e só para após a
chegada de Glória, que segura o braço paterno, pedindo-lhe que pare e oferecendo-se
para ser sovada no lugar do irmão. Nesse instante, o pai toma consciência da
sua atitude, atira o cinto para cima da mesa e, cheio de remorsos, chora.
Glória
levanta a criança do chão , mas esta desmaia devido à dor e ao cansaço. Quando
acorda, está a arder de febre, rodeado pela mãe, por Glória e Dindinha. As
dores são tão intensas que mal se consegue mexer ou engolir a sopa que a irmã
lhe preparou. O ambiente é de grande preocupação, porém a família decide não
chamar o médico, para não expor a situação publicamente. A mão vela-o toda a
noite, até sair para o trabalho. Antes, o narrador confessa-lhe que não deveria
ter nascido, que lhe deveria ter acontecido algo semelhante ao que sucedeu ao
seu balão – algo que não chegou a concretizar-se, que não veio ao mundo. A mãe,
emocionada, não sabe o que lhe responder, acaricia-lhe a cabeça e apenas
murmura que todas as pessoas nascem por algum motivo.