Os
conspiradores manipulam as provas e evidências dos seus crimes e mentem sistematicamente,
corroendo, assim, a confiança no sistema e obstaculizando a distinção entre o
que é verdade e o que não passa de mera ficção. É esta situação que os Osage
têm de enfrentar nos anos 20 do século passado, o que os leva a desconfiar de
tudo e de todos, nomeadamente do governo norte-americano, bem como a sentir-se
inseguros relativamente aos seus relacionamentos anteriores. Exemplificativa
deste quadro é a crença que Mollie deposita em Hale, isto é, de que este é
amigo da família e do seu povo, crença essa que advém do facto de ele ter
prometido ajudar a encontrar o assassino de Anna. Pura ilusão e falsidade, como
sabemos. Hale confronta-se também a questão da confiança e com a distinção entre
factos e boatos para conseguir resolver os crimes que vitimam os nativos.
Note-se,
por outro lado, que a conspiração criminosa se torna mais devastadora, porque
faz uso da confiança como ferramenta de controlo. Mollie demora a perceber o
envolvimento de Ernest nos assassinatos, antes de mais porque o ama e também
porque confia nas suas palavras e ações. Mesmo quando as evidências são claras
ao apontar para a cumplicidade e a culpabilidade do esposo, Mollie tenta sempre
justificar ou desculpar os seus atos. Tal como White necessita de separar os
factos da ficção, a figura feminina de que se fala precisa de interiorizar o
modo como a confiança que depositou no marido, entre outros, foi usada contra
si. Além disso, a terceira parte da obra demonstra como tudo isto tem
implicações duradouras na tribo Osage. De facto, os netos e os bisnetos das
pessoas assassinadas ainda se sentem inseguros relativamente ao modo como se
devem movimentar num mundo que lhes é hostil.
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