Português: A corrupção da confiança em Assassinos da Lua das Flores

sábado, 15 de junho de 2024

A corrupção da confiança em Assassinos da Lua das Flores

Os conspiradores manipulam as provas e evidências dos seus crimes e mentem sistematicamente, corroendo, assim, a confiança no sistema e obstaculizando a distinção entre o que é verdade e o que não passa de mera ficção. É esta situação que os Osage têm de enfrentar nos anos 20 do século passado, o que os leva a desconfiar de tudo e de todos, nomeadamente do governo norte-americano, bem como a sentir-se inseguros relativamente aos seus relacionamentos anteriores. Exemplificativa deste quadro é a crença que Mollie deposita em Hale, isto é, de que este é amigo da família e do seu povo, crença essa que advém do facto de ele ter prometido ajudar a encontrar o assassino de Anna. Pura ilusão e falsidade, como sabemos. Hale confronta-se também a questão da confiança e com a distinção entre factos e boatos para conseguir resolver os crimes que vitimam os nativos.
    Note-se, por outro lado, que a conspiração criminosa se torna mais devastadora, porque faz uso da confiança como ferramenta de controlo. Mollie demora a perceber o envolvimento de Ernest nos assassinatos, antes de mais porque o ama e também porque confia nas suas palavras e ações. Mesmo quando as evidências são claras ao apontar para a cumplicidade e a culpabilidade do esposo, Mollie tenta sempre justificar ou desculpar os seus atos. Tal como White necessita de separar os factos da ficção, a figura feminina de que se fala precisa de interiorizar o modo como a confiança que depositou no marido, entre outros, foi usada contra si. Além disso, a terceira parte da obra demonstra como tudo isto tem implicações duradouras na tribo Osage. De facto, os netos e os bisnetos das pessoas assassinadas ainda se sentem inseguros relativamente ao modo como se devem movimentar num mundo que lhes é hostil.

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