Na manhã
seguinte, Cláudio, o novo rei da Dinamarca, faz um discurso aos seus cortesãos,
explicando o seu recente casamento com Gertrudes, viúva do seu irmão e mãe do
príncipe Hamlet. Assim, afirma o seu luto pelo irmão, as esclarece que é
necessário refletir e prevenir o futuro e acrescenta que foi por isso que
desposou Gertrudes, sua ex-cunhada e se tornou rei, e que está a celebrar o seu
matrimónio, estabelecendo um equilíbrio entre o luto e o ambiente de festa. De
seguida, alude a Fortinbras, informando que este lhe escreveu, exigindo a
devolução das terras que o rei Hamlet conquistara ao seu pai, e envia uma
mensagem de resposta, através de Cornélio e Voltimand, dois cortesãos
noruegueses, dirigida ao rei da Noruega, tio de Fortinbras, um homem idoso e doente
que desconhece por completo os planos do sobrinho, pedindo-lhe que trave as
intenções deste último.
Concluído o
discurso, Cláudio volta a sua atenção para Laertes, que deseja regressar a
França, onde vivia antes de ter regressado à Dinamarca, para a coroação do novo
rei. Polónio dá o seu assentimento ao desejo do filho e Cláudio faz o mesmo.
Dirige-se, antão, a Hamlet, questionando o seu luto persistente e a sua dor.
Gertrudes exorta-o a pôr de parte as vestes negras que persiste em usar, mas o
filho responde de forma sarcástica. Cláudio intervém, afirmando que a morte é
um facto inevitável e «comum», pelo que todos os pais eventualmente morrem.
Assim sendo, quando um filho perde o seu pai, deve chorar a sua perda, mas
prolongar o estado de sofrimento e dor por muito tempo é inapropriado sinal de
fraqueza de caráter. Além disso, exorta-o a pensar nele como um pai,
recordando-lhe que é o próximo na linha de sucessão após a sua morte, e
incentiva-o a permanecer na Dinamarca, em vez de regressar a Wittenberg, onde
estudava antes da morte do pai, como o jovem príncipe tinha pedido. Gertrudes
ecoa as palavras do marido, exprimindo o desejo que o filho permaneça perto de
si. Hamlet acaba por concordar. Cláudio fica encantado e convida a esposa a
celebrar com ele, através de uma festa e tiros de canhão, um antigo costume
dinamarquês chamado “despertar do rei”. Todos saem de cena, excerto Hamlet.
Sozinho,
Hamlet inicia um monólogo e expressa o seu descontentamento com o rumo da sua
vida após a morte do pai, dois meses antes, bem como a sua indignação com o
casamento célere e precipitado da mãe com o seu tio, que ele considera
incestuoso. E recorda o modo como os pais pareciam apaixonados um pelo outro. A
sua dor é tanta que chega a aflorar o desejo de morrer, de desaparecer e deixar
de existir.
Entretanto,
Horácio, Marcelo e Bernardo entram no aposento e cumprimentam Hamlet. O segundo
era amigo íntimo do príncipe na universidade de Wittenberg e Hamlet, feliz por o
reencontra, questiona-o sobre a razão de ter saído da escola e se encontrar em
Elsionre. O amigo responde-lhe que veio ao funeral do rei Hamlet, ao que o príncipe
responde, sarcasticamente, que veio assistir ao casamento da sua mãe. Horácio concorda
que se tratou de um matrimónio rápido e revela-lhe que, juntamente com Marcelo
e Bernardo, viram o fantasma do seu pai. Chocado e atordoado, o príncipe quer
mais informações sobre o espírito. Os três homens descrevem o fantasma, a sua
armadura, a viseira levantada e aparência pálida. Hamlet afirma que se lhes
juntará nessa noite, na esperança de que haja nova aparição e que possa falar
com ela, e pede-lhes que não contem a mais ninguém o que viram.