TEMAS
|
CARACTERÍSTICAS
|
A autobiografia
|
. origens e circunstâncias biográficas;
. natureza da sua própria obra literária;
. amores, sonhos e frustrações;
. estados de alma;
. homem vítima do e marcado pelo Destino cruel;
. homem marcado pela morte da mãe;
. homem exilado;
. amoroso incontinente e inconstante;
. vida económica muito difícil;
. encontra a paz na sepultura.
|
O amor
|
. duas tendências: – amor idealizado, de fundo bucólico e petrarquista, de inspiração clássica (amor platónico – ligado, por vezes, ao “locus amoenus”); – amor mais intenso e menos artificial, por vezes frenético e desesperado, próximo do carnal e erótico (amor-paixão):
. sentimento exagerado e não controlado pela razão;
. sentimento intenso e totalizante que faz sofrer e desesperar pela
falta de correspondência ou pela infidelidade da mulher;
. ilusão breve / desilusão permanente/duradoura;
. sentimento hiperbolizado;
. sentimento que provoca o ciúme e o desejo de morte.
|
A
mulher
|
. divinização da mulher (divina, meiga, doce,
carinhosa, perfeita); . ponte para o infinito, para o absoluto; . comparada, frequentemente, à Natureza, mas sempre
superior; . vencida pelos “ais” e pelo sofrimento do sujeito
poético (“Se é doce...”); . indiferente ao amor do sujeito ou ausente; . infiel e cruel; . faz sofrer o homem e leva-o ao ciúme e ao
desespero; . em última análise, fá-lo desejar a morte para
solucionar o sofrimento. |
A
Natureza
|
. personificada; . “locus amoenus” (clássica e arcádica): natureza alegre, amena,
suave, luminosa, harmoniosa – uma espécie de Paraíso; . “locus horrendus” (pré-romântica): natureza escura, horrenda,
medonha, aterrorizadora, triste...; . agreste, selvagem, rude; . reflexo do estado de alma do sujeito poético, marcado pela dor e
pela frustração por não ser correspondido amorosamente ou pela mulher estar ausente; . incapaz de equiparar-se ao sofrimento, à dor e à solidão vividas
pelo sujeito poético; . confidente, ouve os lamentos e os desabafos do sujeito poético. |
O
ciúme
|
. motivado pela desconfiança, pela ausência ou pela
infidelidade da mulher amada; . personificado, frequentemente, como um ser terrível, diabólico, um
monstro devorante; . enquadrado em cenários nocturnos, tenebrosos, lúgubres, dantescos e
infernais, habitados por seres monstruosos, é um abismo que atrai e devora o
homem enamorado; . conduz o homem a um sofrimento atroz e exacerbado que o faz desejar
a morte de amor que ponha fim a essa dor lancinante; . o homem é um ser condenado a amar e a sofrer o que o Destino
inexorável determinou. |
A
noite
|
. o sofrimento, a mágoa, o desencanto – motivados pela traição, pela
crueldade e pela não correspondência da mulher amada – levam o sujeito poético
a refugiar-se na paisagem nocturna e sombria, abrigo temporário para essa
frustração amorosa; . o homem deleita-se em estados de meditação, de devaneio e
melancolia; . por isso, busca cenários nocturnos e sepulcrais (“locus horrendus”)
adequados ao seu estado de alma (sombrio e melancólico); . espaço propício à confissão e à solidão, é frequentemente
personificado e alegórico (imagem da morte). |
A
confissão e o
arrependimento |
. reflexão sobre o passado: – tempo de felicidade ilusória; – tempo de loucura; – tempo de uma existência intensa e vivida
desregradamente; – tempo de escravidão dos vícios e das paixões; . reflexão sobre o presente: – tempo de verdade; – tempo de contrição/arrependimento perante a vida
passada; – tempo de reencontro. |
A
morte
|
. solução para os problemas e conflitos; . destinatária preferencial nos momentos mais
infelizes; . fascínio pelo nocturno, pelo horrível e pelo
macabro; . ligada à natureza funérea – “locus horrendus” (vítima de um Destino
implacável, a paisagem horrenda não o apazigua; só a morte poderá pôr termo
ao sofrimento); . consequência do amor não correspondido. |
A
liberdade
|
. condições histórico-políticas que estão na sua
génese: – Revolução
Francesa (1789): ideais de liberdade, igualdade, fraternidade; – consolidação da República Francesa
(1797); – estado de absolutismo despótico
que se vivia em Portugal; . presente de falta de liberdade, de opressão, de
despotismo; . efeitos do despotismo: ausência de liberdade, ocultamento do amor
pátrio, “torcer” da vontade, fingimento/mentira; . esta situação leva o sujeito poético a gritar pela redenção e pela
salvação trazidas pela liberdade. |
A
dicotomia
razão/sentimento |
. o sujeito poético vive angustiado, infeliz e sofredor, comandado
pelo amor-paixão, pelo ciúme e pelo desejo de cenários nocturnos e de morte; . a razão aconselha-o a seguir os seus ditames, a “fugir” ao
sentimento, a fugir e a revoltar-se contra a mulher amada; . o sujeito poético, incapaz de resistir ao poder do amor e da paixão,
recusa a razão: como pode ele desejar fazer mal à mulher amada, se a ama
tanto? |
quinta-feira, 29 de agosto de 2024
Temas da poesia lírica de Bocage
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
A escola do século XIX em imagens - XV
Thomas Brooks – O Novo Aluno (1854) |
O quadro de Thomas Brooks transporta-nos até à Inglaterra vitoriana. O império britânico estava no seu auge, a indústria, o comércio, a finança e a marinha britânicas dominavam o mundo, fazendo da Inglaterra e do seu vasto império a primeira potência mundial. Mas persistiam, no interior rural inglês, escolas como a que, com grande mestria e atenção ao pormenor, aqui é representada.
À sala de aula, dirigida por um professor já idoso, chega um novo aluno. Mais velho do que a maioria dos restantes, é trazido por uma auxiliar ou criada, que descobre a cabeça do rapaz na apresentação ao professor e à turma, enquanto os pais assistem, espreitando à porta. Da parte dos novos colegas, e face ao acanhamento e alguma desconfiança do rapaz, as reacções dividem-se entre a genuína curiosidade, o esgar trocista e a completa indiferença.
Sobre a sala de aula, facilmente identificada pela profusão de mobiliário e material escolar, ainda não é desta que nos deparamos com o famoso “modelo do autocarro”… As carteiras e bancos distribuem-se algo desordenadamente pelo espaço pouco arrumado. A diferença de idades dos alunos e a heterogeneidade da turma sugerem-nos que a pedagogia aplicada deveria estar mais próxima do que hoje chamamos diferenciação pedagógica do que da rigidez que vulgarmente se associa à escola do antigamente.
Fonte: Escola Portuguesa.
terça-feira, 27 de agosto de 2024
Vertentes da poesia de Bocage
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Análise do poema "Já Bocage não sou", de Bocage
domingo, 25 de agosto de 2024
A escola do século XIX em imagens - XIV
Nikolai Bogdanov-Belsky – À porta da escola (1897) |
Quando pintou este quadro, Bogdanov-Belsky era já um pintor conceituado na Rússia, embora estivesse na altura a viver em Paris, cidade onde completou a sua formação artística. Mas nunca esqueceu as suas origens humildes: nascido numa família de camponeses pobres e vivendo com dificuldades – uma realidade muito comum na Rússia czarista – o pintor conservou sempre um especial carinho pelos camponeses, que se exprime frequentemente nas suas pinturas.
Nesta pintura, vemos em destaque um rapaz do campo que, num misto de curiosidade, acanhamento e vontade de aprender, observa o interior da sala de aula onde já se encontram o professor e os colegas., Não lhe vislumbramos o rosto, mas podemos apreciar o contraste entre as roupas grosseiras e esfarrapadas que veste e o interior organizado da sala de aula, com os alunos nas suas carteiras, o quadro preto à sua frente, mapas e quadros na parede. Nikolai Bogdanov-Belsky, um pintor formado no Realismo, dá aqui os seus primeiros passos no Impressionismo, o estilo então preponderante nas escolas de arte parisienses que frequentou. Uma influência que se nota facilmente, por exemplo, no cuidado tratamento da luz que se projecta no interior da sala.
Este retrato do novo aluno à porta da escola não só nos transporta ao ambiente de uma escola rural dos finais do século XIX como adquire até um cunho autobiográfico: o artista revê-se neste humilde rapaz, à partida predestinado às lides do campo, mas com enorme vontade de aprender muitas mais coisas do que as que o esquálido mundo em que vive tem para lhe ensinar. E é a escola que lhe abrirá novos e deslumbrantes horizontes. Isto é o exacto oposto do discurso cretino dos detractores da “escola do século XIX”: a escola não existia nesse tempo, como nos querem convencer, para formatar alunos destinados às profissões mecânicas. Pelo contrário, foi graças à instrução escolar que milhares e milhares de estudantes pobres, mas aplicados e talentosos, puderam escapar da sua condição de partida e daquilo que seria o seu destino quase inevitável: o trabalho nos campos, nas fábricas ou nas minas.
Fonte: Escola Portuguesa.
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
Caracterização de Ofélia
Caracterização de Gertrudes
terça-feira, 20 de agosto de 2024
Caracterização de Cláudio
Caracterização de Hamlet
segunda-feira, 19 de agosto de 2024
Caracterização de Laertes
Jornalismo de esgoto, penso eu que...
Caracterização de Polónio, de Hamlet
A escola do século XIX em imagens - XIII
Ludwig Passini – Aula de latim (1869) |
Nos países católicos, os seminários, obrigatoriamente existentes em todas as sedes de diocese, tiveram um papel importante na formação académica dos jovens, permitindo-lhes um percurso que nem sempre desembocava na vida religiosa. Em Portugal, ainda durante a maior parte do século XX, os seminários permitiram a milhares de jovens, estudiosos mas de parcos recursos, realizar estudos secundários. Movida pela necessidade de formar sacerdotes, a Igreja Católica proporcionava ensino gratuito, alojamento e alimentação aos estudantes que acolhia, na esperança de que um bom número deles viesse a enveredar pelo sacerdócio. De quase duas dezenas de crianças e adolescentes que vemos na pintura, quantos lá terão chegado?…
Fonte: Escola Portuguesa.