Português: Temas da poesia lírica de Bocage

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Temas da poesia lírica de Bocage

 

 

TEMAS

 

 

CARACTERÍSTICAS

 

 
 
 
 
 
A autobiografia
 
 
 
 
 
 
. origens e circunstâncias biográficas;
. natureza da sua própria obra literária;
. amores, sonhos e frustrações;
. estados de alma;
. homem vítima do e marcado pelo Destino cruel;
. homem marcado pela morte da mãe;
. homem exilado;
. amoroso incontinente e inconstante;
. vida económica muito difícil;
. encontra a paz na sepultura.
 
 
 
 
 
 
 
 
O amor
 
 
 
 
 
 
. duas tendências:
 – amor idealizado, de fundo bucólico e petrarquista, de inspiração clássica (amor platónico – ligado, por vezes, ao “locus amoenus”);
 – amor mais intenso e menos artificial, por vezes frenético e desesperado, próximo do carnal e erótico (amor-paixão):
. sentimento exagerado e não controlado pela razão;
. sentimento intenso e totalizante que faz sofrer e desesperar pela falta de correspondência ou pela infidelidade da mulher;
. ilusão breve / desilusão permanente/duradoura;
. sentimento hiperbolizado;
. sentimento que provoca o ciúme e o desejo de morte.
 

 

 

 

 

 

A mulher

 

 

 

 

 

 

. divinização da mulher (divina, meiga, doce, carinhosa, perfeita);

. ponte para o infinito, para o absoluto;

. comparada, frequentemente, à Natureza, mas sempre superior;

. vencida pelos “ais” e pelo sofrimento do sujeito poético (“Se é doce...”);

 

. indiferente ao amor do sujeito ou ausente;

. infiel e cruel;

. faz sofrer o homem e leva-o ao ciúme e ao desespero;

. em última análise, fá-lo desejar a morte para solucionar o sofrimento.

 

 

 

 

 

 

 

A Natureza

 

 

 

 

 

 

. personificada;

. “locus amoenus” (clássica e arcádica): natureza alegre, amena, suave, luminosa, harmoniosa – uma espécie de Paraíso;

. “locus horrendus” (pré-romântica): natureza escura, horrenda, medonha, aterrorizadora, triste...;

. agreste, selvagem, rude;

. reflexo do estado de alma do sujeito poético, marcado pela dor e pela frustração por não ser correspondido amorosamente ou pela mulher estar ausente;

. incapaz de equiparar-se ao sofrimento, à dor e à solidão vividas pelo sujeito poético;

. confidente, ouve os lamentos e os desabafos do sujeito poético.

 

 

 

 

 

 

 

O ciúme

 

 

 

 

 

 

 

. motivado pela desconfiança, pela ausência ou pela infidelidade da mulher amada;

. personificado, frequentemente, como um ser terrível, diabólico, um monstro devorante;

. enquadrado em cenários nocturnos, tenebrosos, lúgubres, dantescos e infernais, habitados por seres monstruosos, é um abismo que atrai e devora o homem enamorado;

. conduz o homem a um sofrimento atroz e exacerbado que o faz desejar a morte de amor que ponha fim a essa dor lancinante;

. o homem é um ser condenado a amar e a sofrer o que o Destino inexorável determinou.

 

 

 

 

 

 

A noite

 

 

 

 

 

 

. o sofrimento, a mágoa, o desencanto – motivados pela traição, pela crueldade e pela não correspondência da mulher amada – levam o sujeito poético a refugiar-se na paisagem nocturna e sombria, abrigo temporário para essa frustração amorosa;

. o homem deleita-se em estados de meditação, de devaneio e melancolia;

. por isso, busca cenários nocturnos e sepulcrais (“locus horrendus”) adequados ao seu estado de alma (sombrio e melancólico);

. espaço propício à confissão e à solidão, é frequentemente personificado e alegórico (imagem da morte).

 

 

 

 

 

A confissão e o

arrependimento

 

 

 

 

 

 

. reflexão sobre o passado:

– tempo de felicidade ilusória;

– tempo de loucura;

– tempo de uma existência intensa e vivida desregradamente;

– tempo de escravidão dos vícios e das paixões;

. reflexão sobre o presente:

– tempo de verdade;

– tempo de contrição/arrependimento perante a vida passada;

– tempo de reencontro.

 

 

 

 

 

A morte

 

 

 

 

 

. solução para os problemas e conflitos;

. destinatária preferencial nos momentos mais infelizes;

. fascínio pelo nocturno, pelo horrível e pelo macabro;

. ligada à natureza funérea – “locus horrendus” (vítima de um Destino implacável, a paisagem horrenda não o apazigua; só a morte poderá pôr termo ao sofrimento);

. consequência do amor não correspondido.

 

 

 

 

 

A liberdade

 

 

 

 

 

. condições histórico-políticas que estão na sua génese:

– Revolução Francesa (1789): ideais de liberdade, igualdade, fraternidade;

– consolidação da República Francesa (1797);

– estado de absolutismo despótico que se vivia em Portugal;

. presente de falta de liberdade, de opressão, de despotismo;

. efeitos do despotismo: ausência de liberdade, ocultamento do amor pátrio, “torcer” da vontade, fingimento/mentira;

. esta situação leva o sujeito poético a gritar pela redenção e pela salvação trazidas pela liberdade.

 

 

 

A dicotomia

razão/sentimento

 

 

 

 

 

. o sujeito poético vive angustiado, infeliz e sofredor, comandado pelo amor-paixão, pelo ciúme e pelo desejo de cenários nocturnos e de morte;

. a razão aconselha-o a seguir os seus ditames, a “fugir” ao sentimento, a fugir e a revoltar-se contra a mulher amada;

. o sujeito poético, incapaz de resistir ao poder do amor e da paixão, recusa a razão: como pode ele desejar fazer mal à mulher amada, se a ama tanto?

 

 

Sem comentários :

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...