Polónio é
conselheiro de Cláudio e pai de Laertes e Ofélia.
No que diz
respeito à família, ama os filhos, de quem sente grande orgulho e com quem se
preocupa, no entanto pontualmente fica-se com a sensação deque pode sacrificar
os seus melhores interesses pelo que considera a decisão política mais correta
ou conveniente. Por exemplo, manda espiar o próprio filho e usa a filha como
engodo para enganar Hamlet. Quando o filho se prepara para ir para França,
hesita em autorizar a sua ida e chega mesmo a prolongar o último encontro entre
ambos porque reluta em o ver partir. A mesma preocupação revela com Ofélia,
como se pode constatar quando a aconselha a evitar Hamlet, pois inquieta-o o
comportamento e a postura do príncipe.
A família de
Polónio contrasta com o núcleo familiar de Cláudio: a primeira pauta-se pelo
amor e pela felicidade, enquanto a segunda é disfuncional, marcada pela
inimizade e até pelo ódio, pela desconfiança e pelo crime. Os fortes laços que
unem o conselheiro do rei aos filhos são exemplificados pela sua reação à morte
do pai: Laertes deseja vingar o progenitor e Ofélia é atingida de tal forma
pela dor que enlouquece.
Politicamente,
estamos na presença de uma figura pomposa, prolixa, convencional e conivente
com o poder político, nomeadamente com o rei, a quem se mostra submisso e
subserviente, o que atrai sobre si a desconfiança de Hamlet, que o olha como
alguém cobarde e falso. Ao longo de toda a peça, Polónio mostra a necessidade
de permanecer nas boas graças do casal real e, para lhe agradar, procura espiar
Hamlet. Esta postura leva-o a comportar-se de forma mesquinha, hipócrita,
dissimulada e intrometida, mas, em última análise, condu-lo à morte. De facto,
procurando mais uma vez servir os interesses de Cláudio, na tentativa de escutar
uma conversa entre Gertrudes e Hamlet, esconde-se nos aposentos da rainha atrás
de uma tapeçaria e, quando faz ruído, é morto pelo príncipe, julgando tratar-se
de Cláudio.
Por outro
lado, Polónio concentra em si momentos de comicidade, sendo fonte de cómico.
Por exemplo, pretende ser uma pessoa inteligente, no entanto, ao longo da peça,
mostra-se bem menos sábio do que julga. De facto, não possui consciência
daquilo que é e das suas insuficiências. Além disso, é uma das figuras da obra
que remete para a temática do contraste entre a aparência e a realidade, já que
as suas maquinações e subserviência nunca permitem compreender cabalmente o seu
«eu» autêntico.
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