Português: 28/07/25

segunda-feira, 28 de julho de 2025

Resumo dos capítulos de O Malhadinhas

    A função do primeiro capítulo é apresentar a personagem principal é apresentar a personagem principal, os seus interesses e motivações, iniciando-se com uma reflexão do almocreve sobre o contraste entre o presente e o passado, contraste esse que traduz o seu saudosismo, que perpassa toda a narrativa. No capítulo inicial ainda, encontramos dois elementos muito importantes: o mulinho, a quem o protagonista se refere sempre com carinho e que está ligado às peripécias mais importantes da sua vida; Brízida, a figura que impulsiona os atos mais marcantes da sua existência. Em suma, logo no primeiro capítulo, deparamos com os fios condutores de várias ações: a saudade, o mulinho, Brízida, os dois rivais e tio Agostinho.
    O segundo capítulo gira em torno da figura de Brízida que, como é a mola impulsionadora de vários atos de almocreve, contribui para realçar a sua psicologia. O episódio central é a luta com o de Santa Eulália. A presença em cena de Rita contribui para destacar a figura de Brízida e para enfatizar a força motivadora que ela constitui para o protagonista.
    O terceiro capítulo centra-se no rapto de Brízida: o Malhadinhas enamora-se da prima, porém, tendo dúvidas acerca do amor da rapariga e confrontado com os avanços de um abade novo e galã, rapta-a e foge pelos campos, em busca do padre amigo que os há de casar. Foca igualmente a perseguição que sofre da parte de tio Agostinho e o triunfo final do almocreve na luta contra as forças adversas.
    Desflorada a mulher, o quarto capítulo centra-se na relação conjugal entre os primos e no esforço feito para se afirmar perante tio Agostinho, a quem não inspira confiança. O protagonista esforça-se para mudar o seu comportamento, a sua conduta, agora com o estatuto de homem casado. Sucede, no entanto, que essa transformação não se concretiza. Por último, ficamos ainda a par dos episódios em que intervêm o Capa-Cavalos de Sendim e o Bisagra a feira.
    O capítulo cinco tem como episódio central a rixa entre o almocreve Malhadas e o tenente da Cruz, da qual sai vitorioso o protagonista. Este vê-se cercado por um grupo de homens armados, liderados pelo tenente, com a intenção de o matar, por causa de desentendimentos e rivalidades antigas. Malhadinhas enfrenta os adversários com uma foice e traça um círculo no chão, desafiando quem o quiser atacar. No auge da rixa, surge em cena Bernardo do Paço, uma figura simultaneamente respeitada e temida na região, que intervém em defesa do almocreve. Assim, Bernardo repreende o tenente e desmobiliza e Cruz é humilhado, enquanto Malhadinhas e Bernardo selam a sua amizade na venda da Maria Bicha com vinho.
    O sexto capítulo relata dois episódios. O primeiro compreende a agressão violenta e pública de Bisagra ao padre Antunes, quando o encontra com a sua esposa. O escândalo subsequente tem como consequência a correção dos comportamentos dos envolvidos, e Malhadinhas orgulha-se por ter, indiretamente, contribuído para isso com a sua má língua. O outro episódio consiste na recordação de uma visita do protagonista a casa de Duarte, durante a qual, após muita bebida, primeiro elogia Joaquina, a mulher do amigo, e depois insulta violentamente, levando a que Duarte finalmente se imponha na própria casa e «meta» a mulher na ordem. Deste modo, o almocreve comprova a funcionalidade da língua enquanto meio para «endireitar o mundo que andasse torto», desmascarando a hipocrisia e impondo uma forma de justiça, seja provocando um escândalo conjugal seja restaurando a autoridade de um amigo sobre a esposa.
    O sétimo capítulo tem como fulcro a aventura vivida com o almocreve Fontinha, a fuga, que determina o abandono da profissão de almocreve. Durante uma confraternização com o regedor e os cabos, acabam todos por se embriagar, e Malhadinhas, percebendo que poderia ser preso por distúrbios e insultos, foge de Aveiro durante quatro anos. Outro episódio refere-se à ajuda a Bernardo, o amigo que o salvara em tempos de apuros (cap. V), que agora encontra em perigo, cercado por ciganos e espanhóis. Os dois enfrentam juntos os inimigos e escapam com dificuldade do aperto, mas o seu cavalo quase morre de exaustão. Para recuperar o prejuízo da iminente perda do animal, finge que este ainda está saudável, enche odres de vento simulando carga e acaba por o vender, enganando o comprador. O cavalo acaba por “deitar a alma” «na primeira ladeira».
    O capítulo oito tece considerações acerca da relação do protagonista com Brízida e relata a vingança sobre Bentinho, que lhe «desviou» a neta. De facto, depois de tecer comentários sarcásticos sobre a sua numerosa descendência, Malhadinhas alude à desonra causada por duas netas, nomeadamente Luísa, que foi seduzida por Bentinho, um barbeiro e curandeiro charlatão. Inicialmente, o almocreve mostra-se tolerante, acreditando que o namoro irá desaguar em casamento, no entanto muda de atitude ao descobrir que Bentinho apenas se vangloriava da conquista e desonrava a neta. Durante a festa de São sebastião, dominado pela raiva e pela vergonha, decide vingar-se. Espera-o à saída e agride-o violentamente. De seguida, foge, mas é encontrado pela guarda, que lhe diz que ninguém o condenará, visto que se limitou a lavar a honra.
    O penúltimo capítulo descreve a aventura vivida na serra com o frade Joaquim das Sete Dores, um homem corpulento, astuto e falador, que lhe pede boleia. Durante o percurso, os dois conversam sobre a vidam a fé, superstições e mezinhas populares. O frade, que tem fama de saber lidar com partos difíceis e proteger mulheres de males no resguardo, dá a Malhadinhas três nóminas (amuletos religiosos),que ele diz serem eficazes para proteger Brízida e os filhos. Desde então, a esposa do protagonista nunca mais teve partos difíceis nem faltou leite para os filhos. Este é um capítulo revelador: o almocreve conclui, no presente, a veracidade das palavras do frade, ditas no passado, a propósito da sua profissão. Por outro lado, este capítulo prepara o desfecho da narrativa. A saudade do passado e do ofício acentua-se. O episódio na serra e a conversa com o frade constituem um ponto de partida para a reflexão do presente, momento em que a ação se conclui. Com efeito, é exatamente no momento em que corre perigo, em que enfrenta a agressividade do clima e do espaço (o nevão na serra, o frio, a ameaça dos lobos), que Malhadinhas faz o balanço da sua vida, das agruras do seu ofício, o que motiva o comentário do frade, que lhe mostra como, em todos os ofícios e situações, há ossos duros de roer. A agressividade do espaço está em consonância com a agressividade do protagonista, que se vai moldando às circunstâncias sociais e do espaço. O seu instinto de luta apura-se perante a hostilidade do ambiente. Por último, este episódio vivido pelo almocreve vai deixar marcas profundas nele: no futuro, já velho, recordá-lo-á, para dar razão ao frade, assumindo-se então como um homem plenamente realizado que não renega as duras vivências que lhe permitiriam afirmar-se como herói.
    O capítulo X dá conta das preocupações de Malhadinhas relativamente à vida após a morte, nomeadamente a preocupação com esse momento, não por medo, mas por crença. O protagonista queixa-se dos impostos absurdos cobrados por uma velha cavalgadura que mal valia os guizos de um gato. Indignado com o «governo de ladrões», decide vender o cavalo e, com esse negócio, encerra em definitivo o seu ofício de almocreve, confessando, porém, profundas saudades desse tempo. Mais tarde, já idoso e doente, acredita estar próximo da morte, por isso chama o padre, confessa-se, recebe o viático e pede a Brízida para ver a espingarda que fora sua companheira de vida. Desconfiada, a esposa recusa entregar-lha, o que se mostra uma atitude sensata, visto que a intenção de Malhadinhas era disparar sobre ela e sobre si, movido pelo ciúme e pelo medo de refazer a vida após a sua morte. Apesar dos maus presságios (incluindo o barbeiro, que o dá por morto), todos ficam surpreendidos ao assistirem à sua recuperação momentânea, no entanto, consciente da proximidade do fim, sai pela última vez à rua, amparado no seu velho cajado. Senta-se num poial de pedra e, sereno como um romeiro cansado, adormece de vez.

Análise de O Malhadinhas

I. Cronologia de Aquilino Ribeiro


II. Biografia de Aquilino Ribeiro


III. Obra de Aquilino Ribeiro


IV. Ação

        1. Introdução

        2. Resumo dos capítulos


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