O
Malhadinhas é uma história narrada na 1.ª pessoa, em forma de monólogo, e
dirigida a um grupo de ouvintes, isto é, o protagonista, cujo nome dá origem ao
título da obra, no final da vida, conta a sua história, recheada de episódios
de diversa índole.
A ação
resume-se de forma simples: Malhadinhas é um almocreve, um serrano rústico,
grosseiro e matreiro, que não tem quaisquer problemas em usar a «faquinha» que
transporta à cintura para corrigir o que entende por injusto. Defendendo-se à
navalhada e golpes de pau (e por vezes a tiro)dos inimigos que vai encontrando
ao longo da vida, o protagonista apresenta-nos uma série de episódios
picarescos.
O
Malhadinhas é constituído por 10 capítulos, nos quais o narrador, um
almocreve, relata as suas aventuras. Deste modo, a ação central é a sua vida experimentada
e dura, um relato caracterizado pelo saudosismo do passado, que contrasta com o
tempo presente, marcado pela velhice e pela tal saudade, e que culmina com a
morte do herói.
No
início da novela, o protagonista tece considerações sobre o presente e sobre o
passado e prossegue, até ao desenlace, com a evocação saudosa de episódios da
sua vida. A notícia final, que constitui uma espécie de epílogo, corrobora o
relato da personagem, configurando o desfecho natural da narrativa, delimitando-a
como uma ação fechada. Por outro lado, o desenvolvimento da ação contém
outras ações / peripécias conectadas com o fio condutor da narrativa – a vida
do almocreve.
Cada um
dos 10 capítulos possui uma finalidade própria que está ao serviço desse fio
condutor: o registo psicológico, como o próprio autor caracteriza a novela. Os
vários episódios relatados ao longo do texto confluem para o mesmo ponto: a
caracterização das várias experiências e vivências do almocreve. As diferentes
peripécias encadeiam-se sucessivamente, constituindo um todo coeso e harmonioso
no qual avulta a psicologia do protagonista.
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