domingo, 27 de janeiro de 2019
"Sangria desatada"
A sangria desatada refere-se a qualquer coisa que requer uma solução ou realização imediata.
A origem da expressão radica nas guerras, onde se verificava que, se se desprendesse a ligadura colocada sobre as feridas, o soldado morreria por perder muito sangue.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2019
Acentuação: "perú" ou "peru"?
A palavra tem ou não acento gráfico?
A grafia correta do vocábulo é "peru", ou seja, não acentuada graficamente.
As palavras agudas terminadas em u não necessitam de acento: peru, caju, urubu, cru, tabu, menu, nu, etc.
Vide aqui [acentuação].
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
"Salada de fruta" ou "salada de frutas"?
Como se deve dizer: "salada de fruta" ou "salada de frutas"? A fruta deverá ser colocada no singular ou no plural? Ou ambas serão aceitáveis?
A forma correta é salada de fruta, portanto no singular.
De facto, a palavra «fruta» é um nome coletivo, ou seja, designa, no singular, um conjunto de frutos.
Por esse motivo, devemos dizer "salada de fruta"-
domingo, 13 de janeiro de 2019
Conceção da História e método historiográfico de Fernão Lopes
. Fernão Lopes, na sua obra,
apresenta uma conceção original de História, tanto em relação à tradição
historiográfica como aos autores contemporâneos.
. Antes dele, todos os textos
que se reportassem a acontecimentos do passado, independentemente de serem lendas,
contos tradicionais, romances de cavalaria e narrativas de crónicas e de livros
de linhagens, eram aceites como relatos históricos sem que a sua veracidade fosse averiguada.
. A experiência profissional de Fernão Lopes como notário e arquivista
não só lhe incutiu a consciência da necessidade de fundar a verdade histórica num documento escrito, como também lhe
proporcionou o acesso a documentos
escritos e a testemunhos orais,
que, caso contrário, lhe estariam vedados.
. No prólogo da Crónica de D. João I, o cronista expõe o
seu ponto de vista sobre o trabalho do historiador, descrevendo o método utilizado para tentar manter a imparcialidade:
1. Recolher informação de numerosos testemunhos escritos, de modo
a assegurar o rigor dos factos
históricos avançados;
2. Apesar de seguir a
historiografia anterior no processo de elaboração do texto, procedendo ao corte
e montagem de textos de outros autores, sujeito as fontes a uma análise
criteriosa, procurando verificar qual seria a mais verosímil ou a mais adequada
à lógica interna dos factos; verificou também a verdade desses testemunhos escritos através do seu confronto com
documentos oficiais.
sábado, 12 de janeiro de 2019
"Adesão" ou "aderência"?
Este é mais um daqueles casos de frequente confusão (e consequente uso errado) entre duas palavras e seu(s) significado(s), tidas por vezes como sinónimas(os), já que ambas exprimem a ideia de ligação, só que em contextos diferentes. Foi o que sucedeu a quem digitou o texto acima reproduzido.
O nome adesão provém da forma latina "adhaesione" e significa "concordância", "aprovação", "apoio a uma causa", "união", "acordo", "manifestação de solidariedade", podendo ser utilizada em expressões deste género: adesão a um tratado, adesão a uma ideia, adesão a um partido político, adesão a uma moda, adesão a um desporto, adesão a um modo de vida, adesão a um princípio, etc.
Normalmente, este termo é utilizado em relação a pessoas: A adesão dos sócios à campanha foi extraordinária.
O vocábulo aderência provém da forma latina "adhaerentia" e designa "a qualidade do que é aderente", a "ligação de superfícies" ou a "ligação de uma substância a outra".
O termo é usado em expressões do género "a aderência dos pneus", "a aderência do pó aos móveis", "a aderência da sujidade à pele": A polícia desconfia da aderência dos pneus ao pavimento.
terça-feira, 8 de janeiro de 2019
O leixa-pren da cantiga de amigo
▪ O leixa-pren
aproxima-se das desgarradas populares (ou cantigas ao desafio) e consiste em
começar cada estrofe repetindo o último verso de uma estrofe anterior.
▪ O 1.º verso do terceiro
dístico retoma o 2.º verso do primeiro dístico = o 2.º verso da 1.ª estrofe é o
1.º verso da 3.ª estrofe – acrescentando um verso novo.
▪ O 2.º verso do quarto
dístico retoma o 2.º verso do segundo dístico e repete, com variação, o 2.º
verso do terceiro dístico = o 2.º verso da 2.ª estrofe é o 1.º verso da 4.ª; e
assim sucessivamente.
▪ A progressão do
pensamento verifica-se apenas no 2.º verso das estrofes ímpares.
Através do
paralelismo perfeito, é possível construir uma composição de 6 estrofes e 18
versos em que apenas há 5 versos semanticamente diferentes, incluindo o refrão.
sábado, 5 de janeiro de 2019
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
Origem da letra A
A vogal A, a primeira e a mais usada letra do nosso alfabeto, provém do grego alfa.
Até chegar ao latim, é provável que tenha passado pelo etrusco, mas é inquestionável que o herdámos dos helénicos.
No entanto, a origem da sua configuração, do seu desenho, reside nos Fenícios. De facto, o nosso A era uma letra fenícia, o aleph, que significava touro:
Se virarmos o desenho da letra ao contrário, obteremos isto:
Imaginando que as duas pernas do A são dois chifres, é relativamente fácil «ver» ali um touro. Mais: o "aleph" sugere, quase na perfeição, um touro virado para a esquerda:
E onde terão ido os Fenícios buscar este desenho? Muito provavelmente aos hieróglifos egípcios.
Este touro em Lascaux não é escrita, pois esta surgiu apenas quando começámos a associar o desenho ao som e não ao próprio objeto representado por ele.
É esse o princípio de qualquer sistema de escrita: se o desenho de um touro representava um touro, a certa altura começou a representar a palavra «touro» e, com mais um salto, o som da palavra - tanto que, se os mesmos sons quisessem dizer também outra coisa qualquer, podíamos usar o mesmo desenho.
Durante milénios, a larguíssima maioria da população não fazia ideia de que letra esta esta, mas o som está nos lábios de todos.
Mas, já agora, qual era o som do aleph fenício? Já era o nosso A? O som original seria o de uma oclusiva glotal, um som que não existe em português (uma paragem do som na garganta, que ouvimos no árabe, por exemplo).
O alfabeto fenício não tinha um símbolo próprio para o A. Os gregos, com uma língua cheia de vogais, precisavam de um símbolo para esse som. Foram então buscar o aleph fenício, que deixou de ser uma consoante e passou a representar a vogal que hoje conhecemos.
Na nossa cabeça, a ligação entre som e os rabiscos que usamos para o representar é tão forte que é difícil dizer A sem pensar num A. Para nós, a associação entre o som e o grafema / a letra é natural.
No entanto, o som podia ser representado por outro símbolo qualquer, como aliás acontece em línguas como o georgiano, arménio, japonês... Não há nada na natureza do som A que o ligue a este desenho de dois chifres virados ao contrário.
O som A é apenas uma vibração particular do ar criada pelas cordas vocais, pela língua e pelos lábios. Depois, há milénios, na Grécia Antiga, começámos a usar o desenho de um touro para representar este som.
Este touro em Lascaux não é escrita, pois esta surgiu apenas quando começámos a associar o desenho ao som e não ao próprio objeto representado por ele.
É esse o princípio de qualquer sistema de escrita: se o desenho de um touro representava um touro, a certa altura começou a representar a palavra «touro» e, com mais um salto, o som da palavra - tanto que, se os mesmos sons quisessem dizer também outra coisa qualquer, podíamos usar o mesmo desenho.
Durante milénios, a larguíssima maioria da população não fazia ideia de que letra esta esta, mas o som está nos lábios de todos.
Mas, já agora, qual era o som do aleph fenício? Já era o nosso A? O som original seria o de uma oclusiva glotal, um som que não existe em português (uma paragem do som na garganta, que ouvimos no árabe, por exemplo).
O alfabeto fenício não tinha um símbolo próprio para o A. Os gregos, com uma língua cheia de vogais, precisavam de um símbolo para esse som. Foram então buscar o aleph fenício, que deixou de ser uma consoante e passou a representar a vogal que hoje conhecemos.
Na nossa cabeça, a ligação entre som e os rabiscos que usamos para o representar é tão forte que é difícil dizer A sem pensar num A. Para nós, a associação entre o som e o grafema / a letra é natural.
No entanto, o som podia ser representado por outro símbolo qualquer, como aliás acontece em línguas como o georgiano, arménio, japonês... Não há nada na natureza do som A que o ligue a este desenho de dois chifres virados ao contrário.
O som A é apenas uma vibração particular do ar criada pelas cordas vocais, pela língua e pelos lábios. Depois, há milénios, na Grécia Antiga, começámos a usar o desenho de um touro para representar este som.
O artigo original, da autoria de Marco Neves, pode ser encontrado aqui [ncultura].
terça-feira, 1 de janeiro de 2019
Fonema e grafema
O fonema é a unidade mínima de som de uma
língua que, ao comutar com outras unidades no mesmo contexto, permite
distinguir palavras.
Ao
pronunciarmos, por exemplo, as palavras “bem”
e “vem”, para as distinguirmos, não
podemos trocar o b pelo v, caso contrário provocamos a não
distinção dos significados.
Se
tomarmos o elemento –io, a comutação
dos fonemas t, f, p permite que produzamos
três palavras diferentes: tio, fio, pio.
Podemos,
assim, concluir que a comutação de um destes elementos fónicos mínimos
existentes numa palavra pode ser suficiente para originar uma outra com
significado próprio.
A representação gráfica dos fonemas é
feita por grafemas ou letras. Geralmente, a cada fonema
corresponde uma letra, todavia nem sempre há uma relação direta entre fonema e
grafema, podendo haver diferentes situações:
1.ª) o mesmo fonema pode ser
representado por grafemas (letras) diferentes: chave – xaile;
2.ª) um fonema pode ser representado
por duas letras: [∫] → ch → chave;
3.ª) uma letra pode representar mais do
que um fonema: s → casa → saco.
Subscrever:
Mensagens
(
Atom
)