Português: 04/08/25

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Resumo do conto "Meia-lua ou a história do menino levado"

    A estrutura do conto assemelha-se a uma reportagem, feita por alguém não identificado, que entrevista e grava conversas com diversas pessoas que testemunharam ou têm conhecimento do evento que vai ser narrado.
    Certa noite de verão, a primeira pessoa entrevistada acorda a meio da mesma e apercebe-se de que o filho de três anos já não se encontra entre os pais, onde o tinham deitado. A família, por causa do calor e de vigiar as medas de trigo para não serem roubadas, pernoitara na eira.
    O segmento seguinte do texto apresenta a visão de uma irmã do menino levado, que na época contava dez anos. Como consequência do que sucedera ao irmão, pensou no que acontecera durante vários dias e recusou-se a pernoitar fora de casa durante as semanas que se seguiram.
    Segue-se a voz do povo, que ficou a conhecer a história ao serão do dia seguinte, quando as pessoas se reuniram na rua, pela fresca, depois da ceia. Essa voz dá conta do espanto geral pelo facto de quer os pais quer as outras pessoas que pernoitaram nas eiras não terem dado por nada.
    O quarto segmento apresenta a versão de uma figura não identificada, alguém que estava nas eiras nessa noite e que participou na busca do desaparecido. O seu testemunho acrescenta um pormenor à história, caracterizada até agora por um grande mistério: a criança caminha quatrocentos metros sem se lembrar de o ter feito. Além disso, acrescenta que acordara nessa madrugada, incomodado com um zunido estranho nos ouvidos.
    O segmento seguinte acrescenta novo dado: a criança, de apenas três anos, teve de saltar uma parede de um metro de altura. A voz que fala é a de um tio / uma tia do menino e aposta na crença popular: tinham sido as bruxas, que levam os bebés de noite, sem os pais se aperceberem, para fazerem bruxarias. Golpeavam-nos numa mão ou numa perna e enchiam um dedal de sangue para usarem nas encruzilhadas dos caminhos.
    Através da figura seguinte, ficamos a saber que todas as vozes que foram ouvidas até aqui são testemunhos dados ao narrador, que os grava. Os acontecimentos tiveram lugar há mais de quarenta anos e que vai contar tudo o que sabe e que naquele tempo não contara nem à esposa por receio da PIDE. O fenómeno desenrolou-se na madrugada de 14 para 15 de julho de 1960, numa época em que se dedicava ao contrabando. Nessa madrugada, ao regressarem da sua atividade, foram surpreendidos pela polícia e cada um escapuliu-se por onde pôde. A testemunha voltou para trás, para casa. Depois de esconder a carga de contrabando, reparou num avião que, subitamente, parou e ficou a pairar no céu, emitindo uma luz mais intensa do que a das estrelas e que foi mudando de tonalidade e de forma. Enquanto prosseguia o trajeto para casa, viu surgir outra luz, esférica, de menor dimensão e totalmente branca. Depois de ter girado em torno da alaranjada, desceu e a personagem perdeu-a de vista.
    Duas horas depois, voltou a avistar a luz branca, já que a alaranjada se conservava parada no céu. Escondeu-se atrás dos muros e foi-se aproximando da luz. Então, abriu-se uma portinhola e, da nave, saiu uma figura com forma humana, transportando uma criança nos braços. A figura dirigiu-se para a meda onde os pais da criança dormiam. Nesse momento, alguém tossiu dentre os que pernoitavam no local, enquanto a misteriosa entidade transpunha o referido muro. Pouco depois, as duas naves «encontraram-se», viu-se um relâmpago silencioso e as luzes desapareceram.
    O testemunho final é novamente o do progenitor inicial, que começa por dar conta da aflição que o atingiu quando deu pelo desaparecimento do filho, receando que pudesse ter caído num dos muitos poços que havia por ali e morresse. Foram dar com ele no caminho do Linteiro, junto às alminhas, a noite da eira, a quatrocentos metros de distância de onde dormiam. Não possuía qualquer ferimento, à exceção de um pequeno golpe na perna esquerda, com a forma de um «C» invertido, uma espécie de meia-lua, que lhe deixou uma cicatriz. É então que o narrador lhe mostra uma sua cicatriz exatamente igual: "Mas... quem é o senhor?...".
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