O casal Maria e José seguia em silêncio através de um matagal espesso. Ele guiava um jumento, enquanto ela levava o filho recém-nascido ao colo. Ao chegarem a uma bifurcação, o animal parou subitamente, o que surpreendeu José, que tentou forçá-lo a seguir em frente, no entanto o jumento resistiu. O casal receou que se tratasse de algum perigo próximo, como, por exemplo, um lobo. Subitamente, um redemoinho (isto é, um burburinho de vento) surgiu na sua frente.
José, conhecedor das crenças populares da região, gritou a Maria que fizesse cruzes com os dedos, no entanto a mulher, preocupada sobretudo em proteger a criança que carregava, apenas conseguiu fechar os olhos. O fenómeno desapareceu rapidamente, o burro voltou a obedecer ao dono e o casal prosseguiu o seu caminho. Pouco depois, Maria sussurrou que se sentia mal. O companheiro tentou acalmá-la e encaminhou-se na direção de um casario próximo, onde sabiam existir uma pousada. Aí, foram acolhidos e levados para um espaço onde havia feno e Maria poderia descansar. José, exausto, permaneceu ao lado da esposa, medindo-lhe a febre com as mãos. Do andar de cima, chegaram-lhes vozes e passos misteriosos, aumentando o clima de mistério e inquietação.
De repente, uma voz convidou-os a subir e comer um caldinho. José aquiesceu e deparou-se com duas pessoas na cozinha: um mulher, ajoelhada junto à lareira, retirava uma panela do lume; um homem, sentado à mesa, servia vinho. Durante a refeição que se seguiu, o homem perguntou o que os levara até ali, e José respondeu que vendiam louça espanhola, vindos de Cidade Rodrigo. Após ter sido questionado sobre o motivo por que Maria não subira para comer, declarou que estava com febre. A mulher da casa insistiu com José que a chamasse.
Quando este regressou com a companheira e o bebé, encontrou uma vela acesa sobre a mesa e uma malga com água. A dona da casa pediu, então, que Maria se sentasse perto do lume e deu início a um ritual popular de cura: colocou o utensílio de cozinha no colo, verteu azeite e começou uma reza misteriosa, em voz baixa, com palavras ininteligíveis. Durante a oração, a misteriosa mulher realizou movimentos circulares com os antebraços sobre o peito de Maria, unindo água e azeite, num ritual que durou vários minutos.
Terminada a reza, a mulher aproximou a vela da malga e José pôde ver o seu conteúdo: a tigela estava cheia de bichos, mais de cem, todos de aspeto horripilante e nauseabundo.
Quanto ao título do conto, de acordo com a crença popular, «burburinhos» ou redemoinhos de vento eram tidos como obras de bruxas e possuíam poderes maléficos. Para se proteger, quem os avistasse deveria fazer cruzes com os dedos; caso contrário, poderia ser vítima de um bruxedo.