Nos
finais do século XV e princípios do século XVI, a literatura portuguesa começou
a registar algumas ténues influências da literatura italiana, nomeadamente ao
nível da poesia produzida em contexto palaciano, nas cortes de D. João II e
depois, mais acentuadamente, de D. Manuel. Esses poemas, da autoria de muitos
nobres para quem a arte de versejar era um atributo muito importante, eram
portadores, com assinalável frequência, de uma atitude amorosa e poética que
revelava a influência do poeta italiano Petrarca, o precursor do Renascimento.
Em
1516, Garcia de Resende publicou a compilação desses poemas palacianos numa
obra intitulada Cancioneiro Geral,
dedicada ao príncipe e futuro rei de Portugal D. João III, afirmando no Prólogo
que o objetivo do seu trabalho era contrariar a natural tendência de os
portugueses não registarem, para o futuro, as suas obras. Publicado no ano de
inauguração do Mosteiro dos Jerónimos e no período de florescimento do teatro
de Gil Vicente, o Cancioneiro revela
a valorização já renascentista que a cultura começara a merecer.
Em
1521, Sá de Miranda, um dos poetas presentes no Cancioneiro de Resende, empreende uma demorada viagem a Itália,
durante a qual contactou com a cultura e a arte da Renascença. Cinco anos mais
tarde, de regresso a Portugal, trouxe consigo o gosto pelo novo estilo – o dolce
stil nuovo – e introduziu na nossa literatura, entre outras composições
poéticas, o soneto, com os seus versos decassilábicos.
Por
outro lado, a literatura renascentista redescobrira os clássicos e a Poética de Aristóteles, uma obra que
regulamenta e hierarquiza os géneros literários, considerando a epopeia e a
tragédia os géneros mais nobres. Não é, pois, de estranhar que a o desejo de
elaboração de uma epopeia se tenha disseminado, vindo a ser concretizado por
Luís de Camões, e António Ferreira tenha escrito a tragédia Castro, inspirada nos amores trágicos de
D. Pedro I e D. Inês de Castro.
Manual Plural 12
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