Português: Resumo do capítulo II - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Resumo do capítulo II - 2.ª parte - de O Meu Pé de Laranja Lima

                Nos dias seguintes, Zezé toma precauções (por exemplo, sair mais cedo de casa, caminhar pela sombra) para não se encontrar com o Portuga, figura que lhe provocava uma grande raiva, a ponto de desejar matá-lo futuramente, porém, com a passagem do tempo, o medo e a hostilidade diminuem, sobretudo porque o português desaparece por alguns dias, o que lhe traz alívio.

                O tempo vai passando, a vida da rua segue o seu curso normal. A estação muda e o menino afasta-se um pouco de Minguinho, que continua a crescer, assim como a criança, que se aproxima dos seis anos. A cumplicidade entre ambos continua a estreitar-se e as conversas tornam-se sobretudo relevantes após as sovas que Zezé apanha. O narrador detalha o modo como decora a árvore, usando tampinhas de garrafa e pedaços de linha, e admira como o vento as faz baterem umas nas outras, dando uma imagem poética e vívida. Por outro lado, a vida na escola decorre bem: já conhece vários hinos nacionais de cor, destacando o da Liberdade como o seu preferido. Todas as terças-feiras falta às aulas para se encontrar com Ariovaldo e venderem, juntos, os folhetos do músico. Durante os recreios, gosta de jogar bola de gude, jogo que lhe granjeou o epíteto de «rato» por causa da sua boa pontaria, que lhe permitia ganhar muitas bolinhas. A professora vê-o como um menino especial e sente grande carinho por ele. Conhecedora da pobreza em que vive, à hora do lanche, chama-o à parte e dá-lhe dinheiro para ele ir comprar um sonho recheado. Além disso, não acredita que seja travesse ou diga palavrões. Em contrapartida, ele porta-se bem nas aulas (“... eu era um anjo.”), não tem qualquer repreensão e torna-se o oferecido das professoras por ser um dos alunos mais pequenos.

                Certo dia, Manuel Valadares regressa, passa lentamente por ele de carro e buzina-lhe, enquanto sorri. A partir daí, diariamente, a caminho da escola, Zezé continua a cruzar-se com o veículo do Portuga, que continua a buzinar-lhe, porém o menino não quer dar-lhe importância, visto que mantém o desejo de se vingar no futuro. Como é evidente, corre a contar estes eventos ao amigo Minguinho, que continua a crescer, daí que a criança necessite de um caixote para lhe subir.

                Numa tarde, não consegue resistir ao aroma das goiabas que lhe chega da casa da vizinha Ifigénia e decide tentar roubar alguma. No entanto, é surpreendido pela mulher, que lhe grita da janela da cozinha. Ato contínuo, ele foge e salta para dentro do valão, porém magoa-se num pé com gravidade (espeta um pedaço de vidro no pé), mas omite as dores intensas que sente com medo de ser castigado. Astutamente, procura Glória – Godóia – na cozinha, a irmão de quinze anos, que fica muito preocupada não só com a profundidade do corte, mas também com as palavras de desalento do irmão, que chega a referir a possibilidade de se suicidar ao atravessar a Rio – São Paulo. Ao jantar, Glória disfarça a ausência da criança, dizendo que se fora deitar, porque tinha dor de cabeça, em resultado das sovas constantes que apanhava (naquele dia tinham sido três).

                Na manhã seguinte, ao ir para a escola, cruza-se novamente com o português, que se apercebe do ferimento no pé e se oferece para o ajudar. Zezé, inicialmente, ignora-o e procura seguir o seu caminho, mas Manuel Valadares corta-lhe a passagem com o automóvel, desce e fala-lhe docemente, o que deixa o narrador espantado com aquela atitude de alguém que, alguns dias antes, lhe tinha batido. De seguida, oferece-se para o levar à escola, mas Zezé só aceita depois de o Portuga lhe prometer que o deixará antes de chegar à escola, pois a criança sentirá vergonha se os colegas – que sabem da sova que o homem lhe deu – o virem na sua companhia. Esta é a peripécia que irá transformar o curso da ação, na opinião de Miguel Neves Santos (op. cit., p. 20), dado que o português o leva a uma farmácia para tratar a ferida, antes que apanhe tétano, dá-lhe força e coragem para enfrentar as dores e leva-o até perto de casa. Zezé fica tão impressionado com a atitude do antigo inimigo que passa a nutrir um forte apreço e gratidão por ele: “O Português tinha se tornado agora a pessoa que eu queria mais bem no mundo.”

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