O conto "O Eremita" narra a odisseia de um professor, conhecido comumente por Toninho, diminutivo de António, que decide abandonar a profissão e a vida agitada para viver isolado no meio dos montes, procurando uma existência mais autêntica. Deste modo, instala-se num pequeno casebre que herdara e que reconstruíra, com a ajuda da comunidade, e passa a levar uma vida simples, criando alguns animais e deslocando-se periodicamente à aldeia.
Um jornalista, curioso com a notícia da mudança radical de vida do ex-professor, vai ao seu encontro, guiado por Ti Augusto, um habitante local. No entanto, ao chegarem junto do casebre reconstruído, não encontram Toninho. Curioso, o jornalista decide espreitar o interior da habitação. E cima da mesa, encontra uma edição de D. Quixote aberta numa página onde se destaca uma citação sobre a liberdade, o que esclarece o motivo e o sentido da escolha do antigo professor.
O conto termina com o jornalista e Ti Augusto deixando o local, acompanhados pelo som distante de Platão, o mastim fiel que acompanhava sempre o «eremita». O primeiro pede ao segundo que lhe conte histórias de contrabando, parecendo considerar que a narrativa em torno da opção de Toninho não teria o impacto esperado. Afinal, em vez de uma história fabulosa com um desenvolvimento do arco da velha, encontrou «apenas» uma história de liberdade.