sexta-feira, 19 de abril de 2019
quinta-feira, 18 de abril de 2019
Temas da poesia de Camões
Representação da amada
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Mulher
inacessível, misteriosa, quase divina, de beleza inefável, a quem o sujeito
poético presta vassalagem e adoração e que se relaciona com o amor espiritual
(cf. ideal de beleza petrarquista).
Ex.:
“Ondados fios de ouro reluzente”, “Um mover d’olhos brando e piadoso”
. Mulher terrena, por quem o sujeito
poético se sente atraído e fascinado.
Ex.:
“Aquela cativa”, “Minina dos olhos verdes”.
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Experiência amorosa e reflexão sobre
o amor
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Amor
espiritualizado, sereno, racionalmente intelectualizado, de influência
petrarquista.
Ex.:
“Ondados fios de ouro reluzente”
. Amor experienciado, vivido.
Ex.:
“Aquela cativa”, “Pastora da serra”
. Amor conturbado, dividido entre o
anseio espiritual e o desejo, e marcado pela culpa, pela saudade e pela
insatisfação.
Ex.:
“Alma minha gentil, que te partiste”, “Tanto de meu estado me acho incerto”, “Amor
é um fogo que arde sem se ver”.
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Natureza
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. Cenário associado ao locus amoenus clássico (paisagem
idealizada, tranquila/serena e bucólica ou pastoril).
Ex.: “A fermosura desta fresca
serra”, “Alegres campos, verdes arvoredos”.
. Personificação da natureza,
encarada com confidente do sujeito poético.
Ex.: “Verdes são os campos”, “Alegres
campos, verdes arvoredos”.
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Desconcerto
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. Desconcerto social:
- distribuição arbitrária dos prémios
e castigos;
- sobreposição da cobiça e da vileza
aos valores morais;
- necessidade de submissão à desordem
/ irracionalidade da vida.
Ex.:
“Os bons vi sempre passar”, “Correm turvas as águas deste rio”, “Verdade,
Amor, Razão, Merecimento”.
. Desconcerto individual e
subjetivo: sujeição à Fortuna (cf. Reflexão sobre a vida pessoal).
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Mudança
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. Oposição entre o tempo / a
mudança da / na natureza e o tempo / mudança do / no ser humano: a mudança
cíclica vs. a mudança irreversível.
Ex.:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”.
. Oposição entre o bem
passado e o mal presente.
Ex.: “Sôbolos
rios que vão”.
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Reflexão sobre a vida pessoal
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. Reflexão sobre a situação
atual e sobre as causas que lhe deram origem (os “erros”, a “Fortuna” e o “amor
ardente”).
Ex.:
“Erros meus, má fortuna, amor ardente”, “O dia em que eu nasci, moura e
pereça”, “Eu cantei já, e agora vou chorando”.
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quarta-feira, 17 de abril de 2019
Soneto
O
soneto é uma composição poética
característica do chamado dolce stil
nuovo, uma tendência que surge como reação à poesia trovadoresca na Itália.
Em
Portugal, foi divulgado por Sá de
Miranda, após a sua viagem a Itália (1521-1526), e cultivado desde o século
XVI até à atualidade.
O
soneto é um poema constituído por duas quadras e dois tercetos, em versos
decassilábicos. O esquema rimático das quadras tende a ser fixo (abba), ao contrário do que acontece nos
tercetos, em que a rima pode apresentar esquemas rimáticos variados (cdc dcd, ccd eed, cd cede, cde cde).
Quando o último terceto apresenta a informação mais relevante do poema, diz-se
que o soneto termina com chave de ouro.
Pela
sua constituição e disposição, o soneto favorece um discurso em tese e
antítese, seguidas de conclusão e desfecho sentencioso.
Para
além deste tipo de soneto, conhecido por soneto
italiano, existe igualmente o chamado soneto
inglês, constituído por catorze versos divididos em três quadras e um
dístico final.
O
poeta Vasco Graça Moura (1942-2014) compôs um soneto que tem como tema a própria
noção de soneto, pondo em evidência algumas das suas características:
.
o número total
de versos;
. os versos decassilábicos;
. as quadras com esquema rimático abba;
. o modelo suscetível de inovação
(vv. 5-8);
. o modelo com duas variedades
possíveis: a inglesa (“isabelino”) e a italiana (“continental”);
. o último terceto com a função de
chave de ouro,
soneto do soneto
catorze versos tem
este soneto
de dez sílabas cada,
na contagem
métrica portuguesa;
de passagem,
o esquema abba dá esqueleto
aos versos do começo:
a engrenagem
podia ser abab, mas meto
aqui baab: destarte, preto
no branco,
instabilizo a sua imagem.
teria, isabelino, uma
terceira
quadra cddc e ee final,
em vez de dois
tercetos, com quilate
sempre de ouro no fim.
de tal maneira
porém o engendrei
continental,
que em duplo cde tem seu remate.
Vasco Graça Moura, Poesia 2001/2005
Obra de António Ferreira
Dos escritores renascentistas, apenas
António Ferreira se pode considerar como representante íntegro do espírito
classicista e humanista que conviveu com a tradição literária renascentista e
com a Contra-Reforma; fez parte dos «Zagais da Estremadura» e como tal se
relaciona com Sá de Miranda e com todos os seus seguidores, que pugnavam a
favor do gosto renascentista; pelos destinatários das suas obras sabemos que
conviveu com a elite governante, administrativa, social e literária do seu
tempo. As Odes e Cartas dirigem-se a personalidades como Pêro de Andrade Caminha, Sá
de Miranda, Diogo Bernardes, Francisco de Sá e Meneses, Duque de Aveiro, Padre
Luís Gonçalves da Câmara (mestre de D. Sebastião), D. Francisco Coutinho, D.
Constantino de Bragança, cardeal D. Henrique, rei D. Sebastião, Diogo de Teive,
etc.
Dois importantes factos distinguem
António Ferreira dos outros autores clássicos renascentistas: nunca escreveu em
castelhano e usou sempre a medida nova. De facto, o autor utilizou sempre a
língua portuguesa em prosa e verso. Na sua Carta
a Pêro de Andrade Caminha, censura-o por ter utilizado a língua castelhana
e, em simultâneo, estimula-o a escrever em português, enriquecendo a nossa
língua, como fizeram os Gregos, os Latinos, os Espanhóis e os Italianos, que
sempre escreveram nas suas próprias línguas e não nas dos outros.
1.
Poesia
A obra de António Ferreira, que inclui
sonetos, epigramas, odes, elegias, éclogas, epitalâmios, cartas, epitáfios, um
poema religioso (História de Santa Comba
dos Vales), foi compilada pelo autor num volume editado pelo seu filho mais
velho, Miguel Leite Ferreira, em 1598, intitulado Poemas Lusitanos. Seguiram-se-lhe outras edições, nomeadamente em
1771 e 1829.
No aspeto de estrutura formal, António
Ferreira aperfeiçoou a carta e a elegia, e foi o introdutor em Portugal do
epigrama, da ode e do epitalâmio. Todas estas formas são elaboradas sobre modelos
italianos, latinos e gregos: à expressão em novas formas corresponde fatalmente
a expressão de novas ideias, sentimentos e temas.
Destas composições, umas estão
recheadas de lugares comuns petrarquistas e renascentistas, outras assumem
certa importância e inovação na época, como as odes e as cartas. O facto de se
falar em lugares-comuns não assume aqui a conotação negativa vulgar de mera
repetição da tradição literária: provenientes em geral de autores (autoridade)
greco-latinos (auctores – auctoritas), os lugares comuns sentem-se
viva e diferentemente na Idade Média, Renascimento e Barroco, segundo a
idiossincrasia epocal. Referem-se a áreas semânticas múltiplas: natureza,
sentimentos humanos, vida, etc.
De facto, o interesse das composições
líricas é desigual. Por exemplo, os sonetos, por vezes harmoniosos, repisam os
lugares-comuns do petrarquismo, mas só há vibração nos referentes à morte da
primeira esposa. As éclogas, geralmente de cunho virgiliano ou sannazzariano, e
as elegias revestem-se também de pouco interesse. No entanto, nas odes
horacianas, de que terá sido o primeiro cultor português, e sobretudo nas
cartas, António Ferreira mostra toda a sua excelência enquanto escritor,
podendo considerar-se o mais completo
teorizador português quinhentista, em vernáculo, dos padrões e valores
humanísticos, sobre aqueles relacionados com a arte literária.
Nas suas cartas e odes perpassam,
referenciadas ou como destinatárias de dedicatórias, personalidades múltiplas
de relevo histórico, desde poetas como Pêro de Andrade Caminha, Diogo
Bernardes, Sá de Miranda, Francisco de Sá de Meneses, Jerónimo Corte Real,
Diogo de Teive, a figuras de importância político-social como Alcáçova
Carneiro, secretário de Estado de D. João III, filho do Duque de Aveiro (D.
João de Lencastre), príncipe D. João (filho de D. João III), D. João III, D.
Sebastião, D. Duarte (filho do Infante D. Duarte), Cardeal D. Henrique, Reis
Cristãos (Carlos V, Francisco I), Marquês de Torres Novas (D. Jorge), Afonso de
Albuquerque (filho do governador da Índia do mesmo nome), D. Constantino de
Bragança (governador da Índia), Conde de Redondo (D. Francisco Coutinho,
regedor da Casa da Suplicação), Luís da Câmara (mestre de D. Sebastião), e
muitos outros. Temos assim uma rede polarizada de personalidades a quem António
Ferreira expõe os seus sentimentos e atitudes perante as questões mais
diversas. A todos prodigaliza conselhos e encorajamentos, que encobrem por
vezes uma crítica discreta, pois entendia o escritor exercer desta maneira uma
certa autoridade espiritual que reivindica para os poetas e os doutos em
Humanidades. Diversos poemas são dedicados a D. Maria Pimentel, sua primeira
mulher.
Por outro lado, do conjunto das cartas
e odes desprende-se uma atitude horaciana mais ou menos harmonizada com uma
sabedoria cristã. António Ferreira adota uma postura de impassível superioridade
perante as opiniões irracionais do «vulgo» (odi
profanum vulgus) e perante a vacuidade dos bens por que se bate a maioria
dos homens. Para ele, o «vulgo» ou «povo» é um conceito basicamente moral e não
social: “Eu chamo povo onde há baixos intentos;”. Pelo contrário, considera
sábio quem, guiando-se pelo próprio juízo, pode desprezar o que lhe é exterior:
“Ditoso
aquele que em si só encerra
e,
estimando o tesouro que em si tem,
pisa
soberbamente toda a terra.”
A razão humana, educada nas letras
clássicas, feita de ponderação, buscando uma felicidade terrestre ao abrigo de
paixões e ilusões, e que é a mais alta forma de autodomínio, é o único guia em
que Ferreira confia. Em seu nome, condena todas as manifestações de
impulsividade, incluindo o espírito de aventura e a brutalidade guerreira. Como
se relaciona então com a ideologia expansionista da época, praticamente unânime
em Portugal? Não obstante o elogio dirigido a heróis militares, o escritor
insiste na superioridade da razão sobre a coragem física e, com alguma regularidade,
censura ou lamenta aqueles que trocam a quietude da meditação e do estudo pelos
riscos do mar e da guerra, levados pela ambição da riqueza, na esteira do que
já fizera Sá de Miranda.
No campo das ideias políticas e
sociais, em carta dirigida a D. Sebastião, António Ferreira expõe, de forma
inequívoca, a doutrina do contrato social (provavelmente herdada de Aristóteles)
e nega o poder monárquico absoluto:
“absoluto
poder não há na terra
que
antes será injustiça e crueldade”
e
afirma a condição humana dos reis:
“iguais
somos, Senhor, na natureza:
assim
entramos na vida, assim saímos.”
Além
disso, contrapõe à nobreza do sangue a aristocracia do saber, lamentando que
lhe não sejam reconhecidas no seu tempo as prerrogativas a que se sente com
direito:
“Aquela
proveitosa liberdade
aos
antigos Poetas concedida […]
porque
entre nós será mal recebida?”
Parte da sua obra, nomeadamente as
epístolas dirigidas aos confrades em letras, consagra-se a problemas do ofício
de escrito, sobretudo à defesa e ilustração da língua portuguesa. Como já foi
referido, o escritor quinhentista interessou-se a fundo pelo nosso idioma,
inclusivamente na sua forma medieval, de que fez duas imitações felizes a propósito
do texto do Amadis. Reagiu contra o
emprego da língua castelhana por parte dos poetas seus contemporâneos e foi um
dos poucos portugueses do século XVI que não escreveram em castelhano um só
verso. Pelo contrário, por exemplo, Gil Vicente ou Camões mesclaram com alguma
frequência as duas línguas. Terá sido este amor à língua portuguesa que o levou
a designar a sua coletânea de Poemas
Lusitanos:
“Eu
desta glória só fico contente:
que
a minha terra amei, e a minha gente.”
Além disso, António Ferreira foi um
notável doutrinário, o mais importante teorizador do Classicismo, tendo como
fonte principal o poeta latino Horácio, nomeadamente a sua Epístola aos Pisões (também conhecida por Arte Poética). Alguns dos traços desse magistério são os seguintes:
a)
a primazia do estudo e do trabalho sobre a inspiração, isto é, a poesia não
pode ser só inspiração, deve ser fruto de trabalho e estudo apurado e
prolongado sobre o texto:
“doutrina,
arte, trabalho, tempo e lima
fizeram
aqueles nomes tão famosos
por
quem a Antiguidade se honra e estima.”
b)
a necessidade do conhecimento aprofundado e de uma imitação dos antigos que
afinal consiste na apropriação nacional do património literário das línguas
clássicas:
“Do bom escrever, saber primeiro é
fonte.”
c)
a necessidade da crítica e da autocrítica, de «tempo e de lima»: o poeta deve
desconfiar de si próprio e fazer discutir pelos entendidos as suas composições;
d)
o sentido da justa proporção:
“há
nas cousas um fim, há tal medida,
que
quanto passa ou falta dela é vício.”
e)
a proscrição de toda a herança peninsular medieval, conservando apenas, como
mal inevitável, a rima, que restringe a liberdade dos versos «e com som leve o
juízo engana», enquanto se não encontrar outro sistema rítmico mais próximo do
verso latino – de facto, Ferreira considera desejável que se fizesse uso do
verso branco;
f)
a necessidade de tomar a Razão como único guia
No conjunto da sua obra lírica, há a
destacar ainda as exortações que
dirigiu a vários confrades no sentido de produzirem
uma epopeia nacional (ideia já expressa por Garcia de Resende no Prólogo do
Cancioneiro Geral), não tanto um
texto que fosse a afirmação dos valores guerreiros e cruzadistas nacionais, mas
um monumento de cultura e sobretudo da língua. Coube a Camões seguir o repto e
produzir Os Lusíadas.
2.
Teatro
A seguir…
Bibliografia:
Vida de António Ferreira
Nasceu em 1528, em Lisboa, filho de Martim Ferreira e de
Mexia Fróis Varela. O pai era escrivão de fazenda de D. Jorge de Lencastre,
Duque de Coimbra.
Na sua educação conviveu com os filhos
de D. Jorge de Lencastre e com pessoas de grande relevância nobiliárquica,
administrativa e literária. Frequentou em Coimbra o curso de Humanidades e Leis
e doutorou-se em Cânones. Foi temporariamente professor nesta Universidade.
A frequência da Universidade deu-se na
época áurea do Humanismo Bordalês, em que pontificaram os Gouveia (André,
Marcial, Diogo Júlio), Diogo de Teive, João da Costa, António Mendes, Jorge
Buchanan, Arnaldo Fabrício, Guilherme de Guérente, Nicolau Grouchy, Elias
Vinet.
Parece ter-se enamorado em Coimbra por
uma senhora de família nobre de apelido Serra, que evocará veladamente em
algumas poesias. Em 1557 casou com D. Maria Pimentel, senhora de Torres Novas,
que morreu no terceiro ano de casamento, que primeiro cantou e depois chorou
muito sentidamente: «Com que mágoa (ó Amor) com que tristeza / Viste cerrar
aqueles tão fermosos / Olhos, onde vivias, poderosos / De abrandar com sua
vista a mor dureza!».
Voltou a casar em 1564, com D. Maria
Leite, de Cabeceiras de Basto, de quem teve dois filhos. Também ela foi evocada nos seus textos.
Em 1567 foi nomeado Desembargador da
Relação de Lisboa. Em 1569, apenas com 41 anos, morre em Lisboa vitimado pela
peste, deixando dois filhos, um dos quais (Miguel Leite Ferreira) lhe
publicará, em 1598, a obra em Poemas
Lusitanos.
terça-feira, 16 de abril de 2019
"Já não dá para abastecer"
A greve de motoristas de materiais perigosos está a originar a escassez de combustíveis um pouco por todo o país.
A plataforma VOST Portugal criou o sítio janaodaparaabastecer.vost.pt, onde as pessoas podem pesquisar, por posto de combustível, quais os que estão encerrados e quais os combustíveis que já esgotaram nos outros que ainda não encerraram.
Gatos pingados
Significado: A expressão «gatos pingados» traduz uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.
Origem: Detetar a origem exata destas expressões nascidas no seio popular é uma tarefa praticamente impossível em muitos casos, facto que dá origem ao surgimento de diferentes teorias.
Uma das explicações que é possível encontrar disseminada remete para uma tortura procedente do Japão que consistia em despejar pingos de óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Além disso, parece que os recipientes de onde o óleo era despejado tinham a requintada e original forma de gatos. Eram os gatos «pingados». Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente.
Falta nesta explicação o passo que liga a expressão ao sentido de «conjunto de poucas pessoas»: como o suplício tinha uma assistência reduzida, dada a enorme crueldade do ato, ela passou a denominar pequena assistência sem entusiasmo ou curiosidade para qualquer evento.
Uma outra explicação, desprovida dos elementos fantasiosos acima expostos, remete para uma das aceções do verbo «pingar», entretanto caída em desuso, que era justamente «supliciar, deixando cair sobre o corpo pingos de um líquido fervente", de acordo com o dicionário Houaiss. De facto, não era incomum o hábito de pingar escravos, gatos ou outros animais.
Quanto ao sentido de «gato pingado» como «membro de um conjunto de poucas pessoas», convém ter presente o facto de gatos torturados se tornarem arredios, avessos ao contacto humano. Como diz o ditado, «gato escaldado (isto é, queimado com água fervente) tem medo (até) de água fria". É possível também que a ideia de escassez associada figurativamente ao verbo «pingar» tenha atuado como reforço da noção.
Uma outra explicação, desprovida dos elementos fantasiosos acima expostos, remete para uma das aceções do verbo «pingar», entretanto caída em desuso, que era justamente «supliciar, deixando cair sobre o corpo pingos de um líquido fervente", de acordo com o dicionário Houaiss. De facto, não era incomum o hábito de pingar escravos, gatos ou outros animais.
Quanto ao sentido de «gato pingado» como «membro de um conjunto de poucas pessoas», convém ter presente o facto de gatos torturados se tornarem arredios, avessos ao contacto humano. Como diz o ditado, «gato escaldado (isto é, queimado com água fervente) tem medo (até) de água fria". É possível também que a ideia de escassez associada figurativamente ao verbo «pingar» tenha atuado como reforço da noção.
Meteorito caiu no Brasil
Um meteorito caiu no Brasil, mas, felizmente, para o redator da notícia on-line, não causou qualquer dado.
Os tempos estão tão maus que não há sequer o cuidado de rever o que se escreve?
Governo pondera demitir-se por causa dos professores
E eu que pensei que já estávamos na Semana Santa e tínhamos deixado o Carnaval lá bem para trás [notícia].
segunda-feira, 15 de abril de 2019
Catedral de Notre Dame
15 de abril de 2019, dia em que a Catedral de Notre Dame, em Paris, ardeu por completo, salvando-se apenas o esqueleto.
Passar a mão pela cabeça
A expressão «passar a não pela cabeça» significa perdoar ou acobertar um erro cometido por algum protegido.
Ela relaciona-se com o costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção.
Que maçada!
Significado: A expressão refere-se a uma tragédia ou a um contratempo, um aborrecimento.
Origem: A sua origem leva-nos até à fortaleza de Massada, situada na região do Mar Morto, em Israel, reduto de Zelotas, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio coletivo para não se renderem, de acordo com o relato do historiador Flávio Josefo.
De facto, os Zelotas, quando se aperceberam da ameaça dos soldados romanos, encerraram-se num templo onde acreditavam poder furtar-se aos inimigos. No entanto, os romanos rapidamente começaram a destruir o local, pelo que os Zelotas, convictos da sua derrota, adotaram uma solução que, evitando o confronto direto com a tropa adversária, lhes traria menor sofrimento: o suicídio coletivo.
Assim se explicará a génese da palavra "maçada" (= "lugar seguro", "fortaleza"), o grande aborrecimento por que tiveram de passar os Zelotas. Por causa da origem etimológica da palavra, passou a escrever-se maçada em vez de massada, o nome daquela terra.
De acordo com outra explicação, o termo derivará de maça, uma arma medieval com forma de clava que terminava numa esfera ou pera provida de picos metálicos. A sua função básica era abrir cabeças, uma grande maçada para as vítimas, convenhamos.
De facto, os Zelotas, quando se aperceberam da ameaça dos soldados romanos, encerraram-se num templo onde acreditavam poder furtar-se aos inimigos. No entanto, os romanos rapidamente começaram a destruir o local, pelo que os Zelotas, convictos da sua derrota, adotaram uma solução que, evitando o confronto direto com a tropa adversária, lhes traria menor sofrimento: o suicídio coletivo.
Assim se explicará a génese da palavra "maçada" (= "lugar seguro", "fortaleza"), o grande aborrecimento por que tiveram de passar os Zelotas. Por causa da origem etimológica da palavra, passou a escrever-se maçada em vez de massada, o nome daquela terra.
De acordo com outra explicação, o termo derivará de maça, uma arma medieval com forma de clava que terminava numa esfera ou pera provida de picos metálicos. A sua função básica era abrir cabeças, uma grande maçada para as vítimas, convenhamos.
Acordo leonino
A sua origem estará, muito possivelmente relacionada, com as fábulas em que o leão é a personagem que possui todo o poder.
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