segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Coesão referencial
A coesão referencial obtém através de cadeias de referência, isto é, um conjunto de termos ou expressões (correferentes) que remetem para a mesma entidade (referente).
O referente é o termo que designa a entidade ou situação (do mundo real ou imaginário) a que o falante se refere:
- O Benfica venceu...
Os correferentes são os elementos ou ocorrências textuais sem referência autónoma que remetem para o mesmo referente:
- O homem que observava as estrelas viu o seu telescópio roubado por dois
meliantes.
- A Joana mudou de curso. Os pais apoiaram-na nessa sua decisão e estão ao lado
dela incondicionalmente. ([A Joana] + [na] + [sua] + [dela] = cadeia de
referência)
Podem integrar as cadeias de referência as anáforas, as catáforas, as elipses e a correferência não anafórica.
1. Anáfora
A anáfora ou termo anafórico consiste na retoma - total ou parcial - do referente de palavras anteriormente inseridas no texto. Ou seja, o referente antecede, na frase, os seus correferentes ou termos anafóricos.
. Na semana passada, visitei a minha antiga escola primária. Há muito tempo que
não a visitava. Guardo belas memórias dos quatro anos que lá estudei.
O antecedente «a minha antiga escola primária» é retomado através dos
termos anafóricos «a» e «lá». Estes dois termos só são interpretáveis por
referência à expressão «a minha antiga escola primária». Por outro lado, os
três elementos sublinhados constituem uma cadeia de referência porque
remetem para a mesma entidade.
A anáfora pode ser:
. nominal: «A casa que Os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875,
era conhecida (...) Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o
Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas
varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas
abrigadas à beira do telhado (...)».
A anáfora concretiza-se pelo uso de merónimos do termo antecedente «casa».
Os referentes dos termos anafóricos, neste caso, não coincidem totalmente com a
repetição do termo antecedente, estabelecendo com ele uma relação de implicação
do tipo parte-todo.
Nestes casos, a anáfora é não co-referencial, sendo designada por anáfora
associativa.
. verbal: «Jorge Jesus afirmou que o Benfica jogou bem. Disse também que a pior
equipa fora a de arbitragem.»
O verbo «dizer» retoma o antecedente «afirmar».
. pronominal: «Em casa havia um tambor. Tinham-lho oferecido pelo Natal.»
Neste caso, estamos perante uma anáfora pronominal , uma vez que o
pronome «o» substitui o nome («tambor») que o precede.
. adverbial: «Ao longe, no alto mar, há ainda o exercício da pesca. Há
lá homens.
Não os vejo.» (Vergílio Ferreira, Até ao Fim)
O advérbio «lá» remete para a expressão «no alto mar», que surge antes no
discurso. Note-se que, no exemplo, ocorre ainda uma anáfora pronominal, visto
que o pronome «os» («Não os vejo.») retoma o antecedente «homens».
Outros exemplos:
4. Correferência não anafórica
O referente é o termo que designa a entidade ou situação (do mundo real ou imaginário) a que o falante se refere:
- O Benfica venceu...
Os correferentes são os elementos ou ocorrências textuais sem referência autónoma que remetem para o mesmo referente:
- O homem que observava as estrelas viu o seu telescópio roubado por dois
meliantes.
- A Joana mudou de curso. Os pais apoiaram-na nessa sua decisão e estão ao lado
dela incondicionalmente. ([A Joana] + [na] + [sua] + [dela] = cadeia de
referência)
Podem integrar as cadeias de referência as anáforas, as catáforas, as elipses e a correferência não anafórica.
1. Anáfora
A anáfora ou termo anafórico consiste na retoma - total ou parcial - do referente de palavras anteriormente inseridas no texto. Ou seja, o referente antecede, na frase, os seus correferentes ou termos anafóricos.
. Na semana passada, visitei a minha antiga escola primária. Há muito tempo que
não a visitava. Guardo belas memórias dos quatro anos que lá estudei.
O antecedente «a minha antiga escola primária» é retomado através dos
termos anafóricos «a» e «lá». Estes dois termos só são interpretáveis por
referência à expressão «a minha antiga escola primária». Por outro lado, os
três elementos sublinhados constituem uma cadeia de referência porque
remetem para a mesma entidade.
A anáfora pode ser:
. nominal: «A casa que Os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875,
era conhecida (...) Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o
Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas
varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas
abrigadas à beira do telhado (...)».
A anáfora concretiza-se pelo uso de merónimos do termo antecedente «casa».
Os referentes dos termos anafóricos, neste caso, não coincidem totalmente com a
repetição do termo antecedente, estabelecendo com ele uma relação de implicação
do tipo parte-todo.
Nestes casos, a anáfora é não co-referencial, sendo designada por anáfora
associativa.
. verbal: «Jorge Jesus afirmou que o Benfica jogou bem. Disse também que a pior
equipa fora a de arbitragem.»
O verbo «dizer» retoma o antecedente «afirmar».
. pronominal: «Em casa havia um tambor. Tinham-lho oferecido pelo Natal.»
Neste caso, estamos perante uma anáfora pronominal , uma vez que o
pronome «o» substitui o nome («tambor») que o precede.
. adverbial: «Ao longe, no alto mar, há ainda o exercício da pesca. Há
lá homens.
Não os vejo.» (Vergílio Ferreira, Até ao Fim)
O advérbio «lá» remete para a expressão «no alto mar», que surge antes no
discurso. Note-se que, no exemplo, ocorre ainda uma anáfora pronominal, visto
que o pronome «os» («Não os vejo.») retoma o antecedente «homens».
Outros exemplos:
- «Quando cheguei a casa, o meu filho tinha saído.» («Tinha saído» é um termo anafórico porque a sua interpretação depende de «cheguei», a forma verbal que identifica o ponto de referência temporal do locutor.)
- «A guerra não poupa velhos, mulheres e crianças. Todos sofrem.» («Todos» é um termo anafórico dos nomes antecedentes: «velhos», «mulheres« e «crianças».)
- «A Maria foi ao cinema e a Sofia, sua prima, também.» («Também» é uma forma de retoma anafórica de «foi ao cinema».)
- «A residência dos Caetano transpira bom gosto. A decoração é luxuosíssima.» («A decoração» funciona como anáfora contextual = «A decoração da residência dos Caetano».)
- «A Miquelina comprou um gato há dias, mas o animal já conhece os cantos à casa.» (a anáfora nasce de uma relação de hiponímia / hiperonímia: «o animal» - hiperónimo - retoma o antecedente «um gato» - hipónimo)
- «A sala de aulas está degradada. As carteiras estão todas sujas.» (neste caso, a anáfora decorre da relação holonímia / meronímia: «as carteiras» - merónimo - são parte do todo «a sala de aulas» - holónimo);
- «A Joana penteou-se cuidadosamente.».
2. Catáfora
A catáfora consiste na retoma do referente de palavras posteriormente inseridas no texto. Dito de forma mais simples, os correferentes antecedem, na frase, o seu referente.
- «João Gadunha fala de Lisboa onde nunca foi. Tudo nele, os gestos e o modo de falar, é uma imitação mal pronta dos homens que ouviu quando novo.» (o vocábulo «tudo» remete para elementos que surgem adiante, na frase: «os gestos», «o modo de falar».);
- «Com o meu irmão tudo foi diferente, sabe, as mulheres preferem-nos, aos filhos.» - Ana Paula Inácio, Os Invisíveis (o pronome pessoal «nos» remete para uma expressão - «os filhos» - que surge posteriormente na frase.);
- «Todos os rapazes se tinham apaixonado por ela. Todos a amavam secretamente. A minha prima era lindíssima.» (os termos anafóricos - os pronomes «ela» e «a» - surgem antes da expressão nominal com que se relacionam - «a minha prima».);
- «Em casa havia um tambor. Tinham-lho oferecido pelo Natal. Mas o garoto não soubera regrar o entusiasmo...» (o pronome «lhe» antecede a expressão nominal a que se reporta - «o garoto».);
- «Se soubesse o que o destino lhe reservava nos próximos tempos, talvez Luís Bernardo Valença nunca tivesse apanhado o comboio...» - Miguel Sousa Tavares, Equador [só a posterior referência a «Luís Barnardo Valença» possibilita esclarecer a elipse (omissão) do sujeito da forma verbal «soubesse» e identificar o pronome «lhe» como correferente do nome próprio];
- «A mãe olhou-o e disse: - Pedro estás mais magro.»;
- «A minha mãe teve dois netos: o Miguel e o Ricardo.»;
- «O motivo do crime foi o seguinte: ciúme.».
3. Elipse
A elipse consiste na omissão de certos elementos na frase, dado que os mesmos são facilmente identificáveis a partir do contexto linguístico (1) ou extralinguístico (2) e a sua repetição é desnecessária:
- «O João caiu e [] foi parar ao hospital.»;
- «A gotinha de água era muito infeliz; porém, [] não estava só.».
4. Correferência não anafórica
Neste caso, duas ou mais expressões linguísticas (grupos nominais, adverbiais ou preposicionais) remetem para o mesmo referente, sem que exista dependência referencial entre si. Assim, a relação de correferência entre elas é estabelecida a partir do saber compartilhado dos falantes e do contexto extralinguísticos.
. «O Francisco foi estudar para a Suíça. O filho da Cristina realizou o seu
desejo.»
As expressões «O Francisco» e «O filho da Cristina» remetem para o mesmo
referente. No entanto, ambas as expressões têm referência autónoma, pelo que só
quem conhece a Cristina é que sabe que ela tem um filho chamado Francisco.
. «O Rui foi trabalhar para África. O marido da Margarida está feliz.»
. «A minha prima ganhou um prémio. Sempre acreditei que a Liliana seria uma
advogada de sucesso.»
As expressões «A minha prima» e «a Liliana» identificam a mesma entidade,
sem que nenhuma delas funcione como termo anafórico. A interpretação dos dois
termos como remetendo para o mesmo referente exige que os interlocutores parti-
lhem esse conhecimento, isto é, que o interlocutor saiba que o locutor tem uma
prima chamada Liliana.
. «O primeiro-ministro demitiu-se. O chefe do Governo sucumbiu à contestação.
Atente-se, agora, no exemplo seguinte:
.
. «Camões viveu no século XVI. O autor de Os Lusíadas é um dos maiores es-
critores portugueses.»
Neste caso, «Camões» e «O autor de Os Lusíadas» são correferentes, o que
quer dizer que:
- ambas as expressões remetem para a mesma realidade, têm o mesmo
referente (um escritor);
- nenhuma delas depende da outra para que esse referente (esse escritor)
seja identificado: ao falar de «o autor de Os Lusíadas», facilmente depre-
endemos que se trata de «Camões» (desde que conheçamos a sua auto-
ria da obra em questão).
O mesmo não sucede, porém, no enunciado que se segue:
. «Sancho Pança é um criado bonacheirão. Só ele teria paciência para aguen-
tar a imaginação delirante de D. Quixote.»
Neste exemplo, «Sancho Pança» e «ele» possuem o mesmo referente, isto é,
representam a mesma realidade - são, portanto, correferentes. No entanto, o pro-
nome «ele», sem o seu antecedente, «Sancho Pança», não identifica a realidade
que pretende representar.
Assim, podemos concluir que:
. «O Francisco foi estudar para a Suíça. O filho da Cristina realizou o seu
desejo.»
As expressões «O Francisco» e «O filho da Cristina» remetem para o mesmo
referente. No entanto, ambas as expressões têm referência autónoma, pelo que só
quem conhece a Cristina é que sabe que ela tem um filho chamado Francisco.
. «O Rui foi trabalhar para África. O marido da Margarida está feliz.»
. «A minha prima ganhou um prémio. Sempre acreditei que a Liliana seria uma
advogada de sucesso.»
As expressões «A minha prima» e «a Liliana» identificam a mesma entidade,
sem que nenhuma delas funcione como termo anafórico. A interpretação dos dois
termos como remetendo para o mesmo referente exige que os interlocutores parti-
lhem esse conhecimento, isto é, que o interlocutor saiba que o locutor tem uma
prima chamada Liliana.
. «O primeiro-ministro demitiu-se. O chefe do Governo sucumbiu à contestação.
Atente-se, agora, no exemplo seguinte:
.
. «Camões viveu no século XVI. O autor de Os Lusíadas é um dos maiores es-
critores portugueses.»
Neste caso, «Camões» e «O autor de Os Lusíadas» são correferentes, o que
quer dizer que:
- ambas as expressões remetem para a mesma realidade, têm o mesmo
referente (um escritor);
- nenhuma delas depende da outra para que esse referente (esse escritor)
seja identificado: ao falar de «o autor de Os Lusíadas», facilmente depre-
endemos que se trata de «Camões» (desde que conheçamos a sua auto-
ria da obra em questão).
O mesmo não sucede, porém, no enunciado que se segue:
. «Sancho Pança é um criado bonacheirão. Só ele teria paciência para aguen-
tar a imaginação delirante de D. Quixote.»
Neste exemplo, «Sancho Pança» e «ele» possuem o mesmo referente, isto é,
representam a mesma realidade - são, portanto, correferentes. No entanto, o pro-
nome «ele», sem o seu antecedente, «Sancho Pança», não identifica a realidade
que pretende representar.
Assim, podemos concluir que:
- «Camões» e «o autor de Os Lusíadas» representam a mesma realidade; são, por isso, correferentes. Como nenhum destes elementos depende do outro para que tal realidade seja identificada, a correferência, neste caso, é não anafórica.
- Com a expressão nominal «Sancho Pança» e o pronome «ele», a situação é diferente: os dois elementos são correferentes no contexto em que surgem, pois representam a mesma realidade. No entanto, neste caso, o pronome «ele» constitui uma anáfora - só através de um elemento anteriormente introduzido («Sancho Pança»), para que remete, identifica um segmento da realidade. Nesta circunstância, a correferência é anafórica.
Bibliografia:
- Domínios, de Zacrias Nascimento e Maria do Céu Vieira Lopes (Plátano Editora);
- Gramática da Língua Portuguesa, de Clara Amorim e Catarina Sousa (Areal Editores);
- http://area.dgidc.min-edu.pt/GramaTICa/OFigueiredo_DGIDC_formar_TL2008.pdf;
- http://www.esa.esaportugues.com/programa/Lingua/coesao.htm;
- http://www.google.pt/#q=coes%C3%A3o+textual&hl=pt-PT&cr=countryPT&tbs=ctr:countryPT&prmd=imvnsb&ei=QI1CT8aCL4iz8QPm6P2FCA&sqi=2&start=10&sa=N&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.,cf.osb&fp=9f8b768929cbc0e2&biw=1366&bih=643.
Coesão lexical
· Reiteração lexical: repetição (ou reiteração) da mesma palavra ou expressão:
Ex.: «Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão
e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas
e restos de comida azeda.» (Maria Velho da Costa, Cravo, pág. 133)
· Substituição lexical: substituição de uma unidade lexical por outras que com ela mantêm
relações de sentido:
· por sinonímia: substituição de palavras ou expressões por sinónimos:
Ex.: O teu gato é bonito. Onde arranjaste o felino?
· por antonímia: substituição de palavras ou expressões por antónimos:
Ex.: Carlos Cruz fala verdade? Ou terá optado pela mentira?
· por hiperonímia / hiponímia:
Exs.: Quero os teus brinquedos, sobretudo o palhaço e o comboio. (hiperónimo /
/ hipónimo)
Eu adoro ovelhas e vacas. Estes herbívoros são simpáticos. (hipónimo /
/ hiperónimo)
· por holonímia / meronímia:
Exs.: A minha casa é fria. Os quartos, a cozinha e a sala não têm isolamento.
Ex.: «Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão
e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas
e restos de comida azeda.» (Maria Velho da Costa, Cravo, pág. 133)
· Substituição lexical: substituição de uma unidade lexical por outras que com ela mantêm
relações de sentido:
· por sinonímia: substituição de palavras ou expressões por sinónimos:
Ex.: O teu gato é bonito. Onde arranjaste o felino?
· por antonímia: substituição de palavras ou expressões por antónimos:
Ex.: Carlos Cruz fala verdade? Ou terá optado pela mentira?
· por hiperonímia / hiponímia:
Exs.: Quero os teus brinquedos, sobretudo o palhaço e o comboio. (hiperónimo /
/ hipónimo)
Eu adoro ovelhas e vacas. Estes herbívoros são simpáticos. (hipónimo /
/ hiperónimo)
· por holonímia / meronímia:
Exs.: A minha casa é fria. Os quartos, a cozinha e a sala não têm isolamento.
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Coesão estrutural
Uma das formas de construir a coesão textual é o paralelismo estrutural - a repetição simétrica de construções - em frases, períodos ou parágrafos contíguos ou próximos.:
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
[...]
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
[...]
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel
[...]
O paralelismo pode assumir diferentes categorias:
· Paralelismo sintático: repetição do modelo de construção de uma frase em frases
seguidas:
Ex.: «Ou é porque o sal não salga, ou porque a Terra se não deixa salgar.
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a
verdadeira doutrina (...). Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores dizem uma cousa (...).»
· Paralelismo lexical: repetição da mesma palavra ou expressão em frases
contíguas ou próximas:
Ex.: «Eu penso que a língua portuguesa em Timor-Leste é importante,
porque a língua portuguesa em Timor-Leste é uma língua oficial, e
e a língua portuguesa em Timor-leste não é nova mas é antiga
antiga quando os portugueseses descobriram Timor-Leste...».
· Paralelismo fónico: repetição de sons com o objetivo de ecoar, ampliar ou
repercutir o anteriormente dito:
Ex.: «Casei com o João por causa do pão. Comeram-me o pão, divorciei-
-me do João.»
· Paralelismo semântico: repetição do mesmo conteúdo, ou semelhante, em duas
ou mais frases:
Ex.: «Adoro fazer turismo: conhecer novos lugares e novas culturas, ouvir
línguas e sotaques diferentes, comer pratos típicos de diferentes
regiões...».
seguidas:
Ex.: «Ou é porque o sal não salga, ou porque a Terra se não deixa salgar.
Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a
verdadeira doutrina (...). Ou é porque o sal não salga, e os
pregadores dizem uma cousa (...).»
· Paralelismo lexical: repetição da mesma palavra ou expressão em frases
contíguas ou próximas:
Ex.: «Eu penso que a língua portuguesa em Timor-Leste é importante,
porque a língua portuguesa em Timor-Leste é uma língua oficial, e
e a língua portuguesa em Timor-leste não é nova mas é antiga
antiga quando os portugueseses descobriram Timor-Leste...».
· Paralelismo fónico: repetição de sons com o objetivo de ecoar, ampliar ou
repercutir o anteriormente dito:
Ex.: «Casei com o João por causa do pão. Comeram-me o pão, divorciei-
-me do João.»
· Paralelismo semântico: repetição do mesmo conteúdo, ou semelhante, em duas
ou mais frases:
Ex.: «Adoro fazer turismo: conhecer novos lugares e novas culturas, ouvir
línguas e sotaques diferentes, comer pratos típicos de diferentes
regiões...».
Coesão temporo-aspetual
A coesão temporo-aspetual é conseguida através da compatibilização entre a sequencialização dos enunciados, de acordo com uma lógica temporal, e a informação aspetual, isto é, o ponto de vista do enunciador relativamente à situação expressa pelo verbo, apresentando o modo como decorre essa situação.
Os mecanismos que asseguram este tipo de coesão são os seguintes:
• uso correlativo dos advérbios / expressões adverbiais de tempo e dos tempos
verbais:
verbais:
Ex.: Agora, vamos ler um extrato de Os Maias. Depois faremos um
exercício gramatical.
Amanhã é dia de folga. (* Amanhã foi dia de folga.)
• utilização de grupos nominais e preposicionais com valor temporal:
Ex.: O bebé chorou toda a noite. Só adormecemos de madrugada.
• uso compatível dos valores aspetuais dos verbos e do valor semântico dos
conetores temporais utilizados:
Ex.: Enquanto jantou, a Lucília viu televisão.
* Enquanto saiu, a Lucília viu televisão.
• uso correlativo dos tempos verbais:
Ex.: Quando a Maria chegou, já a filha tinha saído.
* Quando a Maria chegou, já a filha sairá.
Assim que o Benfica marcou golo, brindámos com champanhe.
* Assim que o Benfica marcou golo, brindaremos com
champanhe. (esta frase é agramatical, visto que é impossível conciliar o futuro
com o ponto de partida - o pretérito perfeito.)
• ordenação sequencial dos eventos / das situações apresentados no texto:
Ex.: A Maria acabou o teste e entregou-o ao professor.
* A Maria entregou o teste ao professor e acabou-o.
exercício gramatical.
Amanhã é dia de folga. (* Amanhã foi dia de folga.)
• utilização de grupos nominais e preposicionais com valor temporal:
Ex.: O bebé chorou toda a noite. Só adormecemos de madrugada.
• uso compatível dos valores aspetuais dos verbos e do valor semântico dos
conetores temporais utilizados:
Ex.: Enquanto jantou, a Lucília viu televisão.
* Enquanto saiu, a Lucília viu televisão.
• uso correlativo dos tempos verbais:
Ex.: Quando a Maria chegou, já a filha tinha saído.
* Quando a Maria chegou, já a filha sairá.
Assim que o Benfica marcou golo, brindámos com champanhe.
* Assim que o Benfica marcou golo, brindaremos com
champanhe. (esta frase é agramatical, visto que é impossível conciliar o futuro
com o ponto de partida - o pretérito perfeito.)
• ordenação sequencial dos eventos / das situações apresentados no texto:
Ex.: A Maria acabou o teste e entregou-o ao professor.
* A Maria entregou o teste ao professor e acabou-o.
Coesão interfrásica
A coesão interfrásica designa os mecanismos de sequencialização que permitem a ligação / articulação das frases ou dos parágrafos entre si.
Esses mecanismos são, genericamente, os marcadores discursivos, em que se incluem os conetores / articuladores do dircurso, com destaque para a coordenação e a subordinação:
Por vezes, a ligação entre as frases faz-se sem a presença de marcadores discursivos, configurando uma elipse:
- Ex.: Queria ir-se embora, mas o polícia não lho permitia, por isso resolveu carregar no botão de emergência. De imediato, os travões fizeram-se ouvir.
Por vezes, a ligação entre as frases faz-se sem a presença de marcadores discursivos, configurando uma elipse:
- Ex.: Vítor Pereira tinha preparado a equipa para aquele jogo. Tudo se gorou. O árbitro fez vista grossa à grande penalidade e ao golo irregular do adversário. («Tudo se gorou.» = «Porém, tudo se gorou.»)
Coesão frásica
O texto é uma unidade de comunicação / uma sequência de enunciados (oral ou escrita), de extensão variável - um texto pode ser constituído por um curto enunciado ou por uma variedade de enunciados -, com um princípio e um fim bem delimitados, produzida por um ou por vários autores, que deve obedecer, na sua construção, a um conjunto de regras que, articulando-se entre si, dão sentido ao discurso.
A palavra texto deriva do latim textum (com origem no verbo texto - "entrelaçar", "construir", "compor"), que significa «tecido, entrelaçamento». Tendo presente esta origem etimológica, o texto resulta da ação de tecer, de entrelaçar unidades que formam um todo interrelacionado, com determinadas propriedades que lhe conferem um sentido, sendo o seu objetivo comunicar algo.
A coesão frásica designa os mecanismos linguísticos que conferem unidade aos vários elementos que constituem a frase.
Esses mecanismos são os seguintes:
A palavra texto deriva do latim textum (com origem no verbo texto - "entrelaçar", "construir", "compor"), que significa «tecido, entrelaçamento». Tendo presente esta origem etimológica, o texto resulta da ação de tecer, de entrelaçar unidades que formam um todo interrelacionado, com determinadas propriedades que lhe conferem um sentido, sendo o seu objetivo comunicar algo.
A coesão frásica designa os mecanismos linguísticos que conferem unidade aos vários elementos que constituem a frase.
Esses mecanismos são os seguintes:
- ordem das palavras na frase (ordem direta: SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS / MODIFICADORES):
- Ex.: A Ana aborrece as pessoas.
- concordância em género e número (entre o núcleo nominal e adjetivos, determinantes, quantificadores, modificadores):
- Ex.: O João é um bom menino.
- Ex.: A Joana e a Sofia são boas meninas.
- interligação entre o predicado verbal e o sujeito e seus complementos;
- princípio da regência verbal:
- Ex.: A mulher de quem eu gosto chama-se Maria. (o verbo «gostar» rege a preposição «de»).
H. II. 2. Coesão e coerência textuais
1. Coesão textual:
- Coesão frásica;
- Coesão interfrásica;
- Coesão lexical;
- Coesão referencial;
- Coesão estrutural;
- Coesão temporo-aspetual.
2. Coerência:
- Tema;
- Rema;
- Progressão temática;
- Tematização do texto;
- Coerência textual:
- Coerência lógico-concetual;
- Coerência pragmático-funcional;
- Isotopia;
- Configuração do texto.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
Vida de Eça de Queirós
CONSULTAR: https://feq.pt/o-escritor/
Obras
- O Mistério da Estrada de Sintra (1870) - em colaboração com Ramalho Ortigão.
- As Farpas (1871).
- Singularidades de uma Rapariga Loira - conto (1874).
- O Crime do Padre Amaro (1876) - 2.ª versão.
- O Primo Basílio (1878).
- O Crime do Padre Amaro (1880) - 3.ª versão.
- O Mandarim (1880).
- A Relíquia (1887).
- Os Maias (1888) - 2 volumes.
- Uma Campanha Alegre - de As Farpas (1890-1891) - 2 volumes.
- As Minas de Salomão (tradução), de Rider Haggard (1891).
Obras póstumas:
- A Correspondência de Fradique Mendes (1900).
- A Ilustre Casa de Ramires (1900).
- A Cidade e as Serras (1901).
- Contos (1902).
- Prosas Bárbaras (1903).
- A Capital (1926).
- Cartas de Eça de Queirós (1949).
- A Tragédia da Rua das Flores (1983).
Bibliografia:
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
O Acordo Ortográfico em cartune (II)
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Exame Intermédio de Português 2012 - Informações
Consultar aqui »»».
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Whitney Houston: "One Moment in Time"
1963 - 2012
Mais uma que a morte reclamou ao mundo da droga. Teve tudo, menos o essencial: cabeça.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
As figuras da Geração de 70
Antero de Quental (1842 - 1890) |
É considerado o líder da Geração de 70 e protagonista central da Questão Coimbrã. Foi também o responsável por ter conferido ao grupo a dimensão interventiva e reformista que culminou nas Conferências Democráticas do Casino. É um dos maiores portugueses do século XIX.
Eça de Queirós (1845 - 1900) |
É o maior escritor da Geração de 70. Conheceu Antero de Quental quando ambos estudavam na Universidade de Coimbra e com ele fez parte do grupo do Cenáculo. A sua ação em defesa do Realismo (é de sua autoria a 4.ª Conferência do Casino, uma espécie de teorização do movimento realista) foi um dos traços marcantes da Geração.
Além da sua atividade enquanto escritor (publicou Contos Tradicionais do Povo Português, História da Poesia Popular Portuguesa e O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições), desenvolveu uma ação social e política que culminou com o exercício da função de Presidente da república nos anos de 1910 e 1915.
Inicialmente, no conflito que opôs Antero, enquanto líder da Geração de 70, a António Feliciano de Castilho, figura central do grupo ultrarromântico - conflito conhecido por Questão Coimbrã -, posicionou-se contra o poeta açoriano. No entanto, acabou por se tornar um dos mais activos membros da Geração de 70. Crítico sarcástico, publicou a obra As Farpas, inicialmente em conjunto com Eça de Queirós, e interessou-se pela defesa do património.
Poeta e deputado progressista, relacionou-se com o grupo do Cenáculo e, mais tarde, fez parte dos Vencidos da Vida. Defensor intransigente da causa republicana, foi ministro após o derrube da Monarquia e a implantação da República.
Teófilo Braga (1843 - 1924) |
Ramalho Ortigão (1836 - 1915) |
Guerra Junqueiro (1850 - 1923) |
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