Português

domingo, 25 de junho de 2023

VENDERIA-O

     Quanto mais enfiam tecnologias nas escolas e aumentam as escolhas múltiplas, verdadeiros / falsos e afins, mais a ignorância relincha por aí. Os media são pasto ideal para esses relinchos:

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Correção exame nacional de Português - 9.° ano - 2023


Texto A 

1.1. C

1.2. A

1.3. C

1.4. B


Texto B

Ordem: 2 - 4 - 5 - 1 - 3.

3.1. A

3.2. C

3.3. B


Texto C

4. A passagem "- Abre-te, Sésamo! - gritava o Raul, no meio do silêncio pasmado da assistência..." (l. 1) corresponde, de facto, a um momento posterior ao que é narrado nas linhas 2 a 5, dado que pertence à história que Raul contava durante a fiada.
    Por outro lado, a referência ao "silêncio" refere-se ao momento em que a multidão se calava e ficava atenta à história que Raul se preparava para contar, como sucedia em todas as ocasiões similares.

5.1. B - uma antítese

5.2. C - disjuntiva e copulativa

6. A - predicativo do sujeito

7. A - a maior riqueza para os habitantes da aldeia

8. B - "Todos os moradores se quotizam para a luz de carboneto ou de petróleo" (ll. 13-14)

9.1. C - adverbial consecutiva

9.2. D - era o rapazio, em particular

10. A - no pretérito mais-que-perfeito simples do indicativo

11. O Rodrigo, do seu canto, ouvia, maravilhado, a história narrada pelo Raul e, como era muito imaginativo, logo começava a imaginar coisas e a fazer projetos.
    Este comportamento está de acordo com o modo como a personagem é caracterizada: imaginativa ("imaginativo" - l. 25), diferente das outras crianças ("tinha saídas inesperadas e desconcertantes" - ll. 26-27), conseguia ver coisas que ninguém via e fazia ("Via estrelas de dia, que ninguém, por mais que fizesse, conseguia enxergar..." - ll. 27-28), e fazia coisas que ninguém fazia ("desenhava no chão a cara de quem quer que fosse" - ll. 28-29).

12. B - desejo

13.
    - Personagem que narra a história: o Adamastor.
    - Personagem a quem é narrada a história: Vasco da Gama.
    - Personagem importante para o narrador: Tétis.
    - Verso: "Oh que não sei de nojo como o conte!" (estância 56, v. 1).
    - Razão por que a história magoa o narrador: o Adamastor apaixonou-se por Tétis, mas foi enganado por ela, visto que julgou que a estava a abraçar, mas, afinal, abraçava um enorme rochedo.

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Análise do poema "Pois que nada que dure ou que durando"


                 Esta ode de Ricardo Reis é composta por três quadras de versos decassilábicos (os três iniciais) e hexassilábicos (o quarto), com rima irregular: toante na primeira quadra (“durando” / “obramos”), consoante interpolada na segunda entre o primeiro e o quarto versos e cruzada entre o terceiro e o primeiro da seguinte (“presente” / “somente”); versos brancos ou soltos (vv. 1, 3, 4, 6, 10, 11 e 12).

                O tema da composição poética é a transitoriedade e a precariedade da vida, bem como o valor dos atos que nela são praticados. Tudo passa, nada dura, ou, se dura, é breve, e o valor do presente, que é hipotecado ao futuro, é igualmente precário. Será que o próprio instante, dado que pode ser o derradeiro daquilo que julgamos ser, é apenas nosso?

                A composição poética pode ser dividida em três momentos: a primeira quadra compreende a justificação daquilo que se afirma no segundo momento; na segunda quadra e na primeira frase da terceira, o sujeito poético defende a superioridade do momento presente em relação ao futuro, visto que este (“amanhã”) não existe, pelo que a procura (“cura”) do futuro é absurdo, já que priva o ser humano do bem presente; o terceiro momento (de “Meu somente…” até ao final) é constituído por uma interrogação retórica, por meio da qual se questiona se o instante presente será apenas seu, o que indicia que o ser humano não controla o seu destino.

                A mensagem do poema é clara: nada que o ser humano faz no mundo é duradouro, ou, sendo-o, não tem valor, e até as coisas que lhe são úteis rapidamente ele perde, por isso deve preferir o prazer do momento presente à procura insensata do futuro, pois este exige o mal do presente em troca do seu bem. Mas surge a dúvida: será esse momento apenas do ser humano? Será o indivíduo apenas quem existe nesse instante que pode ser o último daquele que finge ser? Atente-se na referência ao fingimento, uma temática tão do agrado de Pessoa ortónimo, por exemplo, em “Autopsicografia” e “Isto”.

                A musicalidade do poema assenta na aliteração (em /t/: “existe / Neste instante” e /d/: “pode o derradeiro”) e no jogo das homónimas «ser» (“… que pode o derradeiro / Ser de quem finjo ser?”). Além disso, o encavalgamento ou transporte percorre, praticamente, todo o poema.

                No que diz respeito às formas verbais, predominam as que se encontram no presente do indicativo, sugerindo a ideia de continuidade, e no presente do conjuntivo, remetendo para o campo da possibilidade (“Pois que nada dure ou que durando / Valha…”) ou exprimindo um desejo (“O prazer do momento anteponhamos”). Por outro lado, nas duas primeiras quadras, é usada a primeira pessoa do plural, enquanto na última ocorre a primeira do singular, o que confere à interrogação final um acentuado grau de subjetividade, com a focalização no «eu» daquilo que, anteriormente, tinha sido enunciado como próprio do coletivo, do ser humano em geral. Por seu turno, a reiteração do vocábulo «cedo» (verso 4) realça a ideia de efemeridade da vida.

                É curioso notar que, na prática, o poema é constituído somente por três frases: uma inicial de tipo declarativo, que abrange as duas primeiras quadras; uma segunda, igualmente declarativa, mas bastante mais curta (“Amanhã não existe”), e uma terceira, de tipo interrogativo, que finaliza o poema.

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Amor de Perdição - Introdução, Capítulos I e X


O acidente do Pai Natal

Jacques Parnel
 

Análise do poema "Quando, Lídia, vier o nosso outono", de Ricardo Reis


Quando, Lídia, vier o nosso outono
Com o inverno que há nele, reservemos
Um pensamento, não para a futura
                      Primavera, que é de outrem,
Nem para o estio, de quem somos mortos,
Senão para o que fica do que passa –
O amarelo atual que as folhas vivem
                      E as torna diferentes
 
                Esta ode surgiu na revista Presença em 16 de março de 1930.

                Ao gosto horaciano, Ricardo Reis usa o plural «nosso» e o vocativo para se dirigir a uma interlocutora presente em vários dos seus poemas, a sua amada Lídia. O outono que se aproxima, com tudo o que transporta já de inverno, e esquecido já do verão, indicia o acentuar da decadência e a proximidade da morte, em decorrência da passagem inexorável do tempo.

                Deste modo, o amarelecer das folhas tem ainda o tom dourado da vida; já é já o estio, mas também não é ainda o inverno, a morte. Neste contexto, é preciso aproveitar cada momento (carpe diem), mesmo que seja o último. O outono simboliza a decadência, a velhice; o inverno, a morte, e a primavera, o recomeço ou a renovação. Como esta última já passou, logo não lhe pertence (“… é de outrem” – v. 4), e o inverno (a morte) se aproxima, o sujeito poético assume que é necessário que tanto ele como a sua amada reservem “um pensamento (…) para o que fica do que passa – o amarelo atual”. É visível aqui o autodomínio, a contenção, o contentamento com o prazer relativo tão característicos da poesia de Ricardo Reis.

                No fundo, a mensagem do poema pode resumir-se a uma única frase: é preciso usufruir de cada momento que passa, sem lamentar o passado e sem se inquietar com o futuro. A transmissão desta mensagem é feita através de uma linguagem sóbria e um discurso lógico, no qual o pensamento prevalece sobre a forma, e assenta na simbologia das estações do ano e no predomínio do verso decassílabo (apenas os quarto e oitavo versos são hexassílabos), bem como no encavalgamento e no uso cuidado da pontuação, nomeadamente da vírgula e do travessão.

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