terça-feira, 27 de julho de 2021
Introdução à Ilíada
Significado do título Ilíada
O termo Ilíada (em grego antigo: Ἰλιάς) é uma palavra grega que significa «poema sobre Ílion» (ou «Ílio»), que é um nome alternativo para designar a cidade de Troia, o cenário da guerra que está no centro da obra.
Estrutura da Ilíada
▪ Canto I;
▪ Cantos II a X;
▪ Cantos XI a XIV;
▪ Cantos XV a XIX;
▪ Cantos XX a XXIV.
a) Agamémnon toma Briseida de
Aquiles;
b) Zeus promete a Tétis punir os
Aqueus por causa da afronta de Agamémnon a Aquiles;
c) Mortais e deuses combatem e são
feridos em batalha;
d) Zeus proíbe os outros deuses de interferir
na guerra;
e) Com a ajuda de Zeus, Heitor ataca
os navios aqueus;
f) Heitor mata Pátroclo;
h) Príamo implora a Aquiles o corpo
de Heitor;
Depois
de uma breve Proposição e Invocação, a Narração inicia-se «in
medias res» (isto é, no meio dos acontecimentos): Crises avança até às naus
dos Aqueus, para implorar que lhe seja restituída a sua filha Criseida, pela
qual oferece um riquíssimo resgate.
Por
outro lado, a ação possui um só fio condutor, retardado por diversos episódios,
que conferem variedade à narrativa, conseguida através de alguns processos
literários, como, por exemplo, a mudança de cena terrestre para o Olimpo, os
símiles, a breve biografia de uma vítima menor, variantes estilísticas (como a
apóstrofe ou a interrogação retórica), a narração feita na ordem inversa dos
acontecimentos, etc.
O poema narra os acontecimentos
decorridos no período de pouco mais de 5o dias no décimo ano da Guerra de
Troia, em 15693 versos em hexâmetro datílico, compostos num misto de dialetos,
resultando numa língua literária artificial que nunca foi, de facto, falada na
Grécia, distribuídos por 24 livros ou cantos de tamanho desigual, identificados
pela tradição literária com as letras do alfabeto grego.
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Partida sem aviso
A esta hora, há vinte anos, começaste a partir...
quinta-feira, 22 de julho de 2021
Resumo da Ilíada
A Ilíada inicia-se com uma expressão de raiva e frustração. A causa é simples: a Guerra de Troia já dura há nove anos e os Aqueus são incapazes de derrubar as muralhas da cidade. O exército grego saqueia Crise, uma cidade aliada dos Troianos (também designados como «Dárdanos», «Dardânidas» ou «Dardânios») e captura duas jovens donzelas, Criseida e Briseida, distribuídas respetivamente a Agamémnon (rei dos Aqueus) e Aquiles, o maior guerreiro aqueu como escravas e concubinas.
O velho Crises, pai de Criseida e
sacerdote de Apolo, dirige-se ao acampamento dos Aqueus para resgatar a filha,
trazendo consigo riquezas incontáveis. Agamémnon, porém, rejeita o resgate,
escorraçando Crises com palavras cruéis e enfatizando o papel da filha enquanto
concubina. Neste passo inicial do poema, é clara a intenção de retratar o rei
aqueu como um monarca arrogante e cruel, tendo em conta, além da forma como se
dirige ao velho sacerdote, o modo diferente como Aquiles trata Briseida, que é
muito mais do que mero objeto sexual.
Este início da obra contrasta com o
seu final, nomeadamente o canto final, que nos apresenta uma situação oposta:
um pai idoso, Príamo, vai à tenda de Aquiles para resgatar o cadáver do seu
filho Heitor, sendo acolhido num espírito de humanidade e compaixão. Fecha-se aí
o círculo, com o apaziguamento da cólera (que, em grego, é a primeira palavra
da Ilíada), sentimento cujas consequências trágicas conheceremos ao
longo dos 24 cantos do poema.
Perante a recusa de Agamémnon,
Crises reza, desesperado, a Apolo, pedindo-lhe que castigue os Aqueus. O deus
acolhe o pedido e assola o exército grego com uma epidemia de peste, o que leva
à convocação de uma assembleia, onde Agamémnon consulta Calcas para determinar
a causa da peste. Para grande fúria do monarca, o adivinho declara que só
restituindo Criseida ao pai se acalmará a fúria de Apolo. Aquiles sustenta a
posição de Calcas, o que enfurece Agamémnon, que, despeitado, hostiliza o
guerreiro, apropriando-se de Briseida. Furioso, Aquiles insulta o rei aqueu,
regressa à sua tenda e desiste de participar na guerra, para repor a verdade
dos factos, o que equivale a coagir Agamémnon a aceitar que a real hierarquia o
coloca abaixo do próprio Aquiles, herói supremo. Para mostrar ao monarca quem é
mais importante no contexto bélico, o guerreiro pede aos deuses que permitam
que os Troianos derrotam o seu próprio exército – os Aqueus – até que ele
regresse ao combate. Queixa-se a sua mãe, a deusa Tétis, que lhe promete ir
pedir a Zeus que o desafronte, mandando reveses aos Aqueus. Criseida é
restituída ao pai, e a peste cessa. Por seu turno, Tétis obtém de Zeus o
assentimento que pretende, para desagravar o filho. Mal ela se retira,
desenrola-se a este propósito uma discussão no Olimpo, entre Zeus. Hera,
acalmada com grandes dificuldades por Hefesto, o filho de ambos. O canto
inicial termina com um festim dos bem-aventurados, a que não falta o canto e a
música de Apolo e das Musas.
No Canto II, Agamémnon tem um sonho
enganador, enviado por Zeus para o induzir a atacar. Os exércitos marcham para
o campo da batalha, mas Páris, o príncipe troiano que espoletou a guerra ao raptar
Helena, esposa de Menelau, irmão de Agamémnon, propõe um duelo entre si e
Menelau, destinado a pôr cobro ao conflito através da luta entre os dois
principais interessados. O aqueu concorda e o duelo começa, todavia, quando Menelau
está prestes a vencer o adversário, a deusa Afrodite leva Páris de volta a
Troia e a batalha recomeça.
O Canto V põe-nos em contacto com os
feitos de guerreiros de Diomedes, que, com a ajuda de Atena, fere Afrodite e
Ares, dois dos deuses apoiantes dos Troianos. Entretanto, Heitor, um príncipe e
o maior guerreiro troiano, regressa brevemente a Troia para pedir a Hécuba que
faça oferendas a Atena, trazer Páris de volta ao campo de batalha e se despedir
de Andrómaca, sua esposa. Segue-se novo duelo, desta vez entre Heitor e Ájax, o
guerreiro aqueu mais forte a seguir a Aquiles, que adquire vantagem, mas não
pode matar o adversário.
Segue-se uma trégua destinada a cada
lado enterrar os seus mortos, que é aproveitada pelos Aqueus para construir uma
muralha em redor dos seus navios. Quando a luta recomeça no dia seguinte, Zeus
proíbe os deuses de intervirem na guerra, cumprindo assim a promessa feita a
Tétis, mandando reveses aos Aqueus de tal ordem que forçam Agamémnon a enviar
uma embaixada a Aquiles, destinada a solicitar a reconciliação e o seu regresso
à contenda, com ofertas riquíssimas, incluindo o retorno de Briseida. A
iniciativa, porém, mão frutifica, pois ele não se desculpa perante Aquiles e a
sua cólera mantém-se.
Incapazes de dormir, Ulisses e
Diomedes fazem uma incursão noturna com o intuito de espiar o exército troiano,
cruzando-se com Dólon, o espião enviado por Heitor, e matando-o. De manhã,
Agamémnon faz recuar os Troianos para a sua cidade, mas, graças a uma intervenção
de Zeus, os Troianos atacam com êxito a muralha e trincheira defensiva dos
Aqueus. A derrota parece iminente. Segue-se o dolo do pau dos deuses: Hera
consegue seduzir e adormecer Zeus de modo a desviar as suas atenções do campo
de batalha, para que Poseidon possa socorrer os Aqueus. Estes, auxiliados pelo
deus do mar, expulsam os Troianos para fora da muralha, contudo Zeus desperta e
continua a favorecer os Troianos, de acordo com a promessa feita a Tétis, e o
seu avanço é tal que se preparam para incendiar as naus dos Aqueus, o que
equivale a cortar-lhes a retirada. Perante a iminência da derrota, Aquiles
consente que o seu amigo Pátroclo (que lhe solicitara que regressasse à batalha
e salvasse os seus, o que o maior guerreiro aqueu não aceita por permanecer
irado), revestido das suas próprias armas e conduzindo o seu carro, para iludir
os Troianos a pensar que Aquiles tinha voltado, vá para o combate, à frente dos
Mirmidões. Pátroclo é um excelente guerreiro e a sua presença no campo de batalha
ajuda os Aqueus a empurrar os Troianos para longe dos navios e de volta para as
muralhas da cidade. No entanto, Pátroclo acaba por morrer às mãos de Heitor,
que, num acesso de orgulho, tira a armadura de Aquiles ao adversário morto e
veste-a, enquanto os Aqueus recuperam o corpo frio do seu herói, graças à ação
sobretudo de Menelau.
Profundamente ferido pela triste notícia,
Aquiles resolve regressar à batalha para vingar a morte do amigo. Tétis
dirige-se ao Olimpo e convence Hefesto a forjar uma nova armadura e armas de
ouro. Após a reconciliação com Agamémnon, Aquiles retorna à luta à frente do
exército aqueu. Enquanto isso, Heitor não espera que Aquiles regresse à refrega
e ordena aos seus homens que acampem fora das muralhas de Troia, mas, quando
eles avistam o filho de Tétis, refugiam-se, aterrorizados, dentro delas. O
guerreiro aqueu elimina todos os cavalos de Troia que vê e luta com o deus do
rio Xanthus, que está furioso porque o adversário fez com que tantos cadáveres caíssem
nos seus afluentes.
A luta titânica entre o maior dos
heróis aqueus e o maior dos troianos ocupa três livros. Depois de diversos
recontros em que Eneias, príncipe troiano, se evidencia, dá-se finalmente o
combate junto do rio (em que o Escamandro, transbordante de guerreiros
derrubados pelo aqueu, inunda a planície, ameaça submergi-la e só é dominado
pelo sogro ígneo de Hefesto), e a morte de Heitor, depois de uma longa
perseguição em volta das muralhas de Troia. De facto, envergonhado por ter
liderado o seu exército à derrota, o maior dentre os Troianos recusa-se a
refugiar-se dentro da cidade com eles e espera pro Aquiles fora dos portões da
cidade, no entanto perde a coragem e foge quando o inimigo se aproxima, sendo
perseguido três vezes, até que Atena o engana e ele para. A armadura divina de
Aquiles protege-o, mas este acaba por o atingir mortalmente através de um ponto
fraco que nele existe e que o aqueu bem conhece. Aquiles amarra o corpo de
Heitor à parte de trás do seu carro e arrasta-o pelo acampamento de batalha até
ao acampamento aqueu.
Após o regresso de Aquiles, os
Aqueus cremam Pátroclo e realizam uma série de jogos em sua honra. Nos nove
dias seguintes, Aquiles arrasta o corpo de Heitor em círculos, em redor do
esquife funerário do amigo.
No canto final, Príamo, o velho rei
de Troia, ousa ir à tenda de Aquiles, pedir-lhe, com ricos presentes, a
restituição do corpo do seu filho; o herói comove-se com as palavras de Príamo,
aceita e concede umas tréguas de doze dias para se realizarem os funerais de
Heitor, ato com que termina o poema.
domingo, 18 de julho de 2021
Calendário escolar 2021/2022
Roteiros “Escola + 21/23”
Novos documentos do Plano Escola + 21/23:
Análise de Mona Lisa
«Mona Lisa» é uma das pinturas mais célebres da história da humanidade, um óleo sobre madeira da autoria de Leonardo da Vinci, algures entre 1503 e 1506, de 77 por 53 cm. A obra compreende o retrato de uma mulher misteriosa e encontra-se exposta no Museu do Louvre, em Paris.
O título do quadro é “Mona Lisa”,
sendo que «Mona» é a contração do termo italiano «Madona», que
significa «Senhora» ou «Madame». Assim sendo, o título será «Senhora
/ Madame Lisa». A obra é também conhecida pela designação de «Gioconda»,
que pode significar «mulher alegre» ou «a esposa de Giocondo».
Relativamente às técnicas utilizadas
na imagem, destaca-se a do sfumato, a qual foi criada pelos primeiros
pintores flamengos, mas aperfeiçoada por Da Vinci. A técnica consiste na
criação de gradações de luz e sombra que diluem as linhas dos contornos do
horizonte. No caso concreto da «Mona Lisa», o recurso ao sfumato cria a
ilusão de que a paisagem se vai afastando do retrato feminino, pintado com nitidez,
por oposição à paisagem esfumada – sfumato –, conferindo profundidade à
obra.
A pintura apresenta uma mulher
sentada, revelando apenas a parte superior do seu corpo. Atrás dela, vemos uma
paisagem que mistura a natureza (as águas e as montanhas) e a ação humana (os
caminhos). Note-se que o corpo feminino é construído pelas mãos e o vértice
superior o seu rosto.
O aspeto que mais interesse desperta
no quadro é o sorriso da mulher, enigmático e ambíguo. Vários são os estudos e
as interpretações sobre e do sorriso; aparentemente, as rugas em torno dos
olhos e na curva dos lábios parecem indiciar felicidade.
Já o olhar apresenta uma expressão
carregada de intensidade; por outro lado, a pintura foi construída de forma a
sugerir que os olhos inquisitivos e penetrantes nos seguem de todos os ângulos.
No que diz respeito à postura, a
mulher está sentada, com o braço esquerdo apoiado na cadeira, enquanto a mão
direita se encontra poisada sobre a esquerda. A postura, em termos gerais,
sugere alguma formalidade e solenidade, tornando claro que está a posar para o
quadro.
Em fundo, encontra-se uma paisagem
imaginária, constituída por montanhas com gelo, águas e caminhos traçados pelo
ser humano. Essa paisagem é desigual, pois é mais baixa do lado esquerdo e mais
alta do direito.
No que concerne à identidade da
mulher retratada, ela continua a ser um mistério, destacando-se três dentre as
várias teorias que a procuram decifrar. A primeira hipótese defende que a
figura feminina é Lisa del Giocondo, esposa de Francesco del Giocondo, uma
figura proeminente da sociedade de Florença. De acordo com alguns estudos, há
documentos que atestam que Da Vinci estava a pintar um quadro dessa mulher. Por
outro lado, acredita-se que ela teria sido mãe pouco tempo antes e o quadro
seria uma encomenda do marido para comemorar o acontecimento. De acordo com
outras investigações, as várias camadas de tinta parecem sugerir que, nas primeiras
versões da obra, a mulher teria um véu no cabelo que era usado tradicionalmente
pelas mulheres grávidas ou que tinham dado à luz recentemente.
A segunda hipótese aponta para
Isabel de Aragão, a duquesa de Milão, para quem Leonardo trabalhou. Segundo
alguns estudos, o tom verde escuro e o padrão das vestes da figura feminina
indiciam que pertence à casa de Visconti-Sforza. Por outro lado, uma comparação
da Mona Lisa com retratos de Isabel de Aragão evidencia algumas semelhanças
entre ambas.
A terceira hipótese sugere que a
figura retratada é a do próprio Leonardo Da Vinci, envergando roupas femininas.
Esta teoria explicaria o facto de a paisagem ser mais elevada do lado direito
(associado ao género feminino) do que o esquerdo (associado ao género
masculino). Esta possibilidade radica nas semelhanças existentes entre a figura
feminina retratada e os autorretratos do pintor.
Ainda relativamente à figura da
mulher, é de salientar também o facto de ela não possuir sobrancelhas, visto
que, na época, era comum as mulheres rasparem as sobrancelhas, dado que os
pelos das mulheres eram sinónimo de luxúria. Este traço é visível noutros
quadros de Da Vinci, como “Retrato de Ginevra de Benci”.