Português: Estrutura da Ilíada

terça-feira, 27 de julho de 2021

Estrutura da Ilíada

             A Ilíada está dividida em 24 cantos ou livros, os quais se dividem em 5 partes:

▪ Canto I;

▪ Cantos II a X;

▪ Cantos XI a XIV;

▪ Cantos XV a XIX;

▪ Cantos XX a XXIV.

 
            Outra possível distribuição dos 24 cantos da Ilíada é a seguinte:
 
Introdução: Apolo inflige uma praga ao exército aqueu.
 
Peripécias:

a) Agamémnon toma Briseida de Aquiles;

b) Zeus promete a Tétis punir os Aqueus por causa da afronta de Agamémnon a Aquiles;

c) Mortais e deuses combatem e são feridos em batalha;

d) Zeus proíbe os outros deuses de interferir na guerra;

e) Com a ajuda de Zeus, Heitor ataca os navios aqueus;

f) Heitor mata Pátroclo;

g) Aquiles e os deuses voltam à batalha.
 
Clímax: Aquiles mata Heitor.
 
Resolução:

h) Príamo implora a Aquiles o corpo de Heitor;

i) Aquiles devolve o corpo de Heitor a Príamo.
 
Situação final: Heitor é sepultado em Troia.
 
            A Ilíada não narra a guerra de Troia desde o começo – ab ovo, nas palavras de Horácio. Pelo contrário, a narração não chega a descrever a morte de Aquiles – tantas vezes anunciada – nem a queda de Ílion. É somente através da Odisseia que tomamos conhecimento da forma como ela correu, através do célebre estratagema do cavalo de pau.

                Depois de uma breve Proposição e Invocação, a Narração inicia-se «in medias res» (isto é, no meio dos acontecimentos): Crises avança até às naus dos Aqueus, para implorar que lhe seja restituída a sua filha Criseida, pela qual oferece um riquíssimo resgate.

                Por outro lado, a ação possui um só fio condutor, retardado por diversos episódios, que conferem variedade à narrativa, conseguida através de alguns processos literários, como, por exemplo, a mudança de cena terrestre para o Olimpo, os símiles, a breve biografia de uma vítima menor, variantes estilísticas (como a apóstrofe ou a interrogação retórica), a narração feita na ordem inversa dos acontecimentos, etc.

            O poema narra os acontecimentos decorridos no período de pouco mais de 5o dias no décimo ano da Guerra de Troia, em 15693 versos em hexâmetro datílico, compostos num misto de dialetos, resultando numa língua literária artificial que nunca foi, de facto, falada na Grécia, distribuídos por 24 livros ou cantos de tamanho desigual, identificados pela tradição literária com as letras do alfabeto grego.

 
            Resumo dos cantos:
 
Canto I: já na fase final da Guerra de Troia, Aquiles, furioso por Agamémnon lhe ter roubado a escrava Briseida, retira-se para o seu acampamento e decide não voltar a tomar parte no cerco da cidade.
 
Canto II: os Gregos, desanimados, decidem regressar a casa, mas Ulisses demove-os.
 
Canto III: Helena, do cimo das muralhas de Troia, identifica para Príamo os principais líderes gregos. Páris e Menelau duelam para decidir o destino da guerra e o primeiro é salvo da morte por Afrodite.
 
Canto IV: um archeiro troiano, durante as tréguas, fere Menelau com uma seta. Agamémnon exorta os Gregos a combater.
 
Canto V: Diomedes distingue-se no campo de batalha, chegando a ferir os deuses Ares e Afrodite.
 
Canto VI: Heitor, de regresso a Troia para apaziguar Atenas, encontra-se com a esposa e o filho, e condena a cobardia de Páris. No final, regressa à batalha com o irmão.
 
Canto VII: Heitor e Ájax lutam até à morte, mas sem resultados, pois a luta é interrompida pela chegada da noite. No dia seguinte, Gregos e Troianos fazem uma trégua para enterrarem os mortos.
 
Canto VIII: ocorre nova batalha, em que os Gregos são repelidos pelos Troianos. Os deuses retiram-se do conflito.
 
Canto IX: Agamémnon tenta reconciliar-se com Aquiles e envia-lhe uma embaixada. Ájax, Ulisses e Fénix tentam chamá-lo à razão, em vão, porém.
 
Canto X: Ulisses e Diomedes fazem, durante a noite, o reconhecimento do campo dos Troianos e matam, para além de Risos e dos seus trácios, o espião Dólon. Por isso, este canto é conhecido por Dolonia.
 
Canto XI: tem lugar a terceira grande batalha, que resulta na derrota dos Gregos. Páris fere Diomedes e Pátroclo fica a conhecer a situação precária dos Aqueus.
 
Canto XII: os Troianos aproveitam o êxito e penetram no acampamento dos Aqueus, que retiram até aos seus navios.
 
Canto XIII: os Gregos contra-atacam e anulam o ataque dos Troianos.
 
Canto XIV: Hera desvia a atenção de Zeus e a vitória inclina-se para o lado grego.
 
Canto XV: Zeus, já desperto, envia Apolo em socorro dos Troianos e o deus do Sol leva Heitor a avançar sobre os barcos gregos.
 
Canto XVI: Aquiles empresta as suas armas a Pátroclo e dá-lhe permissão para entrar na luta. Quando o veem chegar ao campo de batalha, os Troianos julgam que é Ulisses e fogem. Heitor, convencido também de que batalha com Aquiles, duela com Pátroclo e mata-o.
 
Canto XVII: gera-se uma disputa pelo corpo e pela armadura de Pátroclo. O corpo acaba por ser resgatado pelos Gregos, enquanto Heitor fica com as armas de Aquiles.
 
Canto XVIII: Aquiles, ao tomar conhecimento da morte de Pátroclo, exprime o seu desgosto e promete vingá-lo. Tétis, sua mãe, faz com que Hefesto lhe fabrique novas armas prodigiosas (as suas, que havia emprestado a Pátroclo, tinham ficado em posse de Heitor). É neste canto que se encontra a célebre descrição do escudo de Aquiles.
 
Canto XIX: a escrava Briseida é restituída a Aquiles e o diferendo entre este e Agamémnon fica sanado. O herói grego regressa à luta.
 
Canto XX: vai travar-se a quarta batalha da Ilíada, a decisiva, cujo desenlace será favorável aos Gregos. Inicialmente, os deuses também participam no conflito, mas acabam por se retirar. Aquiles semeia a morte entre os Troianos.
 
Canto XXI: os rios Xanto (ou Escamandro) e Simoente intervêm a favor dos Troianos e perseguem os Gregos com as suas águas, mas Hefesto fá-los recuar com o fogo e os Troianos têm de se refugiar dentro das suas muralhas.
 
Canto XXII: Heitor fica só diante da muralha e, ao encontrar Aquiles, inicialmente foge de medo, mas depois resiste e é morto pelo adversário. Aquiles arrasta o corpo de Heitor perante o olhar desesperado dos Troianos.
 
Canto XXIII: Aquiles e os Gregos celebram os funerais de Pátroclo com jogos, corridas e combates.
 
Canto XIV: Zeus inspira Príamo a ir até à tenda de Aquiles pedir o corpo do seu filho Heitor. Aquiles, comovido pela recordação do seu próprio pai, Peleu, restitui-lhe o cadáver. O poema finaliza com as exéquias de Heitor no meio das lamentações de Andrómaca, Hécuba e Helena.
 
            Esta divisão em 24 cantos é atribuída tradicionalmente aos estudiosos da biblioteca de Alexandria que produziram edições críticas da obra, mas nada contraria a hipótese de ser anterior.
 

Sem comentários :

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...