A 5 de novembro de 2020 já teremos ultrapassado os 5 milhões!
terça-feira, 5 de novembro de 2019
sábado, 2 de novembro de 2019
Concordância de "a gente"
Qual é a frase correta?
. A gente vai ao
cinema?
. A gente vamos ao
cinema?
A regra informa-nos que o predicado
concorda em pessoa e número com o sujeito.
«Gente» é um nome coletivo
que designa um conjunto de pessoas. Como se encontra no singular, o verbo
(núcleo do predicado) tem de estar também no singular, em concordância com a
expressão.
Assim sendo, a frase correta é a
primeira: «A gente vai ao cinema?».
A talhe de foice, esclareça-se também
um erro cometido por muitos: a confusão entre a expressão «a gente» e o
nome «agente», que designa uma pessoa que age:
. A gente vai ao
cinema.
. O agente da
polícia prendeu o ladrão.
Teste para distinguir complemento indireto de complemento oblíquo
1. O complemento indireto não pode ser realizado pela
sequência a + pronome pessoal tónico:
▪ * Entregou o livro a ele. (frase agramatical)
2. O complemento oblíquo admite a substituição por a +
pronome pessoal tónico:
▪ O Ernesto recorreu aos amigos. → O Ernesto recorreu a eles.
▪ O padre obrigou o João a uma confissão. → O padre obrigou o
João a isso.
▪ O Eusébio cedeu ao sentimento. → O Eusébio cedeu a ele / a
isso.
"Abaixo" ou "a baixo"?
Ambas as formas
estão corretas, pois existem na língua portuguesa. O que varia é o seu
significado e uso.
A
expressão "a baixo" é uma locução adverbial que
designa um ponto de chegada inferior, significando «para baixo» (nessa
direção) e opondo-se a «do alto» ou «de cima».:
. O homem
olhou a atriz de cima a baixo.
. Vamos
alterar este projeto de cima a baixo.
Por sua vez, a expressão "abaixo" pode
enquadrar-se em duas classes de palavras:
1.º) Enquanto
advérbio de lugar significa «em sentido descendente»:
. A minha tia
caiu pelas escadas abaixo. (sentido descendente)
. As vendas
da nova camisola do Sporting estão abaixo do que Varandas deseja. (nível
inferior ao desejado)
. O meu cão dorme
no andar abaixo do meu. (em baixo)
. O teu
encarregado de educação tem de assinar a autorização abaixo. (na parte
inferior da folha)
. O peso da
Miquelina situa-se abaixo da média. (nível inferior)
2.º) Enquanto
interjeição, significa «reprovação», «protesto», «contestação»:
. Abaixo este
governo de primos e primas!
Coisas do arco da velha
Coisas do arco da velha são coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas ou inverosímeis.
A expressão teve origem no Antigo Testamento: arco da velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do tacto que Deus fez com Noé: "Estando arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-ME-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis, ):16).
Arco da velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina.
Há também várias histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris: beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que a velha poderá ter vindo do italiano "bere"( (= beber).
Atentados e absurdos no ensino do Português: tudo em família
A ler com muita atenção este texto de Maria do Carmo Vieira, o qual exemplifica com grande clareza muitas das opções que têm sido tomadas ao longo das últimas décadas no que toca a programas e curricula.As sucessivas e absurdas alterações no ensino do Português, todas elas marcadas pelo oportunismo, pela ausência de debate, pela ignorância e pela arrogância intelectual, têm-no lesado profundamente.
quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Informação-prova do exame de Português - 12.º ano - 2020
Podes encontrar todas as informações/matrizes das restantes provas nos links abaixo:
Informação-prova do exame de Português - 9.º ano - 2020
Podes encontrar todas as informações/matrizes das restantes provas nos links abaixo:
"Sedia-m'eu na ermida de San Simion"
· Assunto: uma donzela formosa espera,
na ermida de San Simion, o regresso do seu amigo embarcado. Obcecada pela ideia
desse regresso, aliena-se da realidade circundante e só se apercebe de que nem
o amigo virá nem poderá fugir dali quando se vê cercada pelas águas do mar
(após a maré encher). Só lhe resta então esperar pela morte, crescendo a sua
angústia ao pensar que vai morrer sem reencontrar o amigo.
· Tema: a saudade e o desespero, em virtude da demora do amigo.
· Estrutura interna
O
tema desenvolve-se através de um monólogo da donzela, que constitui uma
micro-narrativa dos vários acontecimentos que a donzela vive na ermida.
OUTRA DIVISÃO
u
1.ª parte (estr. 1 a 4) - A donzela descreve, num monólogo, a sua situação: obcecada
pelo regresso do amigo, a jovem, desesperada, apercebe-se tardiamente da subida
da maré, sem ter barca nem marinheiro para fugir às águas do mar.
u
2.ª parte (estr. 5 e 6) - A donzela toma consciência da certeza da chegada da
morte.
u
Refrão: A angústia e a saudade obsessiva na espera do amigo, pois conclui que
vai morrer sem o voltar a ver.
· Esquema-síntese
. ausência do amigo ü ì. exclamações
(refrão) ï ï. relação morte/juventude
+ ý desespero da donzela í. jogo dos tempos verbais
. hostilidade do ambiente ï ï. referência ao impasse
(caract. do mar) þ î
· Elementos narrativos do poema
n
Acção: a amiga espera o amigo que não chega.
n
Espaço: ermida de San Simion, em Val de Prados.
n
Tempo: tempo da espera do amigo, coincidente com a subida da maré.
Personagens: - donzela;
- amigo
(ausente, mas sempre presente).
· Relação Natureza / Donzela (estado psíquico)
. ondas que crescem
. maré que sobe
. mar alteroso
. possível afogamento
=
sentimento amoroso
|
. emoção crescente
. "a maré alta da paixão"
. obsessão amorosa
. angústia de que o amigo
não venha / de que não consiga fugir ao arrebatamento amoroso quando ele
chegar
|
· Caracterização da donzela:
- bela
- jovem
NOTAS
|
1. Os dois sentimentos que dominam o
espírito da amiga são:
à o receio de que o amigo não regresse;
à o receio de perecer afogada.
2. Todavia, verdadeiramente o grande
desespero da jovem reside na ausência do amigo; ou seja, a possível perda do
seu amor é que é realmente a sua perdição, o seu naufrágio na vida. A donzela,
nesta cantiga, afinal pressente o seu naufrágio, a saber: o fim da sua relação
amorosa. O segundo receio é, pois, metáfora do primeiro.
3. Os sentimentos da amiga assentam num
crescendo de intensidade dramática. De facto, nas duas primeiras coplas, a
donzela exprime apenas um receio longínquo, como se tivesse já passado (notar o
emprego do passado: sedia-me e cercaron-mi). Na terceira e na quarta
copla, a jovem constata que "Non hei
barqueiro, nem ar son remador" (notar o uso do presente verbal e do
ponto de exclamação, quando, nos versos equivalentes das duas estrofes
iniciais, não tinha sido usado, o que revela já a emoção dela perante o
perigo), isto é, que o perigo é iminente. Este avolumar da emoção da donzela
culmina nas duas últimas coplas, com o uso do futuro a traduzir a certeza da
morte: "E morrerei, fremosa, no alto
mar".
· Papel da Natureza
. cenário: enquadraria um hipotético
encontro amoroso;
¯
. oponente ®
realmente: separa a donzela do seu amor e impede o relacionamento amoroso,
sendo, portanto, culpada da "morte" da amiga;
® metaforicamente: ameaça engolir a jovem.
· Recursos poético-estilísticos
1.
Nível fónico
A
composição é constituída por 6 coplas
heterométricas formadas por dois versos (dístico monórrimo) hendecassílabos agudos e dois versos octossílabos
graves, obedecendo a rima ao esquema AABB / CCBB / AABB /
CCBB / AABB / CCBB, isto é, a rima é toda emparelhada. Temos também rima
consoante ("Simion" / "son") e toante ("son" /
"remador"), aguda e grave (no refrão), rica ("Simion" /
"son") e pobre ("altar" / "mar"). O ritmo é acentuadamente binário,
contribuindo para exprimir a cadência das ondas, até porque há uma natural
entoação ascendente até ao meio do verso e descendente na segunda metade. Este
ritmo, enriquecido pelo paralelismo
e que pode traduzir também toda a rápida escalada emocional vivida pela
donzela, contrasta com o ritmo do refrão, lento (uso do gerúndio), sugerindo a espera, numa atitude continuada, obsessiva,
absorta; por outro lado, pode ainda significar a inutilidade da sua espera
ansiosa. Além disso, o refrão repete-se, é iterativo, ao longo do poema e em si
mesmo, em cada estrofe, repetição que acentua a ideia de que a grande causa da
angústia da donzela é a ausência do amigo. Na última estrofe, o refrão, após o
verso "e morrerei, fremosa, no alto
mar", sugere que a donzela morria à espera do seu amigo e sem
esperanças de o recuperar. A composição é uma cantiga paralelística perfeita, com leixa-prem.
De notar que a presença do refrão e
do paralelismo aponta claramente
para a origem popular das cantigas de amigo, feitas para serem cantadas, algumas
delas por dois cantores (repetições paralelísticas, como nas cantigas à
desgarrada) e por um coro (refrão). Existem também aliterações, por exemplo em s
("Sedia-m' eu na ermida de San Simion")
e de sons fechados e nasais,
sugerindo tristeza, e também assonâncias
em ô / á.
2.
Nível morfossintáctico
O
uso do ponto de exclamação (frases exclamativas/função expressiva)
aponta para a emoção que se começa a apoderar da donzela perante o perigo.
Há
um predomínio de substantivos e verbos que traduzem objectividade e acção.
A nível dos tempos verbais, devemos
destacar os seguintes:
. o pretérito imperfeito remete para a atitude estática da rapariga na
sua longa espera;
. o gerúndio do refrão reforça a ideia traduzida pelo imperfeito e
também a obsessão, a ânsia e a angústia da jovem;
. o pretérito perfeito apresenta o facto consumado: "cercaron-mi as ondas";
. o presente revela-nos a constatação, por parte da donzela, da trágica
situação em que se encontra e da impossibilidade de salvação no momento presente:
"non ei i barqueiro, nem
remador!";
. o futuro
exprime a antevisão da morte sem encontrar o amigo: morrerei...".
Ou seja, a donzela posiciona-se
no presente, refere, através do passado e do gerúndio, a longa espera do amigo
e a angústia a ela associada, e prevê o desenlace da situação em que se
encontra.
A
nível da adjectivação, é de destacar
a expressividade do adjectivo "fremosa",
pois permite-nos concluir que o que afinal a donzela receava não eram
propriamente as ondas do mar, mas o não regresso do amigo. E ela ali
permanecia, frente ao mar por onde ele tinha partido, mas ainda "fremosa", como quando o
seduzira. Ou seja, a sua formosura era, afinal, a causa do grande amor e,
agora, do grande desespero. O comparativo
da penúltima estrofe informa-nos da subida das águas com uma imagem de sentido
hiperbólico.
Além
do paralelismo perfeito, encontramos
outras formas de paralelismo:
- semântico: "grandes son" / "ondas
grandes", ... ;
- anafórico;
- estrutural.
A
função da linguagem predominante é a expressiva:
- os pontos
de exclamação / frases exclamativas;
- a
adjectivação;
- o refrão;
- a
reiteração.
A
ausência de conjunções a estabelecer a relação das orações confere às frases um
carácter emocional, adquirido já no facto de serem do tipo exclamativo. As
próprias orações subordinadas relativas explicativas, em "que grandes son", pela sua função aproximada de aposto,
prolongam o sentido emotivo daquele momento.
A
anáfora, o hipérbato e a reiteração
(por exemplo, no refrão) são outros recursos presentes.
3.
Nível semântico
A
gradação é o recurso estilístico
mais importante do poema (vide nota 3).
As
ondas do mar funcionam como metáfora. De facto, elas são a causa do
seu pânico crescente; mas também significam a paixão amorosa que a levou à ilha
e cujas consequências podem ser a morte, mesmo estando "ant' o
altar", sob a protecção do santo e do santuário. O medo que as ondas
suscitam na donzela é complexo:
®
medo de morrer afogada nas ondas ou na própria emoção (ondas da emoção);
®
medo de não conseguir escapar ao ímpeto amoroso do amigo se ele chegar, de não
resistir à força do amor;
®
medo da "maré alta" da paixão que essa chegada representará;
®
medo da espera indefinida do amigo, de não chegar e ela morrer sem o ver.
Por
último, destaquemos a hipérbole,
quer no que diz respeito à grandeza das ondas, quer á subida da maré e ao
perigo iminente que rodeia a amiga.
O
poema pertence, logicamente, ao género lírico, mas está contaminado pelo género
dramático (além do narrativo, como já vimos); as acções avançam cronológica e
progressivamente, intensificando o dramatismo que envolve a situação da
donzela: "sedia-m' eu na ermida"
®
"cercaron-mi as ondas" ® "non ei barqueiro, nem sei remar"
®
"morrerei fremosa".
· Classificação
1. Cantiga de amigo.
1.1. Temática:
. barcarola / marinha: cantiga que
contém referências ao mar (1);
. de romaria.
(1) Os temas das barcarolas são
geralmente de grande singeleza. Afora um certo número em que a donzela vai
apenas banhar-se ao rio, ou da margem vê o barco deslizar pelas águas, nas
barcarolas ela geralmente lamenta-se do amigo, ou, durante a sua ausência, pede
às ondas notícias dele, ou ainda, ansiosa, vai esperar os navios que chegam,
para voltar a vê-lo.
1.2. Formal:
. paralelística perfeita;
. de refrão.
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Análise da cantiga "Ai flores, ai flores do verde pino"
Análise da cantiga: Ai flores, ai flores do verde pino.
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sábado, 26 de outubro de 2019
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
Faltam professores
A constante desvalorização (e nalguns casos perseguição) dos professores portugueses por obra e graça de sucessivos governos desde os tempos de Sócrates, as precárias condições de trabalho, a falta de apoio por parte de tudo e todos (incluindo o de proximidade), a estagnação forçada numa carreira que, na prática, quase não existe, o aumento da indisciplina e da violência em contexto escolar, a sensação galopante de inimputabilidade... são apenas alguns dos fatores que têm vindo a afastar do ensino candidatos a exercerem, futuramente, a profissão.
Os reflexos estão aí e serão cada vez em maior número, mesmo que se continue a assobiar para o lado e a aguentar a situação, empurrando para o futuro um problema que se vai acentuando.
"Drive", The Cars
1984
Em memória de Ric Ocasek (23/03/1944-15/09/2019)
"Impressa" ou "imprimida"?
Qual é a frase correta?
a) A folha foi impressa?
b) A folha foi imprimida?
O verbo «imprimir» é um dos que possui duas formas de particípio passado: uma fraca ou regular (imprimido) e outra forte ou irregular (impresso).
O particípio regular é usado nos tempos compostos com os auxiliares ter e haver:
. A Miquelina tinha imprimido a folha.
O particípio irregular é usado com os auxiliares ser e estar:
. A folha foi impressa pela Miquelina.
Resposta à pergunta inicial: a frase correta é a b) A folha foi imprimida.
. A Miquelina tinha imprimido a folha.
O particípio irregular é usado com os auxiliares ser e estar:
. A folha foi impressa pela Miquelina.
Resposta à pergunta inicial: a frase correta é a b) A folha foi imprimida.
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