





- 8 é o número do equilíbrio cósmico que simboliza a palavra criadora;
- 8 é o símbolo da ressurreição, da mudança e do anúncio de um novo tempo.
- poder associado às ideias de decadência e subsequente renascimento, sendo esse o processo cíclico apontado como condição necessária ao ressurgimento da pátria num estado ideal;
- aceitando a morte do passado, o poder fecundador do mito trará um futuro perfeito.
NOTAS
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® a suavidade da sua beleza (vv. 5-8);
® a singularidade do rosto e o sossego do olhar
(vv. 13-16);
® a sua doce figura que suscita na neve o desejo
de mudar de cor (vv. 25-28);
® a mansidão, a alegria e a sensatez (vv. 29-30);
® a serenidade da sua presença bonançosa que
refreia a dor e tranquiliza o sujeito.
Esta
figura de mulher
oriental, exótica, indefinida, quase inefável, surge-nos
assim num retrato em que todo o sortilégio vem de qualidades espirituais:
"doce figura", "presença serena", "leda
mansidão". Note-se que estas qualidades sugerem um porte senhorial,
em oposição à sua condição de escrava ("parece estranha, mas
bárbara não").
Não
obstante o retrato de Bárbara, marcadamente espiritual, se revista de
qualidades que se enquadram dentro do tipo da mulher
petrarquista, no entanto, a cor dos olhos e dos cabelos (preta) está
longe de pertencer ao tipo da mulher petrarquista – Laura. Na verdade, contra
as convenções do petrarquismo, que via na mulher loira a formosura ideal,
Camões canta uma beleza oriental, indígena, atribuindo-lhe, todavia, um porte
senhorial, o que a distancia menos da mulher cantada por Petrarca (Laura).
Bárbara
aparece como mulher clássica, perfeita, inacessível,
mulher deusa: "Ua graça viva / que
neles lhes mora, / mera ser senhora / de que é cativa".
A
adjetivação caracterizante do rosto
("rosto singular") e dos
olhos ("olhos sossegados, pretos
e cansados") apresenta Bárbara
como uma mulher exótica, de olhos moderadamente românticos, mas sem serem
fatais ("... mas não de matar"). A adjetivação em geral realça as
características físicas e psicológicas de Bárbara: os seus traços psicológicos
são típicos da mulher petrarquista, mas fisicamente afasta-se desse modelo.
O
retrato psicológico é também conseguido pela enumeração de nomes abstratos.
O
determinante indefinido
"ua" realça a graça indefinível e misteriosa desta mulher, graça essa
vincada pela forma verbal mora, de aspeto durativo. A mudança do determinante demonstrativos aquela (v. 1) para esta (v.
37) traduz uma ideia de aproximação sentimental entre o sujeito poético e a
mulher amada.
O
aumentativo Pretidão exprime a intensidade da cor e, simultaneamente,
intensifica o afeto que liga o sujeito à escrava.
A
antítese (versos 19 e 20) entre a
posição de dependência (cativa) e a superioridade na relação amorosa –
senhora ¹ cativa –
aponta para a relação feudal da cantiga de amor. Por outro lado, destaca o
facto de, sendo escrava, se comportar como uma senhora. Outras antíteses se encontram no poema para
realçar a beleza de Bárbara: a beleza dos cabelos pretos suplanta a dos louros;
a sua pretidão é mais bela que a brancura da neve; parece estranha
(= exótica) mas não bárbara (= não civilizada, selvagem – trocadilho entre este adjetivo bárbara e o nome próprio Bárbara); a sua presença serena
acalma a tormenta e o sofrimento (pena) do sujeito.
Outras
figuras de estilo que realçam a beleza singular da mulher são a personificação ("que a neve lhe jura / Que trocara a cor"); as metáforas ("Eu nunca vi rosa";
"Nem no campo flores / Nem no
céu estrelas"; "Presença
serena / Que a tormenta amansa";
"tão doce a figura") e a hipérbole ("que a neve lhe jura / Que trocara a cor";
"Presença serena / Que a tormenta
amansa").
Referência
por último para as construções negativas:
"Eu nunca vi rosa / Nem no campo flores, / Nem no céu
estrelas".
-» idealização da mulher amada, valorizando
a sua beleza espiritual, psicológico- moral, e exprimindo o seu fascínio;
-» as características psicológicas e
morais da mulher.
- atitude de vassalagem amorosa do
sujeito face à mulher;
- o amor platónico;
- a imagem da mulher ideal, perfeita
e divinizada.
- duas voltas de sete versos (sétimas)
- métrica: redondilha maior (7
sílabas métricas)
v Mote (tese) – Apresentação de Leanor:
• localização espacial: a caminho da
fonte (ambiente bucólico e rural);
• tempo; primavera (a “verdura”) –
presente;
• caracterização da figura retratada:
▪ nomeação/identificação: Leanor;
▪ social:
- pobre / do povo
(“Descalça”);
- atividade doméstica:
ida à fonte;
▪ física: formosa / bela;
▪ psicológica:
- insegura (“não segura”)
- ansiosa
• posição do sujeito poético:
observador da figura feminina.
• da caracterização
física:
▪ pele branca – “mãos de
prata” – metáfora
▪ formosa – “fermosa” – adjetivação
expressiva
▪ cabelo louro – “cabelos
de ouro” – metáfora
▪
muito bela – “tão linda que o mundo espanta” – hipérbole + oração
subordinada adverbial consecutiva
▪
graciosa – “chove nela graça tanta” – metáfora + trocadilho
▪ vestuário:
-
“cinta de fina escarlata” – vermelho → alegria, paixão, sensualidade
-
“sainho de chamalote” – diminutivo → carinho
-
“vasquinha de cote, / mais branca que a neve pura“ – comparação + hipérbole
– branco → pureza
- “a
touca”
- “o
trançado”
-
“fita”
▪ cores
- vermelho → alegria, sensualidade, paixão
- branco → pureza
- louro dos cabelos
▪
elementos do quotidiano de trabalho de Leanor
- o pote
- o testo
▪ espanta o mundo
▪ dá graça à formosura
▪
insegura e ansiosa
▪
apaixonada
▪
causas da insegurança:
-
caminhar com o pote na cabeça > insegurança (desequilíbrio) > encontro
com o amigo?
- a
beleza (ser ou não ser apreciada)?
- o
encontro com o namorado (faltará ou marcará presença?)
- os
seus sentimentos?
- fonte: ambiente rural e
campestre; local de cumprimento de uma tarefa doméstica; possível local de encontro
amoroso;
- verdura: ambiente rural e
bucólico;
- neve: a pureza e tom de pele
claro de Leanor;
- ouro, prata: metais
preciosos que sugerem o tom de pele claro e os cabelos louros de Leanor, bem
como a sua preciosidade.