A arte
varia de época para época, de acordo com as circunstâncias e as transformações
histórico-sociais que vão ocorrendo, daí que possamos considerar que ela
constitua a expressão da sensibilidade dos indivíduos perante a realidade com
que se confrontam.
A vida
e a produção artística de Oscar Wilde coincidem com o final da Era
Vitoriana, uma designação que se refere ao período do reinado da rainha
Vitória, que reinou, no Reino Unido, entre 1837 e 190.
Apesar
de a Era Vitoriana coincidir com o Esteticismo e o Decadentismo
pós-românticos, movimentos característicos do final do século XIX, na verdade,
a obra de Wilde contém ainda traços temáticos e estilísticos típicos do
Romantismo, como, por exemplo, a exaltação do indivíduo e da liberdade
individual, o culto da beleza como ideal superior e a visão trágica do artista
incompreendido.
No
entanto, outros traços distanciam-na dessa corrente literária. Com efeito,
substitui a emoção e a sensibilidade românticas (no caso da literatura
portuguesa, basta pensar na figura de D. Madalena de Vilhena, personagem de Frei
Luís de Sousa, de Almeida Garrett) pela ironia, bem como o idealismo
romântico pela experiência estética. Por outro lado, o seu texto é marcado pela
atmosfera cosmopolita moderna e pela crítica à sociedade vitoriana. Quer isto
dizer que a obra de Oscar Wilde se situa numa fase de transição entre a
fase final do Romantismo e as vanguardas modernas.
