Podemos perceber de imediato que o poema (“Não há vagas”) traz uma das características do Movimento Modernista Brasileiro, ou seja, a ausência de pontuação, e também é perfeito exemplar para estudar a literatura em sua função social, ou seja, a literatura engajada (panfletária) na defesa do “ideário político, filosófico ou religioso”, com o intuito maior de alertar, informar, modificar, denunciar, etc. Com um tom de contestação o poeta denuncia o desemprego, ou seja, a situação do operário brasileiro (e mundial) que, ao procurar meios de sustento para enfrentar a dura realidade que o cerca, esbarra com este “pequeno lembrete de negação” e, em contrapartida, precisa enfrentar o preço absurdo dos gêneros de primeira necessidade (feijão e arroz). Lembra-nos também o valor de outras necessidades diárias (gás, luz e telefone), fala da sonegação (no caso aqui, quando o Estado deixa faltar, isto é, o desabastecimento de produtos importantes na dieta do cidadão como, por exemplo, leite, pão, carne e açúcar). Critica o Funcionalismo Público “que mantêm pessoas enclausuradas e sem perspectivas de promoção ou avanço intelectual” entre milhares de arquivos e conduzidas por “seu salário de fome”, em seguida, chega ao trabalhador de aço e carvão que perde seu dia (e seu tempo) nas oficinas escuras e indevidas. Por fim, crítica o próprio poema, que é fechado, ou seja, com tudo que “relata” e diz, não consegue modificar esta situação, não se faz ouvir, só traz aqueles que são vítimas das mazelas sociais como: o homem faminto (”sem estômago”), a mulher fútil (“de nuvens”), a fruta cara (“sem preço”), e o último grito lancinante de Ferreira Gullar (José Ribamar Ferreira – 1930/ )“O poema senhores” não diz nada (“não fede”/”nem cheira”), isto é, não cumpre sua função e mantêm-se o “status quo” (ou seja, nada mudou) em nossa sociedade.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Car...alho da Silva abandona a CGTP
Sexta-feira, 27 de janeiro, Jornal da Noite da SIC, RODAPÉ: um exemplo de profissionalismo, dedicação e bom jornalismo.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
Estrutura interna de Frei Luís de Sousa
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
H. I. 4. Competência discursiva e textual
1. Competência discursiva e textual.
2. Estratégia discursiva.
3. Adequação discursiva: oralidade e escrita.
4. Registo formal e informal e formas de tratamento.
5. Marcadores e conetores discursivos.
2. Estratégia discursiva.
3. Adequação discursiva: oralidade e escrita.
4. Registo formal e informal e formas de tratamento.
5. Marcadores e conetores discursivos.
Marcadores discursivos
- Um texto / discurso não é uma soma arbitrária de palavras ou frases, mas um todo coeso, coerente e estruturado, isto é, um conjunto de elementos interligados de acordo com uma sequência e com as regras gramaticais da língua portuguesa.
- Os marcadores discursivos contribuem para a coesão de um texto (oral ou escrito).
- Englobam diversos elementos linguísticos.
- Não desempenham qualquer função sintática na frase..
- Permitem estabelecer conexões entre enunciados, de modo a construir um discurso coeso e coerente.
- Fazem parte dos marcadores discursivos os conetores, que englobam elementos linguísticos pertencentes a diferentes classes de palavras (conjunções, advérbios ou interjeições).
- Em síntese, são os seguintes os principais marcadores discursivos:
Marcadores discursivos
Os marcadores
discursivos são unidades linguísticas invariáveis que permitem estabelecer
conexões entre enunciados, de modo a construir um discurso coeso e coerente.
Designação
|
Função
|
Marcadores
discursivos
|
Estruturação da informação
|
ordenar a
informação
|
por um lado, por
outro lado, em primeiro lugar, após, antes, depois, em seguida, seguidamente,
até que, por último, para concluir…
|
Reformuladores
|
reformular o
discurso, explicando-o ou retificando-o
|
ou seja, isto é,
quer dizer, por outras palavras, quer dizer, ou melhor, dizendo melhor, ou
antes, como se pode ver, é o caso de, como vimos, quer isto dizer, significa
isto que, não se pense que, pelo que referi anteriormente
|
Operadores discursivos
|
reforçar e
concretizar ideias
|
de facto, na
verdade, na realidade, com efeito, por exemplo, efetivamente, note-se que,
atente-se em, repare-se, veja-se, mais concretamente, é evidente que, a meu
ver, estou em crer que, em nosso entender, certamente, decerto, com toda a
certeza, naturalmente, evidentemente, com isto (não), pretendemos, por outras
palavras, ou melhor, ou seja, em resumo, em suma
|
Marcadores conversacionais ou fáticos
|
gerir a relação
entre os interlocutores
|
ouve, olha, presta
atenção
|
Conetores / Articuladores do discurso
Os conetores ou
articuladores têm como função articular, conectar, ligar grupos de palavras;
unir frases simples, formando frases complexas; estabelecer nexos lógicos entre
períodos e parágrafos, de modo a construir textos coesos e coerentes.
Os conectores podem
ser classificados com funcionalidades lógicas distintas, de acordo com o contexto
de uso.
Designação
|
Função
|
Articuladores /
Conetores do discurso
|
Aditivos
|
agrupar, adicionar
ideias, segmentos, sequências, informação
|
e, nem (negativa),
bem como, não só… mas também, além disso, mais ainda, igualmente, ainda
|
Alternativos / Exclusão
|
apresentar opções,
alternativas
|
ou, ou… ou, ora…
ora, seja… seja, alternativamente, em alternativa, opcionalmente
|
Contrastivos
|
indicar uma
oposição, um contraste
|
mas, porém, todavia,
contudo, no entanto, contrariamente, pelo contrário
|
Concessivos
|
negar o efeito, a
conclusão
exprimir uma
concessão
|
embora, ainda que,
mesmo que, conquanto, apesar de, malgrado, não obstante, mesmo assim, ainda
assim
|
Temporais
|
exprimir relações
de tempo entre os segmentos do texto / discurso
|
quando, mal, assim
que, logo que, enquanto, entretanto, depois que, desde que, antes de, mais
tarde, ao mesmo tempo
|
Finais
|
traduzir o fim, a
intenção, o objetivo
|
para (que), a fim
de, a fim de que, de modo / forma a, com o objetivo de
|
Comparativos
|
exprimir uma
comparação
|
como, tal como,
assim como, bem como, também, mais / menos do que
|
Causais
|
exprimir a causa,
a razão
|
porque, visto que,
dado que, como, uma vez que, já que
|
Condicionais
|
introduzir
hipóteses ou condições
|
se, caso, desde que,
a não ser que, contanto que
|
Consecutivos
|
exprimir a ideia
de consequência, resultado, efeito
|
por isso, daí que,
de tal forma… que, tanto… que, tal… que, tão… que
|
Conclusivas
|
expressar uma
conclusão, uma inferência (dedução lógica a partir do já exposto)
|
portanto, assim,
logo, por conseguinte, concluindo, para concluir, em conclusão, em
consequência, daí, então, deste modo, por isso, por este motivo
|
Completivos
|
completar o
sentido do núcleo do grupo verbal
|
que, se, para
|
Confirmativos ou exemplificativos
|
documentar
exemplificar
|
por exemplo, a
ilustrar, documentando, exemplificando
|
- Outros valores são expressos, por exemplo, pelas conjunções (porque introduz um valor de causa, etc.).
- Pelos exemplos apresentados no quadro acima, não só preposições, conjunções, advérbios e expressões que lhes sejam equivalentes desempenham a função de conetores do discurso. De facto, também os adjetivos numerais (primeiro, segundo, terceiro, etc.) e as formas verbais não finitas - gerundivas (sintetizando, prosseguindo, concluindo, recapitulando, etc.) ou infinitivas antecedidas de preposição (para começar, para concluir, a seguir, a encerrar, etc.) - podem funcionar como tal.
Processos fonológicos
As modificações sofridas pelos fonemas em início, no meio ou no fim da palavra designam-se processos fonológicos e são as responsáveis pelas mudanças linguísticas, logo pela evolução da língua.
Os processos fonológicos são de diversos tipos:
1. Processos fonológicos por inserção de segmentos: adição de um segmento a uma palavra.
1.1. No início da palavra - prótese
. speculu > espelho
. mostrare > mostrar > amostrar
1.2. No meio da palavra - epêntese
. humile > humilde
. umeru > umbro
1.3. No final da palavra - paragoge
. ante > antes
2. Processos fonológicos por supressão de segmentos: supressão de um segmento na
articulação de uma palavra
2.1. No início da palavra - aférese
. atonitu > tonto
. inamorare > namorar
2.2. No meio da palavra - síncope
. generu > genro
. veritate > verdade
2.3. No final da palavra - apócope
. crudele > cruel
. cruce > cruz
Na formação de novas palavras, pode ocorrer a supressão (haplologia) quando, da junção da forma de base e do sufixo, resultam duas sílabas contíguas, iguais ou similares:
. bondad(e) + oso ® bondoso [em vez da forma bondadoso]
. trágico + cómico ® tragicómico [em vez da forma tragicocómico]
Ocorre também o processo de apócope quando existe truncação: cine por cinema; prof por professor.
3. Processos fonológicos por alteração de segmentos: é a mudança sofrida por alguns fonemas em resultado da influência de outros fonemas que lhe estão próximos.
3.1. Assimilação: um som torna-se igual ou assemelha-se a outro que lhe é vizinho.
. Assimilação total:
- nostru > nosso - o /s/ assimilou o /t/ [chama-se assimilação
progressiva porque ocorre da esquerda para a direita]
- ipse > esse [chama-se assimilação regressiva porque ocorre da direita para
a esquerda]
. Assimilação parcial:
- chamam-lo > chamam-no - o /m/ tornou o /l/ também som nasal.
3.2. Dissimilação: um som diferencia-se de outro igual ou com o qual se assemelha:
. liliu > lírio
. calamellu > caramelo
3.3. Nasalização: uma vogal oral adquire nasalidade por influência de outro som nasal
seu vizinho:
. fine > fim
. manu > mãnu > mão
. lana > lãa > lã
3.4. Desnasalização: um som vocálico nasal perde a sua nasalidade:
. corona > corõa > coroa
. bona > bõa > boa
3.5. Vocalização: um som consonântico transforma-se num som vocal:
. octo > oito
. regnu > reino
3.6. Consonantização: um som vocálico ou semi-vocálico transforma-se num som
consonântico:
. Iesus > Jesus
. iam > já
3.7. Ditongação: uma vogal ou um hiato originam um ditongo:
. arena > area > areia
. amant > amam
3.8. Crase: contração ou fusão de duas vogais numa só:
. legere > leger > leer > ler
. a + a > à
3.9. Sonorização: transformação de uma consoante surda em sonora:
. secretu > segredo
. maritu > marido
3.10. Palatalização: transformação de um ou mais fonemas numa consoante
palatal:
. pl > ch: pluvia > chuva
. fl > ch: inflare > inchar
. li > lh: filiu > filho
. di > j: hodie > hoje
. ni > nh: ingeniu > engenho
3.11. Metátese: permuta de um som ou sílaba no interior de uma palavra:
. semper > sempre
. merulu > melro
. capiu > caibo
3.12. Redução vocálica: enfraquecimento de uma vogal em posição átona:
. bolo > bolinho
. medo > medroso
. mata > matagal
1. Processos fonológicos por inserção de segmentos: adição de um segmento a uma palavra.
1.1. No início da palavra - prótese
. speculu > espelho
. mostrare > mostrar > amostrar
1.2. No meio da palavra - epêntese
. humile > humilde
. umeru > umbro
1.3. No final da palavra - paragoge
. ante > antes
2. Processos fonológicos por supressão de segmentos: supressão de um segmento na
articulação de uma palavra
2.1. No início da palavra - aférese
. atonitu > tonto
. inamorare > namorar
2.2. No meio da palavra - síncope
. generu > genro
. veritate > verdade
2.3. No final da palavra - apócope
. crudele > cruel
. cruce > cruz
Na formação de novas palavras, pode ocorrer a supressão (haplologia) quando, da junção da forma de base e do sufixo, resultam duas sílabas contíguas, iguais ou similares:
. bondad(e) + oso ® bondoso [em vez da forma bondadoso]
. trágico + cómico ® tragicómico [em vez da forma tragicocómico]
Ocorre também o processo de apócope quando existe truncação: cine por cinema; prof por professor.
3. Processos fonológicos por alteração de segmentos: é a mudança sofrida por alguns fonemas em resultado da influência de outros fonemas que lhe estão próximos.
3.1. Assimilação: um som torna-se igual ou assemelha-se a outro que lhe é vizinho.
. Assimilação total:
- nostru > nosso - o /s/ assimilou o /t/ [chama-se assimilação
progressiva porque ocorre da esquerda para a direita]
- ipse > esse [chama-se assimilação regressiva porque ocorre da direita para
a esquerda]
. Assimilação parcial:
- chamam-lo > chamam-no - o /m/ tornou o /l/ também som nasal.
3.2. Dissimilação: um som diferencia-se de outro igual ou com o qual se assemelha:
. liliu > lírio
. calamellu > caramelo
3.3. Nasalização: uma vogal oral adquire nasalidade por influência de outro som nasal
seu vizinho:
. fine > fim
. manu > mãnu > mão
. lana > lãa > lã
3.4. Desnasalização: um som vocálico nasal perde a sua nasalidade:
. corona > corõa > coroa
. bona > bõa > boa
3.5. Vocalização: um som consonântico transforma-se num som vocal:
. octo > oito
. regnu > reino
3.6. Consonantização: um som vocálico ou semi-vocálico transforma-se num som
consonântico:
. Iesus > Jesus
. iam > já
3.7. Ditongação: uma vogal ou um hiato originam um ditongo:
. arena > area > areia
. amant > amam
3.8. Crase: contração ou fusão de duas vogais numa só:
. legere > leger > leer > ler
. a + a > à
3.9. Sonorização: transformação de uma consoante surda em sonora:
. secretu > segredo
. maritu > marido
3.10. Palatalização: transformação de um ou mais fonemas numa consoante
palatal:
. pl > ch: pluvia > chuva
. fl > ch: inflare > inchar
. li > lh: filiu > filho
. di > j: hodie > hoje
. ni > nh: ingeniu > engenho
3.11. Metátese: permuta de um som ou sílaba no interior de uma palavra:
. semper > sempre
. merulu > melro
. capiu > caibo
3.12. Redução vocálica: enfraquecimento de uma vogal em posição átona:
. bolo > bolinho
. medo > medroso
. mata > matagal
domingo, 22 de janeiro de 2012
Marcas clássicas de Frei Luís de Sousa
. A unidade de ação.
. A presença do Destino (ananké) que, produzindo o sofrimento (pathos), logo de início descai sobre as personagens principais, cuja gradação vai aumentando através de um clímax irresistível e fatalista.
. A presença da hybris.
. Os presságios (palavras de Telmo, D. Madalena e Maria).
. A agnarórise no final do segundo ato.
. Como era lei na tragédia clássica, iria despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos) purificantes.
. As personagenssão nobres (aristocráticas) e estão sempre poucas vezes em cena.
. A presença do coro:
- a recitação litúrgica do ofício dos mortos pelos frades no final do ato III;
- as palavras de Frei Jorge;
- as palavras visonárias e os sonhos de Maria;
- os receios aparentemente infundados de D. Madalena;
- os lamentos críticos e os presságios de Telmo, figura agoirenta que representa o raciocínio
frio e a inteligência esclarecida na análise dos acontecimentos. Aliás, Telmo é uma figura
muito bem estruturada pela sua profundidade e densidade psicológica devida à duplicidade
de duas afeições irreconciliáveis: uma para com o passado (D. João de Portugal), outra
para com o presente (Maria) (III, 5).
. A semelhança do assunto com as antigas tragédias gregas:
- a volta sob disfarce de um mendigo (Ulisses);
- o sacrifício de uma filha inocente (Antígona e Ifigénia);
- a situação trágica originada pela ida a Alcácer Quibir, equivalente a situações trágicas
causadas pela ida a Tróia;
- a situação de Mérope
. A presença do Destino (ananké) que, produzindo o sofrimento (pathos), logo de início descai sobre as personagens principais, cuja gradação vai aumentando através de um clímax irresistível e fatalista.
. A presença da hybris.
. Os presságios (palavras de Telmo, D. Madalena e Maria).
. A agnarórise no final do segundo ato.
. Como era lei na tragédia clássica, iria despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos) purificantes.
. As personagenssão nobres (aristocráticas) e estão sempre poucas vezes em cena.
. A presença do coro:
- a recitação litúrgica do ofício dos mortos pelos frades no final do ato III;
- as palavras de Frei Jorge;
- as palavras visonárias e os sonhos de Maria;
- os receios aparentemente infundados de D. Madalena;
- os lamentos críticos e os presságios de Telmo, figura agoirenta que representa o raciocínio
frio e a inteligência esclarecida na análise dos acontecimentos. Aliás, Telmo é uma figura
muito bem estruturada pela sua profundidade e densidade psicológica devida à duplicidade
de duas afeições irreconciliáveis: uma para com o passado (D. João de Portugal), outra
para com o presente (Maria) (III, 5).
. A semelhança do assunto com as antigas tragédias gregas:
- a volta sob disfarce de um mendigo (Ulisses);
- o sacrifício de uma filha inocente (Antígona e Ifigénia);
- a situação trágica originada pela ida a Alcácer Quibir, equivalente a situações trágicas
causadas pela ida a Tróia;
- a situação de Mérope
Marcas do drama romântico de Frei Luís de Sousa
1.ª) A crítica a uma sociedade governada
por preconceitos hirtos que vitimam inocentes (Maria é vítima da sua
ilegitimidade).
2.ª) A rutura com a forma clássica:
. a obra está escrita em prosa, que substitui o verso da tragédia
antiga, um tipo de discurso considerado por Garrett adequado a “assuntos tão
modernos”;
. a peça é constituída por três atos, contrariamente à tragédia grega,
composta por cinco;
. a diminuição da importância do coro (ainda que ecoe em Frei Jorge e em
Telmo);
. a lei das três unidades não é cumprida cabalmente;
. os agouros e superstições populares substituem as crenças e rituais
pagãos e dão expressão à manifestação da cultura portuguesa;
. os valores patrióticos e nacionais são exaltados, sobretudo, através
de Manuel de Sousa;
. a religião cristã surge como um consolo, aligeirando a força
inexorável e irremediável do Destino que controlava os homens a seu bel-prazer;
. o realismo psicológico sustentado na personagem Telmo, que assiste à
transformação dos seus próprios sentimentos, num processo de autoconhecimento
dinâmico, no momento em que percebe que, após ter acalentado, durante tanto
tempo, a ideia de que D. João estaria vivo, desejava poupar Maria, renegando o
primeiro amo;
. a experiência pessoal do autor: Almeida Garrett possuía uma filha
ilegítima, filha de Adelaide Pastor Deville, por quem se apaixonara, ainda
casado com Luísa Midosi; Adelaide Deville morreu antes que o escritor tivesse
podido legitimar a situação da filha que tanto estimava – assim, a acção da
peça traduz a sua angústia mais profunda, refletindo a sua própria realidade;
. a morte de Maria em palco é também um episódio caraterístico do drama
romântico;
. as personagens são vítimas do Destino, mas, à maneira do drama
romântico, são também vítimas das suas decisões e das suas paixões (por
exemplo, Maria é condenada não apenas pelo Destino, mas pela sociedade).
3.ª) A linguagem coloquial, próxima das
realidade vividas pelas personagens e dos seus estados de espírito;
4.ª) O assunto da peça é um assunto nacional e histórico.Catarse em Frei Luís de Sousa
Tal como era lei na tragédia grega, todos os acontecimentos representados em palco iriam despertar nos espetadores o terror (fobos) e a piedade (éleos)
purificantes – a catarse.
A catarse (purificação) realiza-se através do
castigo: o casal ingressa num convento, renunciando às paixões mundanas, Maria
morre de vergonha por causa da sua ilegitimidade e ascende, pela sua inocência,
ao espaço celeste.
Catástrofe
. D. Madalena:
- é causada pelo regresso de D. João:
. morte psicológica;
. separação do marido;
. profissão religiosa;
- salvação pela purificação: torna-se a irmã Sóror Madalena das Chagas.
. Manuel de Sousa:
- morte psicológica:
. separação da esposa;
. separação do mundo;
. profissão religiosa;
- glória futura de escritor ® Frei Luís de Sousa: glória de santo.
. D. João de Portugal - morte psicológica:
- separação da esposa;
- a situação irremdiável do anominato.
. Maria de Noronha:
- morte física.
. Telmo Pais:
- não poderá resistir a tantos desgostos e, tal como D. João, cairá no rio do
esquecimento.
- é causada pelo regresso de D. João:
. morte psicológica;
. separação do marido;
. profissão religiosa;
- salvação pela purificação: torna-se a irmã Sóror Madalena das Chagas.
. Manuel de Sousa:
- morte psicológica:
. separação da esposa;
. separação do mundo;
. profissão religiosa;
- glória futura de escritor ® Frei Luís de Sousa: glória de santo.
. D. João de Portugal - morte psicológica:
- separação da esposa;
- a situação irremdiável do anominato.
. Maria de Noronha:
- morte física.
. Telmo Pais:
- não poderá resistir a tantos desgostos e, tal como D. João, cairá no rio do
esquecimento.
Peripécias
- O incêndio do palácio de Manuel de Sousa Coutinho;
- A mudança para o palácio de D. João;
- A chegada do Romeiro;
- A tomada de hábito de D. Madalena e Manuel de Sousa;
- A morte de Maria.
Clímax
O clímax verifica-se com a chegada do Romeiro e o desvendar da sua verdadeira identidade.
Anagnórise (reconhecimento)
A anagnórise (cena do reconhecimento - II, 15) efetiva-se com o reconhecimento / a identificação do Romeiro como D. João de Portugal.
Outras marcas trágicas (Frei Luís de Sousa)
- A existência de poucas personagens em cena, todas de estrato social elevado e de caráter nobre.
- A ação sintética: a peça possui um número escasso de ações que conduzem à ação trágica.
- A condensação do tempo em que decorre a ação.
- A concentração dos espaços (em número reduzido).
- Cumprimento, incompleto, da lei das três unidades: unidade de ação, de espaço (incompleta, porque na peça existem três espaços distintos) e de tempo.
- Ambiente trágico de de solenidade clássica.
- Os momentos de retardamento.
- A existência, desde o início, de um clima de fatalidade que o ominoso da recorrência de acontecimentos à sexta-feira e do espaço do palácio de D. João adensa e asfixia. Tudo deixa antever a catástrofe; nada há de supérfluo.
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