▪ formosa
▪ alegre
▪ apaixonada
▪ exultante, radiante
▪ canta doce e harmoniosamente
▪ disfarça o seu amor
▪ saudosa
▪ ansiosa por voltar a ver o amigo
▪ formosa
▪ alegre
▪ apaixonada
▪ exultante, radiante
▪ canta doce e harmoniosamente
▪ disfarça o seu amor
▪ saudosa
▪ ansiosa por voltar a ver o amigo
O poema, de Eugénio de Andrade, baseia-se no recurso intenso à interrogação retórica. Assim, o «eu» começa por questionar um «tu»: “Que fizeste das palavras?” Com esta interrogação retórica, ele reflete sobre o seu ofício de poeta, que é alguém que trabalha com as palavras. Ora, estas são constituídas por vogais e consoantes, resultam da fusão desses dois elementos.
As vogais
são «azuis» (sensação visual), cor que simboliza a tranquilidade e a paz (a cor
azul relembra, por exemplo, o céu e o mar, que reflete aquele), enquanto as
consoantes ardem entre o “fulgor / das laranjas [cor quente] e o sol [símbolo de
vida] dos cavalos” (animais que representam a força e a vitalidade). Assim
sendo, as palavras possuem um grande potencial e diversidade. Por outro lado,
estas metáforas traduzem a relação das palavras com a Natureza.
No terceiro
terceto, o «eu» poético associa, metaforicamente, as palavras a “minúsculas
sementes” (vv. 8-9), relacionando-as novamente à Natureza. Através desta
metáfora (as palavras são sementes), ele sugere que o poeta e uma espécie de
semeador, pois fá-las germinar, ou seja, semeia-as e fá-las nascer e crescer,
isto é, o poeta constrói o poema como se se tratasse de um ser vivo. Então,
isto significa que o poeta é um criador, dá vida (ao poema, à poesia) e tem de
ser muito cuidadoso com o seu ofício.
Este poema, constituído por um dístico e duas sextilhas, foi datado de 9 de dezembro de 1956, quando Jorge de Sena acabara de completar 37 anos, vivia ainda em Lisboa como engenheiro e se preparava, a convite do British Council, para se deslocar para Inglaterra, para um estágio sobre betão armado.
O título do poema (“Quem a tem”) é constituído por
uma frase incompleta com uma referência não concretizada. Tendo em conta que o
pronome pessoal «a» se refere à liberdade, essa frase reticente deixa por
saber quem é que possui liberdade ou o que faz quem a tem.
No dístico, o sujeito poético manifesta o desejo de não
morrer sem assistir à chegada da liberdade, isto é, de a ver chegar ao seu
país. Tendo o poema sido escrito em 1956, facilmente se conclui que a ausência
de liberdade referida é a que se vivia em Portugal durante o Estado Novo, o
regime salazarista. Por outro lado, este dístico repete-se como os dois versos
finais da última estrofe. Esta repetição traduz a convicção do sujeito lírico
na crença de que um dia verá a liberdade chegar ao seu país. Essa convicção é
tal que ele está determinado a viver o tempo que for necessário para que o
desejo/a situação se concretize. Neste contexto, há também a destacar o recurso
à metáfora, ao atribuir-se à liberdade uma cor. Esta estrofe inicial indicia um
profundo sentimento de esperança na humanidade e no movimento de mudança
próprio da História. Os versos inscrevem-se em duas realidades distintas: a
realidade da censura que se vivia em Portugal na época de escrita do texto; a
presentificação de um futuro assente na certeza de que a liberdade haverá de
chegar, mais tarde ou mais cedo.
No início da segunda estrofe afirma a impossibilidade de,
sendo português, não poder ser outra coisa que não português, ainda que possa viver
noutros espaços (por exemplo, de exílio), na ânsia de viver em plena liberdade.
A pertença a uma pátria específica torna plena a consciência de que, apesar de
ser um cidadão do mundo, é e será sempre português. Há aqui, nomeadamente nos
versos 3 a 5, a noção de uma pertença dupla ao mundo e a Portugal.
No verso 7, o sujeito poético questiona-se acerca da
verdade da liberdade, isto é, como ela será quando chegar a Portugal? Já o
verso 9 (“Trocaram tudo em maldade”) coloca-nos perante outro traço do regime
salazarista: a denúncia e a difamação.
Os versos 11 e 12, pontuados pela metáfora, denunciam a
ocultação de informação e da realidade que o Estado Novo cultiva (aparentemente
Portugal era um paraíso, um mundo perfeito), bem como a política de manter os
portugueses na ignorância e de desencorajar a intervenção pública e as
limitações à liberdade de expressão (“mudo”).
O estado de espírito do sujeito poético é caracterizado
pela tristeza e ansiedade, mas temperado pela esperança na chegada da liberdade.
O seu tom ao longo do poema é marcado pela melancolia e pela especulação,
associado a um certo desânimo e à ansiedade do «eu», mas também à tal esperança
que tem na mudança deste estado de coisas.
A exposição é um texto de caráter demonstrativo que visa divulgar informação sobre uma área ou domínio da realidade, de forma fundamentada e objetiva, ou seja, informar os leitores/ouvintes acerca de um determinado assunto.
A exposição responde ao como
e ao porquê, apresentando sempre informação fundamentada e ilustrada com
exemplos adequados.
Tendo em conta os seus objetivos, o
texto expositivo caracteriza-se pelo rigor e pela pertinência dos factos que
apresenta, pela clareza na justificação das ideias e pelo recurso a uma
linguagem simples e direta.
A exposição envolve processos como
identificar, caracterizar, analisar, relacionar um assunto e as ideias que a
ele estão associados.
Definição |
É
um texto de caráter demonstrativo sobre uma área ou domínio da realidade com
base em explicações e fundamentações. |
Exemplos |
• Manuais escolares (História,
Biologia…). |
Marcas
específicas de género |
• Mobilização de informação
significativa. • Natureza informativa: dá a conhecer
e caracteriza o tema/o assunto. • Carácter demonstrativo: elucida
acerca do tema/assunto, fundamentando-o. • Encadeamento lógico dos tópicos
tratados. • Concisão e objetividade. • Relevância de aspetos paratextuais. • Valor expressivo das formas linguísticas
(conectores, deíticos, …). |
Estrutura
e organização |
• Título: identificação
objetiva, clara e sintética do tema.
• Introdução: apresentação do
tema/assunto a tratar.
• Desenvolvimento: apresentação
organizada e lógica da informação (presença opcional de subtítulos, secções)
ilustrada/fundamentada com exemplos e/ou explicações relevantes (presença
opcional de ilustrações e esquemas).
• Conclusão: síntese e/ou recuperação
das informações expostas mais significativas.
• Outros elementos paratextuais:
subtítulo, epígrafe, prefácio, notas de rodapé, bibliografia, índice e
ilustrações (opcional).
|
Recursos
linguísticos |
• Linguagem clara, objetiva e rigorosa
marcada pelo uso de: - 3.ª pessoa; - frases declarativas; - verbos como ser, ter, consistir,
haver, pertencer, etc.; - formas verbais no presente (e também
no pretérito perfeito e futuro do indicativo); - conectores e marcadores discursivos,
sobretudo de causa e consequência e/ou adição; - frase passiva, usualmente, sem
complemento agente da passiva. • Registo formal. • Organizadores da informação:
subtítulos, alíneas, travessões, parênteses, sublinhados, reformulações… • Vocabulário do campo lexical do tema
desenvolvido. • Léxico especializado, com recurso a
termos genéricos (hiperónimos) e/ou específicos (holónimos) ou das suas
partes (merónimos). • Combinação adequada dos recursos
verbais com os recursos não verbais (postura, tom de voz, articulação, ritmo,
entoação, expressividade, silêncio, olhar). • Ausência de juízos de valor |
Etapas
de elaboração da exposição |
• Pesquisa e seleção
pertinente de informação em livros, revistas ou sítios credíveis da Internet. • Planificação das ideias através
de tópicos, organizados segundo as marcas do texto expositivo, em três
partes. • Textualização: - escrever a exposição respeitando o
tema; - mobilizar a informação selecionada
na fase da planificação e organizar as ideias de forma lógica; - respeitar as normas de citação e
indicar as fontes utilizadas e a bibliografia consultada. • Revisão: - assegurar a correção ortográfica; - verificar o cumprimento da estrutura
e dos aspetos temáticos; - verificar o uso pertinente e variado
de expressões de ligação entre fases e parágrafos. • Registo da informação, das
ideias e das citações das fontes de informação, organizando-as por tópicos,
em esquemas, em tabelas ou em mapas de ideias. |
Há muitos anos, ainda a figura não era Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa entrevista, saiu-se com um «paspanha» (querendo dizer «para Espanha»). Pode ser um ótimo comentadeiro, uma magnífico professor de Direito, ou um excelso PR, porém, quando toca ao uso da língua portuguesa, é um desastre ambulante.
A mais recente investida terá ocorrido hoje durante as cerimónias em honra de Aristides de Sousa Mendes, como conta o blogue O Lugar da Língua Portuguesa [ler post].
O nome não contável é o nome comum que designa algo em que não é possível distinguir partes e que não pode ser cantado, enumerável.
Assim, são não contáveis os nomes
que designam:
1. Uma
entidade material homogénea:
▪ água, gasolina, omo, petróleo, etc.
2.
Uma ideia não material, não divisível:
▪ felicidade, tristeza, liberdade,
educação, etc.
O nome não contável pode ser
antecedido do determinante artigo definido singular o, a:
▪ A liberdade é indiscutível.
O nome não contável pode ocorrer
também no singular, sem ser antecedido de artigo, em posição de complemento:
▪ Encontraram petróleo no Beato.
Alguns nomes não contáveis podem ser
enumerados através de uma expressão partitiva ou de medida. É sobre essa
expressão que recai a marca de plural:
▪ Comprei um quilo de batatas.
▪ Comi apenas três colheres de sopa.
Quando o nome contável surge no plural,
este designa:
a)
qualidade e não quantidade:
▪ Há ótimos vinhos na região
do Dão. [= Há várias qualidades de vinho na região do Dão]
b)
o objeto e não o material de que é feito:
▪ Os estanhos desta loja são feios.
Há nomes
comuns não contáveis que, em certos contextos, podem ocorrer como nomes
contáveis:
O nome contável é o nome comum que designa algo que pode ser contado, enumerável: uma casa → duas casas.
Assim, são contáveis:
1.
As entidades materiais, individualizadas e descontínuas:
▪ canetas, livros, folhas, casas…
2.
As entidades abstratas que podem ser individualizadas:
▪ direitos, sentimentos, emoções, pensamentos…
3.
As unidades de medida:
▪ metros, quilómetros, quilos, gramas,
litros…
4.
As entidades que podem ser antecedidas:
• do
artigo indefinido (um, uma):
• de um quantificador
numeral cardinal:
• de um
quantificador existencial (alguns, poucos, muitos…):