terça-feira, 3 de abril de 2012
Semana Académica - Viseu 2012 - Cartaz
A Educação n'«Os Maias»
Uma das temáticas centrais do romance de Eça é, inequivocamente, a educação.
Este facto compreende-se porque a problemática, de acordo com a estética naturalista, é fundamental na caraterização das personagens e porque assume, nas obras do escritor, uma representatividade considerável.
O quadro a seguir apresentado sintetiza a forma como a temática é abordado em Os Maias:
O quadro a seguir apresentado sintetiza a forma como a temática é abordado em Os Maias:
Esta temática surge outras vezes aflorada ao longo do romance, essencialmente para, através dela, delinear uma imagem das conceções que sobre o assunto eram desposadas pela alta sociedade lisboeta.
Um desses momentos é representado por uma das senhoras do círculo dos Gouvarinhos, que expressa a opinião de que «não havia verdadeiramente senão uma coisa digna de se estudar, eram as línguas», pois tudo o mais eram «coisas inúteis na sociedade» (p. 294). O próprio conde de Gouvarinho, raciocinando com base em esquemas mentais idênticos, insurge-se contra a ginástica nos colégios; e pergunta ao deputado Torres «se, na sua ideia, os nosso filhos, os herdeiros das nossas casas, estavam destinados para palhaços!...» (p. 298).
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Outras ações secundárias
Além da intriga secundária - os amores de Pedro e Maria Monforte -, Os Maias possuem outras ações secundárias:
- a história dos amores de João da Ega e Raquel Cohen;
- o romance de Carlos com a Gouvarinho, que, pelo seu caráter adúltero, sensual e burlesco, contribui para realçar a dignidade dos amores de Carlos e Maria Eduarda;
- a tramóia de Dâmaso, Eusebiozinho e Palma Cavalão.
domingo, 1 de abril de 2012
Maria Eduarda da Maia
Maria Eduarda é uma personagem, como convém à intriga, de quem se conhecem pouquíssimos - para não dizer nenhuns - dados. De facto, sabemos apenas que é a primogénita de Pedro da Maia e Maria Monforte, «uma linda bebé, muito gorda, loura e cor-de-rosa, com os belos olhos negros dos Maias». E é tudo.
Após a fuga de Maria Monforte com Tancredo e do suicídio de Pedro, Afonso da Maia procurou-a, mas ninguém conseguiu descortinar o seu paradeiro. Vilaça crê que morreu, caso contrário a mãe, na situação de extrema pobreza em que vivia, já teria reclamado a parte que cabia à filha na herança do pai. Não obstante, o avô escreveu a um primo, no sentido da Monforte lhe entregar a criança em troca de dinheiro, ao que Vilaça se opõe, argumentando que a menina deveria ter certa de 13 anos e um caráter definido, não falaria português e teria saudades da mãe. Porém, Afonso não se deixa demover e contrapõe que a mãe «é uma prostituta, e a pequena é do meu sangue» (pág. 82). Posteriormente, por intermédio de Alencar, chegam a Santa Olávia notícias da morte de Maria Eduarda e da vida desregrada de sua mãe. E, assim, para todos a neta de Afonso da Maia está morta. Note-se como esta morte aparente da filha de Pedro e da Monforte nos traz à memória a figura trágica de Édipo, cuja morte fora ordenada por seus pais Jocasta e Laio para evitarem o destino que lhes estava predito e a qual, cumprido o destino, se verificou não se ter concretizado.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.
Eusebiozinho
Os primeiros traços desta personagem são-nos apresentados nas páginas 68 e 69 do romance:
- é mais velho do que Carlos (p. 78);
- é fisicamente débil, conforme o atesta o uso abundante de diminutivos na sua caraterização (Eusebiozinho, craniozinho, crescidinho, perninhas, linguazinha, etc.) e pela sova que Carlos lhe dá, não obstante ser mais novo que o primo;
- melancólico, mole / molengão, pasmado, sisudo e tristonho;
- «facezinha trombuda» e amarelidão de manteiga»;
- «olhinhos vagos e azulados, sem pestanas»;
- pernas flácidas, enfezado e estiolado.
A educação a que é sujeito - semelhante à de Pedro da Maia - em nada contribui para formar uma personalidade forte. Os traços essenciais são os seguintes:
- contacto com velhos livros: «... alfarrábios e(...) todas as coisas do saber...»;
- permanência em casa, em constante isolamento e imobilidade;
- superproteção (por parte da mãe e da titi):
- é transportado ao colo;
- anda sempre abafado em roupas;
- dorme no choco com as criadas;
- não toma banho para não se constipar;
- «Passava os dias nas saias da titi a decorar versos, páginas inteiras do "Catecismo de Perseverança"»;
- valorização da memorização, exemplificada pela memorização do poema, que traduz o papel (des)educativo da poesia:
- a deformação da vontade própria, através do suborno, traduzido na promessa da mãe que «se dissesse os versinhos, dormia essa noite com ela»;
- a imersão na atmosfera doentia e melancólica do Romantismo decadente (o poema que Eusebiozinho declama é a «Lua de Londres», de João de Lemos, uma das mais soturnas composições do Ultrarromantismo português);
- o recurso à memorização, isto é, a um atributo que implica a desvalorização da criatividade e do juízo crítico;
- o isolamento da natureza e do mundo: «... abriu a boca, e como de uma torneira lassa veio de lá escorrendo, num fio de voz, um recitativo lento e babujado...» - este excerto mostra, com clareza, como não existe aqui qualquer traço de pensamento, raciocínio, apenas memorização e recitação mecânica de um texto;
- aprendizagem de línguas mortas (o latim);
- estudo da Cartilha, a base deste tipo de educação, com noções erradas: «Passava os dias nas saias da titi a decorar versos, páginas inteiras do "Catecismo de Perseverança". Ele por curiosidade um dia abrira este livreco e vira lá "que o Sol é que anda em volta da Terra (como antes de Galileu), e que Nosso Senhor todas as manhãs...».
Deste caldinho só poderia resultar uma alma doente em corpo doente.
A intriga secundária
N'Os Maias distinguem-se duas intrigas - a intriga secundária, narrada retrospetivamente, corresponde à paixão trágica de Pedro da Maia e condiciona decisivamente o desenvolvimento e o desenlace da intriga principal, cujo protagonista é Carlos da Maia, filho de Pedro.
A intriga secundária está estruturada em cinco momentos:
1.º) Pedro vê Maria Monforte.
2.º) Pedro namora Maria Monforte.
3.º) Pedro casa com Maria Monforte.
4.º) Maria Monforte foge com Tancredo, levando a filha.
5.º) Pedro suicida-se.
Observemos, agora, em detalhe, algumas das suas caraterísticas principais.
Desde logo, a paixão de Pedro por Maria é aquilo que poderíamos designar por romântica. Por um lado, Maria surge envolta num ambiente de mistério (a sua origem) e marcada pelos traços da beleza física e da transgressão («toilettes excessivas e teatrais»). Por outro lado, trata-se de uma paixão súbita / à primeira vista (uma paixão fatal), seguida de um namoro "à antiga", com a escrita diária de duas cartas febris de seis folhas de papel (de Pedro para Maria) e a oferta de ramos das mais belas camélias dos jardins de Benfica. Em terceiro lugar, não poderia faltar a oposição paterna a este romance, resultante do conhecimento dos pormenores hediondos sobre a família de Maria por parte de Afonso.Por último são inúmeros os presságios disfóricos que marcam as personagens e a paixão em si.
À paixão segue-se o casamento. A lua-de-mel, inicialmente, é apresentada como uma «felicidade de novela». Passa por Itália e Paris, havendo a destacar a vida faustosa e luxuosa de Maria, os ciúmes causados em Pedro e a primeira gravidez. De regresso a Lisboa, instado pela esposa, ele escreve ao pai tentando a reconciliação, recusada por Afonso. Segue-se a descrição das soirées mais alegres de Lisboa, em Arroios, num ambiente festivamente romântico, até que tudo muda após a chegada do misterioso Tancredo, por quem Maria se apaixona e com quem foge.
E tudo culmina com o desenlace trágico da intriga secundária.
O adultério e a fuga de Maria (com a filha) encontram as suas causas, por um lado, na ociosidade de Maria, uma personagem dominada pelo luxo, pela ostentação, sem uma ocupação que lhe preencha utilmente a vida, daí que se entregue aos prazeres e caia no adultério, e, por outro, na literatura romântica, uma literatura idealista e desvinculada da vida real que origina condutas anómalas e desvarios no leitor: a fuga de Maria com Tancredo tem o caráter de um episódio de novela romântica.
O suicídio de Pedro, por sua vez, constitui o desenlace típico do romance naturalista, reflexo do(a)
Com efeito, o percurso amoroso e biográfico de Pedro só é explicável à luz de fatores naturalistas: a raça / hereditariedade, a educação e o meio social. Quanto à hereditariedade, o romance salienta o paralelismo de identidade entre a mãe e o filho (cap. I, p. 20); relativamente à educação, recebe a que a mãe escolhe, tendo o padre Vasques por orientador, uma educação que impede o desenvolvimento físico, moral e intelectual, tornando-o «um fraco em tudo»; quanto ao meio, Pedro, após a morte da mãe, frequentou um ambiente moralmente baixo. Eis, pois, Pedro lançado no trilho que o levará inexoravelmente à destruição. Ficava provada a tese de que o ser humano é um produto desses fatores naturalistas, que o condicionam irrefreavelmente. Pedro torna-se, em suma, um herói romântico, sem heroísmo, com uma solução romântica.
Por último, refira-se que a intriga secundária se carateriza por um ritmo rápido de novela e é narrada por um narrador omnisciente. As duas personagens centrais têm como função maior (além da demonstração das teses atrás enunciadas) evidenciar os paralelismos de comportamento de Carlos e Maria Eduarda (vide intriga principal).
A intriga secundária está estruturada em cinco momentos:
1.º) Pedro vê Maria Monforte.
2.º) Pedro namora Maria Monforte.
3.º) Pedro casa com Maria Monforte.
4.º) Maria Monforte foge com Tancredo, levando a filha.
5.º) Pedro suicida-se.
Observemos, agora, em detalhe, algumas das suas caraterísticas principais.
Desde logo, a paixão de Pedro por Maria é aquilo que poderíamos designar por romântica. Por um lado, Maria surge envolta num ambiente de mistério (a sua origem) e marcada pelos traços da beleza física e da transgressão («toilettes excessivas e teatrais»). Por outro lado, trata-se de uma paixão súbita / à primeira vista (uma paixão fatal), seguida de um namoro "à antiga", com a escrita diária de duas cartas febris de seis folhas de papel (de Pedro para Maria) e a oferta de ramos das mais belas camélias dos jardins de Benfica. Em terceiro lugar, não poderia faltar a oposição paterna a este romance, resultante do conhecimento dos pormenores hediondos sobre a família de Maria por parte de Afonso.Por último são inúmeros os presságios disfóricos que marcam as personagens e a paixão em si.
À paixão segue-se o casamento. A lua-de-mel, inicialmente, é apresentada como uma «felicidade de novela». Passa por Itália e Paris, havendo a destacar a vida faustosa e luxuosa de Maria, os ciúmes causados em Pedro e a primeira gravidez. De regresso a Lisboa, instado pela esposa, ele escreve ao pai tentando a reconciliação, recusada por Afonso. Segue-se a descrição das soirées mais alegres de Lisboa, em Arroios, num ambiente festivamente romântico, até que tudo muda após a chegada do misterioso Tancredo, por quem Maria se apaixona e com quem foge.
E tudo culmina com o desenlace trágico da intriga secundária.
O adultério e a fuga de Maria (com a filha) encontram as suas causas, por um lado, na ociosidade de Maria, uma personagem dominada pelo luxo, pela ostentação, sem uma ocupação que lhe preencha utilmente a vida, daí que se entregue aos prazeres e caia no adultério, e, por outro, na literatura romântica, uma literatura idealista e desvinculada da vida real que origina condutas anómalas e desvarios no leitor: a fuga de Maria com Tancredo tem o caráter de um episódio de novela romântica.
O suicídio de Pedro, por sua vez, constitui o desenlace típico do romance naturalista, reflexo do(a)
Com efeito, o percurso amoroso e biográfico de Pedro só é explicável à luz de fatores naturalistas: a raça / hereditariedade, a educação e o meio social. Quanto à hereditariedade, o romance salienta o paralelismo de identidade entre a mãe e o filho (cap. I, p. 20); relativamente à educação, recebe a que a mãe escolhe, tendo o padre Vasques por orientador, uma educação que impede o desenvolvimento físico, moral e intelectual, tornando-o «um fraco em tudo»; quanto ao meio, Pedro, após a morte da mãe, frequentou um ambiente moralmente baixo. Eis, pois, Pedro lançado no trilho que o levará inexoravelmente à destruição. Ficava provada a tese de que o ser humano é um produto desses fatores naturalistas, que o condicionam irrefreavelmente. Pedro torna-se, em suma, um herói romântico, sem heroísmo, com uma solução romântica.
Por último, refira-se que a intriga secundária se carateriza por um ritmo rápido de novela e é narrada por um narrador omnisciente. As duas personagens centrais têm como função maior (além da demonstração das teses atrás enunciadas) evidenciar os paralelismos de comportamento de Carlos e Maria Eduarda (vide intriga principal).
XXVIII Semana Académica de Viseu - 2012
sábado, 31 de março de 2012
Tancredo
Tancredo tipifica o homem fatal do Romantismo.
Desde logo, estamos na presença de uma personagem enigmática, incompreendida, foragida e condenada à morte, por ser uma opositora ao poder instituído.
Por outro lado, o italiano possui uma beleza extraordinária que, conjugada com a sua figura pálida, atrai e seduz irresistivelmente Maria Monforte. Fisicamente, carateriza-se pela barba curta e frisada, pelos longos cabelos castanhos, ondeados e «com reflexos de ouro» e pelo olhar sombrio. Psicologicamente, é apresentado como um ser taciturno, orgulhoso e misterioso.
Após o acidente de caça, desenha flores para Maria bordar e tange-lhe canções populares napolitanas à guitarra, indícios claros de um romance oculto.
Acaba por fugir com Maria Monforte. A última notícia que temos dele é que foi morto num duelo.
Presságios
1. Família
- A lenda recordada por Vilaça, segundo a qual «eram sempre fatais aos Maias as paredes do Ramalhete».
- O quadro de Rubens representando um Cristo na cruz que se encontra no escritório de Afonso: Cristo morreu para expiar os pecados dos homens; de modo semelhante, Afonso morre por causa dos pecados de Carlos, seu neto.
- A referência a uma tapeçaria presente no escritório de Afonso: «tapeçaria mostrava ainda as armas dos Maias no desmaio da trama de seda».
2. Pedro da Maia
- A parecença de Pedro com um avô da mãe, que enlouquecera e se enforcara sugere o «enlouquecimento» da personagem após a fuga de Maria Monforte e o seu suicídio.
3. Maria Monforte
- A associação de Maria a Helena de Tróia: ambas adúlteras e causadoras de «guerras trágicas»;
- A referência ao «luxo sombrio do luto oriental de Judite».
4. A relação Pedro / Maria Monforte
- A paixão por Maria é descrita como «um amor à Romeu, vindo de repente numa troca de olhares fatal...»:
- sugestão de tragédia: a morte de Romeu e de Julieta na peça de Shakespeare corresponde à morte de Pedro;
- a oposição paterna, outro traço comum à obra de Shakespeare;
- a presença do fatalismo;
- O vestido cor-de-rosa de Maria sugere (a cor) a vida romântica em que Pedro se enleou;
- A cor dos olhos de Maria («azul sombrio») sugere a existência de sombras, ou seja, complicações naquela relação;
- A ramagem de um verde triste constitui um prenúncio da tristeza que ensombrará a relação amorosa;
- A sombrinha que envolve totalmente Pedro parece a Afonso «... uma larga mancha de sangue...»:
- por um lado, aponta para o suicídio de Pedro;
- por outro, sugere o incesto de Carlos e Maria Eduarda, uma relação entre dos irmãos de sangue;
- o ramo que se esfolha num vaso do Japão antecipa também a morte de Pedro.
5. Carlos da Maia
- A escolha do nome de Carlos é feita a partir de uma novela romântica «... de que era herói o último Stuart, o romanesco príncipe Carlos Eduardo; e, namorado dele, das suas aventuras e desgraças, queria dar esse nome a seu filho... Carlos Eduardo da Maia! Um tal nome parecia-lhe conter todo um destino de amores e façanhas.». Este dado tem vários significados:
- a influência perniciosa da literatura romântica em Maria Monforte;
- tal como a personagem da novela era o «último Stuart», também Carlos será o último dos Maias;
- tal como o príncipe, carlos irá levar uma vida de «aventuras e desgraças»;
- a presença do Destino («conter todo um destino de amores e façanhas».
Em atualização...
segunda-feira, 26 de março de 2012
Revisão curricular - Secundário
Revisão curricular - 2.º e 3.º ciclos
Exames nacionais para alunos do Ensino Recorrente
Mensagem n.º 5 / JNE / 2012 sobre a realização de exames nacionais finais para prosseguimento de estudos para os alunos dos cursos científico-humanísticos do ensino recorrente.
Descaradamente «pedido emprestado» ao ADDUO.
"Poema de Agradecimento à Corja"
Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade de vivermos
felizes e em paz.
Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar de como é possível
viver sem vergonha, sem respeito e sem dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar as coisas por que lutámos e às
quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer, o que
nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.
Joaquim Pessoa
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade de vivermos
felizes e em paz.
Obrigado pelo exemplo que se esforçam em nos dar de como é possível
viver sem vergonha, sem respeito e sem dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar as coisas por que lutámos e às
quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer, o que
nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.
Joaquim Pessoa
sábado, 24 de março de 2012
quinta-feira, 22 de março de 2012
"José"
- E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
- Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
- E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?
- Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
- Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
- Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Subscrever:
Mensagens
(
Atom
)